Bom.
Nem preciso dizer que eu chorei igual uma criancinha né? Chorei de raiva. Eu não havia feito nada de errado poxa! Por que Théo insistia nesse ciúmes bobo? Por que? Por que ele simplesmente não aceitava que eu amava ele e não o abandonaria por nada?
Não voltei para o trabalho nesse dia. Depois eu inventava uma desculpa para o meu chefe... Ele entenderia.
Fiquei ali onde eu estava até o fim do entardecer. Aquele local sagrado me acalmava. Nada ali parecia que pudesse me afetar. Era tranquilizante para mim estar ali.
Saindo dali, fui para um barzinho qualquer da cidade. Numa quarta a noite, naquela hora, não havia ninguém no bar em que eu estava. Sentei no balcão e pedi uma pinga e uma cerveja.
Sim. Eu estava bebendo.
Pinga. Pinga. Duas pingas. Mais uma pinga. Cerveja. Pinga. Tequila. Whisky. Pinga.
Eu fiquei muito tonto. A única coisa que eu pensava era no Théo. Só nele. Eu fiquei reprocessando tudo o que havia ocorrido procurando um erro na minha mente. Não encontrei nada.
Tonto, muito tonto, paguei a conta do bar. Não saí de carro. Pedi para o garçom pedir um taxi para mim. Enquanto o taxi chegava, eu ficava pensando para onde eu ia. Eu pensei em ir para a casa do Théo, mas desisti da ideia.
Fui para minha casa. E nesse momento eu tive uma surpresa. Cheguei em casa e assim que eu entrei, Théo estava dormindo no sofá.
- Fer! Onde você tava? Você ta bêbado? – Ele perguntou preocupado.
- O que você ta fazendo aqui? – Perguntei, bêbado.
- Eu vim conversar com você! Mas você não estava aqui...
- Por que, Théo? Por que você não acredita em mim?
- E quem disse que eu não acredito em você? –
- Sua ações – Théo ficou em silencio. Olhando assim parecia uma conversa normal. Mas eu devia demorar uns 40 minutos para formular uma sentença plausível. Depois dessa última, Théo me abraçou e me levou para cama.
Dormimos juntos, mas não transamos. Acordei no outro dia morto de ressaca. Théo já havia acordado. Escutei barulho na cozinha e desci para ver o que era.
SURPRESA! Era o Théo.
- De ressaca? – Ele me perguntou.
- Quero água – Ele logo me serviu um copo de água gelado. Bebi ele todo. Depois Théo me forçou a tomar café. Um copo de café. Segundo ele, café ajudava na ressaca.
Ele também tinha feito um misto quente. Comi tudo o que ele me servia e no fim, eu estava muito melhor realmente. Tomei um banho (sozinho). Saí só de toalha, Théo estava na minha cama, me esperando.
- Esta melhor, meu amor?
- Estou. Tenho que ir trabalhar – Falei.
- Não precisa. Liguei para o seu chefe e falei que você estava doente. Muito resfriado. Ele te deu o resto da semana de folga. Disse que você já tinha feito muito em muito pouco tempo e que esse descanço era merecido – Olhei para o Théo sem saber o que dizer.
- E você? – Ele respirou fundo.
- Vou ficar bem, acredite em mim...
Ficamos o resto da manhã jogando vídeo-game. Mesmo de ressaca forte, eu conseguia rir da gente jogando. Estava tudo tão calmo, tão tranquilo, tão em paz...
Para o almoço pedimos comida. Almoçamos e ficamos o resto da tarde vendo filmes, jogando, brincando, fazendo nada...
De noite, ele foi embora. Antes de ir embora, Théo falou:
- Fer, eu te amo. Eu sei que você me ama... Então... Eu prometo nunca mais ficar com esse ciúmes bobo... Ontem na hora que eu não sabia onde você estava, foram os piores momentos da minha vida... Tudo o que eu queria era você comigo... Eu prometo nunca te deixar meu amor. Prometo.
Não falei nada só abracei ele. Demos um longo abraço. Ele me beijou antes de sair.
Dormi igual um anjo.
Acordei no outro dia bem cedo. Dei uma corrida, tomei um banho, comi um pão de queijo na padaria e fui para o trabalho. EU ganhei muita moral pelo meu trabalho que havia feito.
Minha situação ficou bem tranquila até o fim do ano. Eu e o Théo não brigávamos a um bom tempo. Tudo estava bem. Mas sabe a quela sensação inexplicável de que algo está errado? Então... Aquilo pairava sobre minha mente.
[SPOILLER ALERT] Eu estava certo.
Foi na primeira semana de férias. Eu estava saindo do serviço quando recebi um telefonema.
- Alô, quem fala?
- Nando! Blz? Aqui é o Nick! – Levei um susto
- Nick? Ué, trocou de número?
- Troquei. Roubaram meu celular semana passada...
- Nossa, você ta bem?
- Estou sim. Só roubaram meu celular só. Itajubá ta um perigo de noite...
- Todo lugar está!
- É verdade. Nando, esse final de semana eu vou a Varginha. Lembra da minha tia? Acho que você não conheceu ela, mas é aniversário dela. Você e o Théo querem ir? Eu não curto muito e minha famíia... – Pensei um instante.
- Podemos sim! Me manda whats, a gente combina!
- Beleza! Até mais Nando! Deixa eu ir... Prova do Macaquinho agora... – Eu ri.
- Vai lá! Abração!
Desliguei o telefone. Encontrei o Théo no açaí, após o expediente. Comemos ali mesmo e fomos para a aula. Eu pensava em um jeito de contar para o Théo que nós saíriamos com o Nick...
- Ãn.. Amor? – Ele mexia no celular.
- Oi meu bem...
- Só avisando... O Nick vem esse final de semana para Varginha – Théo me olhou e suspirou.
- Como você sabe?
- Ele me ligou hoje. É aniversário da tia dele...
- Ele te ligou!? – Percebi uma irritação na voz do Théo.
- Sim. E chamou a gente para ir no aniversário da tia dele. Ele não gosta da família dele...
- É claro que você negou né? – Théo perguntou. Não respondi. Só respirei fundo.
- Na verdade... Eu falei que a gente ia...
Leitores. Se eu fosse narrar toda a briga que a gente teve, eu levaria uns 10 capítulos... Sério... Foi feia a coisa... Théo gritava de um lado, eu gritava de outro. No fim, quando eu estacionei o carro, Théo saiu batendo a porta.
Eu nem queria assistir aula mais, saí e fui embora. Fui para casa.
Deitei na minha cama e chorei novamente. Chorei muito. Chorei tanto que por fim, caí no sono sem ao menos perceber...
