Pessoal, mil e uma desculpas pelo mega atraso! Não foi planejado, eu juro. Eu odeio quando demoram a publicar o que acompanho e fico muito sentido por ter enfrentado esses problemas e ter atrasado com meu cronograma. Prometo recompensá-los.
Sobre esse capítulo, eu continuo mostrando o que há de Miguel em mim e essa parte da família é realmente o que acontece comigo. Acabei lendo o comentário do O. J. Carmo. e ele meio que me lembrou um pouco do que eu passei e resolvi relatar. De toda forma não pude detalhar muito, coisa que farei nos próximos contos, porque toda vez que lembro da minha situação, dos momentos em que até hoje olho para trás pra ver quem acompanha ou apoia minha caminhada costumo ver apenas minha mãe, minha irmã e as duas crianças da minha vida (sobrinha e irmão mais novo). Mas minha mãe sempre me levanta das rasteiras que a vida dá, quando penso em desistir de tudo só tem ela me compreendendo e eu choro muito em pensar tudo que passamos juntos, cada dificuldade enfrentada e o tanto que trabalhei durante anos para cursar a faculdade e quebrar o paradigma de que eu não seria nada.
Agradeço muito pela leitura e o carinho que vocês têm tido por mim nos comentários. Espero conseguir responder todos. ;)
Um grade abraço e espero que o capítulo lhes agrade.
///Resposta aos comentários:
O. J. Carmo - Obrigado pelas palavras, sei bem como seu amigo devia se sentir pois é o que passo atualmente. Aos poucos você se acostuma mas tenho esperanças que vai mudar. Realmente a história do seu amigo se assemelha bastante a minha, A vida de quem é afeminada é sempre pautada a sexo com homens que não te valorizam e que nunca vão assumir você, se te virem junto de amigos ou família são capazes de te xingar por ser viado (aconteceu comigo e vou contar na história). Quem sabe eu arrume um gringo também não é mesmo? (tenho uma relato de um cara italiano mas que mora em Berlim, pretendo contar depois também) hahaha. Obrigado por estar lendo o conto e quero confessar que adorei o seu conto também, inclusive resolvi homenageá-lo nesse capítulo. Obviamente você saberá onde.
Malévola - Obrigado por estar acompanhando e fico feliz por ter lhe ajudado a entender um pouco mais de nossa situação. Eu entendo que as vezes temos certos preconceitos por não conhecer a luta de cada um, mas o importante é sempre estarmos dispostos a descontruí-los sempre. Abraços, espero que o conto continue agradando,
Senpai - Obrigado. Espero que continue gostando e acompanhando! :)
adriannosmith - hahah se não for pra causar eu nem vou! Obrigado por acompanhar.
J.Braz - Agradeço pelos elogios a escrita. Espero que continue lhe agradando. Abraços!
Kevina - Obrigado! :)
Geomateus - Sim! :) Obrigado por acompanhar.
S2DrickaS2 - Sim, é muito bom isso!
prireis822 - Sim, felizmente chega um momento que encontramos a pessoa certa e ela não liga com nossas diferenças! Muito obrigado por acompanhar. Beijos.
R.Ribeiro - haha não tinha visto que não respondi seu comentário. Obrigado por acompanhar e desculpe a demora.
FASPAN - Obrigado! Espero que continue acompanhando.
Targaryen - Meus olhos também! Obrigado por acompanhar viu querido? Já vi que a pessoa é destruidora mesmo. Sou seu fã de carteirinha também.
Digos2 - Obrigado por acompanhar. E sim, Adele meio que me compreende.
Helloo - Obrigado por acompanhar!
CDC✈LCS e Isabela^^ - Muito obrigado por acompanhar! Espero que continuem gostando.
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CAPÍTULO 4 - Caindo aos encantos
As semanas se passaram e eu e Miguel nos aproximamos mais ainda! Era comum agora eu deitar com a cabeça em seu colo, mesmo em locais públicos como o gramado da escola. É claro que nada foi além da boa e velha amizade com exceção de uma certa paranoia minha. A impressão que eu tinha é de que alguém ia ser maldoso com ele a qualquer momento.
É claro que Miguel sendo quem é, sempre tinha alguém com apelidos maldosos e preparando certas humilhações públicas, mas se ele sofre isso por parte da família não podemos esperar muito mais de gente de fora. Falando em família, Miguel estava um pouco preocupado com questões financeiras e as vezes ficava meio incomunicável porque sempre estava ajudando não sei quem com trabalhos e TCCs (ele cobrava por isso) ou então dando aulas daquilo outro para alguém.
Miguel é de uma família bastante mais humilde que a minha e seu pai o odeia mesmo antes de ele se assumir como gay, já a minha é bastante influente na pequena cidade em que eu morava e então não sofro muito questões financeiras.
Miguel chegou em casa na quarta feria falando no telefone e carregando três livros, a bolsa pesada nas costas e lutava para abrir a porta.
