LOUCO AMOR – metido a machão pegador 25
Anteriormente:
– Vai dormir um pouco vai, tu tá péssimo, quando acordar fala com ele. A cima de tudo seja sincero com ele. Eu vou indo agora, vou deixar vocês a sós, qualquer coisa me liga que eu venho correndo.
– Valeu mano, depois a gente se fala, vou dormir um pouco mesmo – disse já me encaminhando de volta a sala. Ao chegar lá parei ao notar Lucas no colchão dormindo. Ele era lindo até com a cara amassada, o analisei um pouco enquanto sentia o medo e a angustia aumentarem dentro de mim gradativamente.
– Se der errado, não desiste – disse Caique ao passar por mim.
No mesmo momento deitei devagar ao lado dele no colchão, passei meu braço até seu peito e a minha cabeça, coloquei próximo ao seu pescoço, um cheiro gostoso de perfume invadiu minhas narinas, grudei meu corpo devagar ao seu para que não acordasse e então adormeci ali torcendo pra que aquele momento durasse uma eternidade.
Continuação:
Narrado por Lucas:
Acordei por volta das 10 horas da manhã, sentido um calor corporal junto as minhas costas, ao jugar pelo braço moreno na altura de meu peito, logo soube que era Caio que por dedução obvia já havia chegado da casa de Teresa. Chamei seu nome para ver se obtiveria resposta, mas o que eu apenas ouvi foi um respirar fundo junto ao meu pescoço que vez ou outra me causava arrepio. Ele dormia.
Eu ainda esperava acordar daquele sonho a qualquer momento em meu quarto com minha mãe gritando meu nome depois dos cinco minutos a mais já terem passados desde meu último pedido sonolento.
Mesmo sendo relativamente popular na escola por ser presidente do grêmio estudantil, eu me sentia frustrado e angustiado constantemente por ter que encarar a rotina todos os dias – meu signo não se dava muito bem com isso – e por sentir que algo faltava em minha vida, toda vez que eu via casais de mãos dadas e esbanjando felicidades por onde passavam lembrava-me do namorado de minha melhor amiga – pois é, estava nessa fase da adolescência – não sei em que momento, em que hora ou até porque eu comecei a gostar tanto assim dele, Caio sempre demonstrou autoconfiança, nunca baixava a cabeça para alguém que falasse mais alto que ele seja quem fosse, era um estilo bem bad boy que eu não tinha, analisando por esse lado, talvez poderia ter sido esse o motivo de começar a gostar dele, eu via nele uma pessoa que eu não era. Como todos um dia já fizeram, – eu acho – eu ficava às vezes no silencio do meu quarto pensando no grande amor da minha vida (Caio), no nosso primeiro beijo, nossa primeira briga por ciúmes e nossa primeira reconciliação que acabaria em sexo, provavelmente, e ver todo um conto de fadas – digamos assim – virar realidade da noite para o dia, era realmente muito espantoso, tudo na sua vida vira do avesso, principalmente quando se é gay e é apaixonado pelo namorado de sua melhor amiga, me sentia como se estivesse dormido no planeta terra e acordado em marte ou sei lá onde. Apesar de todas as coisas ruins que estavam acontecendo, vulgo Teresa sentir um ódio mortal por mim e por minha mãe nem sequer ouvir falar meu nome, eu me sentia feliz ao lado dele, principalmente quando estávamos assim, abraçados, era como se nada fosse forte o suficiente pra nos separar, era como se apenas o amor dele me bastasse, era como se fossemos ser felizes para sempre, era como se fossemos capazes de ir além do final... Ah, e tantas outras frases que podem ser idealizadas por pessoas apaixonadas.
– Meras besteiras ditas por pessoas que tiveram a infelicidade de se apaixonar – diriam muitas pessoas experientes que não se deram bem nesse lance de amor e hoje vivem desiludidas – e é espantosa a quantidade de pessoas que se deram mal em um relacionamento que idealizaram para a vida toda. Não queria ser uma dessas pessoas um dia. Eu tinha consciência dessas coisas, não era de todo “cego”, enxergava sim a realidade como ela era e poderia ser um dia. Quando se ama uma pessoa, se machucar faz parte do pacote, isso é inevitável, mas se dependesse de mim faria o máximo para que ele não se machucasse e tenho certeza que ele faria o mesmo.
