Cap.6
Assim que eu terminei de falar aquilo, ele deu um leve tapa na minha testa.
- Não diga mais isso, nunca ! Já imaginou o quanto sua mãe sofreria sem você ? Ela enlouqueceria ! Você é a única coisa que a faz ainda ter vontade de viver !
- Mas, e o que você disse ? De qualquer forma acho que ela preferia que eu morresse a que eu continue vivo sendo o que sou... - durante alguns poucos segundos, ele ficou calado. Remexeu a cabeça, revirou os olhos...
- Não... Não ligue para o que eu disse ! Eu estava errado ! Você não merece morrer ! - falou, fazendo eu arregalar os olhos.
- Jura ?
- Juro... Você é o pilar da vida da sua mãe, sem você ela não é nada ! Nunca mais faça isso !
- Não... Não farei - falei, extremamente mexido com a forma com que ele tentou tirar a ideia do suicídio da minha mente. Ele tinha razão. Minha mãe sofreria muito sem mim. Eu fui inconsequente fazendo algo sem pensar. Ela já perdeu o papai, sem mim ela não seria nada. Agora estou confuso. Não consigo me achar, me entender. Uma hora ele diz que mereço morrer, outra bora muda de opinião. O que é certo ?
NARRADO POR MAURICE
Assim que terminei de falar, o ajudei a levantar. Obviamente eu não havia mudado a minha opinião, mas de forma alguma poderia deixa-lo inseguro quanto a vida. Ele era diferente dos outros tarlouzes que eu conheci. Os outros eram impuros, viviam sendo promíscuos, eram ariscos. Ele era inocente, puro, diferente. Estava estranhando o forte compasso com que meu coração batia naquele momento. Porquê ele só bate daquela forma quando estou apaixonado... Ajudei o a levantar e vim o ajudando a caminhar até o casarão.
- Vá direto para o banheiro, tome um banho e troque essa roupa. Não quero que sua mãe saiba do que houve - falei, olhando para ele.
- Tudo bem... - continuamos a andar.
- Antoine ?
- O que foi ?
- Você já... Bem... Beijou um garoto ?
- Não
- Então, como você tem tanta certeza que é assim ? - é, tinha muitas dúvidas e teorias sobre esse tabu.
- Bem... Acho que eu sinto... Eu não sinto nada pelas meninas... Eu... - minha opinião começava a mudar. Aquele garoto podia ser tudo, mas de forma alguma era a escória da sociedade. Ele era um doce, inocente... Porquê estou pensando essas coisas ?
NARRADO POR ANTÔNIO
Ele me ajudou a chegar até o banheiro . De lá saiu, e fechou a porta. A tranquei. Parei, olhei para o espelho. Me via, todo molhado, um pouco vermelho. As dúvidas continuavam pairando sobre a minha cabeça.
- Será que é certo ? Será se estou pecando ? Será se eu mereço morrer ? Porquê ninguém responde as minhas dúvidas ? - perguntava a mim mesmo, enquanto entrava lentamente debaixo do chuveiro.
TEMPO DEPOIS
Sai do banheiro, me enxuguei. Vesti uma nova roupa, me olhei no espelho mais uma vez. Até que ouvi a porta ser aberta.
- Trouxe um lanche para você. A cozinheira disse que você adora.
- É Bolo de Milho ? - perguntei, ainda sem olhar para trás.
- É. Aqui está - falou, deixando sobre a minha cama. Olhei pelo espelho, e vi ele parar o olhar em mim.
- Você ainda não prometeu que nunca mais vai tentar fazer aquilo.
- Eu prometo. Não vou me suicidar !
- Sabe... Você e diferente !
- O que ?
- Achava que todos como você eram iguais... Mas você é diferente.
- Como assim ?
- Sei lá... Você... É único !
Continua
E aí ??? Gostaram ??? Obrigado pelos comentários. Beijos ;)