Folhas Secas
Capítulo 14 (Penúltimo) — A Folha Caída.
Semana Santa
Desde do acontecido, Igor não sabia o que fazer, apenas pegou suas coisas e saiu como tivesse sido escorraçado da Casa de Repouso de São Leopoldo. Queria falar com Hilda mais uma vez, mas não tinha como falar não sendo familiar e não trabalhando mais lá. Então ele foi para sua casa. Pâmela tinha marcado de sair junto com ele com Ivan, mas Igor negou veementemente, pois teria trabalho até o fim de semana. Foi entre esses pensamentos e fatos em sua casa que ele tomou uma decisão radical. Discou um número no celular e ligou.
"Oi, Vanessa", falava Igor com a voz fina e cabisbaixa.
"Oi Igor, que bom falar com você", dizia Vanessa "Vou até achar as crianças para falarem com você desta vez", avisava ela de antemão.
"Não, não, não vai ser necessário", respondia Igor antecipando.
"Por quê?", indagava Vanessa do outro lado.
"Vanessa, eu vou contar tudo quando chegar aí, só avise que estou voltando logo", falava Igor triste.
"Igor, o que houve? Tô sentindo você estranho. Então vai ser definitivo?", disse Vanessa preocupada.
"Acho que sim... Só por isso liguei, desculpa, mas vou ter que desligar agora. Até!", despediu-se calmamente.
"Até Igor. E Deus te ajude!", desejou Vanessa.
Igor então decidiu ir embora, de volta aos seu amigos, sua família. Mas Cristóvão ressoava em sua mente e em seu coração, negando tudo. Ele desejava no fundo estar com Cristóvão, mas não era certo para ele, não naquele momento onde recebeu exatamente uma ligação de Cristóvão.
"Desculpa Cristóvão..." sussurrou ele a si mesmo.
E Igor largou o celular com a ligação de Cristóvão tocando no silencioso.
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Era de noite, Lorena chegara em casa para o jantar Cristóvão. Cristóvão parecia um tanto de lua, pensava em várias coisas, como a falta de resposta de Igor. Lorena estava lacônica desde que chegou, foi quando estava arrumando as mesas com louças e talhares, que Cristóvão apareceu descendendo as escadas para o inóspito momento.
“Comida chinesa de novo?”, indagou Cristóvão percebendo a compra.
“Lógico. Adoro comida chinesa, é daquele restaurante do centro. Muito bom.”, falava Lorena colocando um garfo no prato finalizando. “Pronto!”
Cristóvão não fazia questão de analisar sua mãe, apesar de lacônica, mostrava-se incrivelmente normal para ele, até na hora que iniciaram comer com um frango xadrez e yakisoba. O que era mais estranho para Cristóvão nessas situações era o fato de sua mãe preferir comer na mesa da sala, uma mesa enorme para duas pessoas, cada um na ponta distante do outro. Lorena quando falava sobre banalidades do shopping, parecia esperar o momento certo para tocar no assunto do curso de Cristóvão. Enquanto este sempre calado diante das coisas da mãe, mal mexia na comida. Por dentro ele encontrava coragem para iniciar a conversa que seria um tanto problemática.
“Eu não sei o que aqueles rolêzeiros vão fazer tanto no shopping, não compram nada, ficam lá como se fosse ponto turístico, deve roubar com certeza”, dizia Lorena mexendo em seu macarrão.
“Mãe!”, chamou Cristóvão do outro lado da mesa.
“O que é Cristóvão?”, respondeu Lorena olhando para o filho.
“Tem uma coisa que quero falar com você”, iniciou o garoto tentando encontrar as palavras que recebeu um olhar para dizer logo. “Por que a vó tá no Asilo? Ela não poderia ficar aqui com nós?”, perguntou Cristóvão para surpresa de Lorena.
Lorena bebia um copo de água da sua taça porque tinha se engasgado com a pergunta repentina, tocava em seu peito e assustada com o filho.