Levantei-me com cuidado para não acorda-lo mais ou menos dez minutos após ter despertado e dei-lhe um beijo na testa. A sensação era o máximo só pelo simples fato de velo dormir e pensar “é meu namorado e o amo”. Notei que Caique já não se encontrava mais ali, deduzi que ele não era um desocupado igual a mim e provavelmente não poderia se dar ao luxo de acordar às 10 horas da manhã mesmo ter ido dormir tarde na noite anterior. Mas o que será que ele fazia da vida? Está aí uma pergunta para um próximo encontro.
Segui para a cozinha com um sorriso no rosto ao contrario do dia anterior para fazer o café da manhã, estava faminto, mas tive o desprazer de abrir o armário e só ver biscoito, salgadinhos, bolachas de chocolate, doritos e tudo mais que uma criança adoraria comer no café da manhã, se eu comesse aquilo àquela hora com a fome que estava, com certeza vomitaria tudo. Fui até o quarto onde se encontrava minha mochila ainda com as roupas dentro, peguei uma pequena quantia do meu dinheiro que havia trazido comigo se caso precisasse pra algo e segui até a padaria mais próxima do bairro. Ao chega lá dou de cara com uma pessoa que pensaria não ver nem tão cedo, era minha mãe, não tive nem a opção de falar ou não, de me esconder ou não, pois quase trombamos, ela primeiramente me olhou assustada e surpresa, depois com raiva e desprezo, já eu mantive até o final minha feição surpresa e assustada. Ela fez menção de se afastar de mim e seguir caminho como se tivesse trombado com qualquer pessoa na rua, não permiti, segurei em seu braço, ela me olhou e antes que falasse qualquer coisa eu disse:
- Mãe, eu ainda sou seu filho, eu não matei, eu não roubei, eu não estuprei, não fiz mal a ninguém.
Ela deu um solavanco em seu braço para que eu a soltasse antes de falar:
- Não fez mal a ninguém? Tem certeza Lucas? Eu não conto como pessoa? Ontem mesmo você fez o seu pai e eu, brigamos depois de anos, jogou nós dois um contra o outro, eu não dormi a noite toda mesmo ter me entupido de remédios. Não tive condições de trabalhar hoje por sua causa e minha cabeça parece que vai explodir a qualquer momento – jogou na minha cara.
O que me incomodou e fez meus olhos marejarem não foram as palavras e sim sua feição de desprezo, um olhar que seria justificável a um estuprador de crianças. Eu tinha consciência do que nada que ela falou tinha sido minha culpa, a culpa foi o preconceito dela. Muitas pessoas dizem que um gay quando se assume destrói toda a família, peço desculpas a essas pessoas, pois quem destrói uma família são as próprias pessoas que pensam assim, pessoas ignorantes e de mentes pequenas que pensam que a cura gay realmente existe e que o mundo gira em torno delas.
- Mãe, eu realmente sinto muito por tudo que está acontecendo, mas a senhora tem que entender que eu não escolhi ser gay em momento algum e mesmo se escolhesse isso não deveria ser algo de sete cabeças. Mesmo a gente não sendo tão apegados, eu te amo da mesma forma que eu amo o papai.
- Não ama...
Uma lágrima caiu de meus olhos e a interrompi com um abraço fossado e impensado da minha parte.
- Amo sim – repeti.
O abraço não durou nem meio segundo, pois fui empurrado para longe.
- Nunca mais toque mim e nunca mais me chame de mãe – falou com o de em riste – Eu preferia ver você morto.
Aquilo sim fez minhas penas vacilarem, fui emundado por um sentimento ruim que me fez chorar ali mesmo enquanto a via se distancia com uma sacola na mão. Olhei a redor e vi que as poucas pessoas que estavam ali me olhavam chorar, odiava ser o centro das atenções nessas situações, olhei para saída e saí literalmente correndo dali, apenas desacelerei os passos quando estava próximo ao apê de Caio, eu ainda chorava com a mão na boca tentando abafar o barulho, em minha mente aquela frase se repetia várias e várias vezes: “Eu preferia ver você morto”. Tinham sido suas últimas palavras.
