Ainda chovia bastante e muito forte. Deixei o Gabriel lá no muto de concreto. E fui atrás da Dayana. Pelo que eu pude contar quando ela atirou, ela disparou cinco vezes. Ou seja, só teria uma bala. E se de cinco tiros, só acertou um e muito mal, ela poderia muito bem errar esse que restava. Fui até ela com esse pensamento.
Assim que comecei a andar, tive aquela sensação de DeJa Vu. Foi quando parei e me recordei daquele lugar. O sonho/pesadelo que tive alguns dias atrás. Estava tudo no mesmo lugar.
1. No porto da cidade 2. Pouca iluminação 3. Chovia forte 4. Eu olhava o Biel e ele chorava.
Me senti super mal por não ter entendido o recado do destino, fui avisado que isso aconteceria, mas não fiz nada pra evitar. Fui avisado várias vezes ainda. Continuei andando.
Estava agora na raia do barco, vi um pedaço de madeira escorado assim de lado. Não hesitei e peguei. Vi de lado o homem que consertava o barco. Me recordei da Dayana chamando ele de Luíz. Luíz era o nome de um bandido super procurado em Recife. Não vi matei um inocente, fiquei aliviado.
Vi também, mais a frente, a Dayana sentada, de costas pra mim. Pensei em acertar outra paulada nela, seria covardia, por isso decidi fazer joguinhos psicológicos, sou expert. [Haha]
- Dayana. - ela se vira assustada, ainda com a arma. Tremi na base, porque estavamos próximos agora, errar não era possivel. - Tá feliz agora? Um dos disparos que você fez, acertou o Gabriel. - Falei friamente. - Ele não é seu, e nem mais meu. O Gabriel está morto Dayana. VOCÊ o matou [enfatizei muito a palavra você]. VOCÊ o quis tanto que acabou o matando. Que amor é esse que você sentia por ele? Amava ele a ponto de o matar? Não entendo.
- Nãooooo. Não. Eu sou uma assassina! Nãooo. Nãoo é possível. - ela chorava descontroladamente. - Gabrieel, me perdoa eu não queria, eu não queriaaa. Olhava pra o céu enquanto a chuva enxarcava mais ainda nossas roupas.
- Acho que você agora tá satisfeita não é? Não era você que dizia que se ele não fosse seu não seria de mais ninguém? Conseguiu. Ele agora não vai ser de mais ninguém. - joguei o pedaço de madeira longe num símbolo de desarmamento. E eu também já estava pronto pra morrer por amor, pelo meu amor. - Parabéns Dayana. Você conseguiu destruir três famílias. A minha, a dos pais do Gabriel... e a sua. Assassina! - Ela chorava mais ainda.
- Gabrieel, me perdoa. Eu não queria ter feito isso. Foi... foi - olhou pra mim - Foi culpa sua. Você tirou ele de mim. - Ela levantou e apontou a arma pra mim.
...
Neste momento congelei, não esbocei nenhuma reação. Ela estava a menos de 5 metros de distância de mim. Eu iria morrer. Parei de pensar, parei de raciocinar. Apenas respirava e sentia a chuva forte, como no sonho, enquanto a Dayana falava e continuava mirando em mim, com o dedo no gatilhoDesde criança eu sempre fui apaixonada pelo Gabriel. Brincávamos juntos, crescemos sendo vizinhos. Até já brincamos de namorar. Mas, eu me apaixonei de verdade por ele. Admito, eu sei que ele nunca quis nada comigo, mas eu prometi pra mim mesma que faria ele se apaixonar por mim. Não importa se por bem, ou por mal eu teria o Gabriel pra mim. Iriamos ser felizes para sempre Lúcio... Mas aí você aparece e fode com meus planos. Eu viria ao Recife buscar o Gabriel, pra mim seria uma tarefa fácil. Eu teria feito no primeiro dia que cheguei. Mas você estragou tudo! Foi você não foi quem levou meu Gabriel pra esse mundo? Gay. Tenho nojo de você. Tenho nojo de gente como você. Ridículo. O Gabriel seria meu. Só meu. Então, bolei tudo. Com a ajuda de um amigo taxista e de um amigo ex-presidiário que por coincidência é mecânico de barcos, armeu o sequestro perfeito. Mas, como aempre você conseguiu estragar tudo. Aliás como você chegou aqui tão rápido hein?! Não me interessa. Só uma coisa me interessava, e eu a matei. Ai Gabriel, me perdoa. - Acionou a última bala da arma- Já que sou uma assassina, uma morte a mais uma a menos não faz tanta diferença - mirou bem na minha cabeça - Eu te odeio Lúcio.
Eu fechei os olhos.Alguns segundos se passaram.
Ela atirou.
《《CONTINUA》》