Acabei não indo na casa dele com pedira, inclusive não fui na aula durante a semana toda. Minha mãe percebeu que eu estava mal por alguma coisa mas eu disse que era saudades do meu pai, afinal eles haviam se separado pouco mais de seis meses e ele nunca mais me ligou ou atendeu.
Fiquei a semana toda sem ir. Na semana da frente continuei caminhando sozinho na ida, ficando mais distante durante a aula, me escondia a biblioteca durante o intervalo e ia embora rápido e sozinho para casa.
Não fui mais em nenhuma aula de educação física, as notificações chegavam para minha mãe e ela perguntava o porque de eu não ir mas eu não queria dizer.
Acabei me forçando a ir para que ela se sentisse mais tranquila, joguei vôlei como sempre mas assim que acabou peguei minhas coisas e saí sem ir ao vestiário e nem nada,
Breno parecia não ligar, afinal não me abordava ou observava em momento algum. Eu fingia que não ligava também embora me pegasse o tempo todo inventando motivos para que ele não parecesse tão mau.
Não consegui fugir mais depois de algumas semanas, durante a educação física alguém me acertou a bola de futebol. Foi um chute muito forte, acabei cortando a boca e ficando bastante roxo.
Caí me contorcendo de dor e cuspindo sangue, olhei para ver quem era e vi Rafael rindo com algum garoto do lado. Brendo tava do outro lado da quadra num lugar onde era impossível que ele tivesse chutado. Abaixei a cabeça, me levantei e cambaleei até o vestiário, pingando sangue e com uma dor terrível.
- RAFAEL FILHO DUMA PUTA! QUE BRINCADEIRA MAIS IDIOTA RAPAZ, MACHUCOU O MOLEQUE.. - ouvi um grito de uma voz irada, caminhei mais rápido e me joguei chorando no chão do vestiário.
Não sabia se pela dor ou a humilhação que passara.
- Vai lá defender a namoradinha, Breno.. - ouvi a de Rafael voz caçoando.
Breno entrou no vestiário rápido me viu no chão, chegou perto e eu rastejei pra longe. Ele então veio impaciente e me levantou.
- Me deixa.. - Gemi baixo.
- Não! - Ele disse me carregando pra um boxe onde ligou a água e lavou meu rosto enquanto me segurava.
Minha cabeça latejava, eu estava tonto e ainda chorava. Me desvencilhei dos seus braços mas caí logo a frente.
- Você não tá ajudando 'Jão'. - Ele disse paciente.
Breno me levantou, me tirou do boxe e me sentou na bancada. Pegou minhas coias devagar e juntou na bolsa. Colocou ela nas costas e me pegou de forma que eu pudesse andar apoiado nele.
Saímos do vestirário. Rafael começou uma zoaçãozinha mas Breno gritou.
- Vai se fuder Rafael. Seu demente.
Dessa vez Rafael ficou um pouco assustado.
Breno avisou o professor, saiu da escola comigo e me levou até em casa. Não falou mais nada, não olhou e nem mudou o jeito de me tocar. Chegamos em casa, ele pegou a chave na minha bolsa e abriu a porta, me deixou no sofá e procurou alguém em casa. Voltou para a sala onde eu estava encolhido gemendo de dor, minha cabeça doía muito, o corte também.
- Sua mãe não tá aqui Jão. Ela deixou um bilhete dizendo que vai ficar de plantão no hospital. O que eu faço? - Ele chegou na sala distraído. Me viu caído no sofá. - João! - Falou meio preocupado.
Nos minutos seguintes conheci um Breno preocupado que achei que não existia, não achava que a preocupação era especifica por mim mas era legal saber que ele era capaz de fazer algo por outras pessoas. Ele achou remédio nas gavetas da minha mãe depois de abrir uma por uma do armário. Pegou água e me fez beber.
Em pouco tempo apaguei. Acordei de madrugada e não estava na sala, também não estava sozinho.
Ele estava lá, deitado na mesma cama que eu mas não dormira, estava acordado e nervoso. Tossi e quase gritei de dor pelo corte na boca que foi bastante grande e demorou um bom tempo para cicatrizar.
Ele me segurou e pela primeira vez senti o corpo quente dele próximo ao meu, a respiração dele no meu corpo. Depois de uns segundos em transe eu tentei me desvencilhar e sair mas ele me segurou com força.
- Calma, Calma João! Não quero te machucar. - Ele disse firme.
Comecei a chorar baixinho novamente.
- Porque você chora toda vez que tá comigo? - Ele disse curioso. Até parece que ele não sabia que o que ele fazia comigo era um abuso.
Não respondi.
- Você nunca nega, nunca para mas faz tudo aos prantos... - Falou baixo.
Ainda não respondi.
- Tem medo de mim?! - Ele disse surpreso. Aparentemente gostava da ideia de me intimidar.
Olhei envergonhado.
