Folhas Secas - Capítulo 6

Um conto erótico de Hunno Saggie
Categoria: Homossexual
Contém 1612 palavras
Data: 10/11/2015 23:16:23
Última revisão: 11/11/2015 13:41:26

Resolvi postar mais capítulo hoje, talvez eu poste amanhã uma "segunda parte" desse sexto capítulo.

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Folhas Secas

Capítulo 6 – A Santa em Mãos

“Sim, você mesmo”, apontava com o dedo médio para o garoto. “Quem ou o que é você? O que faz aqui?“, indagou nervoso..

Por um momento Cristóvão ria apenas e pensava: “Esse é o cara que me viu no cemitério entre a árvore mesmo, quem ele pensa que é falando desse jeito comigo?”. Cristóvão analisava o desconhecido que indagava sobre sua pessoa. Prontamente com sua lábia, planejou acabar com aquilo logo, era uma cena naquele local. Eliza logo chegava atrás de Igor.

“Que há?”, questionava Eliza confusa reparando em Igor parado.

“Me diga! Quem é você?”, esbravejava ordenando enquanto se aproximava do Jovem.

“Deve ser alguma confusão, não sei de quem se trata, você tá me confundindo, desculpa.”, dizia Cristóvão convincente e seguro de suas palavras.

Igor não se confirmara, algo em Cristóvão o fazia deixar incapaz de raciocinar direito, olhou-se nos olhos dele, eram tristes como os dele. Não se tratava de mero credo ou superstição, se não tivesse a resposta naquele instante, não poderia vê-lo novamente, em sua cabeça.

“Droga! Eu sei que é você!”, resmungou rangendo os dentes, fazia menção de puxá-lo pela camisa, impedido por Eliza após.

“Cara, fica relax aí. Não sou nenhum fantasma. Eu nunca te vi. Só vim visitar minha vó. “, disse o garoto cinicamente.

Igor sabia que não saía verdades de sua boca, mas o deixavam mais confuso e irritado. A recepcionista parecia tão confusa quanto Eliza nesse momento, mas concordara com Cristóvão que fez a dúvida crescer em Igor.

“Igor, a ambulância vai sair. Temos que ir.”, afirmava Eliza segurando-o.

Por um momento Igor refletia melhor com a intervenção de Eliza, sentia que perdia tempo ali e que Robson Neto era muito mais importante, queria acompanhá-lo. Logo Eliza e Igor saíram do saguão para fora rapidamente continuando sua correria até o enfermo, mas enquanto saía, Igor lançava um olhar estranho e mortífero para Cristóvão que o deixou exasperado, era desconcertante para ele logo com um desconhecido.

“Senhor, senhor, espere!”, dizia a recepcionista dando sinais para Cristóvão que se virava. “Dona Lourdes quer vê-lo agora”, revelou ela confusa com toda situação.

“Certo então. “, expressou Cristóvão com um enigmático sorriso no rosto se virando para frente da recepcionista.

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Enquanto isso perto do estacionamento da Casa de Repouso, doutor Humberto dentro do automóvel junto de alguns enfermeiros colocando o corpo acamado de Robson adentrando a ambulância, logo podia-se ver Igor e Eliza correndo suados até eles, Humberto com certeza sabia o que queriam.

“Eu quero ir!”, gritou Igor resfolegando.

“Tem certeza? Está no seu horário de trabalho!”, Perguntou Humberto atarefado dando certa atenção.

“Sim, sou o cuidador responsável por ele no momento”, disse Igor tocando no automóvel e entre olhando Eliza que aproximava.

“Vai, eu fico aqui.”, Incentivou Eliza se conformando.

“Certo, entra!”, mandou Humberto urgentemente.

Então Humberto e Igor seguem para o hospital mais próximo junto de Robson, era um pequeno caminho até Hospital Municipal. A Casa não estava próxima de um hospital à toa. Após chegarem, urgentemente levaram Robson acamado para dentro, onde um quarto já havia sido reservado. Igor e um assistente de Humberto ficaram na espera de respostas sobre o tratamento médico que Robson recebera. Quase mais de uma hora, Humberto chega para dar notícias, Igor estava mais calmo, mas atônito por dentro, pois logo chegara Ângelo, filho de Robson, atrasado.

“Como tá meu pai?”, suplicava Ângelo ofegante para Humberto.

Igor queria falar algumas coisas para Ângelo, mas sentiu que não era hora para aborrecer a família, era o único parente de Robson na ocasião, e lembrara do sermão de Eliza. Pôs-se a analisá-lo e julgá-lo apenas, de modo irascível.

“Seu Robson teve sorte de ser apenas um AVC isquêmico, não hemorrágico.”, dizia Humberto olhando para os dois lado a lado, mas Ângelo nem percebia a presença de Igor. “Foi medicado com alguns trombolíticos, resta esperar, vai ficar de sob observação clínica por alguns dias para termos certeza que não haverá sequelas. “, contou o médico visivelmente cansado.

“Graças a Deus!”, disseram os dois em uníssono fazendo um momento esquisito entre dois se olhando. “E a você também doutor Humberto! “, agradeceu Igor a Humberto com um sorriso.

“De nada.”, falou Humberto com um sorriso recíproco constrangendo Igor.

“Bom, tenho que voltar pro meu trabalho, volto de noite aqui para vê-lo.”, avisou Ângelo saindo do corredor de espera.

Humberto também se foi, ficaria o resto do dia no hospital observando Robson, mas Igor queria aguardar no local por uma hora no mínimo afim de poder vê-lo. Porém, duas coisas não lhe saía da cabeça: a primeira era sobre o filho de Robson, Ângelo. O breve momento de convivência entre os dois, fez Igor constatar que não era um filho ruim, mas imperava uma dúvida de porquê ele não poder acabar o trabalho aquele dia com o pai doente. E o segundo e mais importante: Cristóvão, que lhe era desconhecido ainda, e causou grande balbúrdia na mente de Igor em dois momentos mortais de pessoas que ele se afeiçoou. Com certeza algo que ele iria lutar para entender.

