Cap.12
Quando olhamos pro lado, vimos uma figura que de forma alguma eu estava esperando ver.
- O que você está fazendo aqui ? - perguntei, olhando a figura se aproximar.
- Nada, só vim sentindo o cheiro da completa traição e cheguei até aqui. Vocês acham mesmo que eu ia engolir aquela história de separação que o Ghi contou pra Flávia depois de ver o clima que rolou entre vocês na pista de gelo ? - nos entreolhamos. Ficamos calados, não tinha o que dizer.
- Mas eu não menti ! Disse que gostava de outra pessoa e por isso não continuaria a engana-la - falou ele, agarrando a minha mão.
- Isso não é amor ! É uma coisa nojenta isso que vocês fazem ! Eu vou contar para os país dos dois, vamos ver o que eles acharão disso... - falou, sorrindo sadicamente.
- Meus pais já sabem sua louca, e não se importam ! - imediatamente ela fechou a cara.
- E os seus Lucas ? O que acham disso ? - olhei para ela e para ele totalmente assustado. Minha cabeça não parava de pensar imagens dos meus pais me jogando na rua, falando as piores coisas de mim por causa disso. Eu tinha muito medo que descobrissem. E aquele medo me consumia - pelo jeito não sabem... Pois aguarde, eu vou contar... A menos que você pare com essa besteira e continue a ser meu namorado, eu vou contar ! - dizia ela, com lágrimas nos olhos.
- Eu não gosto de você ! Porquê você tenta me chantagear mesmo assim ?
- Eu sei que quando você sair da influência desse viado, você vai voltar a me amar, assim como antes ! - dizia, em um puro momento de delírio.
- Eu nunca gostei de você ! - falei, olhando em seus olhos, fazendo ela os arregalar.
- Não me importa. Eu só quero você pra mim... - dizia ela, me fazendo recuar ainda mais com medo de ser descoberto.
- Isso não nos intimida ! - disse ele, a peitando.
- Tem certeza ? - falou, fazendo ele olhar pra mim, que permanecia de cabeça baixa, com medo.
- Lucas, amor... Não fique com medo dessa louca... Eu... - Ergui meu olhar e olhei em seus olhos. Os meus já estavam marejados, de tristeza.
- Vá embora Ghilherme... - falei, deixando uma lágrima escorrer.
- Lucas... Você não vai cair na... - ele viu que eu realmente não tinha coragem para enfrentar o mundo.
- Só vai embora... - falei, apertando minhas mãos com as dele. Ele acariciou meu rosto em seguida.
- OK. Eu vou... - girou e olhou nos meus olhos - acabo com você se fizer meu namorado chorar ! - logo ele nos deixou a sós naquele auditório enorme.
- Eu não esperava isso de você ! - falou ela, agora deixando as lágrimas caírem - mas... Eu perdoo. A gente vai continuar, como se nada tivesse acontecido.
- Para de falar besteira, eu não gosto de você ! - falei, limpando os olhos - eu gosto dele...
- Isso não me importa ! - falou, apertando o meu braço - você vai ser meu namorado ! A não ser que queira ter seu casinho exposto a todos. É só eu dar um clique e todos saberão que você e ele são amantes ! - um arrepio percorreu a minha espinha. Sim, eu era um covarde. Eu nao tinha coragem de abrir tudo. Não daquela forma. Doía a minha cabeça a imagem de me ver sendo julgado por apenas estar apaixonado. Apesar de parecer uma besteira, amantes do mesmo sexo passam por esse julgamento sempre. Tinha medo de ser mais um deles.
- OK...
MINUTOS DEPOIS
Eu mesmo não nego para mim mesmo. Fui covarde. Não consegui enfrentar o problema. Não consegui tomar uma atitude para viver um amor. Não consegui superar essa barreira. Meu medo de ser expulso de casa, de ser ofendido por aqueles que mais amo supera a vontade de continuar a relação. A minha vontade de continuar com Ghi sem ligar para as consequências é enorme... Mas ao mesmo tempo o medo de ser expulso de casa e da família é ainda maior. Não, eu não consegui enfrenta-la. Vi quando Gustavo entrou na sala, enquanto eu terminava de enxugar meus olhos cheios de lágrimas.
- Lucas, trouxe esse formulário que o diretor mandou pra... - ele parou quando me viu daquela forma - EI, o que houve ? - quando ele entrou mais lágrimas começaram a cair - EI, EI ? - se aproximou e bagunçou meus cabelos - porquê você está assim ?
- Descobriram... - falei, limpando novamente os olhos.
- O que ?
- Eu... E Ghi. Descobriram... - deitei minha cabeça na mesa, pois pra mim parecia que ela pesava uma tonelada naquele momento.
- Quem ?
- A Nat... Ela veio aqui por algum motivo e viu... Agora ela tá me chantageando, dizendo que vai contar pra todos se eu me separar dela. Eu... Eu... Eu tenho tanto medo Gustavo ! - ele chegou e me abraçou - o que você acha que devo fazer ? Dar a cara pra bater e encarar as consequências, ou recuar e parecer um covarde ? - no momento em que ele ia me dar a sua opinião, um colega entra na sala.
- Gustavo, os garotos tão te chamando lá na sala de música ! - ele ergueu o olhar, me olhou, e então saiu andando. Como eu estava perdido. Não tinha a mínima idéia do que fazer, como agir. Tinha medo de errar. Eu não queria errar.
HORAS DEPOIS
Me aproximava de casa, quando recebi uma mensagem de Nat.
- Amanhã vamos ao Shopping. Quero você lá as 18hrs - porquê era tão difícil ser feliz do jeito que eu sabia que era o melhor ? Porquê tinha que ser assim para nós ?
Continue a andar até que cheguei em casa. Entrei, minha moto estava lá. Continuei a entrar e percebi que minha mãe estava fazendo exercícios na esteira. Ela detestava que eu a incomodasse nesses momentos, então apenas subi. Será se ela daria apoio se soubesse ?
MINUTOS DEPOIS
Abri a porta do quarto, e quando entrei, a surpresa.
- Ghi... - quando ouviu minha voz, ele se virou e olhou pra mim.
- Desculpa, mas eu não aguentei ficar em casa - falou, vindo até mim e abraçando-me.
- Tudo bem... Porquê não avisou que estava aqui ?
- Preferi fazer surpresa. Agora me diz... Você vai criar coragem não vai ? Você vai ser meu namorado de verdade ? - ele me olhou nos olhos com tanta confiança que fiquei com vergonha de mim mesmo - não vai ? - baixei a cabeça, enquanto fechava a porta - então é assim ? Você vai se esconder ?
- Tenta entender... Eu...
- Você não gosta de mim ?
- Não é isso Ghilherme ! É só que... Eu não tô preparado pra isso ainda...
- Você está sendo um covarde !
- Sim. Não nego. Mas você acha certo eu contar tudo assim de uma hora pra outra, sem nem saber qual a reação deles ?
- E eu não fiz isso ? Eu dei, e contínuo dando minha cara a tapa por sua causa para qualquer um que venha perguntar sobre nós. Já você... - ele pegou sua mochila, e veio até a porta - pense nisso. Eu estou disposto a pôr minha reputação em jogo. Você está ?
Continua
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