Espero que seja uma leitura agradável, apesar de ser grande. Um abraço!
Eu estava terrivelmente entediado depois de lavar meus cabelos passei um repositor de vitaminas. Olhei pela sacada. Passou um grupo de futebolistas marrentos daqueles bem gostosos, sabe? Espero que sim, senão... Está esperando o quê? Eles passaram para o campo.
Eu moro numa das últimas torres do condomínio do residencial. E tinha a sorte de poder ficar paquerando-os, ou melhor, paquerando-o. Eu já tinha o meu favorito, mas não sabia nem seu nome, nem se morava lá pára frente ou no meio. Ele ia sempre mostrando aquele grande peitoral.
Acho que devia ter a minha idade, por volta dos dezoito. Eu fiquei ali, como dizem onde eu moro de “butuca”, escondidinho. Fiquei lá, olhando-o ultrapassar os demais. Ele comemorando, todo metido a fodão, na hora do gol. Fiquei super feliz, soltei um gritinho gutural e o fone de ouvido caiu. Fui me esconder. Pelo menos meus pais não estavam.
‘Será que me viu?’ pensei.
Depois de tomar banho e tirar o creme do meu cabelo. Desci, pois a minha correspondência devia ter chegado. Lembrei do fone. Adivinhem quem encontrei e como? Sim, aquele safado! A bola havia chegado a meus pés quando eu fui para fora, lá estava. Ele bebendo sozinho umas ‘brejas’ sentado na grama.
‘Ah, meu Deus!’, quis morrer.
- Manda pra cá, parça? – perguntou.
Eu queria que ele falasse mais alguma coisa! Pela piedade de tudo que é mais sagrado, eu pedia isso com todas as minhas forças.
- Boa noite! É sua? – consegui inventar um modo de prolongar aquilo. Mas, logo em seguida me odiei.
‘Claro que tu sabes que é dele e ele percebeu sua anta’, martirizei-me.
- É sim. – falou sorrindo.
Poderia jogá-la? Poderia! Mas, levei-a até ele. Estava super apreensivo. Suando frio. Marquei o envelope da correspondência com meu suor.
- Aqui está! - falei olhando para ele ali.
- Ê, cara, essa cena ta meio bizarra. Tu aí e eu aqui em baixo. – falou se levantando.
- Não acho. – falei olhando-o se ajeitar. – Meu fone! – falei. Estava em cima dele.
- Pô, foi mal. – disse.
- Não foi nada. – disse me acocando para ajuntá-lo. Dei as cartas para ele.
Depois disso pediu para eu apanhar suas chuteiras que estavam um pouquinho mais afastadas, dei as cartas a ele e as chuteiras acabaram fazendo-me ajoelhar. Ele pegou por cima do calção branco acariciando seu pau e tomou uma última golada. Coloquei três latinhas vazias no saco que estava jogado no chão.
- É, acho que a diversão vale a pena. E aqueles punheteiros frescos me deixaram aqui mesmo.
- Tuas chuteiras. - Entreguei me limpando as pernas. – Já terminou? – Pedi a latinha para pôr no saco.
Logo, estava me entregando a lata e a correspondência.
- Natureba... Tu é associado ao Greenblablabla? – falou sarcástico olhando para minha blusa branca com uma árvore “Salve-me”.
- Sim, sou. Alguma coisa contra? – perguntei.
- Não. – falou ele me analisando.
- Acho que já devo ir. – falei passando por suas costas e jogando o lixo no depósito. De certa forma, sabia que ele seria machão assim.
- Queria tirar água do joelho. Importa? – falou fazendo carinho.
- Aqui? Vai ficar com cheiro horrível. – falei fazendo careta.
- Ah, viado. – reclamou.
- Quê? – retruquei. Mas virei as costas, senti-me ofendido.
- Desculpa, mas tu é muito moça, cara. – falou indo atrás de mim. - Não falei por querer.
- Está certo. Você nem me conhece. E melhor assim – Estava com os caquinhos do meu coração na mão.
- Para de drama, brô. – disse. – Eu chamo meu brothers toda hora de bicha, baitola, viado, traveca, arrombado.
