— É amor, uma banda. — Respondeu ele ainda eufórico.
— Mas como assim uma banda?? Desde quando isso?? — Eu não escondia minha surpresa.
— Lembra que o Vitor queria falar sério comigo??
— Claro que lembro.
— Então, ele ta formando uma banda, e como ele sabe que eu sou baterista e compositor, me convidou para entrar. — Os olhos dele brilhavam.
— Bom amor, se você ta feliz, eu fico feliz também. — Não foi o meu momento mais sincero, admito, mas Artur não pareceu notar.
— Então você ta de acordo amor??
— É claro, se você quer, vai em frente. — Ele ficou ainda mais feliz.
Correu até mim e me deu um profundo beijo, daqueles que você ainda sente, horas após o beijo.
— Então eu vou ligar pro Vitor e vou acertar tudo com ele, por que ainda tem que ver o nome da banda, os outros membros e tudo mais. — Ele pegou o telefone e saiu correndor a dentro, e não o ouvi mais.
Voltei minha atenção para o que eu estava fazendo, embora agora a minha concentração não fosse mais a mesma, aquilo me preocupava demais , eu admito, tinha medo que isso prejudicasse os estudos dele, e até o nosso relacionamento, mil coisas passavam pela minha cabeça, mas acho que eu só estava sendo exagerado mesmo, afinal de contas o Artur era um cara muito inteligente, e tocar em uma banda sempre foi o sonho dele, é o meu dever apóia-lo nisso.
Durante as férias, minha mãe veio para cá, passar um final de semana, ela quase me deixou louco, dizendo que eu precisava de um apartamento maior, mais espaçoso, mais confortável, essas coisas de mãe né. Depois que ela voltou para a casa dela, pensei que me deixaria em paz com esse assunto, mero engano, ela me ligava todos os dias, umas três vezes por semana, até que eu aceitasse me mudar para um outro apartamento, que incrivelmente ficava bem em frente para esse, o problema era que eu gostava de morar aqui, não era muito grande, mas pra uma pessoa, era mais que suficiente. Porém pra ela me deixar em paz, eu acabei cedendo e Concordei em mudar, o problema era que o apartamento novo era um por andar, ou seja era muito grande e exagerado para mim, uma cozinha, duas salas, dois escritórios, três quartos e quatro banheiros, uma área de serviço e três varandas, isso tudo apenas para mim, mas se ela insistia tanto, eu acabei aceitando. A mudança ocorreu em um dia muito quente, e não foi fácil, porém em uma coisa valeu a pena, realmente era muito mais confortável, e em nada havia mudado para mim, pois ainda era perto de tudo, e agora eu morava no nono andar. A vista continuava a mesma, só que agora o meu quarto dava de frente para o mar, o que me deixou muito satisfeito.
A semana passava arrastada, ainda era a manhã de terça feira, eu estava no maior tédio, olhando para o nada, sem absolutamente nada para fazer, tinha saudades da faculdade exatamente por isso, por que sempre tem um trabalho ou alguma coisa pra fazer. Cada segundo se arrastava para passar, era como se o tempo não passasse, uma sensação de vazio tomava conta de mim, eu agora pensava sobre aquele episódio da faculdade, aquele rosto famíliar, ou será que era só coisa da minha cabeça?? Geralmente essas coisas acontecem quando estamos estressados, vemos problema onde não existem, mas eu estava relaxado, de férias, nenhum problema a vista, o Thiago havia dado um bom sossego, então não era algo derivado do estresse, por que eu simplesmente não estava estressado, será que foi só uma coincidência muito infortúnia ou era realmente quem eu imaginava?? Afinal, isso não era impossível.
— Higor, Higor, Higorrrrrr. — Berrou Lucas comigo, me tirando daqueles pensamentos profundos.
— Oi Lucas, aconteceu alguma coisa? — Perguntei voltando para o mundo real.
— O que diabos você ta fazendo aqui? — Ele perguntou, eu estava sentado a beira da praia, como de costume, o dia estava quente e bonito.
— Olhando a paisagem e você?
— Tava passando e te vi sentado ai, pensei que tivesse acontecido alguma coisa. — Respondeu ele.
— Não não, só to pensando um pouco na vida, e você fazia o que por aqui??
— É sério mesmo a pergunta mano?? — Lucas estava sem camisa, de bermuda e tênis de corrida, estava suado, ou seja, só poderia estar correndo ou caminhando.
— A é, que pergunta a minha, óbvio que tava fazendo exercícios. — Respondi após perceber seus trajes.
