Capítulo final (36)
A História é alterada
Voei em cima dele e caí sentado em sua barriga. Naquele momento eu que estava descontrolado. Queria que ele pagasse por tudo o que fez. Por ter machucado a mamãe, machucado o Josh, machucado todos que se aproximavam de mim. Comecei a socar sua cara com as duas mãos. Ele simplesmente ficou parado. Eu não conseguia parar. Quanto mais socava sua cara mais raiva sentia. Chegou um momento que a pele da minha mão esfolou. Parei de bater nele e encarei minhas mãos molhadas de sangue. Eu estava enlouquecendo como ele. Reuni minha magia na mão até sentir ela endurecer. Tinha que matá-lo logo enquanto eu estava com coragem e antes que eu amarelasse novamente.
- Pai, vou fazer isso por todos os outros e por você também... Espero que me entenda - Ergui a lança - não se preocupe. Vou me lembrar de você sempre...
Houve uma explosão. O pilar que apoiava o teto naquele ponto. Uma fumaça empoeirada ergueu-se por ali. Quando voltei o olhar para Meu pai ele estava com a cara completamente ensanguentada.
- Ok, chega de brincadeira - ele me encarou - vou acabar com você e vou fuder o cadáver. Não importa. Você vai nascer de novo. Nada vai mudar. Eu não vou deixar que nada mude.
Ele atirou. Desviei a bala com a lança. Mas sabia que aquela minha arma não era adequada. Uma arma de projétil como aquela não teria trabalho em me atingir. Mais um tiro. Dessa vez veio mais forte, atingindo a lança perto do meu pulso, machucando-o.
- Merda! - perdi o meu controle sob a minha magia e ela caiu, desfazendo-se no chão.
- Morra - falou com um olhar frio, atirando de novo. Fiz a única coisa que minha mente processou. Corri. Corri o mais rápido que consegui. Atrás de mim, o salão explodiu. Subi as escadas. Eu planejava chegar no meu quarto, mas assim que cheguei na esquina, ele atirou novamente. O impacto da explosão me fez voar contra a janela. Concerteza ele estava usando magia naquela arma. O vidro quebrou em minhas costas e eu cai para fora, no jardim. O impacto veio todo. em minha perna. Quando dei por mim, eu estava jogado no gramado. Tentei levantar, mas minha perna alarmou. Uma dor violenta me atingiu. Me joguei de volta no chão.
- Droga... Quebrei a perna - eu ouvia o falatório das pessoas no lado de fora. Parecia que até mesmo a polícia já estava por ali - ninguém merece.
- Parece que é seu fim - meu sangue gelou - tenho que admitir, você resistiu bravamente. Isso é motivo para que receba meu respeito - disse - Mas já chega. Não adianta fugir mais. Vou caçá-lo até no inferno se for necessário. Você não vai fugir.
- Eu não vou desistir - falei, olhando feio. Eu estava tentando manter a calma mas sabia bem o quão encurralado estava. Eu tinha cada vez menos escolhas. Minha mente se voltou à única opção que me manteria vivo. Mas eu precisaria me aproximar dele.
Olhei para sua mão. Ele portava alguma coisa afiada.
Uma faca. Que legal. Morrer do jeito mais tradicional.
- Aonde foi a arma? - disse, desafiador.
- Ela mata muito rápido. Não quero que morra tão rápido assim. Você deve sofrer antes. Assim como eu sofri todo esse tempo. Por sua culpa. Sua... - ele me apontou a faca. Comecei a recuar vagarosamente. O máximo que eu conseguia era me arrastar para trás. Um rastro de sangue começou a se formar por onde minha perna passava.
- Você está acabado - ele empunhou a faca.
Pus a mão no bolso, devagar. Retirei de lá de dentro com cuidado o que eu precisava. A chave e continuei me arrastando. Não ia haver outro jeito. Meu pai... Ele... Eu ia matá-lo.
" Eu não quero fazer isso... Não quero " eu não era capaz de fazer aquilo. Minha mente divergia entre o bom senso e o incerto.