“Como assim Cristóvão?”, expressou ela atônita. “Sabe que eu não tenho tempo para cuidar de uma pessoa velha e doente, como minha mãe. Muito menos você vai perder tempo com isso e por acaso você teria alguma capacidade para isso? Não né”, contava ela bebendo mais água. “Além que seria mais gastos aqui, por favor, né? ”, argumentava ela para frustração de Cristóvão.
“Então por que não a visita lá na casa de repouso?”, indagou Cristóvão aumentando tom de voz e colocando as mãos na mesa. “Eu a tenho visitado todos esses dias na casa, e vi como ela se sentia mal por não ter visitas todo esse tempo, ela é muito boa.”, falava Cristóvão olhando fixamente para a mãe.
Lorena estava estupefata com o que Cristóvão contará, era demais para ela. Se sentiu enganada pelo filho, mais que as mentiras sobre seu curso.
“Como assim, Cristóvão!?”, esbravejou ela levantando da cadeira. “É por isso que tá fugindo e faltando do seu cursinho? Para ir no Asilo!?”, falava ela indignada gesticulando.
“E qual o problema? Pelo menos estou sendo mais solidário com minha vó!”, replicou ele com furor nos olhos.
“Sabe muito bem que não tenho tempo para ir fazer uma visita. Você concordou que se quisesse ir, teria que me dizer para marcamos e irmos juntos!”, apontava ela enfurecida.
“Ah por favor, Lorena. Aquilo era praticamente um não, você nunca marcaria!”, esbravejou Cristóvão levantando os braços.
“Eu não acredito, eu não acredito nisso. Você não acredita na sua própria mãe!”, escandalizou Lorena.
Era uma discussão tensa entre mãe e filho. Ambos botando tudo para fora como antes nunca fora. Lorena se sentia decepcionada com Cristóvão. E Cristóvão com raiva com a falta de altruísmo da mãe.
“Sabe o que foi o melhor disso tudo? Acabei conhecendo uma vó maravilhosa, muito melhor que uma mãe como você. Além de ter conhecido o Igor, aquele amigo que você conheceu aqui. Sabe ele? Ele é enfermeiro da sua mãe lá, e estamos juntos!”, revelou o garoto atônito.
Era muito para cabeça de Lorena, que estava atordoada. Estava brava e triste pelo o que filho dissera, fora a revelação do filho estar com Igor. Ficou paralisada ali vendo Cristóvão olhando fulminantemente.
“Juntos como?”, sussurrou ela estática.
“Juntos. Como namorados!”, esbravejou Cristóvão de uma vez.
E Lorena ficou de cabelo em pé com tal declaração do filho, ainda não conseguia processar tudo. Parecia que a verdade estava dando uma surra em sua cara.
“Meu filho é gay, meu filho é gay, meu filho é gay”, murmurava Lorena atônita como um mantra caindo sentada da cadeira, não piscava.
“Não importa o que eu seja, pra mim acabou essa palhaçada.”, disse Cristóvão saindo da mesa, quase que subindo as escadas.
Lorena chocada ainda com tanta informação, a decepção não era exatamente por saber que Cristóvão estava com um homem, e sim por não saber tantas coisas sobre o filho. Então percebendo a saída de filho. Subitamente foi atrás dele, perto da escada o viu e reiniciou.
“Cristóvão venha aqui! Esse jantar ainda não acabou!”, disse ela drasticamente gesticulando fazendo Cristóvão parar de subir e olhar fixo para ela. “Tem que me contar essas coisas direito!”
“Pra quê? Para ver você fazendo papel de mãe, Lorena?, indagou ele indignado.
“Me respeita, eu sou sua mãe!”, gritou ela nervosa de tão furiosa.
“Mãe? Que só liga para o filho quando convém? Que se importa mais com roupa de grife do quem realmente saber quem eu sou ou o do que gosto ou como realmente estou? Eu não tenho que me ficar prestando o papel de ver você todo dia falando de coisas só sobre você tentando ser mãe para uma sociedade que está se fodendo para você!”, falava o garoto insensivelmente magoando Lorena.