A primeira pessoa que me perguntou se eu estava bem foi o porteiro quando passei em direção ao elevador. Agi com indelicadeza, pois não consegui lhe responder em meio a tanta emoção ruim.
Enquanto subia, me perguntava “até que ponto uma palavra ou frase pode ferir uma pessoa? Até onde uma pessoa era capaz de ferir outra por prazer?”.
O pior de tudo que aquela pessoa era a minha mãe.
Narrado por Caio:
- EU TE ODEIO CAIO, TE ODEIO – gritava Lucas para mim enquanto desesperadamente tentava lhe impedi de ir embora. Eu já não sabia mais o que fazer a não ser chorar e implorar para que ele me escutasse.
Foi quando eu acordei daquele pesadelo em um solavanco, totalmente suado e ofegante. Passei a mão na testa para poder tirar o excesso do suor e então pude respirar mais aliviado, mas só por pouco tempo. Olhei para o lado e vi que ele não estava mais ali, meu coração voltou a bater forte. O chamei alto por duas vezes antes de me levantar, o procurei pela casa apenas para constatar que ele realmente não estava ali, meu coração já estava no cu de tanto medo.
“Será que ele já sabe?” “Mas como ele descobriu?” e “Pra onde ele foi?” eram os pensamentos que iam e viam na minha mente. Peguei meu celular em cima da mesa de centro que estava próxima a parede que dava para o lado exterior do prédio e liguei para ele. Ouvi algo tocar ao mesmo tempo em que vibrava, olhei para o raque e próxima a tevê vi o celular dele. Me desesperei, nem conseguia pensar direito, normalmente não dou a mínima para sonhos, mas aquele foi diferente, pareceu tão real. Estava sendo real agora.
Já começava a andar de um lado a outro nervoso sem saber o que fazer.
Foi em meio a minha piração que vejo a porta sendo aberta de uma vez, era ele. Ele passou de uma vez por mim como se não tivesse me visto ali e se sentou no sofá próximo a mim e se pois a chorar, soluçava de tanto chorar.
Fodeu tudo agora, ele já sabe – pensei sentindo meu corpo gelar.
Sentei-me de frente para ele no mesmo sofá e já fui me desculpando:
– Cara, por favor, me desculpa, eu... Eu não sabia o...
– Ela disse que preferia me ver morto – disse levantando o olhar em minha direção, a primeira vez que ele fazia aquilo desde que chegou.
Não entendi nada.
– Quem disse isso?
– Minha mãe, a minha mãe Caio – Disse e então voltou a apoiar a cabeça nos joelhos enquanto chorava.
Então o motivo dele está chorando não foi porque descobriu do beijo e sim por causa de outro acontecimento. O alivio aquele momento foi inevitável.
Voltei minha atenção a ele que estava bem pior que o dia anterior, peguei em seus ombros e então o fiz se erguer, ficando sentado, ele olhou pra mim com os olhos vermelhos demonstrando imensa tristeza e então me abraçou, sua cabeça se apoiou em meu peito, relaxei minha cabeça em cima da sua e então o deixei chorar apesar de não gostar daquilo, pois eu sofria junto com ele, eu sentia parte da dor que ele sentia e a minha vontade de matar quem o deixou assim era tentadora.
– Pra onde você foi? Me conta o que aconteceu?!
Ele fez um pequeno esforço para diminuir o choro e com a maior coerência possível que conseguiu reunir nas palavras em meio aquele nervosismo todo começou a falar:
– Eu abri o seu armário hoje de manhã (sniff) e só tinha porcaria – ele deu um sorriso de leve ao lembrar do fato, também sorri, mas logo voltamos a expressão de antes quando ele voltou a contar a história – fui a padaria compra pão (sniff) pra fazer café da manha, mas quando cheguei lá, (sniff) dei de cara com minha mãe, tentei novamente explicar o que estava acontecendo (sniff) e novamente ela não me ouviu e ainda disse... E ainda disse que preferia me ver morto – finalizou pondo fim ao cessar choro. Voltou a desmoronar enquanto me abraçava forte. Uma força que nunca pensei que aquele corpo magrelo tivesse.
