Capítulo 2
Alex:
“Sabe quando você tem um sonho ou um pesadelo? Quando você fica pensando no que aquilo significa, o porquê de você ter sonhado aquilo, qual a razão de certas pessoas e certas coisas aparecerem neles, eu estava pensando em tudo isso desde aquele sonho estranho que eu tive, um dia lindo, e depois um lugar escuro com alguém sentado triste, essa noite tive o mesmo sonho, mas foi diferente, pois dessa vez o dia não estava tão bonito quanto o anterior, estava nublado e chuviscando um pouco, mas o lugar escuro e o garoto ainda estavam lá, isso me deixou meio perplexo, na verdade sempre que acontece algo assim comigo eu fico meio paranoico, bom mas isso não importa agora, acho melhor eu terminar de me arrumar e ir pra escola”.
Fechei meu diário, sim eu gostava de escrever as coisas que aconteciam de mais estranhas na minha vida, para que eu tenha tudo isso guardado quando quiser contar essas histórias para meus filhos e netos quem sabe. Terminei de me arrumar, peguei meu material pus dentro da mochila e fui até a sala, dei um beijo na minha mãe e fui para a escola, nem comi nada, não estava com fome. Quando cheguei na escola vi Matheus descendo do carro do motorista, na hora não sabia se falava com ele ou não, mesmo que a gente tenha conversado bastante no dia anterior, ainda sentia receio de conversar com ele, poxa e se tudo que aconteceu foi só ele sendo simpático por causa do trabalho, não sabia se ele gostaria de conversar comigo, e na verdade nem sei porque estava me importando com aquilo, nunca precisei de amigos para chegar até ali, mas ele era diferente, havia algo nele que eu gostava, com ele eu sentia que poderia ter uma amizade verdadeira, mas não sabia se era paranoia da minha cabeça. Enfim, decidi apenas passar por ele e cumprimenta-lo, fui andando e cheguei ao lado dele.
- Eai – Disse eu chegando ao lado dele, ele virou o rosto e me olhou.
- Ah, é você, que susto não faz isso – Disse ele um pouco indiferente
- Desculpa, não quis te assustar, bom até depois, eu acho – Depois de ouvir seu tom de voz comigo, decidi ir na frente, sabia que ele não estava afim de falar comigo.
Subi até a sala de aula, me sentei no meu lugar de sempre, coloquei a mochila encima da mesa e apoiei minha cabeça nela, estava com um pouco de sono ainda e faltava alguns minutos para começar a aula.
Matheus:
Hoje tive um pequeno flash do sonho que tive outro dia, a escuridão, o vento, fumaça, árvores balançando e folhas caindo e tinha também aquela luz e a pessoa dentro dela, não soube ligar aquilo a nada que pudesse ter causado aquele sonho, sei lá, na minha cabeça, os sonhos refletiam acontecimentos que sem você saber foram guardados no cérebro, aquele sonho não fazia sentido nenhum.
Acordei com minha mãe me chamando de trás da porta, falando que estava na hora de ir para a escola, o tédio viu, esse dia eu não estava bem, sei lá, acordei estressado, entediado e grosso, eu não era assim normalmente, mas não pude evitar. Me arrumei, peguei minhas coisas e desci para tomar café, comi pão com queijo e tomei um suco de laranja, me despedi da minha mãe apenas, já que meu pai já tinha ido trabalhar, entrei no carro e meu motorista me levou até a escola. Desci do carro e estava entrando mas ouvi alguém chegando perto.
- - Eai – Levei um pequeno susto com isso, mas ok, era o Alex.
- Ah, é você! que susto não faz isso – Disse eu expressando totalmente meu mau humor.
- Desculpa, não quis te assustar, bom até depois, eu acho – Disse ele andando mais rápido e entrando na escola à minha frente.
Não queria ser grosso, mas não consigo segurar o estresse. Entrei na escola e fui cumprimentar meus amigos.
- Oi para todos – Disse totalmente desanimado
- Está tudo bem com você cara? – Perguntou Felipe
- Mais ou menos, acordei mal-humorado hoje, o estresse está me consumindo, e olha que não faz nem uma semana que começou as aulas.
- Então tenho um convite que pode te alegrar um pouco – Disse Carol
- Desembucha criatura
- Nesse final de semana meus pais vão viajar à negócios e estou pensando em dar uma festa lá em casa.
- Ótimo, até que enfim algo pra fazer, mas até lá vou continuar chato, tenho certeza, mas eai quem você vai convidar pra festa? – Perguntei um pouco mais animado.
- Não sei ainda, mas provavelmente eu chame todos da nossa sala e mais alguns alunos das outras séries, não quero que fique chata a festa então preciso de bastante gente extrovertida para animar a festa.
