Cap.2
TRILHA SONORA: FIM DE TARDE - CLAUDIA TELLES
Ao me ver ele arregalou os olhos. Parecia não acreditar. Parecia assustado.
- Porquê ainda estou no ônibus ?
- Você desmaiou aqui. Caiu como uma folha. Se eu não tivesse atento você teria ido direto pro chão.
- E eu não fui ?
- Não, eu te segurei - falei, fazendo ele cerrar e depois desviar o olhar do meu olhar.
- Você !?
- Sim... Eu... - falei. Ao ver que ele já estava melhor, o motorista retomou o caminho - ele está bem ! - falei, fazendo os curiosos se afastarem.
- Tome o seu lugar de volta, eu estou bem
- Não. Você sempre anda em pé e eu estou vendo em seu rosto que não está bem. Fique sentado - pareceu perder o seu olhar durante alguns segundos, olhando para um lugar sem sentido.
- Porquê está me ajudando ? Nem nos conhecemos direito... - falou, baixinho mas o suficiente para que eu ouvisse.
- Por que você não está bem, eu devo ajuda-lo ! - falei, fazendo ele espantar-se. Parecia que ele não estava acostumado com gentilezas, ou coisas parecidas. O ônibus caminhou um pouco mais e logo estava em frente ao nosso ponto diário. Sai na frente, ele veio atrás. Ainda não parecia bem - vamos, eu te acompanho até a sua casa.
- Não. Não precisa... - falou, se afastando um pouco de mim.
- Você mal consegue se manter em pé ! Vamos - falei, me aproximando. Porém, Quando toquei o seu ombro em busca de dar-lhe firmeza, ele se recolhou bruscamente - EI, o que houve ? Eu só vou te dar apoio para que você consiga andar bem.
- Não... Não precisa - caminhei, um pouco mais afastado dele em direção a porta da sua casa.
- Pronto. Tome cuidado, pode ser que eu não esteja perto para ajuda-lo quando você se sentir mal.
- Pode deixar. Obrigado pela ajuda - falou, tirando a chave dos bolsos. Olhou para as Mãos. Começei a caminhar em direção a minha casa, quando sua voz novamente me chamou atenção - Ne ?
- Oi - me virei e aqueles singelos olhos castanhos me olhavam
- Qual o seu nome ?
- Gustavo.
- Gustavo ? - ri.
- Parte da minha família é brasileira, por isso o nome. Mas se quiser, me chame de Hirohito.
- Como o imperador ?
- Hai ! Como o imperador...
- Não... Gustavo é bonito... Mais uma vez, arigatou gozaimasu... Gustavo-San.
- Não foi nada. Se precisar de mim novamente é só me chamar. Eu moro ao lado então...
- Hai ! - vi ele abrir a porta e entrar. Antes de fecha-la, ainda me olhou mais uma vez, para então fecha-la de vez.
- Puxa... Como ele é lindo ! - dizia eu, sorrindo abobadamente comigo mesmo.
- Quem é lindo ? - Mari se aproximava por trás.
- Aí ! - riu com o susto - Baka ! Deixa eu te assustar, você vai amar !
- Então quer dizer que você conheceu o garoto estranho, e agora ele sabe seu nome.
- Ele desmaiou dentro do Ônibus, acredita ?
- Sério ! Será se ele está doente ?
- Não sei. Mas eu o ajudei até ele entrar em casa.
- Oh, que fofo... - falou, apertando minhas bochechas.
- Afinal, o que veio fazer aqui ?
- Trazer seu livro de Química, deixaste sobre a mesa.
- Meu Deus ! Ainda bem que trouxeste, arigatou...
- Agora me dê licença, meu pai está me esperando - dizia ela, atravessando a rua em direção a um Honda que estava estacionado no outro lado da rua. Logo minha amiga partiu. Retornava a lentos passos para a minha casa. Antes de entrar dei um última olhada naquela casa. Aquele garoto era fascinante !
MINUTOS MAIS TARDE
Comia a comida feita pela minha deliciosa avó.
- Como foi na escola ? - meu avô perguntava.
- Bem... Estamos estudando muito lá.
- É. Tem que ser assim, ou então vocês não aprendem - dizia ele. Meu avô já era um homem bem velho. Era adolescente quando a Segunda Guerra estourou e até os dias atuais ele conta as histórias da época da Guerra - alguma novidade ?
- Não meu avô... Ah, queria fazer uma pergunta a vocês.
- Fale Gustavo-Kun
- Esse sobrado, aí do lado. Quem mora nele ?
- Na realidade eu não faço a mínima idéia -minha avó dizia - nunca conversei com o proprietário da casa, nem nunca o vi do lado de fora. Eles são bem fechados. Vejo apenas de vez em quando, um lindo garoto que estuda no seu colégio sair de lá.
- Sim, eu já o conheço...
- Me disseram que o dono é uma pessoa bem jovem. Quem será ?
- Os pais dele, talvez...
- Mas eu nunca vi ninguém sair desta casa de carro, ou trajando um terno. Que família mais sombria esta...
- É verdade ! - dizia eu, comendo Lamen com o Hashi.
MINUTOS DEPOIS
Tomei um banho, vesti meu pijama e fui ver o que a internet tinha de bom para me proporcionar (gente, para efeito de comparação, hoje eu tenho 26 anos. A história real, quando eu Conheci o Yuki, tinha 16 anos, ou seja a 10 anos atrás. Redes sociais não eram nada populares. O Facebook ainda era um programa universitário, o Orkut ainda se desenvolvia, nada de Twitter, Tumblr ou ask.FM . O que fazia sucesso eram as mensagens e o MSN. Mas como me comprometi a trazer a história para os dias atuais, usarei as redes atuais) . Meu perfil no Facebook fazia um sucesso moderado, afinal eu não era hiper popular. Foi quando deu-me a ideia de procura-lo no Facebook. Digitei "Yuki". Apareceram vários resultados, mas nenhum era dele. Depois de procurar vários "Yukis" que estudavam no colégio, não o havia achado. Será se ele tão anti-social que nem usava uma rede social ?
NO DIA SEGUINTE
Acabei dormindo demais. Quando cheguei no ponto, o ônibus acabava de deixar o mesmo. Não pude ve-lo naquela manhã. Foi uma frustração enorme, pois eu havia pensado nele a noite toda e rezava para reve-lo de novo. Tive que ir de carro com o meu avô. Ao chegar lá, o vi andando. Entrei, o acompanhei com o olhar até ele entrar na sua sala. Será uma paixão repentina ? Uma amor a primeira vista ?
Continua
É. Eu havia pensado em apenas 4 capítulos, mas várias histórias da minha adolescência reaparecerão na minha mente e então eu decidi criar uma "Malhação" da minha adolescência kkk. Claro, focando sempre nessa paixão que eu tive. "Ah, mas você ainda escreve três histórias !" Duas delas estão perto do fim, então essa já servirá para substituir. Galera, estou pensando em ficar de vez no Japão ano que vem, o que acham ? Comentem por favor, beijos