A raiva que eu sentia naquele momento era estrondosa, ao ponto de pensar várias besteiras que se caso fosse dita em voz alta corria o risco de ser preso. Por mais que eu pensasse e repensasse eu não conseguia entender como uma mãe era capaz de falar isso a um filho.
– Você não deveria tá chorando por causa dela, é dar muito importância a quem não presta – falei.
Ele bateu de leve em meu peito e me repreendeu:
– Ela ainda é minha mãe.
– Cara, fica calmo – disse já sentindo meus olhos queimarem, em parte pela raiva que eu sentia e em parte por velo daquele jeito e não poder fazer nada.
– Não precisa me aturar assim – disse se distanciando do meu abraço, mas segurei em seu braço antes que se levantasse.
– O que foi? – perguntei sem entender nada.
– Não sei, só sinto que você não gosta de está com mimimi com uma pessoa melosa e que chora por tudo.
– O que você sente é que eu não gosto de te ver assim, pois parte de mim também fica triste. Não gosto de te ver assim, pois me sinto impotente, sem poder fazer nada. Não fala besteira, eu te amo mais que tudo nessa vida.
Ele voltou pra perto de mim, sentou em meu colo, passou a mão nas laterais de meu rosto enquanto minha mão repousava em sua cintura, me olhou fundo com aqueles olhos verdes que tanto me encantavam, mas que agora estavam carregados de dor e me beijou, um beijo carregado de emoção. Vez ou outra sentia o gosto das lágrimas se misturando em meio aos beijos, mas nada incomodo.
Paramos aos selinhos.
– Também te amo – disse com a testa colada na minha e a boca a poucos centímetros uma da outra – promete pra mim que sempre vai está comigo, que nunca vai mentir ou me esconder nada?
Hesitei na resposta, pois estava escondendo algo dele que não poderia ser dito naquele momento, ele já estava sofrendo demais com aquilo. Mesmo sem ter certeza, disse o que ele queria ouvir:
– Eu prometo.
Momentos depois tive que dá uma passada rápida no supermercado, comprei o necessário para se fazer um almoço decente e voltei pra casa o mais rápido possível. Ele afinal não quis comer, mas só bastou eu dá meu jeitinho para que ele obedecesse.
O resto daquele dia foi tenso, passamos praticamente todo tempo no sofá com ele deitado em meu colo fingindo assistir enquanto na verdade se encontrava com a cabeça longe. Ele já não chorava mais, porém sua face ostentava tristeza. Puxava assunto sempre que podia, mas ele sempre respondia com palavras vazias.
Aproveitei sua ida ao banheiro e liguei para Caique, precisava que ele ficasse com ele, pois tinha que fazer algo ou se não explodiria.
– Fala mano, tudo bem? – disse ele assim que atendeu.
– Sim, tem como dá uma passada aqui, tipo agora?
– Acho que sim, mas por quê?
– Então vem logo, aqui te falo tudo – disse finalizando a ligação.
Meia hora depois ele toca a companhia, digo tudo a ele sobre o que aconteceu ali mesmo próximo a porta, desde o que a mãe do Lucas disse para ele até a parte do meu beijo com Teresa que eu não iria contar por enquanto. Lucas se encontrava no sofá.
– E se ela (Teresa) resolver falar pra ele, vai ser pior – me alertou.
– Eu sei, mas o que eu posso fazer Caique? Ele vai sofre mais do que já está sofrendo.
Ele me analisou por um segundo como se avaliasse o que eu havia dito antes de falar qualquer coisa.
– Tem razão, só não deixa que isso saia do controle.
– Não vou deixar.
– Mas e aí porque me chamou com tanta urgência?
– Eu preciso que você faça companhia a ele, preciso dá uma saída.
– Pra onde? – perguntou desconfiado.
– Valeu mano – falei apertando sua mão, ignorando sua pergunta – eu volto rápido, prometo.
– Então só me resta te pedir que tenha juízo.
Confirmei com a cabeça em resposta e então fomos até próximo a Lucas que por sua vez, se levantou pra cumprimentar meu irmão.
