Cap.16
Os primeiros dias sem ele foram... Torturantes. Eu acordava, e não via nada escrito no lado da cama. Ia ao banheiro, e não tinha ninguém para fazer caretas comigo no espelho. Na mesa, tinha que tomar café sozinho. A maravilha que foi a minha vida por alguns meses, agora tinha se tornado no pior momento possível.
- Oi filho - dizia a minha mãe, entrando na casa enquanto eu ouvia o rádio.
- Oi - nem olhei para ela, ainda estava bastante triste com tudo aquilo. Minha memória só ficava nele.
- Já almoçou ?
- Não tenho fome... - alguns segundos se passaram, e então ela veio se sentar ao meu lado.
- Pega - falou, me entregando uma carta.
- O que é isso ?
- Uma carta do Maurice. Eu não abri pois... Estava endereçada a você.
- Ah... - imediatamente meu coração se animou. Era a chance de eu me sentir melhor e animado depois de toda a tristeza que me afetou.
- Vocês criaram laços de amizade muito fortes, não é ? - perguntou ela, massageando os meus cabelos.
- É... - falei, olhando em seus olhos. Ela remexeu o olhar, de forma estranha. Mas não falou mais nada, e saiu. Assim que ela me deixou a sós, apressadamente eu corri para abrir a carta. Logo ela estava em minhas mãos.
" Eu disse que não esqueceria você ! Cheguei bem a França, mesmo com uma chuva que enfrentou o navio. Não posso dizer que Paris está em seus dias de glória. Mas as pessoas já estão reconstruindo os seus imóveis, e logo estaremos recuperados dessa maldita guerra. Quero que saiba que você não sai da minha cabeça nem um segundo, e que se eu pudesse voltaria correndo para o Brasil, apenas para ficar perto de você. Mas não posso. Infelizmente, eu não peço. Só peço que continue lembrando de mim, e que me escreva de volta. Eu te amo ! " Trecho da carta
Óbvio que receber aquela carta me animou novamente. Fez a minha fome aparecer, alegrou o meu coração, me fez crer novamente que viver sem ele pode não ser tão difícil.
"Eu também não esqueci de você. Na verdade, antes de eu receber esta carta, estava muito triste. Nem comer eu queria. Mas agora estou mais alegre, a minha disposição voltou, e a vontade de continuar está de novo em mim. Eu também queria muito que você voltasse, mas você deve continuar a obedecer a sua mãe, ela é quem garante o seu sustento. Depois, quem sabe, nós podemos nos encontrar por aí, e terminar o que foi interrompido. Eu também te amo. Muito"
E assim foi por alguns meses. Ele me escrevia, eu escrevia de volta. Ele contava as novidades de lá, eu contava as novidades daqui. Ele me mandava retratos. Eu também. E durante um bom tempo isto continuou a alimentar o amor que estava dentro de mim. E que continuava sobrevivendo a cada dia. Mesmo que de vez em quando, me batesse uma forte saudade.
FLASHBACK
Mais uma vez ele havia mandado uma fotografia sua para mim. Era linda. Ele, a frente da Torre Eiffel. Como era bonito. Como me fazia falta. Aquele sorriso, aquele corpo. A saudade tomava conta de mim. E em poucos segundos eu estava me desmanchado em lágrimas.
FIM DO FLASHBACK
Mas logo eu tratava de me recuperar, e voltava ao normal. Tudo isso perdurou por quase 1 ano, quando de repente, ele parou de escrever para mim. De repente eu não tive mais notícias suas, e nem minha mãe. De repente ele desapareceu de uma vez da minha vida.
FLASHBACK
- Ué mãe, tem certeza que você não sabe nada da sua amiga ?
- Não, ela já não me escreve a um bom tempo. Porquê ?
- Maurice parou de escrever pra mim.
- Será se aconteceu algo.
- Não...
FIM DO FLASHBACK
Era o meu maior medo. Que algo tivesse acontecido com ele. A partir daquele momento, eu não tive mais contato com ele. Não soube o que aconteceu, ele nunca mais me escreveu para justificar o sumisso. Só, sumiu. Sumiu dos meus pensamentos e não deu nenhum aviso.
2 ANOS DEPOIS
2 anos se passaram desde a partida dele. Obviamente eu não o esqueci. Mas aos poucos aprendi a viver sem ele. Aos poucos aquele sentimento adormeceu dentro de mim, e ele já não me afetava mais. Eu retomei a minha vida, e acabei esquecendo um pouco dele. Afinal, ele não me escreveu mais. Havia chegado meu aniversário de 18 anos. Era a minha maioridade chegando. Como eu estava feliz com isso.
- Assopra as velas filho ! - dizia minha mãe, fazendo eu assoprar as 18 velas na frente daquele monte de gente.
- Eba kkkk - ainda era muito feliz em meus aniversários, principalmente ao lado dela.
- Agora deixem eu dizer uma coisa. Uma novidade. Agora que Antônio está chegando a maioridade, é chegada a hora de pensar em vôos mais altos. O meu filho vai ter um diploma. Ele vai se graduar na Europa.
Continua
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