Sugiro que leiam os capítulos anteriores
CAPITULO 3
Fechou a porta do quarto e saiu dali correndo, chorando feita louca, desceu os cinco andares na correria, só parando na porta do seu carro, saiu sem rumo pelas ruas do bairro, até provocar um acidente, batendo em um carro parado no sinal. Com a pancada foi projetada contra o volante, lhe causando um desmaio, foi levada para o hospital, e sua família avisada do acidente.
Teve alta hospitalar e chegando em casa não teve coragem de falar nada para seus pais, pelo menos naquele instante.
Marcelo foi avisado do seu acidente, ele a procurou, mas Anita recusou atendê-lo, avisando ao seu pai que não queria ver ninguém, principalmente por estar com o rosto ainda inchado.
Quinze dias depois, ela estava me contando toda sua trajetória até aquele momento.
Mesmo sendo contra o choro por desgraça não me contive, peguei nas mãos dela fortemente e com os olhos lacrimejando e lhe falei.
_ Anita tenha força para continuar lutando por seus ideais, saiba que nada acontece por acaso, vou estar ao seu lado pro que der e vier, conte comigo.
Terminamos de almoçar e saímos abraçadas, caminhando entre as árvores admirando a bela paisagem do local, paramos a caminhada, nos sentamos à beira do lago deixando nossos pés banhar-se nas águas frias, fiquei ali admirando a beleza dela, nossos olhares se cruzaram no ar, minha vontade era de cobrir aquela mulher de beijos, mostrar todo o meu carinho por ela, meus desejos mais íntimos aflorados.
Anita me fez um pedido.
_ Pri, agora que você já conhece o meu passado recente, eu gostaria de te conhecer um pouco melhor, me fale sobre você.
_ Anita eu acho que minha história de vida não deve te agradar, sou meio estranha tenho uma maneira diferente de pensar e de viver. Gosto das coisas ao meu jeito, não sou a dona da verdade e nem que tenho razão em muitas delas, porém amo tudo que me cerca, dou muito valor ao amor verdadeiro, seja de que forma for.
Antes de começar te contar, me responda uma coisa. Qual o sentimento que você nutre pelo Marcelo agora?
_ Sinceramente Pri eu não sei, se é de pena, de amor ou magoa, se ainda gosto daquele FDP, ainda é muito cedo para conclusões.
Com essa resposta eu não podia mentir pra ela, seria mais uma covardia pela qual iria passar, acabei ficando em cheque mate, o que mudaria na cabeça daquela mulher em descobri que também fui pra li, fugindo de uma decepção amorosa, não heterossexual como a dela e sim homossexual, depois de tudo que ela me contou, principalmente por ter visto sua paixão entregue aos braços de outro homem, tudo era muito difícil naquele instante.
Fiquei olhando para Anita sem saber como começar, só me restou uma saída.
_ Minha linda eu adorei você, mas vamos fazer o seguinte, à tarde esta deliciosa, que tal pegarmos uma corzinha enquanto lhe conto sobre mim?
_ Tudo bem Pri, vamos até o meu quarto, quero colocar um biquíni que comprei hoje na cidade, quero sua opinião sincera, tudo bem?
_ Vai ser um prazer ser a primeira te ver de biquíni novo, tenho certeza que você vai arrasar.
Fomos para o chalé, papeando e rindo com nossas bobagens, parecíamos velhas conhecidas.
Toda vez que eu tinha para ficar sozinha com Anita, parecia que o meu coração iria sair pela boca, tamanha ansiedade por tê-la perto de mim, ao alcance dos meus braços.
Eu continuava sem entender os verdadeiros sentimentos de Anita por mim, ainda não havíamos conversado sobre isso, era como se fosse a minha primeira vez com uma desconhecida, só que pelo menos eu sabia da decepção que havia passado, tinha que tomar muito cuidado.
De repente ao entrarmos no quarto, Anita se despiu totalmente, fazendo caras e bocas, não teve como não notar o meu desespero com aquela situação. Ela começou a dar gargalhada e disse.
_ Ué Pri, parece que nunca viu outra mulher nua, que cara de espanto é essa?
_ Não é espanto não, na verdade é por admiração, seu corpo é perfeito, quem te perdeu com certeza não encontrará outra igual, só isso.
A cada movimento que ela fazia, parecia querer me provocar, eu já estava subindo pelas paredes só imaginando como seria maravilhoso, compartilhar momentos íntimos com ela.
A umidade nas minhas partes intima, já havia molhado o meu biquíni, só quem já passou por isso sabe como fica, ela me pediu para dar um nó na parte de cima do biquíni, mesmo com as mãos tremulas consegui fazê-lo e sem pestanejar deixei meus dedos percorrer suas costas, conseguindo arrancar um pequeno suspiro dela, agora foi a minha vez de provocá-la.
_ Calma Anita, você esta sentindo alguma coisa?
_ Não foi nada não, depois veio aquele sorriso malicioso.
Minha nossa, nunca tive dificuldades para me aproximar de uma mulher, porque estava tão difícil assim com Anita, o que estava acontecendo comigo.
Perdida em perguntas e respostas, Anita me perguntou.
_ E aí, não vai falar nada, se gostou da sua linda ou não e soltou outra gargalhada.
Por mais que eu não quisesse me atrever, parecia estar na hora de fazer uns testes, saber qual era a real.
_ Olha Anita, se eu fosse seu namorado, só permitiria que você colocasse esse biquíni pra mim, você esta deliciosa meu anjo. Como eu não tenho ninguém, nem posso imaginar tal situação. E dei umas risadas para descontrair o ambiente.
