O CRIME DOS VIEIRA DE MELO - Parte 03
Foram tantos os orgasmos seguidos que Ana de Faria já não aguentava mais o contato da língua do jovem em sua vulva. Esta estava tão sensível que a moça passou a afastar-se, arrastando a bunda na areia branca da margem do rio.
- Basta, não aguento mais gozar - gemeu ela, afastando a cabeça do jovem do clitóris, onde ele ainda lambia - Ai, meu Deus, que coisa maravilhosa.
O moço, finalmente, afastou-se do seu sexo. Ana de Faria tinha lágrimas de felicidade escorrendo pelas faces. Agarrou-se a ele, beijando-o diversas vezes seguidas nos lábios, com uma gana que mais parecia estar com raiva do que agradecendo pelos gozos deliciosos. Ele sorriu e encostou a cabeça dela em seu peito. Ela continuou abraçada a ele, de olhos fechados, respirando com dificuldade.
- Deite e descanse um pouco - disse ele ternamente - logo terá a respiração normalizada.
Ana de Faria, no entanto, quase deu um salto ao ouvir aquelas palavras. Viu que já escurecia, e seu pai pedira que ela não se demorasse. Era bem capaz de enviar um de seus escravos para procurá-la, e ela não podia ser flagrada nua ao lado de um estranho.
- Ah, meu Deus, tenho que voltar para casa, senão meu pai me mata - disse levantando-se e catando suas roupas espalhadas no chão.
- Para que a pressa? Depois eu a levo até em casa. O seu senhor nem perceberá que se atrasou, já que a essa hora deve estar à mesa, com sua família, jantando - disse ele, pegando-a pela mão.
- É justamente por isso que devo ir, moço - apressou-se ela a se vestir - meu pai deve estar preocupado, por não me ver à mesa.
- Mas veja meu estado - disse ele apontando para o pau em riste - a senhorita não vai aplacar esse tesão que me aflige agora?
A jovem olhou para aquele pau enorme e pulsante e titubeou em decidir se o chupava ou se ia embora. Estava agoniada por ir. Fez uma cara de constrangimento e disse:
- Sinto muito, moço. Eu nem saberia fazê-lo gozar como o senhor me fez ir ao paraíso do Senhor meu Deus. Como notou, eu sou virgem e, até então, imaculada. Estou envergonhada de ter sucumbido às suas libertinagens. Então, deixe-me ir. Logo, meu pai estará mandando um escravo me procurar. Não convém encontrá-lo aqui.
O jovem franziu o cenho. Olhou para ela desconfiado, como se quisesse se lembrar daquele rosto. De repente, pareceu reconhecê-la.
- Você é a sinhazinha, filha do dono deste engenho! Eu já a vi uma vez fazendo compras, lá na comarca do Recife, quando ainda era criança. Como a sinhazinha está crescida!
Ela estava afobada para ir embora. Pediu que ele a ajudasse a subir na égua. Ele parecia frustrado. Ajudou-a sem nenhum entusiasmo. Até esquivou-se quando ela tentou dar-lhe um beijo na boca, já montada no animal.
- Voltarei amanhã, na mesma hora que nos encontramos. Você vai estar aqui? - quis saber ela.
- Dormirei aqui, hoje, se não tiver nada contra eu permanecer em suas terras. Amanhã, ao raiar do dia, partirei - respondeu o jovem, sem nem olhá-la nos olhos. Tinha uma das mãos no pênis, como se fosse masturbá-lo. Mas desistiu, caminhando em direção ao rio.
- Por favor - quase implorou Ana de Faria - eu gostaria de vê-lo novamente.
Ele não respondeu. Jogou-se dentro do rio, nadando para distante dela. Triste, a jovem fez a égua dar a volta e empreender o galope por entre as árvores frondosas da mata, logo perdendo-se na escuridão. O jovem mergulhou várias vezes e, quando voltou à tona, nadou de volta à margem. Seu pênis já estava em repouso, pendurado entre as pernas. Puxou seu cavalo para dentro do rio e deu-lhe um demorado banho. Depois, amarrou-o pelas rédeas no primeiro arbusto que encontrou. Procurou uns capins secos, no meio do matagal, e também uns galhos de árvores que não estivessem molhados. Finalmente, retirou do alforje um par de peças de madeira. Colocou uma parte retangular no chão e pegou uma espécie de haste de cerca de cinco milímetros de diâmetro e vinte de comprimento e apoiou-a entre as palmas das mãos. Colocou um punhado do capim no centro da tábua e começou a girar a haste, friccionando-a de ponta contra o retângulo de madeira. Tentava acender fogo ao modo indígena. Conseguiu em poucos minutos, soprando as faíscas no capim seco.