- Mas, eu não sou seus ‘brôs’. Tchau. E melhore seu léxico. – Babulciei.
Eu gostava um pouco dele. Sempre estava torcendo por ele, sonhando com ele, pensando nele. Era platônico, mas sabia que iria quebrar minha cara.
- Deixa usar teu banheiro? – indagou.
- Não moras por aqui? – Devolvi. Nem o porteiro estava ali para me livrar daquela.
- É, mas quero usar o teu. – falou.
Eu sabia que não era só isso, mas cedi mesmo podendo dar uma resposta malcriada. Tudo bem. Mas, daí me toquei que não sabia o nome dele. E devia sabê-lo?
- Bom, como te chama? – perguntou-me. – Sou Fred.
- Frederico. – Falei.
- Quico? – falou rindo.
- Não estamos na vila do Chaves. Então dispenso. – Rechacei a idéia.
- Estava querendo ser simpático.
O elevador chegou, ele abriu a porta para mim.
- Desculpa – falei.
Abri a porta de casa e entramos.
- Eu sei que tu me olhas faz tempo. – falou tocando meu braço quando estava deixando a chave sobre a mesa. – Talvez agora seja o momento de eu retribuir.
- Ah – soltei quando me virei para ele. – Sério?
- Sem problemas. Pareces ser legal. – Deixou a bola cair no chão e, eu as correspondências e o fone. – Eu que fui um idiota.
Beijou-me e eu comecei a acariciá-lo. Meu coraçãozinho de dezoito aninhos saltitante estava louco. Ele tinha um jeito forte de ser. O beijo não era mole, era com jeito. Pode parecer loucura. Meu primeiro beijo com aquele cara que eu gostava e nem sabia que ele era bi. Segurava minhas bochechas.
- Tá muito bom, daquela hora queria mijar. – falou – Não quer me dar banho?
- Acabei de sair do meu – ri. – Mas, vem aqui. – Cheirei o seu pescoço.
Ele me virou e encochou-me (ele não estava usando cueca), pediu para irmos até o banheiro daquela forma. Ele deixou a porta aberta e me mostrou aquele mastro grosso. Jorrava e muito. Ele me puxou para tocá-lo. Eu estava nervoso. Era o único homem que eu tocaria na minha vida toda além de mim.
- Gostas? – Olhou-me nos olhos.
Suspirei e lhe dei um abraço. Ele apertou e parecia que tínhamos o mesmo organismo. Era tudo louco e misturado.
- Eu não quero te iludir, mas acho que gosto também de ti. Não sei. – falou enquanto ainda estamos bem próximos. – Estou sujo. Talvez outro dia eu volte. Não sei se posso. Na real, se devo. – falou reticente puxando o calção para cima mesmo com a minha mão amando tocá-lo.
- Eu quero que durmas aqui. – falei. – Por que não?
Parando, agora, para pensar tinha muitas respostas para aquele “Por que não?”
- Já disse: estou sujo. – respondeu.
- Pouco me importa. Eu gosto de ti de todas as maneiras. Aguento até teus momentos de playboy.
Ele riu.
- Que graça. – Tocou meu rosto. Retirei minha mão de entre a calça e sua pele.
- Tu achas? – Estava derretido ali.
- Claro, pô. Mas tenho que rasgar. - respondeu. – Tem brejas?
- Já disse que quero que fiques aqui. Estou só. Quero tua companhia. Eu não bebo, mas tem suco. Meu pai bebe, porém levou tudo. – Acariciei-o com a maior ternura do mundo. Quem diria. Ele ali...
- Posso ao menos tomar banho? – perguntou.
- Claro que sim! – Morri de felicidade.
- Não sabia que alguém podia gostar tanto de quem não conhece, mas já ta me entusiasmando – Sorriu.
Ele foi tomar banho no meu quarto e coloquei uma pipoca no microondas. Deitei-me na cama e fiquei vendo-o tomar banho. Ele se exibia todo. Provocava-me. Era um molecão mimado. Entretanto, eu, certamente, o amo.
- Pode usar a escova que está embalada. – Da cama, apontei para o armário do banheiro.
