GOTAS DE JÚPITER 2 - HARD MUSIC - 02X05 - EXPULSO DE CASA

Um conto erótico de Escritor Sincero
Categoria: Homossexual
Contém 1767 palavras
Data: 15/09/2015 23:42:01

Animação era a palavra de ordem para nós. Se eu soubesse o que ia não teria mudado nada. Sorrisos, brincadeiras e diversão. Os ensaios, claro, mais intensos do que nunca, afinal, eles nos desafiariam de várias maneiras. Buscamos na internet o perfil dos nossos 'inimigos'.

Kim: - Eu não sei de qual tenho mais medo.

Suzana: - Qual é!! Somos bons... né? (cobrindo o rosto com uma almofada)

Gustavo: - Não vamos nos desesperar. Somos tão bom quanto.

Thiago: - O que é isso? Até tú Suzana? Vamos ganhar. Eu não quero sentimento de perdedor aqui. Ouviram?!

(Todos com cara de paisagem)

Thiago: - Eu perguntei se vocês ouviram?!! (gritando) – Se alguém aqui quiser desistir. (indo até a porta do estúdio, ou, garagem da Suzana) – Pode sair e não voltar mais.

Gustavo: - Nossa que sexy.

Suzana: - Thiago tem razão. Vamos ganhar essa competição.

Ludmila: - Afinal. Já temos um ano de estrada.

Bruno: - Temos algo que os outros não tem!

Gustavo: (falando baixo) – O dinheiro da Suzana?

Suzana: - O meu dinheiro. (assustando Gustavo) – Vamos comprar as melhores roupas, os melhores instrumentos e os melhores treinadores. Parem tudo o que estão fazendo... vamos arrasar.

Chegamos em casa exaustos. Jantamos e fomos tomar banho juntos. Já estava acostumado em ser lavado pelo Gustavo. Ele era carinhoso e fazia uma massagem maravilhosa durante a ducha.

Gustavo: - O que foi aquilo?

Thiago: - Aquilo?

Gustavo: - No ensaio hoje. Me deu até tesão.

Thiago: (virando de frente para Gustavo) – Preciso confessar uma coisa.

Gustavo: - O que?

Thiago: - Eu sou o pior competidor do mundo.

Gustavo: - Jura?

Thiago: - Sério. Eu não me controlo.

Gustavo: - Adivinha quem joga Tropa Estrelares comigo?

Thiago: - Besta... é... é... diferente. O jogo é algo que vale a diversão. Em 2010, eu quebrei o braço de um garoto que ia disputar uma vaga comigo na Filarmônica de São Paulo.

Gustavo: - Caramba.

Thiago: - Fiz até tratamento.

Gustavo: - Promete uma coisa?

Thiago: - O quê?!

Gustavo: - Não quebra o meu braço. (soltando uma gargalhada)

Thiago: - Idiota. (jogando água no rosto de Gustavo)

Gustavo: - Ei. Vem cá. (abraçando Thiago)

Thiago: - Não quero.

Gustavo: - Vem cá, meu amorzinho.

Thiago: - Quando eu tiver aprontando por aí. Não quero te ver reclamando.

Gustavo: - Com tanto que você continue me amando.

Thiago: - Eu vou sempre te amar... besta. (pegando o shampoo e passando no cabelo de Gustavo) – (rindo)

Gustavo: - Que foi? (com os olhos fechados)

Thiago: - Sempre quis ter um cabelo igual ao teu.

Gustavo: - Bobo.

Thiago: - (beijando Gustavo)

Na escola, Mônica ou melhor Matheus apresentou um comportamento diferente. Estava mais triste que o normal. Ludmila percebeu e não se intimidou em perguntar o motivo.

Ludmila: - Desembucha.

Matheus: - Oi?

Ludmila: - Você está mais aéreo que o normal. O que houve?

Matheus: - Nada.

Ludmila: - Tenho quatro amigos gays. Acho que sei quando um de vocês está triste. (abraçando Matheus)

Matheus: (desabando em choro)

Ludmila: - Eu tô aqui. Não se preocupa. Pode chorar. (acalentando o amigo) – Me diz.

Matheus: - É tudo tão dificil. Tenho vontade de desaparecer.

Ludmila: - E você acha que assim vai facilitar as coisas? Fugir?

Matheus: - Minha casa é um inferno, ninguém gosta de mim, e recentemente eu... eu....

Ludmila: - Você?

Matheus: - Tran,,, transei pela primeira vez... e foi horrível. (chorando)

Ludmila: - Amigo. Calma. Olha. É tudo fase. Quando você se formar vai para uma faculdade e deixar tudo isso para trás.

