O CRIME DOS VIEIRA DE MELO - Parte 13
Mesmo gozando na boceta da negra Eudóxia, o sinhozinho Manoel não estava satisfeito. Sentia uma raiva enorme dela, por ter o cu invadido pela escrava, o que para ele significava uma enorme falta de respeito. E ela tê-lo acusado de impotente era o fim da picada. Ia mostrar àquela negra abusada do que ele era capaz. Por isso, nem bem acabou de ejacular na xereca dela, virou-a de costas, querendo aproveitar que o pau ainda não estava totalmente desfalecido. Ela, continuando a fingir-se de modo a excitá-lo mais ainda, pediu clemência.
- Não, por aí não, sinhozinho - Eudóxia era bem convincente na sua expressão facial, como se estivesse aterrorizada por ter o rabo prestes a ser invadido - Seu pau é enorme. Vai arrombar meu buraquinho.
- Cala a boca, negra safada. Vou deixar esse cu tão frouxo que sempre irá se lembrar de mim quando for cagar - arfava o homem, ávido por se enfiar na escrava antes que o cacete ficasse bambo outra vez.
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O negro cansou de esperar a negra Eudóxia para que ela lhe preparasse um banho morno na tina em que os patrões se lavavam quando vinham do canavial. Resolveu que o jeito mesmo era tomar um banho frio, no açude. Pegou sua única peça de roupa limpa em um velho cesto de palha que ficava debaixo de umas tralhas, ao lado de onde dormia na senzala, e caminhou para a parte de trás da casa grande. Teve que percorrer um longo caminho entre as árvores até avistar o açude. A primeira coisa que viu, no entanto, foi o sinhozinho mais novo jogando a negra Eudóxia por terra e depois tentar monta-la. A escrava, ao seu ver, fugia do jovem se arrastando de quatro na areia, sendo perseguida por este. Os cavalos permaneciam dentro da água, alheios ao que estava acontecendo. O negro escondeu-se por trás de uns arbustos, sem saber o que fazer para impedir o que achava ser um estupro. Nunca vira o sinhozinho tão bravo. Nem tinha conhecimento de que ele houvesse tarado alguma das escravas de sua propriedade algum dia. Chegou justamente no momento em que o jovem quase berrava:
- Cala a boca, negra safada. Vou deixar esse cu tão frouxo que sempre irá se lembrar de mim quando for cagar!
O negro viu a escrava tentar desvencilhar-se dele, arrastando-se de costas contra o chão, dificultando a penetração em seu avantajado traseiro. Ela continuava implorando para que o moço não a violentasse, mas ele parecia cada vez mais decidido. Então, o escravo viu-se obrigado a tomar uma decisão também. Pegou o primeiro pedaço de pau que encontrou perto de si e partiu resoluto para cima do patrãozinho, movendo-se às suas costas, querendo pegá-lo desprevenido. O jovem alcançou, finalmente, a negra fujona. Pegou-a pelas ancas e apontou o cacete para o ânus dela. Mas quase não teve tempo de sentir a glande tocar as pregas da mulher. Recebeu uma paulada na nuca e a visão lhe faltou imediatamente. Ouviu bem longe quando a negra exclamou assustada:
- Valei-me meu pai Xangô. O que vosmecê está fazendo, negro maluco?
Depois Manoel de Faria e Souza não ouviu mais nada. Caiu pesadamente na areia, com o cu pra cima.
- Eu achei que ele estava estuprando vosmecê, negra depravada. Mas já vi que tu tava é de corja com ele. Por isso não me deu atenção quando te pedi um banho, não foi? - irritou-se o escravo - já vem comendo o patrãozinho faz tempos. Eu devia ter desconfiado...
- Cala a boca que tu não sabe de nada da minha vida. Foge embora de volta à senzala. Se ele acordar e te ver aqui, é bem capaz de mandar te matar de surra no tronco - disse aperreada a escrava Eudóxia.
- Não, volte para a senzala vosmecê. Ele não me viu atacá-lo pois eu vim por trás. Quando acordar, estarei perto dele. Direi que o encontrei desmaiado na margem do açude - disse o negro, depois de pensar um pouco.
- E se ele procurar por mim? - quis saber a escrava.
- Eu invento uma desculpa - rugiu o negro - mas o importante é que ele não te pegue de novo aqui perto, quando acordar furioso e de cabeça doída.
- Vosmecê é quem sabe - resmungou a escrava Eudóxia vestindo as roupas - Eu vou voltar para a senzala. Mas acho que você devia ir comigo também. O sinhozinho pode ter te visto antes de ser atacado.
- Deixe os cavalos que eu levo - falou o negro quando ela ia tirar os animais de dentro do açude - Serão uma desculpa a mais para eu ter vindo aqui: à procura deles.