- Adeus, Rennwick. Sempre vou amá-lo - ele ergueu a faca.
" É como lançar um dardo, não é, vovó? " sua mão armada começou a se aproximar de mim " Você me ensinou assim. Espero que dê certo ".
Juntei toda a força do meu corpo no braço e atirei a chave direto no seu coração. Senti algo cortar minha cabeça. Mas bem superficialmente. Ainda assim doía. Pensei que aquilo iria continuar, mas quando abri os olhos, ele estava de joelhos, na minha frente. Os olhos fixos em mim.
- Chavo del Gran Rey Felino, abra - disse, erguendo a mão.
- Era esse o seu plano? - disse papai. A chave começou a entrar em seu peito - me enrolou todo esse tempo para isso?
- Uma melodia, me encantou. Neste momento, descobri o amor. Uma Maluquice, me curou. De uma depressão, me resgatou. Uma mágica me mostrou, que com meu esforço, tudo mudou. Uma maldição, se acabou e o meu pai finalmente descansou. Isso é um motivo de se exaltar, sua existência eu quero trocar. Troco o meu progenitor, pela amada mulher que no mundo me colocou. Suas existências ela substituirá. E com um trágico acidente, Você sempre morrerá. Faça tudo isso, se realizar... - as palavras travaram em minha garganta - em troca, leve minha magia no lugar...
Um brilho cinzento explodiu. O vento assoprou com força, abalando tudo à volta. A realidade parecia estar sendo levada pelo vento. Passei a mão na parte superior da minha cabeça para limpar o suor. Quando olhei minha mão, ela estava suja com um líquido escarlate.
Meu sangue...
Meus olhos pesavam. Pesavam como chumbo. Minhas pálpebras fecharam-se, levando minha consciência embora.
•♪•♥•♦•♪•♥•♦•♪•♥•♦•♪•♥•♦•♪•♥•♦•♪•♥•♦•♪•♥•♦•♪•♥•♦•♪•♥•♦
Meus olhos se abriram devagar.
- Renn! Rennwick, querido! - ouvi um grito desesperado. Meus olhos abriram-se mas a minha visão estava complemente turva. Aos poucos o foco foi voltando. Vi alguém do meu lado. O cabelo cacheado e cheio, a voz...
- Vovó... - respirei depressa. O que tinha acontecido mesmo? - oh, meu deus, o Josh! - levantei de vez e senti como quando o Rodney me convenceu a ir na academia com ele. A mesma sensação de ter levado a maior surra da sua vida e ser jogado numa lata de lixo depois.
- Acalme-se, ele está bem. O braço dele foi lesionado, mas ele vai ficar bom novamente - disse ela, pegando minha mão - você conseguiu, querido! Você conseguiu!
- Mesmo? Eu pensei que iria morrer também - as imagens de ser perseguido e quase esfaqueado me vieram a mente - e onde está a chave dele?
Vovó me olhou como se eu houvesse pedido por favor permissão para ir roubar bancos e matar recém nascidos. Por fim, pegou algo no bolso. Uma caixinha retangular. Dentro, uma chave negra com um pingente verde limão cortado no centro brilhava.
- Pai... - minhas lágrimas começaram a cair - não pude mantê-lo vivo...
- Você fez a escolha certa. Por mais triste que lhe seja, foi o certo - disse vovó, me dando um copo de água. Aceitei. Minha garganta estava seca como um deserto. Olhei o ambiente em volta. Era Meu quarto.
- Ainda é o mesmo dia? - ela assentiu - onde está o Josh?
- Lá fora. Ele está louco de preocupação. Erick, Hector e Rodney não o conseguiram segurar sozinhos. Ele perdeu o controle quando lhe viu coberto de sangue e desmaiado.
- Eu... Perdi mesmo os meus poderes, Vovó?
- Infelizmente sim, querido.
- E a mamãe? - a expressão Vovó suavizou-se. Senti medo - vovó...?
- Também está morta de preoalgumas. Você a trouxe de volta, mas ela não consegue aceitar que Você desistiu de tudo para resgatá-la.