– Amor, uns amigos haviam me chamado pra uma partida de handebol hoje a tarde e como eu já havia confirmado, não queria esfarrapar com eles...
– Tudo bem – falou antes que eu terminasse – eu estou bem.
Mentira. Era visível no olhar dele.
– Eu não vou demorar, prometo, Caique vai ficar aqui te fazendo companhia.
– Não precisava incomoda-lo Caio. Não sou criança, sei me cuidar.
– Eu sei meu amor – disse dando um selinho nele – será que eu posso me preocupar com você?
– E sem contar que eu não estou aqui como babá Lucas, estou aqui como seu amigo – reforçou meu irmão.
– Eu sei, desculpa Caique.
– Nada rapaz, não precisa.
– Então vou lá, qualquer coisa me liguem.
Ele me acompanhou até a porta enquanto Caique permaneceu onde estava, dei-lhe um último beijo, disse que me amava, respondi “também”, e então desci pelas escadas. Por que escadas, quando se podia usar o elevador? Apenas queria manter o movimento, a adrenalina e o sangue pulsando em minhas veias por causa da raiva que só crescia dentro de mim. Vez ou outra no caminho respirava fundo a cada vez que pensava besteira, queria manter a raiva instável. Se é que isso era possível.
Cheguei na frente daquela casa onde um dia o Lucas morou e então toquei a companhia seguida de uns murros na porta. Ouvi um resmungar dentro da casa e então a porta se abriu.
Exatamente quem eu queria encontrar estava ali bem na minha frente, ela fez menção de fechar porta, coloquei o pé, impedindo-a, não se dando por vencida, empurrou do outro lado, fiz força do meu e como eu era bem mais forte que ela consegui entrar.
– Quem você pensar que é? – ela disse começando a ficar vermelha.
– EU QUE PERGUNTO QUEM A SENHORA PENSA QUE É PRA FAZER AQUILO COM O SEU FILHO – gritei extravasando apenas um terço de minha raiva.
– Eu vou chamar a policia – disse enquanto se dirigia a um telefone em uma mesinha lateral com tampa de vidro próximo ao sofá. Fui mais rápido tomei da mão dela, puxei do fio e então joguei no sofá oposto, atrás de mim. Ela aparentou medo diante daquela minha atitude, dei um passo para trás, mas não podia recuar, não mais.
– SERÁ QUE VOCÊ NÃO VER QUE ESSA ATITUDE É PATETICA, afastar um filho por ele ser gay e ainda dizer atrocidades com aquelas palavras, ele ainda é um ser humano E TEM SENTIMENTOS. Coisa que falta em você não é mesmo?
Ele me olhava com os olhos arregalados, incapaz de argumentar qualquer coisa diante das coisas que falei.
– O amo e não vou deixar ninguém falar o que vier a cabeça contra ele. Nem mesmo você. Está avisada. – finalizei, com um tom bem mais calmo.
– Isso é uma ameaça?
– Entenda como quiser.
Na verdade aquilo se parecia com uma ameaça de morte, mas que na verdade era apenas uma frase de efeito. Se ela voltasse a fazer algo, não seria capaz de cumprir tal ameaça, mas era bom que ela pensasse que eu seria capaz.
Ia me virando pra sair quando vi o pai de Lucas, o senhor Carlos, parado na metade da escada, observando tudo. Não me intimidei. Apenas balancei a cabeça em sinal de cumprimento e então saí, deixando a mãe do Lucas lá, totalmente desorientada.
– Caio, espera – gritou o senhor Carlos, pai do Lucas quando eu já ia virando a esquina, virei pra trás e o vi se aproximar a passos lagos.
– Desculpa por aquilo, é só que eu não consegui ficar sem fazer nada – disse assim que ele chegou perto.
– Você é um bom rapaz Caio, vejo que realmente gosta de meu filho, fez o certo falando aquelas coisas. O que foi que ela aprontou?
Contei-lhe tudo enquanto nos dirigíamos para meu apartamento já que ele queria ver o filho. Assim como eu, ele ficou horrorizado com o que ela falou.
Narrado por Lucas:
Conversar com Caique era sempre muito bom, ele sabia puxa assuntos bons naqueles momentos difíceis.
