Estávamos no hospital. O médico olhava o pequeno corte no meu rosto, superficial, sem problemas de ficar cicatrizes... Perguntei de Cláudio e o médico me disse que ele estava na sala de procedimentos retirando os estilhaços de vidro que haviam perfurado suas costas. Me senti extremamente agradecido, pois se Claudio não estivesse comigo naquele momento, uma hora dessas eu poderia estar sendo velado. Ele só podia ser um anjo. Um anjo que apareceu em minha vida pra me salvar. Perguntei ao médico se podia vê-lo e o mesmo consentiu.
Bati três vezes na porta do quarto.
- Entre! – Uma voz tremida respondeu. Identifiquei sendo a de Cláudio.
- Como se sente? - Perguntei aproximando-me da cama.
- Bem, na medida do possível... e você como está?
- Vivo, e mais uma vez você que me salvou! – Respondi.
- Parece que está virando moda, não é? Desse jeito vai ter que casar comigo. – Brincou.
- Bobo! – Respondi sem graça, pois não imaginava que ele sabia que eu era gay e tampouco que aquele homem grande e forte poderia vir a ser gay.
- Estou brincando- disse ele. – Não precisa ficar com essa cara...Não sou nenhum lobo mau... Não como pessoas indefesas... A não ser que elas queiram... Hahahaha..
- É, estou vendo que você está ótimo já... está até fazendo gracinhas...
- Está tudo bem sr Cláudio, pode ir pra casa. Só precisa cuidar dos pontos e trocar os curativos pelos próximos três dias. – disse o médico entrando no quarto.
-Pode deixar doutor, eu mesmo me incumbirei de fazer isso, é o mínimo que eu posso fazer, já que ele salvou minha vida novamente.
- É, pelo jeito você tem um anjo da guarda- disse o médico para mim.
- Parece mesmo doutor.
*****
Saímos do hospital, eu dirigindo o carro de Cláudio...
- Precisamos passar na delegacia- disse.
- Acho melhor não- respondeu Cláudio. – eles vão dizer que a explosão aconteceu por negligencia sua, por deixar o gás aberto, e ainda mais vindo de um suicida, dirão que você fez tudo para se matar.
Pensei e é verdade. Se eu fosse até a delegacia eles iriam dizer que eu mesmo quis explodir minha casa...
- só tenho um problema, Cláudio!
- Qual?
- Não tenho pra onde ir, sem dinheiro, documentos nada!! O que faço??- comecei a chorar...
- Calma meu menino, você pode ficar na minha casa essa noite e amanha vemos...
- Mas eu nem sequer te conheço, e sua esposa pode não gostar...- disse com medo da resposta.
- Acho que nos conhecemos melhor que muita gente, e outra... não tenho esposa... Haha... Moro sozinho.
-Mesmo assim, não quero incomodar
- Não será incomodo, e também será bom, pois já estarei por perto caso você queira ser salvo por mim...
- Nem pense nisso...- Ri.
- E então, aceita o convite de passar essa noite comigo?
- Aceito DORMIR na sua casa! – Enfatizei.
****
Seguimos até a casa de Cláudio, uma casa simples e um pouco bagunçada. Tive a impressão de que ele havia mudado a pouco tempo.
- Está de mudança? - perguntei.
- N. Não- disse ele..- é que sou meio bagunçado mesmo.
- Mora Aqui a quanto tempo?- insisti.
- A mais de um ano... Mudei pra cá a trabalho.
- Humm...
- Quero tomar um banho, me ajuda com os curativos?
-Claro.
Cláudio então, posicionou-se de costas para mim e começou a levantar sua camiseta. À pouca sua silhueta morena foi se mostrando, um corpo dourado e rijo, uma pele brilhosa, e com alguns pontos onde havia sido ferida pelos vidros, mais acima as marcas dos seus músculos desenhavam-se em suas costas, e seus ombros largos me faziam delirar.
- Não precisa ter medo.. Pode me tocar- disse ele.
Eu estava ofegante, nervoso, sentia meu rosto pegar fogo, e minhas mãos pediam por aquela pele.
Quando o toquei, senti uma corrente passar pelo meu corpo, arrepiando-me, e com o susto tirei as mãos bruscamente.
-O que foi? – disse ele assustado.
-Nada não - disfarcei.
Voltei a tocá-lo, levemente. Comecei a tirar os curativos com cuidado, pois puxavam sua pele... Ele vez ou outra esquivava-se por dor.
Eu, então ao ver suas costas cheia de remendos e sabendo que eu havia sido o causador de tudo aquilo, cai no choro, um choro descontrolado.
- Me perdoa.. por favor! Eu fui inconsequente...
Cláudio então virou-se, me encarou, levantou meu rosto até nossos olhos se cruzarem...
- Está tudo bem agora! Já passou... Voce não tem culpa de nada. Eu te salvei, estamos aqui, vivos... Agora é bola pra frente, entendeu?
- Mais..
- Mais nada Ju.. já passou!! Esquece ok? Promete que vai tirar as coisas ruins da sua cabeça?
- Sim eu prometo- sussurrei.
Cláudio tocou-me, puxou-me para um abraço mais apertado, e segurando em minha cintura disse em meu ouvido.
- Eu estou aqui agora, e sempre vou estar.
- Obrigado.- respondi.
Cláudio sorriu e enfim, beijou-me... Um beijo doce, calmo, que aos poucos foi tornando-se mais intenso... Eu necessitava daquele beijo...
Ele me levou até o banheiro pequeno da casa, tirou minha roupa, abriu o chuveiro, e tomamos banho juntos, aos beijos... Eu sabia que aquilo era errado, mas eu precisava daquele carinho...
Assim que saímos do banho, nos deitamos na cama de Cláudio... Estavamos tão cansados que apenas dormi no peito dele.. E dormi como a muito não dormia... Bem e protegido.
****
Na manha seguinte acordei, e notei que ele não estava na cama. Coloquei uma roupa dele, e segui pelo corredor da casa, mas antes de chegar à sala, ouvi ele ao telefone... Não quis incomodá-lo. Encostei-me na parede, e ouviEstá tudo seguindo de acordo com o SEU plano... Sim eu sei... Disso também... Ele nem desconfiou... Fica tranquilo...Estou com tudo sobre meu controle... )
CONTINUA....