“Tá bom, tá bom! Então que eu vá para o inferno mesmo. Obrigado! É isso que se espera de um pai.”.
Corri para ajudá-lo com a porta e com os livros, ele me agradeceu rápido e se fechou no quarto. Não entendi o que estava acontecendo, mas considerando que ele estava falando com o pai dele, as coisas não deviam estar muito boas.
Bati levemente na porta do quarto, Miguel não me respondeu, mas eu sabia que ele estava acordado. Abri a porta devagar.
– Ei, posso entrar? – Disse calmamente pelo espaço que eu havia aberto na porta.
Ele não me respondeu. As coisas sempre eram meio tensas quando Miguel estava chorando, afinal eu desabava junto! Era difícil vê-lo numa situação assim a não ser que ficasse o dia inteiro com ele e eu estava vendo esse Miguel frágil com muita frequência.
Mesmo sem a confirmação resolvi entrar e me sentei na cama ao lado dele. Não sabia o que fazer e eu não poderia resolver os problemas de Miguel num passe de mágica, então resolvi retribuir o cuidado que ele tinha comigo desde sempre, me sentei melhor na cama e coloquei a cabeça dele em meu colo e fiquei acariciando seus cabelos enquanto ele se perdia em seus pensamentos e eu me perdia nos meus. Não sei por quanto tempo ficamos daquele jeito até ele falar comigo.
– Tem coisas que me afetam muito! – Ele disse.
– As coisas que não te afetam já me assustam demais, fico imaginando como reagiria nessas situações fortes o bastante para te fazer ficar mal. – Eu disse falando sério. Eu não sei o que faria na situação que ele viveu.
As vezes as pessoas falavam sem saber, mas mesmo distante eu vi Miguel trabalhando muito durante todo o ensino médio para ter dinheiro para a faculdade. O sonho dele nunca fora as futilidades que todos os outros meninos da sala sonhavam. Enquanto eu estava ansioso para tirar CNH, ter um carro ou coisas do tipo ele só queria terminas o ensino médio com dinheiro o suficiente para vir fazer o curso que estávamos fazendo.
Para isso, considerando que ele nunca pode contar com o pai que só faz promessas vazias, ele trabalhou em prefeitura, num bar e numa fábrica durante os três anos do ensino médio. Eu o via chegar muito cansado e eu sabia que muitas vezes quando eu chegava das festas com os amigos das baladas às três da manhã ele estava apenas encerrando mais um expediente. Com certeza ouvia comentários horríveis, mas tinha que sustentar um sonho. Ele é capaz de tudo para proteger aquilo que acredita e isso me fascina muito.
– Eu tento acreditar que vai dar certo sabe! Mas é difícil. – Ele disse tentando conter as lágrimas, mas desabou logo em seguida enquanto falava da mãe. – Minha mãe sabe o quanto eu luto! Eu sei que só ela torce por mim, mas é o suficiente! Sabe o que é isso?
Neguei com a cabeça.
– Eu olho para os lados e tento enxergar quem acredita no meu futuro e vejo só ela! Otimista e feliz, orgulhosa por mim! Enquanto meu pai provavelmente torce para o meu fracasso.
Eu não conseguiria lidar com aquilo tudo! Por muitas vezes ele precisava se bastar, ser mais confiante do que eu sonhava a ser, porque se em um momento se quer precisasse do apoio de alguém, Miguel sabia que não teria. Era ele sozinho e sua humilde mãe sonhadora colocando o primeiro homem da família na universidade, formando o único de toda a família a entrar numa universidade e sem apoio de ninguém mais.
Enquanto isso eu estava o tempo todo me dando ao luxo de fazer as pessoas me incentivarem, isso porque sou filho de mães e pais já graduados. A mãe de Miguel foi abandonada pela mãe aos nove anos e desde então trabalhava para sustentar a irmã que na época tinha seis anos. Teve a chance de terminar o fundamental quando Miguel estava no ensino médio, isso com o incentivo do filho. Com certeza e ele se orgulhava dela e ela se orgulhava dele.
Ele chorava muito naquele momento. O abracei.
– Meu pai me disse coisas horríveis! Como ele pode não duvidar do meu futuro? Ele não contribui com ele!
Eu estava sem fala é claro.
Mais tarde Miguel fora tomar banho e eu tomei conta do jantar. Ele ainda estava meio triste, mas sabia que ele acreditava em si mesmo e eu precisava que acreditasse. Sem eu nem perceber já o tinha como imagem de pessoa ideal, era uma inspiração e a luta dele me dava vontade de seguir em frente.
– Hey, tenta esquecer o que o seu pai te disse! Você é incrível e me inspira muito. Tenho você como um ídolo, sabia? – Eu disse sincero e Miguel sorrira envergonhado, como sempre desacostumado a lidar com algo que não fosse uma crítica.
Jantamos e me deitei com Miguel aninhado em meu colo, nunca tínhamos ficado daquela forma antes e tenho que dizer que eu gostei de tê-lo assim em meus braços. A partir dali comecei a pensar nos motivos de Miguel afetar tanto a forma com que eu me sentia.