Quando a escrava foi embora às pressas, o negro ficou matutando. Simão era o mesmo negro que havia dito ao jovem João Paes - que se passara por escravo branco - onde escondiam a canoa com a qual escapou do engenho. Lamentou-se de não ter fugido com o moço. Estava numa enrascada e podia morrer no tronco se não convencesse o sinhozinho de que não havia sido ele a nocauteá-lo. Aí, teve uma ideia. Diria que o jovem havia sido atacado pelo negro mascate, aquele que dera tanto trabalho aos patrões nos últimos dias. Eles já o detestavam mesmo, ora.
Mas havia um detalhe: o velho guerreiro não se limitaria a dar uma cacetada na cabeça do jovem só pra depois ir embora. Tinha que ter algo mais convincente. Roubar os cavalos? Para isso, o escravo teria que se afastar dali com eles e corria o risco de, quando voltasse, o sinhozinho já tivesse despertado. E, se os cavalos desaparecessem, na certa o senhor Francisco mandaria os capitães-do-mato recuperá-los, já que os animais não lhe pertenciam. O patrão não iria querer arcar com a desfeita de perder os animais do amigo fidalgo Bernardo Vieira. Portanto, convenceu-se de que não poderia roubar os cavalos. Foi quando arquitetou um plano terrível.
Vendo que o sinhozinho estava desmaiado, despido e de bunda pra cima, teve uma ideia ousada. Deu mais uma pancada na nuca do jovem desacordado, para garantir que ele não despertasse tão cedo, e tirou-lhe as calças. Lambuzou o cu do jovem com saliva e apontou o caralho para as pregas dele. Lembrou-se da sanha do rapaz querendo enrabar a negra Eudóxia e os maus tratos que já recebera dos filhos do patrão. Então, quis se vingar deles. Aproveitando-se de que o moço estava sem sentidos, enrabou-o até gozar. A princípio, foi difícil penetrar o ânus do sinhozinho, pois seu pau era bastante avantajado em comprimento e grossura. Mas foi untando o cacete com cuspe, várias vezes, até que conseguiu a penetração. Quando o rapaz se movia, mesmo ainda desmaiado, recebia outra porrada na nuca, se bem que com menos violência do que as anteriores. Não satisfeito, o negro arrastou-o pela areia até encostá-lo num tronco de árvore caído ao solo. Ajeitou-o de modo que ficasse com as pregas mais expostas e estuprou-o até gozar novamente. Depois, já exausto, descansou ao lado do jovem. Mas não se demorou a recuperar as forças. Então, pegou novamente o pedaço de pau e bateu contra a própria cabeça, sangrando por ali. Depois, voltou a vestir as calças e deitou-se de bruços no chão. Ficou imóvel, naquela posição, expondo o ferimento ensanguentado na cabeça. Esperou pacientemente que o sinhozinho voltasse a si. No entanto, ainda cansado da viagem de ida e volta a Olinda, adormeceu.
O negro acordou com o rapaz sacudindo-o pelos ombros. Levantou-se, levando a mão ao ferimento que agora latejava de dor. O jovem perguntou o que havia acontecido. O escravo, fingindo confusão mental, disse que tinha sido nocauteado por um velho negro.
- O filho da puta mascate - bufou o sinhozinho - Me pegou de surpresa, dando-me uma porrada na cabeça. E tu, negro, como entra nessa história?
- Eu vim ver por que a negra Eudóxia demorava, pois pedi para ela dar banho nos cavalos trazidos de Olinda, quando vi o velho mascate tentando estuprá-la. O sinhozinho já estava caído no solo e a negra pedia socorro. Acudi, mas o velho foi mais rápido e esperto que eu. Deu-me uma pancada com um galho de árvore e depois não me lembro mais de nada, meu senhor e amo - assegurou o escravo.
Só então, o sinhozinho percebeu esperma escorrendo pelas suas pernas. Sentiu algo diferente no ânus e levou a mão ali. Arregalou os olhos quando sentiu as pregas estufadas e sujas de gala. Ainda atônito, cheirou o líquido que escorria, tendo a certeza de que havia sido enrabado.
- Filho da puta!!! - berrou o rapaz quase chorando.
- O que foi, sinhozinho? - perguntou de forma sonsa o negro escravo.
- Nada não - recompôs-se o moço - Nada não. Vá chamar os capitães-do-mato e diga para trazerem os cães. Quero esse desgraçado morto. Vá num pé e volte no outro, pois tenho pressa em capturar essa besta fera.
O escravo correu a fazer o que o sinhozinho mandou com um sorriso nos lábios. O plano dera certo. Enraivecido por haver sido enrabado, o jovem nem desconfiou de que o negro estivera mentindo. Simão, o escravo, suspirou aliviado enquanto corria para dar o recado. O jovem não ter mencionado para ele o fato de ter sido estuprado era um bom sinal de que nem desconfiava do esperto negro.
FIM DA DÉCIMA TERCEIRA PARTE