A porta se abriu no momento em que ele me contava que estava cursando publicidade, vi Caio entrando. Estranho, tão cedo.
– Olha quem veio comigo amor – ele disse com um sorriso. Saiu de frente da porta e então pude ver meu pai.
Foi inevitável não sorrir, corri na medida em que o espaço da sala me permitia até ele e o abracei forte.
– Estava morrendo de saudades pai.
– Eu também filho, desculpa não ter vindo antes, sua mãe estava impossível.
– Sei – disse voltando a expressão de antes, digamos que eu tenha lembrada de acontecimentos não muito bons.
– Fiquei sabendo do que aconteceu – disse saindo do abraço – sinto muito filho. Vou ter mais uma conversa séria com ela.
– Não quero que vocês briguem por minha causa.
– Eu não vou brigar.
Caio e Caique acabou nos dando um pouco de privacidade para conversamos, falamos praticamente sobre tudo, de desejos até sentimentos. No final estávamos nós quatro, meu pai, Caio, Caique e eu conversando e rindo – havia o atualizado sobre a existência desse irmão de Caio.
Meu pai se foi por volta das 21 horas, Caique pouco tempo depois.
– Fico feliz em te ver melhor – disse Caio vindo me beijar depois que fechou a porta.
– Você que faz isso comigo.
– Tive ajuda – disse com a mão em minha cintura, me olhava profundamente.
Sorri.
– Hum, porque você chegou tão cedo do Handebol?
– Ah... eles acabaram cancelando quando eu já estava chegando.
– Estava adivinhando?
– Por quê? – perguntou com uma expressão confusa.
– Nem vestiu uma roupa mais apropriada.
– É que... É que tinha roupa minha por lá.
Ele ficou estranho com minha pergunta como se tivesse que arrumar uma desculpa de última hora.
– Caio, está mentindo pra mim não né? – perguntei desconfiado.
– Claro que não amor – disse afogando a cabeça em meu pescoço.
– Hum, acho bom.
Naquela noite não fizemos nada de mais, eu estava bem melhor, mas não estava no clima, deitei em seu peito e ficamos conversando, até um ponto em que eu falava sobre como me sentia em relação aquilo tudo, falei, falei e falei sem dá conta que ele já dormia há algum tempo, fiquei puto com aquilo, mas não o acordei, virei para o outro lado, porém não consegui dormir, fiz um balanço daquele dia mentalmente, especialmente do encontro nada agradável com minha mãe e por consequência me senti angustiado, levantei, bebi um pouco de água e voltei, mas ainda assim não conseguia dormir, me levantei novamente, dessa vez fiz algo diferente, fui até a sacada do apartamento e me sentei em uma cadeira, era lindo aquela imensidão de prédios e casas adiante, algumas janelas com as luzes acesas com seus moradores lá dentro fazendo sabe-se lá o quê aquela hora da madrugada, fiquei imaginando o que cada um poderia está fazendo.
“Aquele deve está em algum projeto atrasado e precisa terminar antes do dia amanhecer, aquele deve está dando uma festa já que as luzes não param de piscar e aquele, bem, deve está na mesma que eu...”
O silencio àquela hora era perceptível, vez outra uma sirene de ambulância rompia esse silêncio tão bom, mas não incomodava por muito tempo. Aquela altura eu não pensava em muita coisa, apenas contemplava uma beleza quase nada natural a minha frente. De alguma forma aquilo me encheu de uma paz que me permitiu voltar para cama e dormir. Deveria fazer aquilo mais vezes.
No outro dia:
– Mil desculpas amor, eu estava morrendo de sono, acabei dormindo, porque não me acordou?
– O assunto estava chato em – digo enquanto vestia minha farda de costas pra ele. Tinha que ir para escola, apesar de não está nem um pouco afim.
– Ah cara, não é isso – disse me abraçando por trás e beijando meu pescoço – me perdoa vai – disse com voz manhosa.
Virei, ficando de frente pra ele e falei:
– Claro que sim. Te amo.
– Também te amo.
Finalizou com um beijo.
Não estava com medo de encontrar Teresa lá na escola e sim receio. Não conseguiria a olhar. De jeito algum.
