Cap.10
TRILHA SONORA: UMA VEZ MAIS - IVO PESSOA
O mesmo foi rápido, mas o suficiente para acelerar o meu coração a um ponto que nunca antes havia acontecido. Sentia meu rosto queimar, minhas pernas falhavam. Quando ele parou e olhou nos meus olhos, a surpresa estava estampada em seus olhos, e na minha mente. Em poucos segundos ele ficou igual um camarão, de tão vermelho. Não conseguia compreender... Ele... Logo ele... Que tem aquelas opiniões ruins me beijou ?
- Eu... Eu... Je vais dormir (Eu vou Dormir) - falou, me deixando sem compreender nada. Saiu em disparada do meu quarto, me deixando com milhões de pensamentos, e uma sensação de êxtase
- Ele me beijou... Eu não acredito - toquei meus lábios, pois ainda parecia estar acontecido. Olhei para cima, e vi que a Lua estava completamente coberta - parece que você funciona mesmo ein...
NARRADO POR MAURICE
Sai do quarto dele em disparada. Até o português havia sumido dos meus pensamentos, de tanto nervosismo. Eu nunca havia ficado assim por ninguém. Nenhuma mulher no mundo fez meu coração bater tão forte e me fez ficar tão nervoso quanto ele. Eu ainda não sei porquê fiz aquilo. Isso não pode estar acontecido. Não pode ser verdade. Eu estou me apaixonando por um garoto ! E está tão forte que nem me segurar eu consigo mais. Ofegante , retornei para o quarto e me joguei na cama. Pensava a todo momento na minha família e no que diriam se descobrissem que estou fazendo isso. Buscava ajuda divina, para descobrir se era certo ou não. Só sei que estou sentindo algo muito forte, além de tudo o que já senti em toda a minha vida. E agora ? Como olharei nos olhos dele no dia seguinte ? Apesar de toda essa confusão que a minha mente envolvia-se, meu corpo pedia um outro beijo, pedia mais uma vez aquele nervosismo... Eu já não era mais o mesmo.
NO DIA SEGUINTE
NARRADO POR ANTÔNIO
Acordei mais cedo do que o normal. Assim que os galos começaram a cantar, e o Sol deu as caras meus olhos se abriram. Não deu nem um minuto para que eu me lembrasse do que aconteceu na noite anterior. Aqueles toques, aquele beijo, viravam a minha mente de cabeça baixa.
- Eu não acredito que isso aconteceu - dizia a mim mesmo, limpando os olhos...
MINUTOS DEPOIS
Ainda de pijama, me encaminhei até a Sala de jantar. Um silêncio tomava conta da casa naquela manhã. A passos lentos me aproximava da mesa. Porém parei, quando vi que apenas Maurice estava ali. Pensei em retornar, mas bati em um quadro e ele Caiu no chão, chamando sua atenção. Quando ele olhou para mim, rapidamente suas bochechas coraram e ele tirou o olhar de mim.
- Oi - falei, andando em direção a mesa
- Oi - falou ele, baixinho. Timidamente, me sentei na cadeira. Estávamos visivelmente desconcertados um na frente do outro. A vergonha imperava, e eu não sabia o que pensar e nem o que fazer. Mal conseguia olha-lo.
NARRAÇÃO DE MAURICE
Mais uma vez aquelas sensações haviam retornado. A dúvida tomava conta de mim. O nervosismo nao me deixava pensar. Até a fome havia passado. Estava boquiaberto, isso nunca havia acontecido com ninguém. Eu nunca me senti assim, nas nuvens e ao mesmo tempo pressionado e tenso. Olhava para um lado, para o outro e não via saída. Olhava para ele, e percebia que também estava nervoso, pois não estava conseguindo nem cortar o queijo.
- Aonde está a minha mãe ?
- Não sei. Quando acordei ela já havia saído. Os empregados também não sabem aonde foi - logo ele terminou de manipular a faca e começou a comer. Em um momento eu o observava, em outro olhava para o lado. Já não tinha mais coragem de ali ficar. Me levantei e sai em direção ao meu quarto... Estava muito confuso. Não estava preparado para enfrentar tudo isso.
NARRADO POR ANTÔNIO
Já esperava algo assim. Dava para ver em seus olhos a confusão e os sentimentos que o levaram a fazer aquilo. Eu também estava confuso e enraivecido. Não queria me apaixonar por ele. Não queria me apaixonar por ninguém, porquê mesmo inocente eu sei que sendo como sou, não terei muitas brechas nessa sociedade. Mas eu não estava tendo escolha. Com ele, as coisas estavam acontecido além do que eu posso compreender. Só sei que meu coração acelera quando ele está perto. Que ele tem tomado os meus pensamentos nos últimos dias. Que eu estava me apaixonando por ele.
TEMPO DEPOIS
Não preciso nem dizer que nos afastamos depois do acontecido. Ele estava com vergonha, eu estava também. Não teve jeito, nos afastamos. Pedi ajuda a um empregado para me ajudar no banho. Continuavamos apenas se olhando, como havia acontecido antes de eu tentar o suicídio. Só gostaria de saber até quando essa indecisão vai reinar. O tempo seguia o seu curso normal. 1918 ia passando. Haviam se passado quase 2 semanas que não estávamos nos falando direito, apenas vendo um ao outro nos corredores da casa. Logicamente eu fiquei mais triste, já gostava muito da sua companhia, do seu jeito de ser. Sentia falta quando ele se afastava. E nessa situação, meu aniversário chegou. Iria ficar um ano mais velho, em busca da maioridade. O estranhamento começou no início da manhã. Quando acordei, pela manhã, não encontrei nenhum dos dois em casa.
- Joana, você sabe aonde foram minha mãe e Maurice ?
- Eles saíram juntos Antônio.
- Juntos ?
Mas o que Maurice havia ido fazer na cidade com minha mãe ? Que falta de consideração, eles não haviam nem esperado para me dar parabéns quando eu acordei. Não nego, fiquei intrigado. Minha mãe quase sempre era a primeira a me parabenizar. E agora ela nem ali estava. O que será que eles estavam aprontando juntos ?
TEMPO DEPOIS
Tomava um banho de sol, deitado no gramado do casarão naquela manhã. Pensava em tudo o que vinha acontecendo, e já não via motivos para achar que o que sentia era errado. Eu só sentia e pronto. Fecho meus olhos por alguns segundos, e quando os abro, uma sombra cobre o Sol. Ergo o olhar levemente, e vejo o causador de todas as minhas dúvidas.
- Feliz Aniversário !
Continua
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