“CRISTÓVÃO!”, gritou Lorena ofendida.
“Agora entendo porque meu pai fugiu de você! “, disse ele por fim subindo as escadas e se trancando no quarto.
Depois disso, Lorena nada disse ou gritou. Tudo o que o filho dissera cortou seu coração, não conseguia entender o filho. Nem conseguia mais manter a paz entre eles, talvez repensasse em toda crítica que fez, mas estava triste e magoada demais, apenas deixou ele ir. E esteve a lamentar o ocorrido, foi quando percebeu que não tinha mais ninguém para quem contar o que houve e ajudar.
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Lorena então pegou uma taça e um vinho em mão e seguiu rumo à casa do vizinho, que ela conhecera faz alguns dias.
“Sabe, eu tento ser uma boa mãe, dou tudo o que ele quer, nunca faltou nada. Sabe que trabalho muito pra isso e ainda me esforço pra tá lá com ele, presente. E ele me fala coisas com essa. Mãe sofre mesmo”, dizia Lorena colocando vinho numa taça e colocando para Ângelo na mesa enquanto enfiava a garrafa goela à baixo.
“Seu filho é meio estranho, ontem quase brigou comigo no meio da rua” falava Ângelo se atenuando ao assunto de Lorena.
“Minha mãe, que nunca foi mãe pra dizer a verdade, com certeza enfiou coisas na cabeça dele contra mim, enfim, eu sempre tentei ser uma mãe compreensiva e amorosa sabe? Mas hoje descubro que meu Cristóvão faltava às aulas do curso para visitar minha mãe no Asilo e ainda namorava o enfermeiro dela, você pode imaginar como é ruim para uma mãe ter um filho que não conta nada?”, falava Lorena sem ao menos ouvir Ângelo enquanto tomava outro goela na boca da garrafa.
“Talvez você devesse falar menos de si mesma e perguntar mais sobre seu filho”, comentou Ângelo indelicadamente.
Lorena o olhou abismada com o que Ângelo proferiu e em seu acesso de fúria olhou violentamente para Ângelo que ficou sem entender e jogou a garrafa de vinho com tudo na parede atrás dele quase o acertando, espatifando a garrafa em mil pedaços de vidro para susto de Ângelo.
“Que isso, você é louca?”, expresso Ângelo levantando do sofá abismado.
“Vamos transar!”, disse Lorena com a voz sexy e pulando em cima de Ângelo.
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“Merda, cadê você?”, dizia Cristóvão desesperado com o celular na mão tentando ligar para Igor.
O garoto estava se sentindo mal pelas coisas que disse sem pensar para mãe, em seu quarto, não pensava em se desculpar, apesar de terem um fundo de verdade. Cristóvão queria conversar com Igor antes, queria estar com ele, sentia sua falta. Sem notícias do enfermeiro o dia todo, ficou a esperar deitado em sua cama pensando em como estava sendo sua vida. Minutos assim, foi quando recebeu uma estranha mensagem de Igor no celular.
Mensagem de Igor
Temos que conversar, poderíamos nos encontrar no cemitério novamente em 30 minutos?
Cristóvão respondeu
Posso. Mas por quê?
Igor não respondeu a mensagem de Cristóvão. O que deixou o garoto intrigado, pois Igor deveria ter visto suas ligações e não ter atendido. Também por não querer encontrá-lo em casa. Na sua cabeça essas perguntas o atormentavam, mas para ele, era certo que iria encontrar com Igor.
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Foi assim, em menos de meia hora, Cristóvão via Igor naquele local que tiveram uma conversa, mas acompanhados da noite e com imenso luar, talvez fosse assustador um cemitério à noite, mas o clima que se faria presente entre os dois não seria nada assustador, nem diabólico ou perto disso. Seria uma conversa franca após tantas reviravoltas. Igor com certeza estava receoso com as reações que Cristóvão poderia ter, e Cristóvão ainda mais intrigado com o enfermeiro que se apaixonara.
