Isztvan: Ok cara, direito seu me zerar por não ter terminado o conto antes, mas tenho uma vida fora daqui. Universidade, trabalho, atividades extracurriculares, família para cuidar e etc. Este foi o motivo para eu ter pausado o desenvolvimento da história.
CONTINUANDO AO CONTO: Bom pessoa, essa parte em específico é contada pelo Luis Otávio e isso pode ocorrer em outras mais para frente, acho que dá para perceber quando é um e quando é outroAcordei atordoado, cheirando a cerveja e mantendo os olhos semicerrados devido a exposição a luz. A segunda pior parte de ficar bêbado é que no outro dia a ressaca não perdoa, já a primeira é que você fala para as pessoas muitas coisas que não devia.
Parte da minha vontade de não me levantar naquele dia foi porque eu tinha sido um perfeito idiota na noite anterior, na verdade venho sendo um perfeito idiota com muita frequência.
Entro no banheiro bastante apressado, odeio acordar de manhã com ereção quando bebi demais no dia anterior porque é um desafio urinar assim. Depois de vencer o desafio eu finalmente tomo um banho frio, me visto e saio do quarto torcendo para não encontrar o Gui e ter que enfrentar as consequências do que eu tinha dito. Sei que eu não poderia fugir para sempre, e nem ia tentar fazer isso, mas eu precisava pensar antes de tudo.
Tomei café, peguei as minhas coisas e fui para a faculdade pensando que encontraria o Gui por lá e ele me evitaria como quando brigamos pela última vez, no entanto ele não foi, cheguei em casa um pouco tarde depois de ter almoçado no restaurante da faculdade e por volta das dezesseis horas alguém liga no telefone de casa.
Como não havia ninguém para atender, faço as honras.
- Quem fala? - Digo eu apressadamente.
- É o Thales aqui da empresa, é que o Guilherme não veio hoje e precisávamos dele aqui para uma reunião de última hora. Não me atende desde mais cedo.
- Vou ver se ele está por aqui e aviso que ligou. - Digo um pouco alterado.
Eu odeio esse Thales!
Fui em direção ao quarto de Guilherme, bati na porta algumas vezes e não obtive respostas. A abri devagar.
- Gui, você tá aí? - Pergunto calmamente.
Não havia ninguém no quarto. Pego meu celular e disco seu número, que eu já havia memorizado mas a ligação cai direto na caixa postagem.
Fico um pouco preocupado pois ele nunca é de ficar sem o celular, o carro dele estava na garagem e eu não tinha o visto de manhã e nem na faculdade. Meu pai provavelmente não saberia de nada, no momento só me restava aguardar que ele chegasse em casa.
Retornei para a empresa e mandei avisar a Thales que não sabia onde ele estavaJá era noite e estávamos todos em casa menos Guilheme. Eu já havia respondido algumas vezes que não sabia por onde ele estava.
O pior de tudo é que ele não tinha nenhum amigo além do Thales, ficava praticamente impossível saber por onde ele andava sem que ele atendesse o telefone celular.
Resolvemos ligar para a polícia mas segundo eles não havia nada a fazer antes de 48 horas após o desaparecimento, a preocupação tomou conta de todo mundo, o ambiente ficou pesado e eu me sentia culpado daquilo tudo.
Como eu podia ser tão idiota? Eu não devia magoá-lo daquele jeito principalmente porque eu nutria por aquele garoto um sentimento que jamais tive por outra pessoa. Como pudera eu fazê-lo chorar quando o seu sorriso é o que me deixa bem durante as manhãs? Eu me julgava um monstro por magoar ainda mais o garoto que andava quilômetros a pé todos os dias para pode estudar, que trabalhava a tarde e a noite toda para se manter quando todos viraram as costas pra ele. E eu estava sendo como todo mundo foi, eu virei as coisas depois de fazê-lo confiar em mim e tudo isso porque não tenho coragem de assumir a todos que eu amo aquele menino.
A culpa era minha se ele foi embora por se sentir infeliz naquela casa, e pior! Eu jamais irei me perdoar se algo tiver acontecido com o meu baixinho.
Não tentei segurar as lágrimas, apenas saí de perto de todos e entrei dentro do meu carro para que pudesse chorar sem mais perguntas. Acredito que não há muito o que fazer, ele nunca mais vai me desculpar por ser esse palhaço, eu nunca mais vou tê-lo em meus braços, nunca vou vê-lo corar quando falo alguma coisa que ele não está acostumado ouvir, jamais vou vê-lo travado ao tentar falar um palavrão e ele não vai segurar minhas mãos como um ato de confiança em mim.
Aquele garoto inseguro por pouco tempo viu segurança em mim, ele me disse isso, segurou minhas duas mãos e olhou nos meus olhos e pareceu que era a primeira vez em anos que ele confiava em alguém e como eu retribuo isso? Sendo um otário..
Dei partida no carro e rondei a vizinhança, fui na faculdade, em todas as praças que eu conhecia e por fim fiz o caminho que ele fazia todos os dias para ir para a antiga casa.
Quando cheguei no pequeno local onde ele morava antes, desci do carro e percebi que a luz da sala estava acesa e eu via isso através da fresta do portão.
Ele estava lá e eu sentia isso... Precisava fazer alguma coisa, então bati no portão na esperança de que ele viesse abrí-lo.