- Vai ter bebidas? – Perguntou Daniel
- Claro que vai, que tipo de festa seria se não tivesse? – Respondeu Carol
- Ae, assim fica bem melhor – comentou Felipe
Decidimos subir para a sala de aula, quando chegamos só tinha alguns alunos, inclusive o Alex, estava sentado, perto da janela lá no fundo e acho que dormindo, estava me sentindo estranho pelo jeito que tratei ele na entrada, mas não quis falar. O professor entrou na sala e começou a dar sua aula, passou algumas aulas e logo chegou o intervalo, avisei meus amigos que não ia descer, iria ficar na sala dormindo, estava com muito sono e eles foram sem mim, apoiei minha cabeça na mesa e olhei para o lado e vi que o Alex estava lá ainda do mesmo jeito que eu, apoiado na mesa, não sabia se ele estava dormindo ou não, decidi ir conversar com ele e pedir desculpas por hoje na entrada, cheguei perto da mesa dele e olhei se ele estava dormindo ou não, e estava, dei umas cutucadas no ombro dele e ele levantou a cabeça com cara de sono.
- Desculpa te acordar, mas eu precisava falar com você.
- Tudo Bem, o que você quer falar – disse ele esfregando os olhos
- Queria te pedir desculpas pelo jeito que falei com você na entrada, eu estou um pouco mal hoje e acabei descontando em você.
- Está desculpado
- Bom pode continuar dormindo – disse me retirando e indo para a minha mesa, ele se apoiou na mesa de novo.
O resto das aulas passaram, passou também alguns dias e finalmente chegou o dia da festa, como Carol tinha dito ela convidou nossa sala inteira e mais alguns alunos de outras turmas. Eu estava me arrumando para ir, coloquei uma calça preta, camiseta azul, tênis azul e passei perfume. Era 18:20 e a festa ia começar às 19:00, estava tudo pronto, pedi ao meu motorista me levar até a casa da Carol, cheguei um pouco mais cedo como ela me pediu para passar minhas músicas para que o DJ tocasse lá.
Alex:
Finalmente chegou o sábado, uma das amigas do Matheus convidou a sala inteira para ir à uma festa na casa dela, não sabia se iria ou não, eu não conhecia ninguém direito e fora que só ia ter riquinhos lá, depois de um tempo decidi ir, precisava me distrair um pouco e lá era um ótimo lugar pra isso. Me arrumei, coloquei uma bermuda cinza escuro, uma camiseta branca e um tênis também branco, terminei de me arrumar e fui pra lá. Quando cheguei a festa já tinha começado, tinha muitos carros na frente da casa, e a música estava bem alta, entrei e logo vi o Matheus pegando alguma bebida que eu não sabia o que era, me aproximei dele.
- O que você está tomando? – Cheguei do lado dele e perguntei
- Sério você tem que parar de fazer isso cara, para que ficar me assustando assim, rsrs – Ele falou colocando a mão no peito e sorrindo, naquele momento pude ver o quão bonito era o seu sorriso e na verdade nem sabia o porquê, mas eu o achava muito bonito, o que era estranho, pois ele era homem também.
- Foi mal... de novo, kkk
- Respondendo sua pergunta, estou tomando Mojito
- E o que é isso?
- É um coquetel à base de suco de limão, vodka, açúcar, menta e agua com gás, parece ser bastante coisa, mas é gostoso e tem um sabor leve, porém estou tomando aos poucos porque o álcool sobe muito rápido – Respondeu ele novamente sorrindo, tomou um gole e fez uma careta engraçada e comecei a rir e ele também
- To vendo, kkkk, acho que vou querer experimentar – fui até o balcão do bar que a Carol contratou para a festa e pedi para o barman preparar um Mojito para mim, voltei até onde o Matheus estava – Porque você não está com seus amigos? – Disse tomando um gole daquilo
- Angela e a Vanessa não chegaram ainda, Daniel está correndo atrás da Carol e o Felipe deve estar pegando alguma garota por aí – Respondeu ele
- Hum, entendi, e você não vai pegar ninguém? – Perguntei
- Não sei, hoje não estou muito afim – Disse ele olhando ao redor e logo em seguida terminou de tomar seu drink.
Depois de um tempo conversando e tomando várias bebidas que ele foi me dando, para eu experimentasse, ficamos bem alterados já, estávamos rindo de tudo, parecíamos dois idiotas, e ainda para piorar começa a tocar uma música da nossa Ídola, Cool For The Summer da Demi.
- Não acredito, kkkkk, Demi uhul, até que enfim kkkkk – Disse Matheus
- Bora dançar – Perguntei ao Matheus?
- Demorou – Largamos nossas bebidas e fomos para a pista de dança.
Estávamos dançando, mas não tinha quase ninguém na pista, então começamos a puxar várias pessoas para a pista, estava virando uma loucura já mas estava muito divertido, dançamos várias músicas, desde Cool For The Summer até umas músicas dos anos 80 e 90, acabei me cansando e fui sentar, logo veio o Matheus, sua amiga Carol e o Daniel, eles se sentaram também, todos rindo e ofegantes.
- Olá Alex - disse Carol me cumprimentando - não nos encontramos muito aqui e acabei esquecendo de te cumprimentar, desculpa e obrigado por ter vindo.
