Cap.13
Assim que ela fez essa pergunta, eu o olhei. Ele fazia apenas uma cara de atônito, sem saber o que falar depois de ouvir tal história.
- Não mamãe - respondi, com a maior sinceridade do mundo
- Nenhumazinha ?
- Não. Não vejo nada de atrativo nessas garotas.
- Que estranho. Eu as acho muito bonitas... Deve pensar nisso Antônio, uma moça para casar. Afinal você não quer ficar eternamente sozinho neste mundo, sem nem ter alguém para acudir-lhe nas horas de necessidade - qual seria a relação dela se soubesse do que tem acontecido. Provavelmente me mandaria para o hospício, acusando-me de loucura.
TEMPO DEPOIS
- É Sério aquilo que você falou ?
- O que ?
- Que não almeja ninguém dentro desse monte de meninas.
- Eu almejo uma pessoa apenas - imediatamente ele ficou tristonho, de cortar o coração.
- Quem ?
- Você seu francês ciumento... - ele sorriu novamente.
- Eu ?
- É.
- Mas eu não sou menina...
- Não importa. É você quem eu almejo - falei, beijando sua boca - teria coragem de me acompanhar até o Rio.
- Que Rio ?
- O Rio de Janeiro, capital do país.
- Para que você quer ir lá... ?
- Apenas para andar e pensar na vida, já que estou passando por um momento diferente na vida.
- Apenas ?
- Sim. E eu quero que você vá comigo - ele sorriu ao ouvir isso.
- Tudo bem. Eu vou com você. Mas quem mais além de nós vai ?
- Só nós dois. É só eu pedir para minha mãe mandar um telegrama avisando minha tia que mora lá, que estaremos viajando para lá.
- Uma viagem romântica é ?
- Eu sinto que se ficar aqui, sofrerei muita pressão. Então é melhor ir. Além disso lá teremos um pouco mais de liberdade.
- Em que ?
- Ah, em muitas coisas. Por exemplo... Por sermos visitas e homens poderemos dormir no mesmo quarto. Poderemos ir a praia sozinhos.
- Que bacana. E então ? Quando poderemos ir ?
- Eu só preciso conversar com a minha mãe.
DIAS DEPOIS
Sim, passei alguns dias até pedir. Normalmente ela aceitava facilmente porém agora tinha o Maurice, e eu não sei o que ela diria sobre ele ir junto nesa viagem.
- Mamãe ?
- Oi Filho...
- Podemos conversar ?
- Claro, o que houve ?
- Nada. É que eu gostaria de perguntar se a senhora deixa eu ir ao Rio.
- Claro que deixo, porquê não ?
- É que... Eu gostaria que o Maurice fosse comigo.
- Ah... - ela fechou a cara ao ouvir isso - o que ele acha disso ?
- Ele gostaria de ir.
- Então. Vão... Vai ser bem legal, eu tenho certeza que se divertirão. Mas tomem cuidado, como sempre. Mandarei hoje o telegrama a sua tia.
- Que maravilha ! - voltei para o quarto explodindo de Felicidade, pois ela havia autorizado que nos dois fôssemos juntos ao Rio. E iria ser incrível, eu tinha certeza.
DIAS DEPOIS
Como sempre, naquela época, a viagem aconteceria através de um trem. O veículo sobre trilhos nos levaria até a Cidade Maravilhosa. Eu e ele arrumamos as nossas bagagens, sempre aos risos.
- Você vai levar esta camisa ?
- Sim, é minha camisa de praia.
- Eu não tenho uma camisa de praia - falou, fazendo uma cara triste para em seguida animar-se novamente.
- Compraremos uma para você.
- OK - terminamos de arrumar tudo, e logo pudemos ir.
HORAS DEPOIS
O trem estava prestes a partir.
- Tchau mamãe. Até a Volta - falei, a abraçando.
- Tomem cuidado por lá, OK ?
- Pode deixar Dona Cristina. Nos cuidaremos muito por lá.
- Assim espero - falou, vendo nós dois entrarmos no trem. Logo soou o barulho avisando que o trem partiria. E estávamos a caminho do Rio de Janeiro.
HORAS DEPOIS
Algum tempo depois, a cidade do Rio chegou. Durante a viagem, eu e ele rimos bastante vendo a paisagem mineira, enquanto não chegavamos até a capital do Brasil. Quando ela chegou, nos aliviamos.
- Olá titia ! - corri para abraça-la pois já estava morto de saudades depois de tanto tempo longe.
- Antônio ! - ela também me abraçou forte - você está bem maior meu filho !
- Sério ?
- Sim. E muito mais bonito também - Maurice se aproximou de nós, com a mesma impotência que sempre demonstrava ter quando conhecia alguém.
- Esse é o Maurice, amigo meu que nos acompanha.
- Sim, sua mãe me falou. Ele é francês, é verdade ? - ele falou algo em francês, não pude entender. Durante alguns segundos conversaram algo no idioma, me deixando confuso. Após isso riram.
- O que estão falando ?
- Nada demais. Vamos ?
- Vamos...
TEMPO DEPOIS
Chegamos na casa, que continuava do mesmo jeito ano após ano. Eu e ele iríamos ficar no mesmo quarto.
- A gente pode ir na praia mais tarde garotos - falou minha tia, colocando um bolo de Milho sobre a mesa - fiz lembrando de você Antônio.
- Que bom tia, já venho comer - fui até o quarto. Quando abri a porta, percebi que ele continuava da mesma forma. Já havia ido tantas vezes ao quarto que sabia direitinho como ele era.
- Você me arrastou mesmo para cá ? - perguntou, entrando no quarto atrás de mim.
- Porquê, você não queria vir ?
- Claro que queria. Mas se outra pessoa pedisse, eu não viria. Vim muito mais por sua causa. Isso me fez querer - falou, me fazendo sorrir.
- Quem ouve pensa que sou muito importante para você.
- E você é. Muito importante ! - falou, me abraçando. Algo dizia que essa passagem pelo Rio iria ser especial.
Continua
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