Matheus: - Meus pais me falaram que não vão pagar faculdade para um travesti.

Ludmila: - Você faz Enem. Tem tantas outras maneiras de estudar. Você trabalha... pode arrumar um canto pra você.

Matheus: - Valeu, Lud.

Claro que não poderíamos ficar de fora. A Ludmila realizou uma reunião extraordinária com a banda.

Ludmila: - A situação é essa gente.

Gustavo: - Eu lembro de que quando morava com a Martha pensava da mesma maneira.

Thiago: (pegando no ombro de Gustavo) – Mas, o que podemos fazer?

Suzana: - Ele pode morar lá em casa, mas papai não está pronto para morar com um transexual.

Bruno: - Lá em casa não tem espaço nem pra mim.

Thiago: - Lá em casa também.

Ludmila: - A mamãe morre se eu levar alguém lá pra casa. Pelo menos nisso ela repara.

Kim: - Tive uma ideia.

Suzana: - Obrigado Japão. (levantando as mãos para o céu)

Kim: - Bem... a gente poderia falar com a Dona Maria. Ela ainda tem o quarto do Lúcio.

Thiago: - Verdade. Fora que existem outros cômodos na casa.

Bruno: - Tem que ser o meu amor para pensar nas melhores ideias.

Ludmila: - Vou falar com ela o mais rápido possível.

Suzana: - Ah. Graças a Deus que vocês estão aqui. Tenho uma novidade. (balançando os dedos)

Ludmila: - Fala logo.

Suzana: - Grossa. Enfim... a minha mãe conhece a prima, da irmã que estudou com a afilhada de uma mulher que tem o contato da noiva do irmão do Ricardo Menzola.

(Todos olhando para Suzana em silêncio)

Suzana: - Ricardo Menzola!

(todos se olham)

Suzana: - Um professor de dança. Ele vai nos dar aulas. E a primeira vai ser sábado.

Gustavo: - Sábado tenho inglês e estou de plantão.

Thiago: - Eu também.

Bruno: - Treino de futebol.

Kim: - Aulas de francês, italiano, balé, tiro ao alvo e natação.

Ludmila: - Eu acordo às 16h.

Suzana: - Gente... pelo amor de Deus... (olhando para Thiago) – Quer que o Gotas de Júpiter seja a única equipe que não sabe dançar?

Thiago: (apertando o punho) – Marque para às 20h.

Todos: - O que? Eu vou tá cansado! Não posso. Vou morrer.

Thiago: - Chega!!!!

Thiago: - Ninguém vai morrer. Somos jovens. Nosso físico está preparado para esse tipo de situação. Qual é gente. Temos apenas uma semana para aprender alguma coisa. Ou querem sair no primeiro desafio? A diretora Flora só relaxou porque ela pensa que vamos ganhar. E eu quero ganhar. (olhando para Gustavo)

Gustavo: - Ve... verdade gente. Precisamos fazer um sacrifício.

Suzana: - Só vai ser essa semana.

Kim: - Por mim tudo bem.

Bruno: - Posso descansar a tarde.

Ludmila: - Ok. Venceram.

Tive um sonho ruim na última noite. Eu estava no palco, as câmeras ligadas e do nada fiquei pelado na frente de todas as pessoas. Acordei suado e ofegante. Desci para tomar um copo de água e encontrei meu pai.

Hélio: - E ai campeão? Sem sono?

Thiago: - Mais ou menos. Eh... pai?

Hélio: (batendo um copo de leite com nescau) – Aceita?

Thiago: - Uma dose.

Hélio: - Fala filho.

Thiago: - Eu sempre fui competitivo?

Hélio: - Sim, mas isso você puxou a sua mãe. De mim apenas as partes boas.

Thiago: - Pai?

Hélio: - Qual é Thiago? Você é um bom menino.

Thiago: - Diz isso pro braço do João.

Hélio: - Você quebrou mesmo o braço do moleque, hein?

Thiago: - Pai. (sentando na cadeira e colocando o rosto contra a mesa) – Não tá me ajudando.

Hélio: - Amor. (pegando na cabeça de Thiago) – Está nervoso por causa do programa?

Thiago: - Demais.

Hélio: - Você não está sozinho nessa. Vai se divertir com seus amigos, seu namorado.

Thiago: (solta um riso abafado)

Hélio: - O que foi?

Thiago: - O senhor chamando o Gustavo de meu namorado... e em breve ele vai ser seu filho e meu irmão. E a Elizabeth vai ser a minha mãe, que é mãe do meu namorado.