— Você ta meio estranho, tem certeza de que está bem?
— É claro, to bem sim, só tava pensando um pouco.
— Não pensa demais não, se não pira.
— E tem como eu pirar mais? — Comecei a rir.
— A isso sempre tem né. — Ele riu. — Ninguém que não seja tão louco, que não possa piorar.
— Nossa Luc, isso foi pra me ajudar ou pra piorar??
— Depende o ponto de vista né, as vezes ser louco é bom.
— Na verdade, para um louco, ele é normal e o resto do mundo é louco.
— Nossa Higor, que filosofia linda.— Ironizou ele.
— Acordei filósofo hoje. — Respondi rindo.
— Percebesse. — Luc respondeu rindo.
— É por causa desse sol lindo. — Eu disse.
— Sei, e eu não sou louco pelo teu cunhado gostoso. — Respondeu ele sarcasticamente.
— É sério Luc.
— Fala logo, o que ta pegando?
— Ah cara, é só umas paradas da minha adolescência, sabe, aquela época que a gente só faz besteira, umas boas e outras que você se arrepende pro resto da vida.
— Ah eu sei bem como é isso, também me arrependo de muitas coisas, mas a vida é assim né amigão, a gente faz merda pra aprender, ninguém é perfeito e a vida não veio com manual de instruções, a gente ta aqui pra fazer besteira e aprender com elas.— Lucas falava com um brilho no olhar, ele sempre falava nessas tais besteiras que ele já fez no passado, mas nunca contava quais eram, isso me deixava curioso.
— Valeu cara, você ta certo, agora eu tenho que ir, por que tenho que trabalhar.
— Ta beleza mano. — Nos despedimos e cada um foi para o seu lado.
Voltei caminhando para casa, o suor escorria pelo meu rosto, estava muito quente, que saudades do inverno. A rua estava bem cheia, alguns faziam compras, outros iam trabalhar, alguns estavam pagando contas, outros passeavam e assim ia o dia a dia da minha cidade, sem nada muito notório por relatar. Cheguei em casa e tomei um bom banho, tirando aquele suor fedorento de mim, me troquei e me preparei para sair, primeiro iria almoçar com Artur e Gustavo, para depois ir trabalhar, geralmente sempre que dava, almoçavamos juntos. Cheguei ao restaurante e Artur ainda não havia chegado, mas pude ver o Gus numa mesa, do lado de fora, me juntei a ele.
— Fala cunhado, tudo certinho contigo?? — Me comprimentou ele, sempre na mesma simpatia.
— Fala Gus, comigo ta tudo certo e com você? — Perguntei após comprimenta-lo e me sentar a mesa.
— Ta tudo ótimo cara, graças a deus. — Ele disse no bom humor de sempre.
— Isso é bom.
— E o meu maninho?? Ta bem??
— Ta ótimo, eu sei cuidar bem dele hehe. — Comecei a rir.
— Eu sei que você cuida mesmo, por isso meu irmão tem sorte. — Respondeu ele, me deixando envergonhado.
— E a Gabi, como ela ta?? não vi mais ela.
— Ta ótima, ta trabalhando bastante, nessa época de turistas, eles vendem muito, mas nosso namoro não poderia estar melhor. — Ele falava nela com um brilho no olhar, era lindo.
— Fico feliz por vocês.
Conversamos mais um pouco e logo Artur chegou, foi um ótimo almoço, divertido como sempre, era sempre bom se reunir com o Gus, ele era aquele tipo de pessoa que transmitia confiança e bondade, alguém que você sabe que é um amigo de verdade, isso era algo tão raro hoje em dia, que minha mãe diz que devo agradecer todos os dias pelos amigos que tenho. Depois do almoço eu fui trabalhar e a noite eu e Artur saimos e ele dormiu aqui, porém foi ai que as coisas começaram a ficar estranhas, ele saiu logo cedo dizendo que tinha que ver umas coisas da banda, até ai eu não me incomodei muito, mas ele começou a sumir direto, nunca aparecia e quando aparecia, arrumava logo uma desculpa para sumir de novo, aquilo estava estranho e me deixava irritado, ele sumiu e não dava notícias a semana toda, eu sabia que essa história de banda ia me dar problemas, e seria complicado para o relacionamento, só não imaginei que seria tão cedo.