Anita me chamou de palhaça e ainda fez um comentário.
_ Pri, você uma mulher gostosa, linda e cheirosa, só fica sozinha se quiser.
Meu Deus, será que estou ouvindo isso mesmo, como assim, não posso acreditar.
_ Anita é melhor irmos para piscina, esfriar o corpo e a mente.
Descemos em direção à piscina, por lá encontramos uma jovem senhora com um casal de crianças, a menina parecia ter uns dez anos e o menino no máximo oito, a menina não tirava os olhos da gente, parecia se sentir sozinha, tal a felicidade de ter mais gente na piscina.
_ Olá menina linda, qual o seu nome, perguntei.
_ Cristina e esse é o meu irmão Carlinhos, ele tem sete anos e eu vou fazer dez anos e vocês, como se chamam?
_ Meu nome é Priscilla e da minha amiga Anita, vocês formam um belo casal de irmãos.
Em seguida eu escuto.
_ Filha, filho deixem os hóspedes em paz, me desculpem, aliás, meu nome é Katerine mãe dessas crianças, desejo que estejam se divertindo por aqui e aproveitando nossa pousada.
_ O prazer é meu em conhecê-los, sua pousada é maravilhosa, com certeza vou indicar aos amigos.
Anita deu um mergulho e começou a nadar se deliciando na piscina enquanto eu batia um papo com katerine, uma mulher interessante e com certa malicia nas conversas.
Aos poucos foi me deixando à vontade, querendo saber detalhes da nossa hospedagem, como descobrimos o local, coisas desse tipo até me falar que formávamos um belo casal, que muitos casais se hospedam nessas datas, por saberem que podem ficar mais a vontade, com poucas procuras, na verdade o espaço começa a ficar cheio á partir de sábado pela manhã, com a chegada de grupos.
Expliquei a ela a maneira como encontrei a pousada.
Abri um sorriso da espontaneidade dela e pedi licença. Dei um mergulho, me aproximando de Anita.
_ Menina você não sabe da maior, imagina que a Katerine nos confundiu por um casal gay, inclusive nos elogiando por formarmos um belo casal.
Essa foi a oportunidade para tentar saber a opinião da Anita sobre o assunto.
_ Que loucura Pri nada haver, não que eu seja contra duas mulheres se curtirem, acho que tudo é válido, desde que aja sentimento verdadeiro entre elas, se ela soubesse que somos amigas e que nos conhecemos aqui, ficaria decepcionada, né?
_ Creio que sim, ela me demonstrou muita felicidade ao falar por nós duas, eu acho que seria uma surpresa pra ela e talvez uma decepção.
O que esperar depois dessa, Anita me deixou sem rumo, sem chão e sem expectativa alguma para sermos mais do que amiga.
Saí da piscina e me deitei de bruços na espreguiçadeira, não queria que Anita percebesse a minha tristeza, passados alguns minutinhos, ela veio até a mim passou as mãos com carinho pelas minhas costas e me perguntou.
_ Minha lindinha o que ouve, não estou gostando desse seu silencio, fiz algo a ti?
Virei-me e falei.
_ Como assim, você não me fez nada, pelo contrário, só me da alegria.
Mas no fundo, bem lá no fundo, meu coração estava quebrado, e logo eu que estava tentando ser forte.
_ Pri, você vai ou não me falar sobre você, estou ansiosa de verdade.
_ Anita você quer me conhecer, mesmo que isso possa afetar nossa amizade?
_ Pô Pri, não vai me dizer que você é uma fugitiva da justiça?
_ Nada disso tenho medo que você não me compreenda e possamos nos afastar, é só isso.
_ Prometo que vou te respeitar no que possa estar te incomodando.
Já não tinha mais nada para fazer, se não contar toda verdade.
_ Meu anjinho, a minha história é muito grande, hoje estou parcialmente separada mas tenho marido, temos uma filha com onze anos, no início éramos muito felizes, mas ele acabou me fazendo ser diferente, e com isso facilitei os acontecimentos, ele sempre foi muito safado e aos poucos eu fui participando dessa situação, topava tudo que ele queria, e aí partimos para um casamento aberto, você sabe como é, né?
_ Saber eu não sei, mas imagino.
_ Após o nosso casamento fomos passar a lua de mel na Europa, e acabamos fixando residência num paraíso da depravação, moramos por lá durante um ano, foi onde aprendi tudo que conheço hoje, e ao voltarmos demos início a uma nova fase do casamento, começamos participando de swings, só com amigos em comuns, mas com regras onde nada poderia afetar nosso casamento. Envolvi-me com alguns homens e mulheres, e por fim, acabei tendo relacionamentos mais sérios com meninas, nisso ele também conheceu algumas dezenas de mulheres, até se apaixonar por uma e manter uma nova família.
_ Mas vocês não haviam combinado que não podiam se envolver com outras pessoas, que não deveriam deixar afetar o casamento.
_ Verdade, mas isso só é bonito no combinado, palavras são carregadas pelo vento, acontece que no coração não temos como determinar nada, você conhece a pessoa, nasce a química e quando vê, já esta totalmente entregue. Já com a mulher quando menos se espera, pode surgir uma paixão, devido a intensidade que nasce entre duas mulheres, é uma coisa doida, primeiro você apenas curte, depois começa sentir falta dessa pessoa e acaba descobrindo que ela é a sua outra metade da laranja. Eu nem imagino qual seja sua opinião formada há esse respeito, mas posso lhe garantir que é exatamente igual quando se aprende andar de bicicleta, você nunca mais esquece da sua primeira vez.
CONTINUA....