Hélio: - Loucura né?

Thiago: - Demais. E o senhor, seu Hélio? Está preparado?

Hélio: (respirando fundo e saltando o ar de uma vez) – Não. Só de pensar meu coração bate forte, minhas mãos ficam suadas e eu... eu...

Thiago: - O senhor apaixonado é uma gracinha.

Hélio: - Você está feliz com a minha escolha?

Thiago: - E o senhor ainda pergunta? Se tú não casar com ela, eu caso.

Hélio: - Xiii. Baixou o gauches em ti, pia?

Thiago: - (rindo) – Estou cercado de gaúchos, nada mais natural.

Hélio: - Fico feliz por ter mudado para essa cidade... quer dizer... sei que passamos por mal bocados no última ano, mas em geral as coisas foram positivas.

Thiago: - Claro pai. A nossa melhor decisão. (levantando o copo de nescau em direção ao pai)

Hélio: - A nossa melhor decisão. (brindando com Thiago)

Nos reunimos na casa de Dona Maria e explicamos tudo o que estava acontecendo com Matheus/Mônica

Dona Maria: - Claro que ele pode ficar.

Suzana: - A senhora jura?

Dona Maria: - Preciso mesmo de uma companhia.

Thiago: - Dona Maria se eu chegar no céu e a senhora não estiver lá juro que faço o maior barraco.

Gustavo: - Para de besteira amor.

Thiago: - Brincadeira.

Ludmila: - Mas precisamos organizar o quarto. A senhora já está fazendo demais oferecendo ajuda.

Suzana: - Eu compro os moveis. Todos rosa. (batendo palmas)

Ludmila: - Acorda. Ele é travesti, e não uma menina de cinco anos.

Kim: - Espero que isso ajude o Matheus a ficar em paz consigo mesmo.

Bruno: - Já até dei uma dura em uns jogadores do time. Eles são idiotas.

Kim: - Fez bem amor. Muito bem.

Thiago: (abraçando e beijando Bruno no rosto) – Bruno. O defensor das gays oprimidas.

Bruno: (rindo) – Idiota.

Fizemos uma pequena reforma no quarto de Matheus/Mônica e decidimos fazer uma surpresa.

Ludmila: - Será que ele vai gostar?

Bruno: - Se ele não quiser eu quero. Meu sonho é ter um quarto só pra mim.

Thiago: - Ficou legal.

Gustavo: - Fizemos de coração.

Longe dali, o pai de Matheus tinha mais uma crise de raiva. E ele descontava tudo no filho.

Lindomar: (jogando Matheus contra a parede) – Viado, inútil.

Matheus: - Para pai! O que eu fiz?

Lindomar: - Nasceu. Nasceu seu desgraçado. (pegando o cinto e batendo em Matheus)

Matheus: - Para. Não.

Lindomar: - Como tú faz isso comigo?!

Matheus: (chorando, encolhido no chão) – Eu não fiz nada. Para.

Lindomar: - E esse vídeo? (pegando o celular e mostrando para Matheus)

Matheus: - O que?!

Lindomar: - Esse negão te comendo. Tá gostando? Tá gostando? (batendo mais em Matheus) – Ainda vestido de mulher. (chorando e ficando de joelhos no chão) – Seu maldito. Eu te odeio.

Matheus: - Me perdoa pai. Eu não queria. (se levantando e tentando abraçar o pai)

Lindomar: - Sai daqui! (empurrando Matheus) – Não me chama mais de pai. Eu te odeio. Viado. Espero que você morra. (cuspindo em Matheus) – Vou no bar. Se eu voltar e você estiver aqui eu vou te matar. E leva toda a tua boiolice daqui.

Matheus: - Pra onde eu vou?

Lindomar: - Pro inferno. (saindo do quarto)

Matheus: (chorando aos prantos)

- Do outro lado da cidade -

Ludmila: - Agora sim. Ficou demais.

Suzana: - Serviço completo.

Bruno: - Falando assim até parece que tú fez alguma coisa.

Gustavo: - Ela nunca faz.

Suzana: - Queridos, eu sou uma líder. Não nasci pra servir... (jogando o cabelo em direção aos dois)

Ludmila: (atendendo o celular) – Alô? Calma. Calma Matheus. Não, não faz nada. Estamos indo na tua casa. Fica tranquilo. Vamos dar um jeito.

Thiago: - O que foi?

Kim: - Que cara é essa?

Ludmila: - O pai do Matheus expulsou ele de casa.

Suzana: - Gente. O timing da bicha é certeiro.

Todos: - Suzana!!!

contato: escritor.sincero@gmail.com

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