Assim que Cláudio deixou o quarto do hospital, uma crise de choro me invadiu, pois aos poucos as lembranças passaram a me consumir, e o sofrimento também.
Como eu havia permitido que minha vida chegasse àquele ponto? Tentei me acalmar, pois se estava vivo é porque o destino assim o quis.
Assim que me acalmei uma dúvida começou a pairar sobre minha cabeça... Quem era realmente aquele homem, que tinha me salvado e porque ele havia o feito?
O médico entrou em seguida, e colocando sua luz em meu olho..
-Os reflexos dele estão bons... ( pegou em seguida em cada um de meus braços e comentou...) Vejo que não é a primeira vez que tenta tirar a sua vida né garoto? O que está pensando?
A única coisa que fiz foi chorar, muito, lembrando da primeira tentativa de tirar minha vida, também frustrada, cortando meus pulsos em uma praça perto de casa, sentado em um banco, olhando a lua, esvaindo-me em sangue. Assim como dessa vez, havia sido salvo por alguém, que apenas me deixou no hospital e sumiu sem identificar-se. Pessoa esta que até hoje não tenho a mínima ideia de quem seja. Mas enfim, se não consegui realizar com êxito o que queria, uma nova esperança se acendeu em mim, e tive certeza de que a partir daquele momento as coisas mudariam. Eu só não poderia prever os acontecimentos que vieram em seguida...
*****
Acabei dormindo novamente, e quando acordei, estava sendo medicado por uma das enfermeiras..
-Bom dia senhor Junior, dormiu bem? Estou administrando o medicamento no senhor, mas o médico disse que passará a tarde para lhe dar alta.
- Obrigado.
Olhei para os lados e não vi ninguém ao redor.
- Onde ele está enfermeira?
-Ele quem? Ah o moço que estava com o senhor?
- Sim, Cláudio, acho!
- Ele foi pra casa tomar um banho... depois de muita insistência nossa, é claro. Olha, ele não saiu daqui um minuto sequer desde que o trouxe. Saiu apenas para fazer sua ficha na recepção.
-Fazer minha ficha? Como assim? Eu nem sequer havia o visto antes dele me tirar daquela ponte!
- O senhor deve estar confuso, pois foi ele quem nos deu todos os seus dados... inclusive seu tipo sanguíneo e nos disse também que o senhor era alérgico a derivados da dipirona...
- Eu não estou louco enfermeira. Nunca vi esse cara antes!!
- Descanse, senhor Junior, mais tarde ele voltará... O senhor deve estar um pouco confuso e cansado.- disse ela saindo do quarto sem nem me deixar dizer nada.
Quem é esse cara? Pensei! Como ele sabe coisas sobre mim? Não estava com documento nenhum em meu bolso.... Comecei a ficar assustado com aquilo.... Precisava sair dali antes que ele voltasse. Podia ser um louco qualquer... Nossa!!!
Abri o armário o quarto em busca de alguma roupa para trocar, mas infelizmente não havia nada. Então apertei a campainha para chamar algum enfermeiro.
Assim que entrou uma enfermeira, o médico chegou junto para me dar a alta.
- Como se sente?- disse o médico que parecia ser intolerante a pessoas que tentavam suicídio.
- Melhor.
- O que me garante que não vai sair daqui e se jogar em frente a um carro ali na rua?
- Nada doutor! Não posso te garantir isso. Mas preciso sair daqui.
- Okay. Se cuide rapaz... Espero não vê-lo mais por aqui, e tão pouco saber que conseguiu o que queria.
-Obrigado doutor- forcei.
- Agora é só esperar o seu acompanhante chegar pra ir embora... Quer tomar um banho?- disse a enfermeira.
- Preciso- respondi- Será que pode me arrumar uma roupa?
- Não será necessário- disse Cláudio entrando no quarto com um sorriso estampado em seu rosto.- Já trouxe roupa para irmos para casa.
