Eram 11h da manhã, eu havia dormido mais de 12 horas e continuava cansado. A noite de sono não me tranquilizou tanto quanto eu gostaria, mas pelo menos... Bom, a vida segue. Levantei a cabeça e procurei por meu celular. Uma mensagem de Eduardo:
"Tá tranquilo cara, não tenho nada contra."
Não, não estava tranquilo. Mesmo aqueles que não me eram próximos disseram no mínimo três frases para me tranquilizar quanto ao que eu lhes havia confessado. Eu sou um tanto quanto ansioso e tendo a aumentar os problemas, pensar que as pessoas estão bravas comigo quando na verdade não estão, porém eu o conhecia. Eu havia me aberto completamente e o máximo que meu melhor amigo poderia dizer era isso?! Ele estava tentando me afastar. Voltei a sentir um aperto no coração. Minha garganta buscava ar para os soluços que acompanham as lágrimas. Sim, eu estava apaixonado pela primeira vez por um homem e ele não poderia me amar.
Não tinha outro jeito de resolver as coisas, só a distância e o tempo poderiam dissolver as mágoas. Atender a seu desejo de nos afastar não era uma ideia ruim, era o melhor para nós dois. Então mandei um simples "Ok" como resposta para conservar o silêncio e deixar a rotina nos distanciar.
* * *
"Vamos Cacá! Você tem que sair com a gente! Ai vamos, vai ser bom pra você!"- disse minha amiga Ana.
"É Cacá! Vamos, faz um tempão que você não pega nenhum gatinho, assim vai ser difícil esquecer." - complementou minha outra amiga, Juliana.
"Aii vocês não desistem mesmo né? Tudo bem, vamos. Mas só porque eu estou na seca! Haha " - Eu lhes respondi, rindo.
Elas estavam certas, depois de 3 semanas em casa, já estava na hora de começar a seguir em frente e costurar o coração partido.
"Vamos nos arrumar lá em casa e depois a gente saí pra boate! Quero ver você lindo, pronto pra arrasar vários corações hoje hein Cacá!" - dizia Ju
Por volta das 19h chegamos na casa de Juliana e a preparação começou. Além de tomar várias taças de vinho, minhas adoráveis amigas resolveram que elas seriam as responsáveis pelo meu visual naquela noite. Me levaram para o banheiro e já começaram a sessão de beleza me dando ordens:
"Você tem que se depilar todo! Não dá pra levar uma bicha peluda à sério na cama, porfa né?"
"Depois a gente faz sua sobrancelha, mexe um pouco no cabelo... Hoje você vai ter sua noite de príncipe!"
Por mais que tudo aquilo fosse um pouco exagerado, estava me distraindo bastante e devo admitir que me divertindo muito também. Quando finalmente terminamos tudo, seguimos em direção à boate.
"Hoje tá bombando aqui! Espero que você consiga alguma carona pra casa Cacá, porque hoje eu te proíbo de sair daqui sozinho!" - disse Juliana, como sempre muito motivadora.
"Ah foda-se! Hoje vou seguir seus conselhos."- respondi
Quando entramos já estávamos um tanto quanto "altas", devido as inúmeras taças de vinho degustadas, então não perdermos tempo, fomos direto a pista de dança. Depois de pouco tempo dançando, senti um contato nas minhas costas e não pretendia deixar de corresponder. Comecei a empinar um pouco meu quadril para trás e senti uma mão alcançar minha cintura. Passei a meus dedos calmamente por cima daquele braço, alisando-o e retirando aquele membro do alcance de meu corpo. Rapidamente ele tentou me segurar de novo e eu inclinei um pouco a cabeça para ver o homem que me encoxava. Alto, moreno, barba por fazer... Definitivamente um possível candidato a me dar uma carona. O olhei pelo canto dos olhos e mordisquei meus lábios enquanto desfilava minha bunda em sua direção. Ele sabia muito bem o que fazer e não me decepcionou. Me puxou forte pelo braço e depois de meia dúzia de "perdas de tempo" no meu ouvido, me beijou. Mordiscava meus lábios com muita paixão. Sua língua compartilhava a vontade com que seu corpo se esfregava no meu. Era de uma intensidade feroz, todo aquele físico se agarrando a minhas costas,cabeça coxas... Era delicioso. Depois de muitos chupões, mordidas e "apertos", resolvi decidir logo como iria embora da boate:
"Você vai me convidar logo pra sua casa ou eu preciso perguntar seu nome antes?"
"É Victor! Se você insiste..."- Respondeu, com um sorriso cínico e satisfeito.
Saímos andando da boate. Sua casa não ficava muito longe do local e aquela hora, a rua vazia nos permitia contatos mais constantes. Depois de algumas quadras, andando em um ritmo bem lento, eis que me surge um estranho nos encarando na rua. Falei com Victor para mudarmos a direção, mas a estranha figura se encontrava bem perto da portaria de seu prédio, então haveríamos de passar por ela. A medida que nos aproximávamos eu percebia que o homem se inclinava um pouco a nosso favor, como se tentasse nos enxergar. Não podia ser... Meu tesão todo se perdeu nos olhos dele. Era Eduardo.