Cap.3
No dia seguinte, assim que as galinhas começam a cantar, eu acordei. Com a mesma garra, a mesma disposição e o mesmo sono de sempre. Basicamente fazia as mesmas coisas sempre. Acordava, ia ao banheiro, tomava um banho e então ia para a mesa do café. Minha mãe sempre gostou de tomar café do lado de fora da casa, segundo ela a sensação era outra. Normalmente era eu, ela e mais algum empregado que tomava café. Mas a partir daquele dia, tínhamos mais uma companhia.
- Bom dia Maurice - disse minha mãe, vendo ele se aproximar.
- Bom dia... - dizia ele, extremamente sonolento - vocês acordam bem cedo aqui, não ?
- É a rotina do campo meu garoto - dizia minha mãe - Antônio, vou precisar ir até Juiz de Fora hoje para resolver alguns problemas no banco, e depois das suas aulas você pode mostrar a fazenda pro Maurice ? - dizia, enquanto seus cabelos balançavam ao vento.
- Claro mamãe, eu mostrarei - falei, olhando para o francês que havia me deixado curioso na noite anterior.
TEMPO DEPOIS
O professor particular vinha todas as manhãs até a minha casa, e me ensinava os assuntos conforme os alunos que iam a escola aprendiam.
- E então Professor Jorge ? O que vamos aprender hoje ?
- Vamos falar sobre o Primeiro Reinado. Você sabe quem foi o primeiro imperador não é ?
- D. Pedro I professor.
- Pois é. Mas o que você ainda está aprendendo e como ele chegou ao poder. E porquê governou tão pouco tempo comparado ao seu filho... - enquanto meu professor falava via Maurice andar para lá e para cá pela casa, me desconcentrando. Por algum motivo, sempre que eu lembrava dele vinha em minha mente a imagem dele sem roupa no quarto, se trocando. Já não sabia se era normal se sentir assim por um menino - você está prestando atenção Antônio ?
- Oh... Sim professor, estou !
TEMPO DEPOIS
Próximo das 11hrs, meu professor foi embora. Andava pela casa até encontrar Maurice vasculhando a biblioteca.
- Oi ?
- Oh... Eu só estava...
- Ah não, tudo bem. Você pode pegar o que quiser daqui, tem muitos livros bons que meu pai trazia das viagens. Acho que vai gostar.
- Oh... Que bom ! - fui me aproximando e vendo que ele folheava os livros de ficção científica.
- Vai querer ir ?
- Aonde ?
- Conhecer a fazenda ?
- Ah sim, quero !
Começamos a caminhar pelas cercanias da casa grande. Mas próxima aula, havia um jardim, que minha mãe insistia em manter por que ajudava a alegra-la em alguns momentos.
- E sua mãe não usa um jardineiro para cuidar desse jardim ?
- Não. Ela cuida sozinha. Eu não sei porquê, a floresta já é enorme. Mas ela gosta então, não serei eu que irei falar algo.
Continuamos a caminhar e logo chegamos ao cafezal. Como nos dias anteriores, havia diversos homens ali trabalhando. O café ainda dava muito lucro, mesmo com o mundo se tornando industrial. Caminhamos bastante, encontramos as plantações de feijão e das frutas. Eram longos hectares e nós só olhavamos a distância, já que era uma grande área. Continuamos a caminhar até a área que eu mais gostava.
- E aqui é o nosso riacho. Eu adoro esse lugar, é extremamente refrescante e legal.
- Sim - ele sorriu, parecia ter gostado bastante também - podemos pular ?
- Mas agora, nem trouxemos roupa.
- Não tem problema, somos homens mesmo - Nem adiantou argumentar. Em poucos segundos ele estava apenas de cueca e havia pulado no riacho. Durante alguns segundos eu parei de raciocinar, enquanto olhava para ele e via a sua grande prática de nação - venha Antoine - eu não costumava ficar só de cueca na frente de ninguém, mas Achei que não havia problema. Tirei a roupa e pulei no riacho. Logo nadava de um lado pro outro, me refrescando do sol forte que fazia aquele dia - você não costuma frequentar a escola ? - sua voz me chamou atenção.
- Nunca freqüentei. Sempre estudei em casa, com professores pagos.
- Seisilêncio se formou novamente.
- E você ? Eh assim misterioso mesmo ?
- Como assim ?
- Ontem você saiu sem explicação nenhuma.
- Não gosto de estar perto de aberrações...
Continua
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