Meus sonhos estavam estranhos ultimamente e durante a viajem de carro não foi diferente, sonhei com uma irritação sem comparação, que podia me fazer tomar as decisões erradas durante essa viagem. Acordei com meu pai me chamando para acordar porque tínhamos chegado na fazenda da minha avó.
Cheguei lá, desci do carro e levei as malas para os devidos quartos, eu tinha meu próprio quarto na fazenda (minha vó se sente muito culpada pelo meu trauma) e claro que fui até ele limpar tudo e me ajeitar, logo começaram a chegar os outros parentes. Recebi todos eles e fui falar com minha vó, que estava dormindo quando eu cheguei:
- Oi vovó!
- Oi mocinho, nem fala mais com a gente.
- Não era eu que estava dormindo até meio-dia... Mas tudo bem com a senhora?
- Claro e você? Como vai você? Conseguiu fazer amigos? - ela me pergunta preocupada.
- Consegui fazer alguns, apesar de que eu continuo não os deixando me tocarem... - ela abaixa a cabeça quando eu falo isso - Mas tem um que consegue essa proeza livremente. - ela sorri
- Quem é esse ser magico? - ela pergunta fazendo graça.
- O nome dele é Dalton, ele foi muito importante esses últimos tempos, até que em algum momento eu já não tinha medo dele. - ela então me abraça (não tenho medo da minha avó)
- Que bom, agora vamos comer que voc... - ela para de falar e nota algo - Você não esta com aquela veste preta...
- Ele me convenceu a não usa-la, ainda tenho ela, mas não sinto necessidade de usa-la. - ela começa a chorar.
- Que bom! Um dia quero conhecer esse garoto.
- Ta bom! Um dia trago ele aqui.
Ela põe a mesa e chama o povo pra almoçar, assim que o almoço começa minha tia chega com o meu primo, filho dela. Vamos deixar claro que eles são seres extremamente problemáticos, agora vocês devem estar me perguntando "por que Kiriu", simples, essa minha tia é viuvá do irmão do meu pai, ou seja, aquele mesmo irmão dele que me torturou e que eu matei, isso mesmo senhores, ela me odeia por isso e com meu primo não poderia ser diferente. E se acham isso pouco, uma boa parte da família por parte de pai não gostava de mim pelo mesmo motivo, ou seja, sempre que tinham chances me esculachavam ou me agrediam. Agora vocês devem estar se perguntando, "e meu pai nessa história", diferente da minha mãe, ele faz vista grossa, tá nem ai se eu tô vivo ou morto, já minha mãe se ela ver, ela "roda a havaina nesse povo e em quem achar ruim". Mas agora vamos voltar ao ponto onde paramos:
- Vixe! Nem iriam nós esperar para almoçar? - minha tia pergunta
- O almoço é meio-dia e meia, quem chegar atrasado come requentado... - minha vó responde.
- Tô vendo gente que nem chegando na hora deveria comer junto com a gente... - diz meu primo olhando pra mim
- E eu tô vendo que você continua a ser esse mala que você sem pre foi. - minha vó responde
- Aff! - sobem as escadas, minha tia e meu primo, depois descem pra almoçar
O almoço foi cheio de indiretas, até que em em momento eu termino mais rápido que todos de comer e resolvo sair da mesa deixando meu prato na pia, logo minha tia diz:
- Opa! Rapazinho, pensa que vai aonde? Fica ai e espera os outros terminarem de comer que você vai lavar tudo. - logo que ela diz isso e ia voltar para me sentar, mas minha vó impede.
- Nada disso, quem vai lavar a louça é o Gabriel (nome do meu pai - interessante que só agora falei o nome dele). - minha avó responde me liberando.
- Mas Dona Benedita eu acabei de chegar e estou cansada e acredito que meu cunhado também, acredito que no minimo é isso que ele pode fazer. - diz minha tia
- Se você está com dó ou pena, faça você mesma. Preciso da ajuda do Kiriu mais tarde e outra, eu decido isso não você. - Minha vó respondeu minha tia ( acho que deu pra notar o fato de que ela não gosta nem um pouco da nora, isso é pelo fato de que acreditasse que ela só casou com ele por dinheiro, quando ele morreu ela ficou falida, porque pelo que parece ele deixou todo o dinheiro pra alguém e nada pra ela e também para o filho que não era dele. Sim ela traiu ele e ele sabia)
Minha tia abaixou a cabeça e não falou mais nada. Mais tarde eu dei comida para o vovó (ele tem alzheimer e tá meio débil) e fui para o quarto tomar banho que mais tarde iria chegar mais gente para um churrasco que ocorreria a noite, enquanto banhava comecei a pensar no porque tinha sempre alguém para me machucar, será que era por eu ser muito dócil e medroso, resolvi conversar sobre isso com minha avó e com o Dalton.
Terminei de tomar banho e liguei pra ele:
- Oi, amor! - ele diz todo feliz do outro lado da linha.
- Oi, Dalton! Saudades de você.
- Eu também, mas amor essa ligação tem outro motivo, não tem?
- Sim. Eu queria falar com você sobre algo, por que você acha que sempre tem alguém pra me ferir?
- Isso não é verdade... - ele diz indignado com minha pergunta e depois de muita conversa ele diz - Olha amor, eu sinceramente não sei...
- Eu acho que está na hora de me tornar mais forte e enfrentar essas pessoas, para de temer e olhar pra frente.
- Amor, a gente nunca para de temer a diferença é que temos que ter coragem para enfrentar nossos medos.
- Meu Deus! trocaram meu namorado por um filosofo. - digo fazendo graça.
- kkkkk, muito engraçado. - ele diz fingindo de irritado.
- Amor eu tenho que ir, chegou mais gente aqui eu preciso recebe-los. Te amo.
- Te amo, tchau!
E mais uma vez desci e recebi uma porrada gente e fui falar com minha avó:
- Oi vovó!
- Oi querido.
- Vovó posso falar com você?
- Claro. o que foi?
- A senhora acha que as pessoas tem algum motivo pra sempre querer me machucar?
- Deixa disso, isso é coisa da sua cabeça. - ai eu contei a ela tudo da escola e mostrei meu ponto de vista. - Olha garoto, eu realmente não sei... - ela parecia se segurar para falar algo.
- Pode falar, eu aguento!
- Acho que é pelo fato de você é meio bonzinho e tem medo das pessoas. Isso te marca como alvo já que você nunca vai reagi, acho que isso até explica o que Luciana foi fazer no colégio, acho que ela não pensou que você iria denuncia-la.
- Eu também pensei nisso, mas eu queria apoio para poder agir.
- Filho, a hora em que você reagir contra essas coisas pode contar comigo porque se alguém vier pra cima de você eu tô aqui, pelo menos enquanto você está aqui na fazenda, agora no resto da vida você precisa agir por você mesmo.
- Obrigado vovó. Eu tô indo. - dei um beijo em sua bochecha e sai.
Agora eu estava decidido, se tentassem pisar em mim eu revidarei, não vou mais sair por baixo.