Os dias seguintes foram bem tensos, pois quanto mais me aproximava de Miguel menos falava com Sabrina. Ela já estava puta com a situação e utilizava qualquer brecha para requerer minha atenção com exclusividade. Eu não ligaria muito caso isso fosse para fazermos algo legal, mas nunca era algo que agradava ambos.
Eu falava bastante sobre essas coisas com Miguel, ele me aconselhava a ser paciente com ela e dizia que talvez eu devesse chamá-la para passar mais tempo comigo. Por falar no loiro, ele arrumou um leque vermelho enorme e que agora servia para ignorar o pessoal chato. Era só começarem a chatear que ele abria o enorme leque e saia desfilando.
– Você precisa ser coroada rainha! – Disse Laura na sala quando o viu com o leque. – Em breve todas as inimigas estarão com um igual.
– Mas jamais vão superar o carão e a forma diva com que eu balanço o leque né amores? Além do mais, todo mundo sabe que na hierarquia da vida eu sou a Gisele Bündchen versão Viado. – Miguel disse.
O pessoal da sala começou a andar e logo entrou um dizendo “Hey, Viado”. Eu ia levantar quando Miguel respondeu.
– Senhor Viado para você meu bem! Ou Dona bicha para os mais íntimos. ¬ – ele disse sorrindo para a Laura.
O garoto que imaginou que ele fosse ficar bravo ou algo do tipo ficou chateado pelo ataque não ter dado certo! Mas cara, chamar um viado que se aceita como um viado de viado não vai levar em nada mesmo!
– Você se supera! – Eu disse dando um abraço leve no intervalo. Me distanciei com a chegada de Sabrina.
Laura ficou nos olhando de forma estranha e depois cochichando com Miguel, que logo depois saiu fazendo escândalos.
– Bicha, tem algo na minha cara? ¬– Disse ele para a Laura que negou imediatamente. – Então eu devo ter ficado famosa sem saber ou alguém me transformou numa televisão? Nunca fui assistida por tanta gente.
Olhei em volta e tinha um bando de garotos encarando Miguel, para coisa boa que não era. Tentei deixar Sabrina de lado, mas realmente não deu, sorte que antes da reação de um dos idiotas Miguel já estava saindo com seu chamativo leque vermelho.
Depois da última aula Sabrina nos pegou num questionário sobre mim. Por fim não fui eu quem respondi. Nem sei para que era na verdade.
– Qual sua cor preferida amor? ¬– disse ela.
– Para quê quer saber? – Respondi meio ríspido demais.
– Ele gosta de verde! – Completou o Miguel sorrindo. Ela então anotou.
– Batman ou Super-Homem? – Ela disse.
Miguel foi mais rápido em responder.
– Se situa queridinha, todo mundo sabe que o Batman samba na cara do super-homem, mas o Maurício prefere a patroa do Batman, o Coringa! – Ele disse e completou como se tivesse pensando alto – Rainha!
As perguntas continuaram e foram coisas do tipo cerveja preferida, esporte (que ele respondeu “queridinha, Maurício morra de preguiça e mal vai na academia. O máximo que joga é futebol e reclamando”), tamanho de roupa e sapato (ele acertou), coisas que eu lera (ele lembrava cada gibi e livro), jogos que eu gostava (ele também sabia todos) e por aí foi.
Era estranho como ele sabia tudo sobre mim, era como se ele prestasse atenção em cada detalhe da minha vida. Chegamos em casa.
– Está melhor hoje Sr. Televisão? – Disse zoando o episódio no intervalo.
– Maurício, vou nem te zoar viu? A vida foi mais rápida e me fez o favor de te mandar zoado mesmo.
– Você gosta desse zoando! – Eu disse fazendo cócegas.
– E há escolhas? – Ele perguntou.
O encarei nos olhos, reparei em cada detalhe do seu rosto de forma que eu não fazia mas aposto que ele conseguiria mencionar cada pequeno sinal que lhe fosse perguntado. Cheguei bem mais perto do que queria estar, ou talvez eu quisesse estar ainda mais perto? Bem, não custa provar! Cheguei tão perto que passei a sentir sua respiração, eu conseguia me perder em seu olhar confuso e um pouco assustado. Eu estava entre deixar todos os pensamentos de lado e avançar mais um pouco, mas aos poucos a consciência de que eu era hétero, tinha uma namorada e eu iria machucá-lo fazendo isso me fazia parar. Mas eu tinha ido longe demais...
- Pra você sempre há escolhas! – Eu disse baixo.
– Sendo assim eu escolhi gostar – ele disse acanhado – mas eu lido bem com as consequências.
E então saiu antes que eu pudesse dar mais um passo, me perder nos seus beijos e talvez me arrepender e fazer com que ele sofresse. Ao mesmo tempo que eu sabia que ele fez o certo desejava ter sido mais rápido e sentido seus lábios nos meus mais uma vez.