Cap.2
- Ainda fascinado pelo garoto ? - minha amiga perguntou, tocando o meu ombro.
- Bastante - ela sorriu.
- Que milagre, você nunca sente atração por ninguém. Mas não esqueça o que eu te disse, tenha cuidado, esse garoto é muito estranho e fechado.
- Não sei porquê, mas não vejo essas estranhezas que vocês veem. Pra mim, tem um motivo para ele ser assim tão fechado. Só nos resta saber qual é.
- Boa sorte - falou ela, enquanto andávamos em direção a nossa sala.
HORAS DEPOIS
É, ele realmente é avassalador. Eu não conseguia parar de pensar nele em nenhum momento durante a aula. O momento em que eu o segurei no ônibus, o seu olhar enquanto eu media seu pulso no ônibus, ele era extremamente encantador. O sinal tocou. A primeira coisa que eu fiz ao sair da sala foi procura-lo. Nem tive muita dificuldade, o vi entrar na Biblioteca logo quando sai da sala. Fui ao refeitório, peguei minha comida e caminhei até a biblioteca. Ao entrar ela estava bem vazia. Apenas eu e ele. Sorri, pois como sempre ele estava encantador. Sua pele estava um pouco mais realçada aquela manhã. Ele comia a comida, e lia um livro. "Ele deve ser tão inteligente !" . "Como ele é lindo !" . "Porquê será que ele é tão fechado ?" . Peguei um livro qualquer e fiquei fingido que estava lendo, mas na verdade eu apenas estava o olhando. Comecei a comer, prestando atenção nele. Prestava atenção em cada movimento seu, e como era singelo cada movimento seu. Num momento, ele decidiu trocar o livro. Colocou o que estava lendo no lugar e começou a tentar pegar um dos livros que mais longe estavam. Mas ele não alcançava. Se esticou... Se esticou mais um pouco... Tava vendo a hora de ele cair dali.
- Quer ajuda ? - perguntei, me aproximando. Ao me ver, pareceu que ele tremeu na base. Só deu tempo de eu correr, e como da outra vez o segurar. Porém desta vez ele estava completamente consciente - Você vive caindo por aí ? - abriu os olhos, e ao me ver seu rosto corou por completo. O ajeitei no chão. Subi as escadas, e por ser um pouco mais alto que ele alcancei o livro - pega...
- A... Arigatou, Gustavo-San - de cabeça baixa e um pouco afastado de mim ele pegou o livro. Sentou-se novamente e continuou a ler. Observei-o por alguns segundos - quer sentar-se aqui ?
- Ãn ?
- Você está aí em pé... Quer sentar-se aqui ?
- Não..- ele então voltou a ler o livro - não se incomodaria ? - ele apenas mexeu a cabeça, negando. Então fui até a mesa aonde estava e peguei a bandeja. Caminhei, e sentei-me a sua frente na mesa. Comia, olhava para ele. Bebia o suco, olhava para ele. Coçava a cabeça. Por algum motivo eu ficava extremamente sem ação e iniciativa na frente dele.
- Gosta de livros de ficção ? - perguntei vendo o livro que ele lia.
- Gosto. São os que eu mais leio - falou, terminando o suco - e você, gosta de algum ?
- Gosto... Eu... - na verdade eu menti, já que na verdade eu só ia até ali para vê-lo - gosto muito desses - ele sorriu, vendo eu me enrolar.
- Entendi - esse foi o primeiro momento em que vi ele olhar para mim. De livre e espontânea vontade.
NO DIA SEGUINTE
Tudo voltou ao normal, voltamos para casa depois do acontecido. No dia seguinte o Sol brilhava intensamente em Tokyo. Creio que a temperatura se aproximou dos 30 graus. Fiz as mesmas coisas que costumava fazer toda manhã. Quando cheguei ao ponto, lá estava ele. Sentado , vendo o horizonte, com a forte luz solar batendo em seu rosto. Lindo como sempre. Normalmente eu preferia ficar olhando o de longe. Mas decidi fazer diferente naquele dia. Caminhei, e sentei-me ao seu lado no ponto
- Ohayou.
- Ohayou - ficamos em silêncio. Eu olhava para ele, para o horizonte, para a rua. Meu coração como sempre batia forte. Só de ficar perto dele eu ficava nervoso. Fechei os olhos por alguns segundos, buscando aliviar o sono, quando de repente algo bate em meu ombro. Era ele, dormindo
Continua
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