Cap.7
Durante alguns segundos encarei aquele olhar esquisito que Pedro demonstrava de sua casa. Era um olhar extremamente indecifrável. Por qual razão ele estava nos olhando daquela forma ? Me olhando daquela forma ? Era um olhar tão feio... Tão ameaçador... Parecia de ódio. Parecia que ele me odiava. Será se ele odiava me ver com Michel ? Porquê ele me Olha dessa forma ?
NO DIA SEGUINTE
Mais uma vez o sol raiava. E mais uma vez eu acordava em busca de aventuras...
- Aí Deus, que sono ! - acordava com a maior preguiça do mundo, como sempre... - bem que eu podia faltar... - parei de falar quando vi que não estava sozinho - AHHHH... - Michel estava ali - como ? Como entrou aqui ?
- Pela porta ué... - falou, sentando na cama
- Minha mãe te deixou entrar ?
- Deixou... Me apresentei como amigo e ela deixou...
- Sei... - comecei a coçar a cabeça, buscando entender o que se passava na cabeça da minha mãe naquele momento...
- Vamos, levante-se ! - falou, puxando meu braço - se nos atrasarmos vamos ter que ficar meia hora na detenção...
- Affs, preferia ficar em casa...
- Mas você não pode ! Anda... - e então ele me puxou, e me empurrou pra dentro do banheiro. Sorri quando parei a frente do espelho e vi o quão desarrumado estava...
MINUTOS DEPOIS
Enquanto escutava um pouco de Coldplay no fone de ouvido, chegavamos na escola no carro dele. Era super estranho, ele podia dirigir mas ainda estava no ensino médio...
- Pronto, chegamos !
- Que bom...
- Você está triste ? - perguntou, acariciando meu rosto.
- Não, apenas pensativo...
Caminhavamos lado a lado aquele dia no colégio. Era inegável não tentar lembrar das diversas vezes que eu e meu amigo andávamos aquilo ali lado a lado e sorriamos juntos. Era impossível eu não lembrar dele a todo momento. Ele fazia parte da minha vida ! Eu não queria me desfazer...
MINUTOS DEPOIS
A aula de Educação Física estava prestes a começar. Como quase sempre acontecia, o professor não pedia pra eu fazer, primeiramente porque eu não gostava, segundo porque ele preferia que eu o auxiliasse com algumas coisas. Portanto eu ficava sentado na arquibancada, apenas acompanhando os jogos que se sucediam. Aquele dia a partida seria de futsal. Os garotos se preparavam pra jogar. Eu, como sempre procurava meus dois amigos com o olhar. Aquele dia, Pedro estava de um lado e Michel do outro. Fazia as anotações que o professor havia pedido, quando escuto o estridente som do apito tocar. A bola começava a rolar de um lado pro outro. E vez ou outra os garotos gritavam, havia saído um gol. O placar estava dois a dois, quando escuto um grito. "GABRIEL !" . Olho e vejo que Michel havia feito o gol. Ele fazia um gesto de coração em minha direção que rapidamente me fez ruborizar... Apenas sorri. Não demorou muito e os garotos gritaram novamente. Olhei, e vi que o outro time havia empatado. Quem havia feito o gol ? Pedro... Este, cabisbaixo e sem comemorar, ergueu levemente o olhar e viu que eu o observava. Baixou novamente a cabeça e continuou a jogar. O jogo já estava prestes a terminar quando escuto uma gritaria.
- EI cara ! Isso não vale não ! - era a voz do Pedro.
- Qual é ? Eu mal encostei em você ! - Michel se pronunciava agora
- Mal encostou ? Você vai ver o que é encostar ! - Pedro saiu empurrando Michel e os dois saíram rolando pelo chão. Corri de preocupação. Não sabia direito qual havia sido o motivo daquela briga. Só sei que os dois só pararam quando me ouviram.
- EI ! Parem com isso ! - falei, puxando Michel que rapidamente se separou dele
- Os dois ! Pra diretoria ! - gritou o professor. De cara eu não entendi o porquê daquela briga. Os dois se encaravam como dois touros bravos prestes a se matar. Porquê eles estavam se comportando dessa forma ? Porquê tantos olhares feios ? Eu não estava entendendo o que estava acontecendo a minha volta !
MINUTOS DEPOIS
Os dois saíram praticamente juntos da sala da diretoria. Traziam consigo um papel, era uma advertência. Pedro, quando saiu, parou a minha frente. Me olhou. Ameaçou mexer a boca, mas logo em seguida recuou e saiu andando. Michel veio e parou na minha frente. Falou algo que me deixou pensativo por dias.
- Eu acho que ele sente algo por você ! - falou, me fazendo virar o olhar para observar Pedro ir embora.
DIAS DEPOIS
- Ai não, eu vou cair !
- Não, não vai ! Anda, eu tô segurando - dizia ele, querendo que eu tirasse o pé do chão enquanto tentava andar de Skate. Ele segurava minha mão e minha cintura. Era a única forma de eu conseguir me equilibrar naquilo - vou soltar a cintura...
- Não, não solta ! - ele soltou, e eu continuei segurando apenas na sua mão. Não demorou muito para eu levar o primeiro tombo - AI ! - acabei caindo por cima dele, e quando vi os dois estávamos no chão...
- Você está bem ?
- Estou ! - quando vimos a posição em que estávamos começamos a rir, da queda cômica que havia acontecido. Pingos de chuva começaram a cair do céu... - aí Deus, eu não posso pegar chuva !
- Porquê não ? Vamos ficar na rua, é tão bom tomar banho de chuva ! - falou, segurando a minha mão !
- Tá, tá bom ! - continuamos a tentar me fazer montar naquele skate. Estava difícil e engraçado naquela chuva. Michel estava me fazendo me divertir como nunca. Estava ajudando a suprir a falta que eu sentia do meu outro amigo. Estava mudando os meus conceitos.
TEMPO DEPOIS
Eu sabia porque não devia tomar banho de chuva. O risco de se contrair gripe com a chuva é enorme. E pra quem tem AIDS, se deve evitar qualquer doença. Minha mãe quase me mata quando me viu enxarcado. E não deu outra. Pouco tempo depois de eu ter me molhado, estava espirrando, com tosse e uma forte corisa.
- COF ! - a tosse era bem forte, algo que já estava me preocupando.
- Como você tá se sentindo filho ?
- Mal mãe, Sei lá, tô me sentindo tão cansado ! - continuava a tossir.
- Trouxe o médico ! - falou, deixando um médico amigo da família entrar...
- Oi Gabriel...
- Oi doutor - mais uma vez tossia.
- Como se sente ?
- Sei lá, com tosse, cansado, mal-estar... - o médico tocou em minha pele e rapidamente tirou a mão.
- Nossa, você está com febre !
- Sério ? - me fez ficar sentado. Encostou um negócio gelado, um estetoscópio, por alguns instantes. Me fez respirar...
- Você está com pneumonia !
Continua
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