O jovem fez uma pequena fogueira com os galhos secos de árvores e depois deitou-se perto dela. Ficou pensando na jovem, que nem sabia o nome. Também não dissera o seu a ela, até porque não esperava encontrá-la de novo. Acreditara mesmo que ela era uma escrava, por causa das vestes. Descobrir que havia mexido com a filha do dono daquelas terras significava problemas mais tarde. Seu velho pai sempre dissera que os Souza eram acobertados por Bernardo Vieira de Melo, considerado um tirano por muitos. Maldizia-se por ter encontrado a bela filha de Francisco de Souza. Não deveria ter cortado caminho pelas terras do Engenho Pindobas. No entanto, esteve admirando as estrelas do céu, pensando na bela sinhazinha no cio.
Enquanto isso, Ana de Faria chegava à casa grande do engenho às pressas. Desmontou do cavalo e nem o amarrou, correndo em direção à grande sala de jantar da propriedade. Seus pais acabavam de fazer a refeição e duas escravas já retiravam da mesa os pratos de ouro, importados da França. Ana pediu desculpas pelo atraso. Sabia que nem o pai nem a mãe aprovava que ela não estivesse presente às refeições, a menos que o patriarca estivesse fora de casa. A mãe pediu que uma das escravas servisse a sinhazinha, reprovando-a pelo atraso. O pai perguntou-lhe o porquê da demora.
- A égua fugiu de mim, e deu-me bastante trabalho recuperá-la - mentiu a jovem.
- E porque não veio embora e deixou que um dos nossos escravos fosse atrás dela? - inqueriu o pai.
- Não estava disposta a fazer a pé a longa caminhada de lá para cá, senhor meu amado pai.
A mãe de Ana de Faria lhe fungou o pescoço, sentindo o cheiro de essências de flores e ervas. Ficou desconfiada. Perguntou como ela tinha conseguido aquele perfume.
- Encontrei-me com um mascate, na ida ao rio, senhora minha mãe - mentiu mais uma vez a moça - e ele me ofertou um pouco do que vendia.
Ana de Faria estava vermelha. Morria de vergonha de estar mentindo descaradamente. Não costumava fazer isso. Mas jamais poderia dizer que estivera com um estranho, muito menos contar metade do que se passara naquele fim de tarde. A mãe, no entanto, continuava insistindo em saber mais do perfume. E a moça, para não cair em contradição, disse estar sem fome e pediu licença para retirar-se da mesa. O pai, que parecia não ter percebido seu constrangimento, deu-lhe a bênção e permitiu que ela fosse para o quarto.
Nem bem Ana de Faria deitou-se no leito, com as mesmas roupas que estava, ficou a pensar no estranho e em todas as coisas que haviam acontecido naquela tarde. Sabia que não iria adormecer tão cedo, pensando no moço. Ainda bem que a mãe, naquela noite, decerto iria dormir no quarto do seu pai, e não naquele quarto onde costumavam as duas dormir. Seus pais dormiam em quartos separados, como mandavam os bons costumes da época, e supunha que só dividiam a mesma cama quando ele passava um longo período ausente ou quando queria procriar. No entanto, Ana de Faria sabia que seu senhor e pai costumava sair nas madrugadas em direção à senzala, para copular com as negras de lá. Quando o pai era inquerido por sua mãe, dizia que apenas tratava-se de negócios: estava cuidando de aumentar o número de escravos, ao fazer bucho nas negras. Mas, as que ele escolhia, eram as escravas mais formosas e cheias de carnes, como sua genitora. Não que sua mãe fosse uma má amante, como ela bem podia notar pelos gemidos de prazer quando estava com o marido. Mas os padrões de beleza da época requeriam que a mulher fosse gordinha, para sugerir à sociedade que o senhor de terras era abastado e que ninguém em seu engenho passava fome.
Ana de Faria, bela, porém de poucas carnes, era uma vergonha para os pais. Para disfarçar sua magreza, diziam que ela era magra de tão rebelde. E o povo parecia acreditar nisso, pois conhecia bem as ronhas e peripécias da sinhazinha. Principalmente a escrava Eulália, que já percebera que a moça andava num cio visível. Tanto que, quando foi levar a égua para o cercado onde ficavam os bois de moenda, percebeu o líquido viscoso que se havia derramado sobre a sela da égua. Passou o dedo ali e o levou às narinas. Reconheceu logo o odor característico de esperma. Sorriu maliciosamente. Mas não comentou nada com as escravas com quem cruzou a caminho da senzala.