“Então estou aqui”, dizia Cristóvão avisando de sua chegada.
“Bom...”, suspirava Igor.
Entre túmulos e campos anegrados pela noite sob uma luz lunar, Igor se mostrava com uma expressão confrangida diante de Cristóvão que apenas estava curioso e desejava abraçá-lo, mas não parecia uma situação favorável, apenas pôs suas mãos nos seus bolsos do casaco. A noite de fazia gélida.
“Tenho que te contar o que aconteceu comigo hoje, Cristóvão”, disse Igor olhando profundamente em seus olhos.
“É o que eu estou esperando o dia todo, né”, comentou Cristóvão temeroso com Igor.
Igor olhou para os lados, para baixo, para cima e para os olhos de Cristóvão que pareciam reluzir em suas intenções, seria o momento de hesitar, mas foi sem titubear.
“Cristóvão, descobriram tudo sobre mim na casa de repouso e fui demitido”, contou se sentindo mais aliviado.
“Como descobriram? O que aconteceu?”, imediatamente Cristóvão indagou surpreso.
Para infortúnio de ambos, tudo poderia piorar. Cristóvão não esperava por isso e ainda sob dúvidas crescentes e Igor por não saber como lidar já lidando.
“Cristóvão, eu fui chantageado e quase assediado por um doutor de lá, que soube de tudo por minha amiga enfermeira, eu nem sei mais como lidar com ela...”, cochichava Igor pensativo. “Não tive como me defender, era um médico de anos de trabalho e acabou que Lourdes acreditou nele”, disse por fim examinando Cristóvão.
“Quem é esse doutor desgraçado?”, exigiu Cristóvão elevando a voz. “Diga! Eu vou lá nesse asilo demonstrar que você não fez nada de errado, eu sou parente de um morador de lá, vão ter que me ouvir”, falava o jovem exasperado.
Cristóvão se encontrava indignado e revoltado, assim como Igor estava, mas agora se encontrava só triste, pois viria algo estarrecedor.
“Cristóvão”, chamou a atenção do jovem. “Não importa quem seja, acabou.”, arfou Igor com um semblante tristonho. “Eu não vou mais trabalhar como enfermeiro lá e nem sei mais onde “, revelou por fim arquejando.
Cristóvão se viu então na real situação real de Igor. Mesmo revoltado, ainda queria fazer algo, mas uma atitude de Igor limitaria quase todos os desejos vívidos dos adolescentes.
“Igor...”, murmurou Cristóvão reflexivo. “Como assim acabou?”, indagou Cristóvão com um nó na garganta.
“Cristóvão...”, chamava Igor. “Eu não tenho mais nada aqui, vou voltar para minha cidade”, revelou por fim com os olhos evitando olhar Cristóvão.
Cristóvão não entendeu muito bem, ou talvez tivesse entendido e não queria aceitar de modo algum a decisão de Igor. Esperava que Igor o olhasse nos olhos e visse seu estado de desespero emocional, de um desastre iminente no local.
“Como assim não tem mais nada? E minha vó? E eu, Igor? E eu? Se quiser ir, tudo bem. Eu posso ir com você”, falava Cristóvão com os que olhos marejando e atormentado.
As palavras desesperadas de Cristóvão apunhalaram o coração de Igor em um limitado e silêncio choro ainda escondendo seus olhos, mas era visível aquelas lágrimas brilhantes sobre o luar caindo como toda esperança que havia nele.
“Não, não, não...”, repetia ele incessantemente.
“Como não? Você vira o meu mundo e me faz uma pessoa melhor a cada dia? Por favor, me leva com você”, suplicava Cristóvão desesperado e lacrimejando.
