Meu amigo... Hétero?! - Parte 4

Um conto erótico de Caca
Categoria: Homossexual
Contém 1262 palavras
Data: 16/09/2015 00:43:42
Última revisão: 16/09/2015 01:53:53

Fevereiro de 2011, era o meu primeiro dia de aula no ensino médio. A escola era bem pequena e todos os alunos do meu ano se conheciam há muito tempo. Sentei ao lado de meus amigos e ficamos conversando antes do sinal tocar. Avisto um garoto novo, sentado perto da parede, com um sorriso envergonhado no rosto, não sabendo com quem falar e nem o que dizer. Naquela época eu ainda não havia me descoberto, mas eu já o achava bonitinho. Fui em sua direção e me apresentei:

"Oi, eu sou o Cacá. Tudo bem? "

"Oi, tudo bem sim. Eduardo"

"Você é novo aqui né? Veio de onde?"

"Sou sim, eu morava em Salvador, mas aí nos mudamos pra cá faz um mês."

"Ah entendi, mas você não tem sotaque..."

"Ah não, eu não sou de lá. Eu nasci e morei aqui e depois fui me mudando por alguns outros lugares, antes de morar na Bahia."

"Ah ta. Senta ali com a gente, eu te apresento pra galera."

"Ok"

A partir daí ficamos muito amigos, éramos muito parecidos, inclusive fisicamente. Até o final de 2012 nossa amizade só foi aumentando, enquanto isso as descobertas sobre sexualidade também. Eu começava a perceber que era gay, demorei muito tempo para me aceitar e perceber isso, mas ainda naquela época eu já tinha uma noção quanto a minha orientação sexual. Isso se fez ainda mais claro quando fui percebendo meus sentimentos para com Eduardo. Na noite de Ano Novo, ele havia me convidado para ver os fogos de Copacabana junto com sua família. Eu gostava de estar perto dele e obviamente aceitei. Quando chegamos em sua casa, grande parte de sua família estava lá. Fui sendo apresentado a todos. Pouco antes da meia noite decidimos descer e ir ver os fogos no meio da multidão, na praia. Antes de descermos, fomos nos despedir de todos e uma tia sua achou que nós éramos namorados e me disse:

"Toma conta do Duda direitinho hein."

Nós dois ficamos bem envergonhados e eu senti meu coração bater mais forte. "Ai tia, você bem que podia estar certa!" Pensei. Eu estava apaixonado por ele, foi assim que descobri. No final da noite, quando já estávamos voltando cada um para sua casa, ele me abraçou para desejar boa noite e feliz ano novo. Nossa, nunca antes na minha vida, eu havia sentido tanta vontade de beijar alguém. Não pude fazê-lo, mas não fiquei mal por isso. Acabou que no ano seguinte eu e minha família nos mudamos e só retornei para o Rio em 2014, para fazer faculdade. Continuamos amigos, mas agora com a distância, minha paixão parecia ter desaparecido. No ano em que retornei ele estava namorando, não houve choque, achei que o sentimento havia acabado. Foi nesse ano que me assumi para mim mesmo e algumas amigas. Essa era minha história com Eduardo.

O ônibus chegou a praia e eu saltei. Fui em direção ao mar e sentei próximo a beira d'água. Depois de uns 10 minutos, ele chegou.

"E aí, cara?"

"E aí" - respondi

"Mais uma vez, desculpa por ontem..."

"Relaxa"

Me deu um abraço e enquanto isso se deu ao trabalho de fixar seus olhos em um chupão presente em meu pescoço.

"Bora dá um mergulho?"

"Vamos"

Seguimos em direção ao mar, razoavelmente agitado aquele dia. A correnteza estava forte e começamos a ir um pouco para o fundo. Depois de uns 5 minutos de intensa movimentação, iniciamos a tentativa de voltar para a areia. Acabei cansando e fui engolido por algumas ondas. Após muito esforço, conseguimos sair e nos deitamos na areia para recuperar o fôlego e as energias. Involuntariamente, nossos corpos ficaram bem próximos, até que nossas mãos começaram a se tocar. Rapidamente puxei minha mão mais próxima a meu corpo, afinal ele não havia aceitado minha homossexualidade tão bem, não queria correr riscos de ser mal interpretado e ele pensar que eu estava dando em cima.