Com Artur tão distante, eu estava triste, eu ficava me perguntando se uma droga de banda era mais importante que eu, onde estava todo aquele amor que ele dizia sentir?? Onde estava o Artur carinhoso, presente, atento, compreensível, amigo, que sabia o tempo de estar junto e o de estar longe, aquele cara que sabia não ser grudento, mas que também sabia estar junto, cadê aquele cara que eu conheci e aprendi a amar??Eu me sentia muito pra baixo, ele nem se importava de me ligar, eu sabia que essa história de banda ia me dar dor de cabeça. Decidi ir na casa dos meus sogros, estava com saudade deles, ao chegar lá, logo Dona Helena me atendeu a porta.
— Ahh meu lindo, que saudade que eu tava de você, não vejo vocês desde que foram viajar. — Disse ela me abraçando.
— Oi sogrinha, também estava com saudades, desculpa ter demorado a vir. — Falei.
— Não tem problema querido, eu sei que você não tem tempo, já tive sua idade, Sei como é corrido. — Ela era sempre tão simpática e compreensível que já dava pra notar da onde os meninos puxaram.
— Valeu sogrinha, você é a melhor.
— Vem comigo até a cozinha, to preparando o café da tarde.
— E o sogrão, cadê?? — Perguntei me servindo de uma xícara de café, que ela havia me oferecido.
— Está na empresa, essa semana ta sendo puxada lá pra eles, então cheios de papeladas para preencher.
— Sei bem como é isso. — Isso me deu uma leve esperança, será que Artur está ajudando o pai dele na empresa, e por isso anda tão sumido??
— E como vai o meu filho??
— Vai bem, não tem visto ele??
— Bem pouco, ele anda meio sumido, Rafael até anda sentido com ele, Artur nunca foi de sumir assim. — Pronto, minhas esperanças morreram ali.
— Ele ta estranho mesmo, desde que começou a tocar naquela banda.
— Banda, que banda?? — Perguntou ela surpresa.
— Ele ta formando uma banda com uns amigos da faculdade, ele não te contou?? — Não pude esconder minha cara de surpresa, como ele não havia contado isso.
— Ele não falou nada a respeito, mas deve ser por que eu não vi mais ele.— Respondeu ela, mas não me convenceu muito.
— É deve ser isso mesmo. — o que diabos está acontecendo com o Artur.
Depois de uma longa conversa com dona Helena, fui para casa, não contei a ela o que estava realmente acontecendo, pois não queria preocupá-la com meus problemas. Fiquei perambulando pelas ruas da cidade naquele finalzinho de tarde, pensando em tudo que estava acontecendo a minha volta, será que no final o Artur teria uma boa explicação sobre o que está acontecendo? E eu simplesmente não percebia isso? Ou ele realmente descobriu o que queria da vida e desistiu de mim?Milhões de perguntas passavam pela minha cabeça, tinha que haver alguma explicação, então por que ele não vinha até mim e falava o que estava acontecendo de uma vez por todas, já estava de noite, e agora eu andava pela rua na noite de sábado, era hora de ir pra casa, caí na cama e desmaiei , meu cansaço era mais psicológico do que físico.
Acordei na manhã de domingo, com várias mensagens no meu celular, eu havia me esquecido de que era 8 de fevereiro, meu aniversário, estava fazendo 21 anos de vida, e havia me esquecido completamente, tinha mensagem de várias pessoas, desde os meus amigos mais próximos, até alguns conhecidos, da minha família também tinha um monte, só da minha mãe era um texto enorme, a Nat, Lucas, Victoria,Gustavo, Leonardo, Deiziane, Ana Luiza, Fernando, Gabi, e vários outros amigos queridos me mandaram lindas mensagens, menos uma pessoa, e eu não podia acreditar que ele havia esquecido, não depois de tudo que eu fiz por ele em seu aniversário, aquilo foi um golpe fatal ao meu humor e me deixou extremamente para baixo. Eu passei maior parte da manhã e da tarde preso em meu quarto, não queria ver ninguém, não queria falar com ninguém, até que a Nat e o Lucas chegaram.
— Levanta dessa cama rapaz. — Disse Natália toda arrumada.
— Como entraram aqui?
— O porteiro nos conhece e a gente sabe onde você guarda a chave reserva.
— Vão embora, eu quero ficar sozinho.
— Levanta dai anda. — Disse Lucas também arrumado.
— Não quero.
— Caramba, o que aconteceu com você, nunca te vi assim, tu é o Higor, sempre o cara animado, sarcástico, de bom humor, o grande fodão da cidade, o primeiro a chegar nas festas e o último a sair, sempre com as mais gatas da festa, o que diabos ta acontecendo contigo?? — Perguntou Nat indignada ao ver o meu estado.