“Entenda Cristóvão!”, em um ímpeto segurando firme nos ombros do garoto e vendo sua expressão de dor com lágrimas incontroláveis em seu rosto, vendo olhos nos olhos o desespero do outro. “Eu não posso impedir sua vida aqui, eu não tenho como manter algo em outra cidade com você, você tem que ficar aqui, para ficar com sua vó! Ele precisa mais de você que eu!”, cada palavra que Igor dizia era um profundo corte e desabava em um choro. “Eu vou ter que ir, Cristóvão, Hilda precisa de você, eu não posso mais...”, balbuciava ele entre choros de ambos.
O estado de Cristóvão era indescritível, era o fim em sua personificação, mesmo com os pedidos de Igor, não enxergava nada além da dor que sentia, a dor de perder quem ele ama tão repentinamente assim, chorava e se revoltava.
“QUE MERDA, IGOR!”, gritou Cristóvão em um choro contínuo. “Nos amamos e você vai assim? Como se não tivéssemos nada forte um pelo o outro? PORRA IGOR”, em seu acesso de fúria xingava aos 4 ventos, esperneava, chutava e esmurrava o ar, enlouquecido.
“Me perdoe, Cris...”, balbuciava Igor vendo o estado do garoto se aproximando tentando acalmá-lo.
Cristóvão inesperadamente se afastou de Igor como se o olhasse com ojeriza em seu ímpeto de raiva e para decepção de Igor.
“Você sempre dizendo que sente a dor de ser abandonado, ajudando os outros e agora faz isso comigo? Simplesmente me abandona!”, sussurrava Cristóvão machucando Igor. “Eu não sei quem é mais você, Igor. Você é uma farsa, eu não quero mais saber disso, eu quero a...”, de olhos fechados em sua indignação em sussurros conflitantes Cristóvão em sua amargura não terminou de dizer, apenas foi se afastando.
“CRISTÓVÃO, ESPERA!”, em um grito com todo seu fôlego, Igor chamava Cristóvão.
Era tarde pra isso, Cristóvão não queria mais ver Igor, correu para longe dele. Com seus corações partidos, em suas próprias mágoas. Talvez Igor não tivesse dito tudo, mas de certo disse o suficiente. Apenas ficou sozinho naquele cemitério por minutos e minutos chorando e chorando pela dor que sentiu com a partida de Cristóvão.
Eu poderia dizer que acabou com os dois ali mesmo, no mesmo cemitério que acompanhou a história dos dois, só que a história desses dois, ia mais longe, mais longe que eu possa saber ou imaginar, e não, não é o final. Pelo menos não agora. Mas sabemos quando está próximo, e era o que Cristóvão sabia e queria. Ele correu de Igor, não queria ficar mais perto dele se fosse para sofrer, e ficar perto era toda sua ciência que viviam no mesmo tempo. Com a cabeça em uma balbúrdia sem fim e sentimentos ativados por Igor agora eram ignorados por ele. Percebeu que a casa estava vazia, sem sua mãe Lorena, e não queria saber onde ela estava. Parecia que pelo menos algo era conveniente a ele. Então apenas foi para seu quarto, trancou a porta. E sentado em sua cama pensou melhor e com mais calma.
“Igor...”, ecoava de seus suspiros.
Sua mente perturbada fazia questão de continuar com aquela ideia, o jovem voltou com suas tenebrosas assombrações, agora sem nenhum desejo de vida, agora que estava sem Igor. Portanto, ele apenas foi até o banheiro, abriu o armário com calmantes que induziam ao sono e os tomou, sem dosagem certa e queria sem dores mais. Foi o último momento que viu seus olhos vazios, já pareciam mortos antes de estar, naquele espelho. Acabou por tirar suas roupas lentamente ficando totalmente despido no banheiro, ligou a torneira de sua banheira e foi se deitando nela. Seu corpo foi sentindo a água subir como se tivesse lavando tudo, até a vida, na mais irônica cena de um bebê no líquido amniótico, o líquido fetal. Em uma alusão de como a morte e a vida eram tão próximos. Talvez fosse a melhor sensação para ocasião para o jovem e com apenas largando seu corpo à água e com a cabeça encostada na ponta da banheira onde não chegava a água, que ele adormeceu, escorregando e afundando a si mesmo na água.