- Preciso ir - falei, me arrastando pra fora da cama. Eu tinha me esquecido da perna quebrada. Quase choro de dor.
- Melhor usar a cadeira de rodas, não? - Vovó me ajudou a me acomodar e quando voltamos, a casa estava em ordem.
- Como... - eu Olhei perplexo.
-Seu pai morreu num acidente de avião durante uma viagem de negócios. Usei minha magia para reparar a casa. Tirando algumas pessoas, ninguém mais se lembra do que houve. Pensam que você sofreu um acidente de moto.
Quando chegamos no Hall, eu vi Josh sentado numa cadeira com as mãos na cabeça. Ele parecia nervoso. Quando fui pronunciar seu nome, meu coração disparou. Algo em mim vibrou. Eu não podia acreditar. Era o Josh! Meu tão amado Josh! Antes que vovó empurrasse a cadeira até ele, levantei pulando com Minha perna direita que não estava machucada em sua direção. Ele levantou a cabeça.
- RENN! - ele correu até mim e me abraçou com tanta força que senti certeza que meus ossos haviam se tornado Farinha, mas eu estava tão feliz, tão feliz... Seu cheiro, seu calor, sua confiança. Sentia tudo sendo transmitido para mim. Eu podia estar completamente ferrado, mas Senti que tudo iria ficar bem. Desde que ele estivesse ali, comigo - COMO VOCÊ TEVE CORAGEM DE IR ENFRENTAR AQUELE CARA E ME DEIXAR LOUCO DE PREOCUPAÇÃO DESSE JEITO?!! COMO VOCÊ OUSA FAZER ISSO COMIGO, RENN?!!
- desculpa... - comecei, mas ele mandou eu calar a boca mais alto ainda. Tinha que entendê-lo. Eu ficaria do mesmo jeito se ele passasse por tudo o que eu passei. Fiquei ali, quietinho, acariciando suas costas e beijando seu rosto.
- Renn, você tem que falar com uma certa pessoa - disse Josh, enxugando as lágrimas. Seu rosto estava inchado de tanto ele chorar.
- Quem? - ele me virou para trás. Atrás de mim estava ela. A pessoa mais querida que eu já tive. Não consegui falar. Não consegui respirar. Eu parei no tempo, no sentido literal da palavra.
- Filho... - ela sorriu - como você cresceu...
- MAMÃE!! MAMÃE!! - me agarrei a sua cintura e chorei - eu consegui, mãe! Eu a trouxe de volta!
Aquilo parecia um sonho. Um sonho mágico demais para ser real. Minha mãe, Josh, a vovó... Como eu havia sonhado algum dia.
- Ei, também queremos abraço! - falou a voz do Rodney.
- Isso mesmo. Amigos também precisam de abraços! - disse a Winnie.
- Venham cá, seus idiotas! - os abracei com força.
- Ah... Renn. Você deve explicações ao Josh, não? - disse Winnie.
- Até porque ele já foi paciente demais, aturando tudo isso em silêncio - falou mamãe.
- Quer que eu explique por você, Renn? Deve estar cansado depois de tudo - sugeriu Vovó.
- Não... Eu que devo fazer isso. Lhe devo isso - disse encarando o Josh. Todos ficaram em silêncio - acho melhor sentarem, porque a história é grande e complicada.
Falei tudo o que sabia. Mamãe e vovó contaram seus lados da história e no final, Josh estava tão perplexo que mal conseguia falar.
- Ok, vejamos se eu entendi... Seu pai... Ele é um BRUXO? - todos nós assentimos - e você, sua mãe e sua avó também? - mais confirmações - e seu pai era muito poderoso ao ponto de ser quase imortal. E existiam uma encarnação de cada um de nós. E eu e você sempre nos encontrávamos não importa como e acabávamos nos apaixonando e ele ficava psicótico, porque sempre amou você em todas as encarnações. Como ele não morreu, ele viveu conosco todas essas encarnações?
