Parte 08
O mundo estava contra mim novamente, eu estava vendo José beijar Caio, aquele sentimento era horrível, era como se meu coração partisse em mil pedaços, e meu chão desabasse, logo meus olhos marejaram me virei e sai correndo, escuto alguma voz, mas não presto atenção, só corro, sem rumo, para bem longe.
Eu já tinha corrido bastante, cheguei a um lugar desconhecido, estava em baixo de uma ponte, lá não havia absolutamente nada, só sujeira, ratos e baratas, mas eu já nem ligava pra isso, só queria ficar sozinho, sem a presença de um ser humano ao meu lado, mais uma vez a vida me castigava, eu tinha mudado o mundo só para ficar com José, e esse mundo tinha me traído também.
Estou sentado com os joelhos dobrados e com uma cara de esponja úmida, sinto algo me tocar pelo lado, e me assusto, logo percebo que tem uma garota ao meu lado, porém, antes ela não estava ali, ela tinha aparecido do nada. E ela diz ao meu ouvido:
G- Não desista.
Foi então que olhei novamente e a garota não estava mais lá, ela era muito bonita, toda de azul, foi então que mais uma vez a borboleta me aparece. Será que essa borboleta era a minha fada madrinha? Eu pensava, mas que bobagem esse negócio de fada, me levantei e eu estava completamente perdido.
Andei um pouco, não via nem um táxi, até que uma mão me puxa, e vejo que é José, e ele fala:
J- Porque você correu tanto?
Eu não queria o ver, estava com raiva dele, e muito magoado por dentro, mas lembrei das palavras da garota.
D- É bem, eu estava treinado para as olímpiadas de Pequim.
Disse a ele de um jeito irônico, para disfarçar minha tristeza, logo ele disse:
J- Desculpa.
D- Pelo que?
J- Preciso mesmo dizer?
D- Já disse que não sei do que você está falando.
J- Eu tenho que te falar uma coisa, mas não aqui, vem.
Eu estava muito triste e pensativo por dentro, mas tentei disfarçar ao máximo, para José não perceber. Chegamos à casa de José, Caio não estava mais lá, logo ele me disse:
J- Vamos entrar, não tem ninguém em casa, da pra conversar em paz.
D- E o Caio?
J- Já foi.
D- Hm, ok.
Fiquei muito pensativo, o que será que José queria me dizer? Foi então que ele disse:
J- Dan me desculpa por ter te iludido.
D- Você não me deve nada, você pode ficar com Caio.
J- Deixa eu te explicar antes, por favor.
D- Explicar o que? Fala logo de uma vez que não quer nada comigo.
Nessa hora estávamos os dois em pé, foi então que resolvi sair da casa de José, meus olhos mais uma vez estavam marejados, foi quando José me deu um abraço, eu de costas para ele e ele por trás de mim. Foi então que virei meu rosto até José, logo as lágrimas secaram, e meu rosto estava mais uma vez cara a cara, igual no cinema, foi quando José veio até meus lábios, e nos beijamos, aquele momento foi tão bom, que eu não sentia mais nada, só queria beijar ele para sempre.
Aquele foi um beijo quente, longo, e foi o nosso primeiro beijo juntos, eu resolvi seguir o conhece-lo daquela garota e não desistir dele. Depois de alguns minutos eu estava encarando José olho a olho, apesar do beijo não demorar muito, para mim se passaram, horas, dias, meses, anos, foi algo eterno para mim. E José logo fala:
J- Vai me escutar agora?
D- Sim.
Naquele momento eu estava tão feliz, mais tão feliz, que o perdoaria por qualquer motivo.
J- Sabe aquele beijo no Caio?
D- Sim.
J- Eu só queria confirmar algo.
D- E confirmou?
J- Sim, a pessoa que amo não é ele.
D- E quem seria essa pessoa sortuda?
J- Não sei, talvez um garoto de cabelos pretos que é muito lindo.
D- Que sortudo ele hein.
J- Pois é, apesar de eu conhecer ele há pouco tempo, eu sinto que já o conhecia há muito tempo.
Naquele momento fiquei extremamente curioso, será que José se lembra de algo relacionado ao futuro em que eu tinha vindo? Mas as probabilidades dele saber de algo eram muito baixas, então resolvi não falar sobre isso. Logo ele diz:
J- Olha, eu sei que faz pouco tempo que a gente se conhece, mas já gosto muito de você.
Ele dizia isso segurando em minhas mãos, eu estava olhando em seus olhos, eram palavras sinceras.
J- Eu só beijei Caio porque a gente se conhecia já faz bastante tempo, mesmo assim, a química não aconteceu, e quando te beijei eu percebi imediatamente que é você que eu amo Dante.
Eu já não conseguia segurar mais, lágrimas caíram de meus olhos, eram lágrimas de alegria, lágrimas que tive no passado (futuro) de um amor reciproco, mas agora era real, eu estava frente a frente para José, tudo que nos impedia de amar um ao outro era à distância antes, agora tudo estava resolvido. Foi logo que vejo mais uma vez a borboleta apareceu na casa de José, e quando pisquei a borboleta tinha evaporado.
Resolvi deixar ela pra lá, e abracei José, com muita força, alguns minutos depois, o soltei e estávamos dando o famoso beijo de esquimó, e falei em um tom baixo:
D- Eu te amo José.
E mais uma vez nossas bocas se encontraram, dessa vez foi um beijo selvagem, apesar de não ser rápido, era um beijo de amor. Sentamos no sofá e de repente a mãe de José chega, eu estava com a cabeça apoiada no cangote de José, ele estava me dando beijinhos no pescoço, logo a gente parou quando viu a presença da mãe dele. Logo ela diz:
M- Mas isso já deu namoro meninos?
J- Desculpa não te falar antes mãe, mas eu gosto de garotos, aliás, um garoto só, que é o Dante.
D- Desculpa tia, acho que já deu minha hora, vou para casa, até mais tia.
A mãe de José não falou mais nada, apesar de tudo ela não parecia chateada ou assustada com isso tudo. Logo José me diz:
J- Deixa eu te acompanhar até em casa.
D- Está bem.
Faria uma ótima surpresa a José, mostrando que moro perto de sua casa. Logo ele me pergunta:
J- Você se mudou para onde?
D- Pra um bairro muito bonito.
J- É mesmo? Onde fica?
D- Fica há umas 10 horas daqui.
Disse rindo, logo ele responde.
J- Nossa, sério?
Ele fazia uma cara de cachorro tristonho que me deixou com pena, e parei de brincar e o disse:
D- Eu me mudei aqui para esse bairro.
J- Sério Dan?
D- Aham.
Nessa hora José me deu um beijo no meio da rua, e adivinha quem estava lá?
Continua...