— Cometi a burrice de me apaixonar. — Respondi.
— De novo. — Me corrigiu Lucas.
— Você não ta ajudando Luc. — Respondeu nat.
— Foi mal.
— E por que vocês estão arrumados? — Perguntei.
— Pra sair e comemorar o teu niver, vamos, vai ser altas festa, o Nando fez altas festa na casa dele e convidou nós, vamos, tu precisa se divertir um pouco, ainda mais hoje que é o seu dia.— Nat disse.
— Vamos amigão, eu não sei o que deu entre você e o gostosinho, mas você precisa se recuperar. — Falava o Lucas.
— Não sei não.
— VAMOS, VAMOS, VAMOS, VAMOS, VAMOS, VAMOS. — Começaram os dois a berrar sem para, até eu sair da cama.
— Ta bom, eu vou caramba, ta bom agora. — Fui pro guarda roupa e comecei a me arrumar.
— É isso ai, esse é o espírito. — Falavam os dois.
Terminei de me arrumar e fomos para a festa no carro do Lucas. Porém minha cabeça só estava em uma pessoa, e aquilo me deprimia, eu podia até ir, mas com certeza não iria me divertir. Chegamos a casa do Fernando, era uma linda casa de dois andares, enorme, com piscina e tudo, tinha um pessoal já, mas ninguém parecia estar muito animado, eram todos conhecidos meus da faculdade, mas nenhum Grande conhecido a vista, sem ser Nat, Luc e Nando.
— Até que fim, chegou o rei da festa, o cara que sempre anima a galera. — Disse Nando, eu era chamado assim, por que quando era solteiro, eu que sempre fazia e animava as maiores festas e acabei recebendo esse apelido carinhoso.
— Eai Nando, beleza? — Respondi sem muito entusiasmo.
— De boas, eu sinto muito por você e o Artur cara.— Ele disse, eu não entendi direito.
— Como assim sente muito pela gente? — Perguntei sem entender.
— Vocês não terminaram??
— Não, porque a pergunta?? — Fiquei sem entender mais nada.
— Eu achei que vocês tinham terminado, mas já que não, é melhor você nem entrar aqui dentro. — Respondeu ele sério.
— Por que, o que ta acontecendo ai dentro?? — Eu quase berrei de raiva.
— Melhor não saber.
— Fala Fernando. — Falei irritado.
— O Artur ta aos beijos na piscina com uma garota. — Respondeu ele, e meu mundo caiu, não podia ser verdade.
Eu sai correndo para dentro da casa e Natália berrava.
— Higor espera, não vai fazer uma besteira.
Porém eu não dava ouvidos, precisava ver com meus próprios olhos, para poder acreditar, não podia ser possível, ele jamais faria isso comigo, não o Artur cara, é impossível. Cheguei até a piscina e vi com meus próprios olhos, não podia ser verdade...
Continua.
_____________________________________________
Bom pessoal, boa tarde, e desculpem por ter sumido, mas é que eu escrevo pelo computador e ele estava no concerto, e como o capitulo dois estava salvo nele, não deu de postar, peço desculpas, mas agora as pastagens voltaram normalmente, se não houver nenhum imprevisto novamente, espero que gostem do capítulo de hoje e que ele possa compensar a demora, desde já agradeço e um grande abraço.
Ru/Ruanito : Obrigado e continue acompanhando, por favor, abraço.
Jubileu : Obrigado cara, minha intenção é alegrar vocês, espero que continue gostando e um grande abraço.
Irish : Eu prometi que voltava certo haha, essa segunda temporada promete, isso posso garantir. E essa pessoa da faculdade vai dar o que falar, grande abraço.
Vi-nicius... : Obrigado, e vai dar no que falar mesmo hehe, obrigado por acompanhar, abraço.
Doce anjo do amor : Valeu, eu sinto tanta falta do rei do gado kk, abraços.
Maluco apaixonado : Como diria o meu amado exterminador " eu voltei " haha, como é bom rever vocês cara, tava com saudades já dos elogios kkkk, abraço.
Lobo azul : Obrigado pelos elogios amigo, essa segunda temporada vai ser tensa kkkk, obrigado e até a próxima, abraço.
Phfarias : Olá cara, valeu por tudo, desejo toda sorte do mundo pra vc também, acho que as respostas da suas perguntas estão nesse capítulo né, abraço.
Bom pessoal, por hoje é isso, obrigado por lerem e fiquem com Deus, até.
" I"ll be back "
H.g20@Outlook.Com