- Sim, tudo isso - confirmei mais uma vez.
- E sua mãe era obrigada a tê-lo em todas as encarnações, e sua avó sempre tentava protegê-los mas era chantageada por ele, que dizia que caso ela ousasse se intrometer seria a culpada da morte dos dois?
- Isso mesmo - afirmou Winnie.
- E esse tempo com sua avó Você estava treinando e descobrindo JMA maneira de não matá-lo, mas mudar a organização da história com sua magia?
- É, e isso me custou perder meus poderes para sempre, mas eu não ligo, eu não dou certo com magia. Foi muito melhor ter feito o que fiz.
- E a Winnie e o Rodney são meio que seus guardiões? - ele olhou de esguelho.
- Nada de "meio que" nós SOMOS guardiões dele! - resmungou Winnie.
- Guardiões que vão pra outra cidade e o deixam aqui sozinho - falou Josh olhando mais feio ainda.
- Dawn e Erick são os substitutos. Eles estavam aqui justamente para isso - falou Rodney.
- Minha nossa, quanta informação - Josh me encarou cansado - não sei como Você não se sobrecarregou, Renn.
- Aí é que você se engana. Surtei sim. Na casa da vovó eu quase enlouqueci.
- Pelo menos tudo deu certo - Josh me encarou - estou orgulhoso. Sacrificou seus poderes por sua mãe.
- Eu só fiz o certo - falei, sorrindo.
No final das contas, a festa de aniversário continuou. Todos aplaudiram quando eu apareci e Josh me puxou para o Quintal logo depois que a festa terminou, onde o Gazebo estava brilhante, recebendo a luz da lua.
- Ei, e o meu presente, Josh? - cobrei - você falou que depois entregava e esqueceu, foi? Agora eu quero.
- Não esqueci não senhor - ele pôs a mão chamuscada no bolso. Seu smoking foi arruinado com o revólver de magia. E vovó não ajudou nada, rasgando a manga do paletó para dar os primeiros socorros. A mão dele voltou com uma caixinha quadrada. Josh se pôs ajoelhado no chão e me encarou sorridente. Ele começou a rir.
- Droga, eu ainda treinei na gravadora enquanto esperava para não ficar nervoso mas não teve jeito - ele gargalhou. Pigarreou, e me olhou seriamente - " Não seja trouxa e case logo comigo. " uma frase de William Shareksper. Renn, Você aceita...
- ACEITO!!! - me agarrei no pescoço de Josh - CLARO QUE SIM, JOSH!! VOCÊ É O AMOR DE MINHA VIDA!!
Nós rolamos na grama, abraçados, enquanto dentro da minha casa, a música fazia todos dançarem.
No dia seguinte, Hector nos convenceu de que precisávamos de férias. Precisávamos de um pouco do Hawaii correndo em nossas veias. E quer saber, concordo com ele. Dawn e Erick me deram livros de aniversário e se desculparam por não ir, já que tiveram uma recaída do resfriado. Hector e Louise finalmente admitiram que estavam namorando e Mamãe tomou a liderança empresa de publicidade de papai. Vovó passou a morar com a gente.
Na viagem ao Hawaii, Josh descontou todo o tempo que ficou sem fazer sexo comigo, já que eu estava todo quebrado. Ele se tornou um verdadeiro cão no Cio. Sua irmãzinha, Alícia começou a namorar também.
2 Anos depois, eu e Josh fomos morar juntos e adotamos o Willie, nosso filhote de 5 anos. Nos casamos em Las Vegas e fomos morar juntos em San Diego. A Banda de Josh se tornou famosíssima. E eu optei por me tornar um escritor.
Foi por esse motivo que escrevi Minha história. É engraçado como a vida passa rápido né? Eu me toquei disso quando nosso filho já nos tinha presenteado com um neto, Robbie.
A melodia sempre me lembrará meu grande amor. A Maluquice sempre resumirá minha vida. E a mágica sempre manterá em mim um pouquinho de quem amo. Inclusive meu pai, que apesar de tudo, me ama.
Fim