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A moça revirava-se na cama, com as mãos nos ouvidos, querendo impedir a audição dos urros de gozo vindos do quarto contíguo. Seus pais pareciam estar no auge da cópula. E deviam estar fazendo sexo anal, pois a senhora gemia que seu buraquinho era muito apertado e que tinha medo de ficar afrouxada. A voz masculina a xingava de rameira mentirosa e afirmava que ela sempre gostou de dar suas vergonhas para ele. E o coro de gemidos era tanto que deixava a jovem excitada. Resolveu-se a espiar os pais copulando. Queria saber o que tanto sua mãe fazia para deixar o senhor seu marido feliz e realizado sexualmente. Desistiu de carregar o lampião a óleo de peixe e se esgueirou até o quarto vizinho. Para sua surpresa, duas escravas estavam de olhos colados nas frestas da porta, brechando o casal.
As duas negras assustaram-se quando viram a sinhazinha, mas esta colocou o dedo frente aos lábios, pedindo silêncio. Ambas as escravas eram ainda meninas, bem mais novas que a sinhazinha. Ficaram acanhadas com a presença da moça, mas esta parecia não dar importância ao fato de tê-las flagrado na espia. Ana de Faria procurou uma brecha mais larga entre as madeiras da porta pesada do quarto e aproximou o rosto. Lá dentro, o quarto estava iluminado por vários candeeiros rústicos, de chamas altas. Sua mãe estava de quatro na cama, tentando escapar das investidas no rabo do enorme caralho do marido. Tinha a expressão amedrontada quando este pegou o pênis com uma das mãos e apontou-o para as pregas da matrona. Esta gemeu para que ele não fizesse aquilo. Ele parecia ficar cada vez mais excitado com a negativa da esposa. Com um sorriso cruel, enfiou de uma vez só a rola dentro do ânus dela. A senhora deu um urro prolongado, engatinhando para frente, escapando do pau dele. Levou, por causa disso, um tapa violento.
Ana de Faria espantou-se com a expressão de fúria estampada no rosto do seu pai. Este vociferou, dizendo que tinha passado vários dias sem sexo e que viera antes do esperado, justamente para satisfazer sua sanha bestial por sexo anal. A esposa pedia, pelo amor de Deus, que ele a poupasse, pois aquele tipo de sexo era considerado pecado grave para a Igreja.
- Eu vos imploro, senhor meu marido: assim não - choramingava a mulher de mãos postas - como é que eu vou ter coragem de me confessar ao vigário, na próxima comunhão?
- Os padres do mosteiro são os que mais fazem isso, entre eles mesmos. Não consegues ver seus gestos afetados? - perguntou ele, resfolegando.
- Sangue de Cristo! Cruz e Credo! Valei-me, minha Nossa Senhora da Conceição, e perdoe as blasfêmias do meu senhor e marido, para que nenhum castigo recaia sobre nossa família - gemeu a matrona.
- Pare de se lastimar e vire esse cu para cá - rosnou o homem - e aproveite que hoje estou com vontade de copular até adormecer com a senhora.
A mulher tentou descer da cama, mas foi puxada de volta. O marido agarrou-a pelos cabelos e forçou sua posição de quatro. Cuspiu duas vezes na mão e lambuzou entre as nádegas gordas dela. Aí empurrou aquele pau enorme, que lembrou a Ana de Faria o caralho do cavalo entrando na vulva da égua, naquela tarde. Quando o senhor seu pai empurrou com firmeza, parecia que Ana era quem estava sendo enrabada, tal o tesão que sentiu ao ver aquela cena. Uma das escravas, no entanto, é quem peidou quando o cacete entrou até o talo. Todas botaram a mão na boca e saíram apressadas dali, temendo serem descobertas se rissem do peido da outra. Mas Ana logo voltou, depois de conter o riso. Bem a tempo de ver sua mãe pedir perdão à Virgem Santíssima e levar as duas mãos atrás, pegando na bunda do amante, puxando-o mais pra dentro de si:
- Ahhhhhhhhhhh, meu senhor e marido gostoso - que a Senhora e o Senhor meu Deus me perdoem - quase gritava a mulher com uma expressão de felicidade no rosto - Depois eu rezo dez Padre Nosso e quinze Ave Maria, mas que nunca me falte um rebolo tão ardente e prazeroso dentro das minhas vergonhas!
FIM DA TERCEIRA PARTE