- Prefiro usar a tua. – Afirmou - E aí? – Parou nu, na porta do banheiro.
- Acho que já entraríamos numa relação estável. – ri.
- Que bom! – Alisou seu peito mais uma vez. - Assim que eu gosto.
Levantei-me fui até ele e disse “Eu também.”. Juntei sua roupa e cheirei-a.
- Como é bom te ter aqui. - Ele me olhou como nunca ninguém me olhara.
Levei sua roupa para ser lavada junto a minha. Quando voltei, ele estava bochechando. Pousei a pipoca em cima da cama e peguei uma cueca samba canção que seria a única peça minha que daria nele.
- Sou um irresponsável. – falou vestindo-se.
Não perguntei o porquê.
- Não queres saber por que?
- Não. Para mim já basta estares aqui comigo. – falei. Botando em um filme que eu amava. – Gostas de o Auto da Compadecida?
Ele apenas concordou.
- Vem meu amorzão – falei com os braços estendidos na sua direção.
Ele sorriu.
- Ah, eu não me importo com nada. – Eu o cobri e ora ficava em cima de seu peito, ora beijando-o
Ele cedeu e beijou minha cabeça. Deslizei meus dedos do pescoço e daí correram por seu braço onde se encontraram e encaixaram com seus pares de modo forte e, parece que, inseparável.
- Nunca pensei que sentiria algo tão rápido por alguém. Quando pensava em ti.... – Ele parou-me, a ponta de nossos narizes se tocava.
- Sei bem. – Dei de ombros. – Ao menos posso dizer que fiquei com a pessoa que eu fiz de tudo para tirar diversas vezes da minha cabeça. Foi inútil.
- É? – Abriu sua feição levantando minha cabeça para me beijar mais uma e, mais outra e, mais diversas vezes.
Eu não queria sair daquele sonho. Era tudo tão maravilhoso, tão encantador. Eu estava no meu país das maravilhas. Ele estava ali e me amava. Meu sonho concretizado. Dormimos abraçadinhos, confortavelmente.
Na manhã seguinte, enquanto abria os olhos. Percebi que estava só na cama. Levantei a cabeça e deixei-a tombar novamente na cocha de cama enrugando o canto da boca. Já era esperado. Não havia nem por que ele haver ficado. Eu estava sendo tão bobo. Ao menos tive alguns momentos com ele. Prometi-me que não me deixaria ficar cabisbaixo.
Alguns segundos depois estavam me enchendo nos canudinhos de frango e após fiz outras gororobas para me afogar. Decidi dormir mais. Era apenas decepção pela minha fraqueza. Comecei a escrever para estranhos em um chat, mas não conseguia me distrair. Abri aquelas revistas de testes, passou. Mas, uma hora elas chegam ao fim. Li alguns contos, mas houve um pique de luz. Desisti de religar o computador.
Será que ele voltaria? Eu o veria novamente? Acho que eu não passaria de uma mísera sombra para ele, advinda de “experiências”. Nem desenrolei a coisa toda. Sinceramente? Se arrependimento matasse! Teria me esbaldado... Dando tanto quanto quem distribui. Abria e fechava os livros. Nada tinha graça. Literalmente nadica de nada!
- Quiquinho, meu amor, onde você está? – falou mamãe entrando. Foi aí que eu percebi que o ser humano é um bicho hiper sociável e mesmo sendo o mais ridículo por cima. – Oh, meu amor. Onde você está? Responda!
- Oi, Fafazinha querida. – falei, abraçando-a. Caí em prantos. – Cadê o papai, mãe?
-Oh, querido. O que foi? – acariciou minha cabeça.
- Cadê o papai? – Orgulhoso, limpei meus olhos.
- Está subindo. Mas, o que foi? - replicou.
- Saudades! - Disse sínico.
- Oh, meu filhinho... - foi interrompida a porta se abriu.
- Pai! – Corri para abraçá-lo - Acho que vou comprar uma pizza para nós. – falei já indo para fora.
Caminhei contra ao vento, provavelmente estava ficando todo descabelado, mas nem ligava. Fui à pizzaria, pois havia perdido o número. Chegando lá encontrei com o malvado xadrez”.
