Cap.13
Nunca havia visto aquele rosto andar por ali, mas definitivamente ele era lindo. O garoto, moreno, médio de altura, com um corpo muito bonito, olhos castanhos, um olhar penetrante, cabelos pretos lisos e jogados. Eu me encantei assim que o vi pela primeira vez. O rosto era novo, parecia ter pouca idade. Não sabia quem ele era, mas eu precisava conhece-lo. Eu tinha que saber quem ele é ! Já ia me levantar para ir até ele, mas de repente ele se vira. Olha para mim, e então começa a andar na minha direção.
- Oi - falou, sorrindo - me chamo Marcelo
- Prazer, Marcelo - falei, tentando limpar meus olhos que ainda estavam sujos de lágrimas - me chamo Michel.
- Você tá bem ?
- Tô, porquê ?
- É que... Eu vi você chorando quando sai do elevador então... Imaginei que estivesse mal.
- Eu tô um pouco triste... Mas isso não é assunto para discutirmos - falei, sorrindo.
- EI, você sabe qual daqueles morros é o Céline ? - perguntou.
- Deixa eu ver - me levantei e fui até a beirada - é o da esquerda !
- Eu nunca soube direito qual era - falou, calando-se enquanto admirava a paisagem que o teto do colégio proporcionava - é novato aqui ? - perguntei, o olhando.
- Sim... Me transferi hoje, por isso não estou com o uniforme. Mas a partir de amanhã estarei na sala de aula.
- Quantos anos você tem ?
- 17 e meio.
- Está no terceiro ?
- Humrum... - o sorriso dele é bem branco. É lindo !
- Mas... Porquê mudou para cá ?
- Meu pai se mudou para um prédio aqui perto, e ficaria muito longe para eu ir para o prédio antigo - falou, continuando a olhar o morro. De repente, lanço o meu olhar para baixo e vejo Gab e Pedro na maior cumplicidade, sorrindo e brincando um com outro. Não demorou muito para meus olhos ficarem marejados novamente.
- É algum ex seu ? - perguntou, fazendo eu rapidamente virar o rosto.
- O Que ?
- Você... Olhou para aquele casal e de repente seus olhos se encheram de lágrimas...
- Você não sabe nem o que gosto, como pode dizer algo assim ?
- Ah... Sei lá, só imaginei...
- É uma longa história, mas nem amigos nós somos para que você fique sabendo dela.
- Claro, eu entendo - falou, sorrindo - meu último namoro também não deu certo. Ele me traiu e... Enfim... Já viu né... - virei o rosto levemente.
- Você tem o costume de se abrir para as pessoas
- Não... Mas... Algo me diz que devo confiar em você... - falou, fazendo eu sorrir - bem, eu preciso ir - falou, olhando para mim - nos vemos amanhã ? - perguntou, esticando a mão.
- Claro - falei, o cumprimentando.
- Até mais... - falou, se levantando. Entrou no elevador, apertou o botão do andar e acenou, se despedindo. Logo partiu.
- Mais um garoto na minha vida ?!
TEMPO DEPOIS
A aula estava prestes a terminar. Eu continuava lá no telhado, vendo clipe por clipe da Adele. Era a cantora que mais me relaxava quando eu ficava triste. Fechei os olhos por alguns instantes. Escutei alguns passos. Quando abri, a surpresa. Vejo Gabriel em pé ao meu lado, olhando para mim.
- Oi
- Oi - falei, ja me levantando.
- Pedro me falou que você foi o responsável por fazer com que ele voltasse a falar comigo - falou, fazendo eu me encolher e abraçar as pernas no chão. Ele se sentou ao meu lado - eu quero te agradecer. Já se vê que você é um ótimo amigo, uma pessoa que eu vou poder contar para sempre.
- Apesar de me doer muito ver vocês juntos... Eu precisava junta-los. Você só é feliz com ele - falei, limpando os olhos.
- Eu espero do fundo do meu coração que você encontre uma pessoa incrível, que te ame muito - falou, sorrindo.
- Agradeço Gab - falou. Alguns segundos depois, ele me abraçou.
- Você ainda continua sendo o meu melhor amigo - falou, me fazendo sorrir.
- Jura ?
- Juro !
TEMPO DEPOIS
No dia seguinte eu acordei um pouco mais disposto. Ainda triste, mas já mais animado. Caprichei na hora de me arrumar. Passei meu melhor perfume. E mais uma vez eu entrava pela porta daquela escola. Já havia feito aquilo incontáveis vezes, sempre com um sentimento diferente e penetrante. Naquele dia eu estava normal. Nem triste e nem feliz. Normal. Caminhei até o refeitório. Estava na fila para comprar uma coca cola, quando alguém coloca um Pringles na minha frente. Me assustei um pouco com a chegada inesperada, mas quando me virei o susto passou
- Oi ? - sorri, vendo o sorriso brilhante de Marcelo.
- Oi... - durante alguns segundos nos olhamos, sem falar nada um pro outro - eu comprei para você. Estava com uma cara tão tristonha, tenho certeza que você gosta das batatas. Elas vão ajudar a alegrar você...
- Obrigado, Marcelo - durante mais alguns segundos nos olhamos. Meu coração perdia o compasso. Em vez de fazer "tum tum", já não tinha mais ritmo. Já não era mais possível escuta-los, de tão rápido que estavam. Por Que será ?
Continua
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