- Ah, é isso! - Ele disse como se eu tivesse respondido com mil palavras. - Mas eu já te machuquei alguma vez João?
Fiz que não com a cabeça. Pensei mais um momento e fiz que sim.
- Não ou sim? - Ele pareceu confuso.
Abaixei a cabeça. Ele parou e refletiu por alguns minutos e então permanecemos calados e no escuro.
- Me desculpa. - Ele disse. - Por tudo! Agora eu entendo.. Você faz aquilo em mim porque tem medo e não porque quer ou gosta de fazer e também... Bom eu fico meio sem jeito de te retribuir de alguma forma. E desculpa também por... Ter falado.. pro Rafa. Ele é um idiota mesmo. Vou fazer ele parar de te encher.
E então eu respondi pela primeira vez na noite.
- Eu não ligo... - Eu disse. - Sabe.. Com o Rafael! Eu só quero continuar estudando e fingir que um dia vou ser feliz.
- Fingir? - Ele levantou devagar, pegou algo e se sentou do meu lado, colocou os dedos no meu lábio como se pedisse para eu abrir, e eu o fiz. Ele colocou um remédio na minha boca e levou o copo devagar para que eu bebesse água. - Porque fingir? - Ele disse após isso.
Não respondi mais uma vez.
- Misterioso você. - Ele brincou. - João, você sabe... Já tinha ficado com alguém antes?
Agradeci por estar escuro porque eu corei imediatamente. E novamente ele não teve respostas. Mas observava meu rosto pelo pouco de luz que emanava da janela. Ele se moveu desconfortável.
- Então.. Tipo. - Ele gaguejou. - Eu fui o primeiro cara que...
- Sim. Eu nunca fiz nada com ninguém. - Murmurei.
- Nada... Tipo, nem beijo!?
- Não...
- Cara... - Ele ficou meio triste do nada. - Desculpa mesmo... eu sou um idiota e te traumatizei mas... eu achei que você soubesse o que tava fazendo. E agora sua mãe vai chegar daqui a pouco e me ver aqui... o cara que meio que abusou do filho dela.
Suspirei por um instante. Ele meio que fez tudo aquilo assim por fazer? Achando que se eu dissera sim era porque quisera fazer e pronto? Como eu poderia culpá-lo por não imaginar que eu faria as coisas sem querer.
- E de toda forma... Ela é uma pessoa legal. Ligou e eu atendi, disse o que ocorreu. Ela ficou preocupada e viria a todo custo se eu não me prontificasse a ficar aqui e ligar a qualquer problema. Ela disse que você é muito sensível a dor, e que às vezes nem se levanta. Quria uma mãe assim... Mas quero dizer, ela vai me ver como? E outra você chorava enquanto me chupava, era óbvio que eu sabia o que estava acontecendo. - Ele se desesperou e desatou a falar.
- Esquece. - Murmurei.
- Como? - Ele falou se jogando novamente do meu lado. Pensou por alguns minutos e depois de virou me olhando diretamente nos olhos. - Posso... Posso é...
Ele ficou um pouco desconcertado e voltou ao silêncio por mais uns minutos.
- Posso tentar concertar? - Ele falou baixo e envergonhado. Não esperou minha reação, mas se aproximou e tocou meus lábios com os seus de forma calma e delicada para que eu não sentisse dor. Me beijou com calma e me abraçou.
Beijou meu pescoço, foi beijando até meu ouvido e sussurrou.
- Preciso ouvir que você me desculpa.
Pensei por alguns instantes, ou tentei enquanto eu arrepiava com os vários beijos no pescoço. Ele já estava encima de mim, membros duros e acho que meu corpo o respondia.
Ele pela primeira vez me tocava por completo, estava membro com membro. Me beijou na boca de novo e então eu respondi:
- Desculpo!
Ele sorriu. Nos beijamos muito, na verdade ele me beijou muito, não deixou que eu me mexesse muito e então beijou meu corpo todo.
- Você também foi meu primeiro João. O primeiro menino pelo menos. - enxerguei um sorriso brincalhão que ainda não conhecia, nem mesmo na escola. Vi que ele não era aquele cara da escola, que aquilo era uma máscara.
Acabou que ficamos os dois de cueca, ele roçou seu membro duro na minha bunda, beijava minha nuca e sussurrava palavras que eu jamais imaginara ouvir dele.
Pela primeira vez senti que queria aquilo e não via como sendo errado. No fim, nosso deslize foi por dormirmos de cueca e de conchinha na minha cama.
Minha mãe não nos acordou no sábado de manhã, fomos nos levantar já era mais de dez horas. Ele estava atordoado me olhou com cara de cumplicidade e perguntou baixinho.
- E agora? - Riu enquanto cochichava.
- Relaxa! Se ela tivesse ficado brava já teria surtado. Ela vai entender.. - Eu disse rindo.
Acabou que ele me carregou pro banheiro do quarto. Já que ela não liga acho que posso te atrasar um pouquinho.