- Não vou a lugar algum com você! Nem te conheço! - Respondi rispidamente.
- Vamos deixá-los sozinhos- disse o médico, saindo do quarto com a enfermeira.
- Tome um banho, se troque e vamos.- disse ele num tom sério.
- Quem é você? O que você quer? Como sabe tanto sobre mim?- joguei as palavras como gritos.
- Cláudio... Aquele que te tirou da ponte, lembra?
- Disso eu sei, mas como sabia sobre mim, minha alergia, nome, tudo? Isso é impossível.
Ele começou a rir.
- Uma enfermeira que faz plantão aqui te reconheceu do outro hospital que você esteve. Não é difícil reconhecer um jovem que tentou se suicidar a apenas quatro semanas atrás. E como cheguei sem nem saber quem você era, ela ligou no outro hospital e eles passaram os dados da sua ficha. Foi isso.
- Que enfermeira?
- Daí você está pedindo demais!! Não sei- disse ele... -mas se quiser vou embora! Quer saber, se vira!- disse ele.
- Não! ESPERA! Me desculpe- disse por fim, pois não poderia atravessar a cidade sem uma carona.
Ele apenas assentiu com a cabeça.
Moro nessa cidade a dois anos e vim para cá por motivos diversos, e desde então vivo anonimamente com medo de ser reconhecido e que todo o inferno que vivi na cidade anterior volte a me assombrar. De uns meses pra cá temia que isso acontecesse, e quando coisas estranhas começaram a acontecer, resolvi acabar de uma vez com tudo, tirando minha própria vida.
Tomei banho, e por mais que estivesse com medo de Cláudio, ele era tudo o que eu tinha no momento. Sem parentes, sem amigos, sem documentos e dinheiro, precisava dele pra ir pra casa, e estava decidido a no dia seguinte fugir novamente e sumir dessa cidade.
Entramos no carro, e Cláudio sempre simpático comigo, eu me sentia protegido ao lado dele...
Quando chegamos em frente de casa, agradeci a Cláudio e desci do carro. Ele também desceu, e me deu um forte abraço. O qual retribui.
Olhei pra minha casa, e notei que a janela do quarto estava aberta.
- Não me lembro de ter deixado nada aberto- disse a Cláudio.
- Será? Voce pode ter esquecido.
Um frio percorreu minha espinha, e fiquei paralisado.
- Se quiser eu entro com você. – disse ele.- e se tudo estiver certo vou embora.
- Pode ser! Obrigado por tudo.
Entramos os dois então em casa, e antes que eu pudesse subir as escadas, Cláudio gritou:
- Ju, CORRE!!!
Me pegou pela mão, e antes mesmo que eu pudesse questionar qualquer coisa me puxou pela mesma porta que entramos, e só pude ouvir a explosão que se seguiu, e o calor do corpo de Cláudio em cima do meu no asfalto, onde havíamos sido lançados...
Olhei por cima dele e vi minha casa pegando fogo, e completamente tomada pelas chamas.
Alguns estilhaços no meu rosto e muitos nas costas de Cláudio!! Apenas pude dizer
- Como você sabia?
- Vi o forno do fogão aberto, e uma boca acesa, deduzi que poderia explodir.
Cláudio apagou soltando seu peso sobre mim, e em seguida ouvi a cirene dos bombeiros chegando e as pessoas começaram a se aglomerar em nossa volta.
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CONTINUA??
ESTÃO GOSTANDO ?? OBRIGADO PELOS COMENTÁRIOS... E COMENTEM MAIS.. HAHA...
LOGO OS MISTERIOS SERAO REVELADOS, E MUITA COISA IRÁ ACONTECER NOS PROXIMOS CAPITULOS, E PARA AS DEZ PRAGAS DO EGITO NÃO CAIREM SOBRE MIM, POSTAREI AMANHÃ O PROXIMO CAPITULO... AHAH... ABRAÇOOOO..