"O mar quase nos matou hein"- ele disse

"Pois é, a ressaca ta forte hoje"

"A sua ou a do mar?"- disse ele rindo um sorriso cínico.

"As duas." - respondi, rindo também.

"Aí, eu sei que me afastei de você depois que você me contou e eu fui babaca de fazer isso, deveria ter te apoiado. Quero continuar próximo de você, como sempre fomos. Se você ainda me quiser por perto..."- disse ele, olhando em meus olhos.

"Claro que sim, é tudo que eu quero. Eu não posso te culpar, até eu demorei a me aceitar, não poderia cobrar de você uma aceitação imediata."

Quando ele me disse aquelas palavras, eu me comovi por dentro. Não disse mais nada apenas o observei fazer um gesto de concordância com a cabeça. Continuamos um tempo na praia e depois fomos embora.

Durante algumas semanas permanecemos assim. Iríamos pra praia, a bares com amigos. Inclusive durante um desses encontros entre amigos ocorreu uma situação inusitada.

Por volta das 2h da manhã, quando todos já estavam suficientemente embriagados para constranger quem quer que fosse, eis que um de meus amigos, André, me pergunta:

"Aí, agora que tu ta pegando homem, deixa eu te perguntar, é mais fácil de levar pra cama?"

Todos riram bastante e o sacanearam o suficiente, mas todos os olhos da mesa se viraram para mim e realmente meus amigos gostariam de saber a resposta. Mesmo bêbado, não deixei de ficar constrangido, sinceramente, eu ainda tinha um certo preconceito comigo mesmo e com expor minha relação para homens héteros, quase uma heterofobia. Não havia como fugir da pergunta então tentei responder de maneira bem prática:

"Ah sim, até tem um pouco de doce, mas menos do que mulheres" - respondi rindo vergonhosamente.

"Hmm, então você ta transando muito né?"- Ele respondeu

Eu estava muito sem graça, até que...

"Porra! Chega desse assunto né?" - Exclamou Eduardo

Todos se calaram e ficaram constrangidos por pensarem que ele estava demonstrando não gostar da conversa por ser homofóbico, mas o olhar qual ele me deu após sua interrupção me mostrou que ele estava tentando me proteger de uma exposição incômoda.

"Se não o conhecesse, diria que era ciúmes..."- disse sua irmã, Luisa, sussurrando em meu ouvido.

A expressão que dirigi a ela denunciou meus sentimentos. No mesmo instante ela me puxou em direção ao banheiro.

"Ele sabe que você gosta dele?"-ela disse

"Que?!"

"Aí Cacá, eu sou mulher, já percebi que você ta gostando do meu irmão. Por que não conversa com ele sobre isso?"

"Eu... Não quero correr o risco de perder a amizade, Luisa."

Ela me olhou com compaixão e entendeu a situação.

"Preferia que ele não soubesse, se você puder não..."

"Claro! Não vou contar."

Retornamos a mesa, conversamos um pouco mais com o resto dos amigos e depois todos se dirigiram para suas respectivas casas.

Fiquei muito próximo de sua irmã, que segundo ela mesma, sempre quis um amigo gay, e por esse motivo passei a frequentar a casa dele em mais oportunidades. Um belo dia, depois de falar com Luisa no telefone, ela me convidou para ir até sua casa. Ao chegar perto do endereço eis que recebo uma ligação dela me dizendo o seguinte:

"Oi, eu vou me atrasar um pouco, mas pode tocar a campainha que o Duda vai te receber"

Ela havia feito de propósito, era óbvio que contara a ele sobre nossa conversa. E agora? O que fazer? Não poderia deixar de aparecer pois não faria muita diferença, apenas adiaria confrontar o que quer que fosse acontecer. Então tomei coragem, segui em frente e toquei a campainha.

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Comentários

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Nossa gostei pencas... Continua...

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Nossa ansiedade a mil aqui cara ahahahaha espero que dê tudo certo. Abraços :)

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Tah... muito bom.Mas porque vc me maltrata assim? Sempre acaba na melhor parte.

Bjos e abraços da sua leitora fiel. A.

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Martines: mais ou menos. Eu explico quando acabar o conto.

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Haha Duda* não gosto desse apelido, mas seu conto ta demais, nao sei se ja perguntaram, mas ele é veridico?

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Vamos ver no que vai dar esse suposto encontro...

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