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“Então é aqui que você vive?”, indagava Cristóvão pulando a bunda no colchão. “É bem aconchegante, dona Hilda”, suspirou ele parando e observando a macróbia.

“Me chame de vovó”, disse ela totalmente entredito com seu neto.

“Tudo bem, vovó.”, falou Cristóvão indo para janela aberta para observar a paisagem.

Cristóvão fizera sua tão famigerada visita a sua vó, Hilda, esta que se mostrava tão emocionada diante da visita de seu neto que mal conseguia expressar, era muito para seu pobre coração. Porém, para Cristóvão parecia mais uma viagem de turismo a algum lugar exótico e inexplorado. Não se sabia suas verdadeiras intenções, Talvez ele próprio soubesse.

“Eu tô-tô muito feliz com sua visita, Cristóvão”, falava Hilda com dificuldade indo até o neto.

“Ah, vó! Só agora pude fazer uma agora, muito estudo!”, mentia o garoto descaradamente.

Cristóvão percebeu que aquela velha mulher de camisola, chinelas com uma Bengala, de cabelos grisalhos em vários tons de cinza até o preto, quebradiços e desarrumados de pele flácida e enrugada queria abraçá-lo, primariamente teve receio, não era do seu feitio receber e dar afeto, e de forma tão singela, também não podia deixar transparecer ser um neto indiferente, pois assim ainda que atordoado com toque e calor de sua vó, sentia primeiramente um certo carinho, deixando-o atordoado e imóvel.

“Eu realmente não consigo expressar minha felicidade com você aqui, senti muito sua falta e da sua mãe, faz mais de um ano que não os vejo, estava tão solitária até a chegada de Igor e sua”, sussurrou a velhinha no ouvido de Cristóvão.

“Igor?”, foi só o que Cristóvão perguntou ao ouvir aquilo que parecia deixá-lo intrigado.

Hilda apenas se desvencilhou de seu neto, andando vagarosamente com sua bengala até sua cama.

“Sim, meu enfermeiro, ele é um anjo.”, respondeu ela com a voz esmaecendo.

Algo em Cristóvão fez o refletir naquele momento, não ouvira esse nome com mesmo efeito que havia sentido naquele instante, contudo, achou ser bobagem da sua cabeça. Começou a revirar o quarto de sua vó para espairecer enquanto sua vó falava, abria armários, pegava coisas e botava fora do lugar.

“Acho que a última vez que te vi, você tinha 17 para 18 anos, estava do mesmo jeito que hoje, muito lacônico, mas tão voraz quando algo lhe apetecia.”, relembrava Hilda sentada em sua cama. “Sua mãe também sempre tão obstinada e perspicaz, não parecia ver suas virtudes, como vejo hoje. Sinto tanta falta da minha filha, como ela está?”, pedia ela encarecidamente.

“Ah! O de sempre. Sempre no trabalho, sempre cuidando da sua própria vida, sempre Lorenando.”, dizia Cristóvão em seu desdém.

Viu até sua vó sorrir com sua resposta proferida, seu sorriso velho e artificial de dentadura balançava-o, era sincero e continha uma triste alegria, e por um momento se sentiu bem assim. Aproximou-se da cama, e reparou na santinha de sua vó ao lado do abajur, onde pegou em sua faminta curiosidade, percebendo cada detalhe.

“Bonita, né?”, indagou Hilda percebendo sua docilidade ainda presente.

“Sim, gosto de arte sacra”, comentou Cristóvão olhando aquela estátua de argila.

“Foi sua mãe que me deu”, comentou inocentemente Hilda.

Cristóvão estranhou a resposta de sua vó, pois Lorena não a visitava, e se importava mais consigo mesma que o filho.

“Como assim?”, questionou Cristóvão absorto em sua surpresa.

“Quer dizer...”, iniciou Hilda repensando demoradamente. “Igor que trouxe à mando de Lorena pra mim.”, explicava Hilda pondo o dedo na boca ainda pensando, contando o que acreditara.

“Igor!?”, repetiu Cristóvão ainda mais surpreso.

“Sim, ele que sempre que dava notícias de Lorena, que estava trabalhando muito, que viajava com você”, revelava provecta não entendendo a gravidade da informação.

Uma coisa era certas dentre os pensamentos de Cristóvão, Igor de certo, era muito interessante e estava mentindo e enganado sua pobre vózinha. A pergunta que martelava em sua cabeça era simples e universal: “Por quê? “, a princípio os dois personagens dessa história teriam coisas para descobrir sobre outro mesmo não se conhecendo. Para Cristóvão, ainda surpreso com a vó, mal sabia que o futuro mais do que aproximava os três.

“Dona Hilda!”, anunciava Igor adentrando aquele quarto e paralisando com o que via.

“Igor!”, disse Hilda contente tentando se levantar dificilmente.

“Igor!?”, suspirou Cristóvão estático olhando para aquele enfermeiro.

“Esse é o Igor, meu enfermeiro e anjo”, falava Hilda à passos trôpegos. “Igor, quero que conheça meu neto!”, apresentava Hilda tentava se aproximar.

O local então concentrava um tenso clima entre os dois, algo que estava abalando cada um deles, processando informações desconcertantes mediante Hilda.

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Comentários

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Odeio comentar apenas uma palavra em forma onomatopeica, mas, vish!

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Li todos hoje e amei. Esse tom sombrio e desleixado de Cristóvão eh realmente muito interessante

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