Gustavo
Cheguei um pouco tarde na escola, já esperava que o Eduardo já estivesse em sala.
“Desde que eu tinha meus onze anos já percebia que eu sentia atração por garotos, desde aí eu percebi que não é uma escolha, não é uma opção, é uma aceitação, eu gosto de meninos e pronto, mas eu também fico com meninas, não para disfarçar ou coisa do gênero, eu gosto delas, me atrai, suas bocas, e só.
Mesmo sabendo que sentia atração por garotos nunca havia gostado de nenhum, e sempre achei arriscado demais ficar só por ficar. Nunca tinha me apaixonado de verdade por ninguém, sempre pensava: “Ah, sou daquelas pessoas que nasceram para não se apegar a ninguém, ficar por aí ficando com os outros”. Não gostava disso, eu gostaria de ter me apaixonado. Muitos me elogiam, falam que eu sou bonito, mas eu tenho a quase certeza de ser apenas para agradar… e se for verdade, não importa, sempre valorizei a beleza interior acima de tudo (Quando fico com meninas eu olho a exterior, assumo).
Sinto que tem algo diferente em mim, não sei o que é paixão, nem o que é amor, mas na minha opinião hoje as pessoas usam a palavra amor por puro eufemismo. Amar à minha concepção é ser companheiro nas horas boas, e principalmente nas horas difíceis, é entender, ouvir, é olhar para a outra pessoa e se perder no seu olhar, é se sentir triste quando ver seu amor triste e sentir no fundo da sua a alma a vontade de fazê-lo sorrir de alguma forma, é se preocupar mais com o outro, é pôr-se a disposição sempre, é saber dos pontos, dos pensamentos de quem se ama e usá-los para o beneficiar. Amar é uma série de coisas, que a ciência não pode explicar falando que não existe. Que a Química não pode contrariar falando que partículas iguais não podem se juntar. Que o senso comum fala que é abominável. Não acredito no eterno, mas creio no para toda à vida.
Há algumas semanas não poderia dizer formuladamente o que eu sinto pelo Edu, era carinho, preocupação, vontade de tirar aquela carinha triste dele, fazê-lo sorrir. Era só isso que eu achava que eu sentia, eu só queria fazer ele sorrir. Mas hoje, hoje eu não consigo olhar para ele sem olhar para seus lábios e imaginar como seria beijá-lo, tocar sem sentir que estou esfriqueimando, não sei se isso existe, mas eu me sinto assim.”
O Procurei lá e ele não estava, fui deixar a mochila na sala e voltei, nada. Fui beber água, fui no banheiro, já estava quase dando a hora, última tentativa, passei na sala dele, lá estava ele, sentado e com uma expressão estranha no rosto, não pude deixar d perceber, abaixei o olhar um pouco e vi um curativo no braço. Ele se machucou de novo, ele sempre se machuca, espero que não seja de propósito. Entrei lá e fui falar com ele, para saber o que tinha acontecido. Ele me disse que tinha cortado o braço quando escorregou… vi que estava vermelho mesmo estando com o curativo, aquilo poderia inflamar, ele deve ter ser cortado em algo enferrujado. Quando propus a ele de ir para a coordenação para pedir permissão para eu refazer o curativo – que estava muito bem-feito hehe – ele negou… eu já sabia disso, ele é muito orgulhoso. Então usei eu mesmo e falei para ele me livrar da aula de história, mas era aula de Português, que eu gosto. Ele concordou, e nós fomos a caminho da coordenação… lembrei que não tinha muita gaze e algodão, decidi pedir para ir ao laboratório… Chegando lá eu pedi para o coordenador. E vi o Edu fazendo uma careta… deve estar doendo. Ele é lindo até fazendo careta…
Tenho tanto medo de não conseguir mais esconder que gosto dele, e ele o que ele sente por mim? E se eu contasse para ele que eu gosto dele, qual seria a reação? Isso está me dando um frio na barriga só de pensar. Foca Gustavo.
Continua…
Esse capítulo foi curtinho foi só uma versão do Gustavo, e para vocês verem como ele pensa. Espero que tenham gostado!!
Obrigado por lerem e Muuuuito Obrigado por comentar, me desculpem não responder… mas no próximo eu respondo. Abraços!!!