Porém ela não apareceu aquele dia, nem o seguinte, já no terceiro dia Caio combinou de após as aulas passar lá e ver o que havia acontecido, mas não foi necessário, seus pais foram até a escola, falaram em algumas e inclusive na minha:
– Faz dois dias que nossa filha saiu de casa dizendo que passaria uns dias na casa de sua prima em um bairro vizinho, porém soubemos a pouco que ela não foi pra lá, não sabemos para onde ela foi e porque fez isso, se alguém puder e souber como ajudar, por favor, nós falem – disse a mãe dela visivelmente abalada.
Vi preocupação no olhar de Caio. Assim que ela terminou de falar para toda turma, nos levantamos – apreensivos – e fomos até eles obter mais respostas, porém, não tinha mais nada de novo, apenas que haviam contatado a policia.
A apreensão e preocupação de Caio naqueles três dias que se seguiram com ela desaparecida foi unicamente por causa do filho de acordo com ele, eu acreditava. Fizemos tudo que estava ao nosso alcance, conversamos com vários amigos nosso e dela, espalhamos alguns cartazes na internet e também na vizinhança, mas nada que desse um pouco de esperança acontecia.
– Olha Tereza, se você fizer alguma coisa com meu filho, eu te mato – dizia Caio pela enésima vez ao celular. Ligava sempre para o número dela na esperança que pelo menos chamasse, mas só dava na caixa de mensagens.
Ele jogou o celular do outro lado da cama e então se deitou de barriga pra cima totalmente frustrado. Deitei ao seu lado e lhe abracei dando um beijo em sua bochecha.
– Vai dá tudo certo.
Uma coisa estranha que estava acontecendo comigo desde que eu soube do desaparecimento dela há três dias foi que quase toda vez que eu saia de casa eu tinha aquela sensação chata de está sendo seguido, só fazia piorar quando eu voltava da escola, eu parava, olhava pra trás e para os lados, porém não via nada de suspeito. Não falei nada com ninguém, pois achava que era coisa de minha cabeça, mas nesse dia quando resolvi dá uma passada no supermercado para comprar umas besteiras, meu celular toca logo quando estava entrando. Não acreditei no nome que estava na tela: Teresa. Atendi sem pestanejar.
– Alo? Teresa? Onde você está? Está todo mundo atrás de você! – falei tão depressa que não me espantaria se ela ou quem quer que fosse que estivesse do outro lado não entendesse.
– Hum Calma Lu, estou ótima – era realmente ela.
– Onde você está?
– Vendo você falar comigo.
Como assim???
– Como assim? – perguntei dando um giro de 360º. Não a vi.
– Não importa.
– Porque ligou pra mim?
– Sabe, eu até cheguei a acreditar que Caio havia mudado, mas vejo que ele continua o mesmo safado de sempre.
– Do que você está falando?
– Ele está fazendo a mesma coisa que fez quando estava comigo, a diferença era que eu sabia, o amava, mas não tinha amor próprio.
Minha cabeça começou a funcionar a toda naquele momento, ela havia dito praticamente tudo com aquela frase. Me recostei em um dos pilares externos do supermercado negando aquela informação com toda veemência possível.
– Você não vai me colocar contra ele.
– Sabe aquela vez que ele foi lá em casa porque eu, uma donzela em apuros o havia chamado? Ele não apenas conversou comigo como eu acho que ele falou pra você, ele fez muiiiito mais, um pacote completo, me beijou e fizemos altas loucuras naquela minha cama, aaah como a vingança é boa. Boa não, ótima.
CONTINUA...
Fala pessoal, olha aqui o sumido rsrs, Bem, faço de tudo para postar o mais rápido possível, mas tem semanas que realmente não dá (acho que essa foi a primeira vez que demorei tanto) ainda mais quando o capítulo é tão longo como esse, se você chegou aqui é porque realmente tem paciência e arrisco que está gostando rsrs. Próximo capítulo pode ser que seja o último ou o penúltimo, não sei ainda. O que sei é que dependendo de vocês terá aí uma segunda temporada :) Bom, hoje não haverá respostas aos comentários, mas não se preocupem, leio todos e amo todos, prometo que no próximo respondo um a um. Baijãoooo seus lindos(as).