- Tudo bem, sua festa está o máximo, com certeza uma das melhores que já fui – Disse sorrindo e ela sorriu também.
Cumprimentei o Daniel também e ficamos os quatro conversando.
- Porque a Angela e a Vanessa não vieram Cah? – Perguntou Matheus
- A Angela está passando mal e a Vanessa eu não sei – Respondeu ela
Já eram umas 03:00
- Gente a festa está ótima, mas eu tenho que ir, ainda tenho que esperar o ônibus – Disse eu fazendo cara de chateado.
- Ah, ok até segunda então – Disse Carol dando um beijo no meu rosto, deu pra ver na cara do Daniel que ele não tinha gostado disso.
- Bom tchau Daniel – Estendi à mão pra ele
- Tchau, até segunda – Disse ele pegando minha mão
- Acho que já vou também, estou alterado demais já – Disse Matheus levantando, cumprimentando a Carol e o Daniel.
Nós dois fomos juntos até a frente da casa.
- Você vai esperar o ônibus aonde? – Perguntou Matheus
- Ainda não sei, não sei nem onde fica o ponto de ônibus aqui! Só Sei que vou levar umas chineladas da minha mãe por estar bêbado, kkkk, e a culpa é sua – Disse dando um soco fraco no braço dele.
- Minha culpa? Só te ofereci as bebidas, não te obriguei a aceitar, kkk, ei se você quiser pode ficar lá em casa, mais tarde peço pro meu motorista te levar para sua casa, não confio muito que você vá de ônibus uma hora dessas, principalmente aqui, aqui é cheio de trombadinhas que ficam esperando alguém passar para roubarem tudo até a cueca, kkkk.
- Não sei não Matheus, a gente nem se conhece direito, e seus pais?
- Meus pais não ligam, na verdade eles nem tem tempo para essas coisas, fica tranquilo, só avisa sua mãe, pra ela não ficar preocupada que eu vou chamar um táxi, porque essas horas meu motorista deve estar no décimo sono já – Disse ele
- Ok, pode ser então, valeu
- Que nada – Disse ele devolvendo o soco que eu havia dado nele.
Nós ficamos esperando o táxi chegar, ficamos sentados na grama na frente da casa da Carol, até que chegou uma hora que ficamos em silêncio e encarando um ao outro, olhei bem fundo nos olhos dele e não sei o porquê, mas nos aproximamos e nos beijamos, foi bem espontâneo o beijo, sentia os lábios macios dele tocarem nos meus, sentia o gosto do seu beijo, era suave e “doce”, logo nos separamos, de imediato olhei para o chão não entendia o que tinha acabado de acontecer, só sabia que tinha gostado e me sentia estranho com isso, um estranho bom.
- Desculpa Matheus, não devia ter feito isso – Disse ainda de cabeça baixa, ele não disse nada
Voltei meu olhar para ele que estava de cabeça baixa, porém sorrindo e arrancando umas gramas do chão, ele logo me olhou também e continuou sorrindo.
- Não precisa se desculpar, acho que eu queria isso também, e quer saber, eu gostei, foi diferente de todos os beijos que já dei até hoje – Acabei sorrindo com isso, mas logo disfarcei, e não falei nada.
Ficamos em silêncio, eu estava olhando para o “nada”, pensando no que tinha acontecido, e logo senti algo segurando minha mão, olhei e vi a mão de Matheus segurando a minha, parecia que pra ele estava mais fácil de lidar com isso, mesmo com o quão constrangido eu estava com aquilo, não tirei minha mão debaixo da dele, apenas olhei nos olhos dele, sorri e voltei a olhar pro “nada”. Não demorou muito e o Táxi chegou, entramos, o Matheus falou o endereço, e fomos até a casa dele ainda em silêncio, chegamos e o Matheus queria pagar o taxista, mas não deixei ele pagar sozinho, dividimos, por mais rico que ele fosse eu não achava certo ele pagar sozinho algo que também aproveitei. Entramos na casa fui seguindo Matheus, subimos as escadas com cuidado para não fazer muito barulho, chegamos no corredor e paramos em frente à uma porta que ficava ao lado do quarto dele.
- Aqui é o quarto de hóspedes, pode ficar à vontade aí – Disse ele
- Ok, obrigado mais uma vez
- De nada – Ele ficou me olhando, parecia esperar algo, mas não iria beijá-lo ali.
- Boa noite Matheus – Disse estendendo a mão para ele
- Boa noite – Ele pegou minha mão, me puxou e roubou um selinho, me soltei dele e quase dei um tapa nele, ele sorriu e entrou no quarto.
Entrei no quarto, tirei meu tênis, e me deitei na cama, até mesmo a cama do quarto de hóspedes era enorme, adorei me deitar nela, fiquei um tempo pensando e logo peguei no sono e dormi.
Bom, é isso o segundo episódio, espero que tenham gostado, por favor comentem o que estão achando, se estão realmente interessados e não esqueçam de avaliar, isso me ajuda muito a ter vontade de continuar e queria saber se o tamanho está bom assim, até o próximo capitulo.