- Ihno querido. – falei fazendo caras e bocas. Aquela bicha má estava na lá.
Ele olhou para traz e soltou.
- Frederico – prolongou a última silaba. O seu par ficou nos olhando.
- Como vai? – Dois beijos nas bochechas. Fizemos o poquismo e rimos.
- Tô bem, pequeno gafanhoto. – falou enquanto o marrento olhava para trás, para Ihno que parecia ter ido pegar as latinhas de cerveja.
- Menino, estás como sempre. Rápido no gatilho. Foi teu ‘pum’ de novo? – falei rindo.
- Não, nem me lembre disso, apagada com a história do peido de novo – falou com o canto da boca. Eu ri. - Se não for rápido... – falou fechando os olhos. – Perde a graça. Olha tem um para ti. - Era alto loiro. - Já arranjou um para ... – fez barulho com a boca. – Tem esse riu.
- Não! Isso não – falei enquanto o atendente me chamava. – Vai lá com ele.
- Ah, mas não sabe o que tá perdendo – fez pouco enquanto o marrento lhe levava consigo. – Me avisa quando o papa anunciar teu milagre. Vou virar teu promesseiro. – Despediu-se e fiz meu pedido.
Quando tirei meus olhos da nota, eu me esbarrei:
- Desculpa. – Falei no automatismo. Vi Fred com uma garota travando o carro.
Ele deu um sorriso amarelo e eu; um jeito de sair rápido daquela situação. Ihno me chamava.
- Oi. – falei só sorrisos. – Boa noite – falei para aqueles caras belos.
- Deixa te apresentar. Senta aí. – falou.
- Já tenho que ir! Papai e mamãe estão me esperando. – falei.
– Bom, esse é Frederico. Eu achei que ele seria um bom mocinho para ti, Klaus. O Narciso já é meu – O acompanhante dele riu.
- Que horror! – falei envergonhado.
- Horror nada. Juntando o útil ao agradável
Ele era muito bonito. Alto, forte, simpático, olhos azuis, loiro. Abriu um belo sorriso europeu, dentes nada artificiais, mas muito atraente. Era muito charmoso
- Prazer – falou estendendo com seu sotaque alemão. – Você é bonita – confundiu o gênero coisa comum dos alemães.
- Igualmente. – Sorri olhando em seus olhos.
- Aproveita e leva ele em casa, Klaus. É aqui dobrando. – falou Ihno. – Mas, é um mocinho tão indefeso. Nem sei como sai de casa.
Eu ri.
- Deixa disso, Ihno. Bom, - pausei - já tenho que ir. Até logo. – Despedi. Klaus já se levantava.
- Até. – falaram Ihno e Narciso.
Não, não peguei ninguém me olhando. Infelizmente.
Fui conversando com Klaus que foi hiper simpático comigo.
- Vieste morar no Brasil? – perguntei.
- Não, de férias. Mas, posso prolongar. – falou. – Ihno me falava sempre de ti.
- Ele é todo louco. – falei rindo. - És comprometido? - perguntei.
- Não. Infelizmente, ainda não te conhecia. – ele me olhou para mim.
- Que gracinha! – falei tocando sua mão.
Ele se curvou e me beijou. Era o que estava precisando. Calmo, agradável, despreocupado, delicado. Foi ótimo.
Eu queria pedir para ele ficar, mas como lidar com meus pais? Sem condições. Eu não tinha amigos (colegas, sim), nunca fui de jogar.
- A pizza chegou. – ouvi o barulho da moto. Paguei e o entregador se foi.
- Posso voltar? – perguntou retirou o cabelo do meu rosto. O vento estava forte.
- Claro. Sempre que puder. – falei.
- Por mim... Amanhã. – Ele disse bancando o cômico.
- Eu sou só uma coisa rápida? – tentei não usar neologismos.
- Era para ser, mas você é tão bom que me encantei... – falou.
- Nem sei o que falar. Estou lisonjeado, envergonhado. Espero que seja sincero. – falei
- É. – respondeu. – Deixa eu te ajudar. – pegou a pizza e entramos. - Se quiser pode me visitar. Meu... – tentava se lembrar de algo.
- Ap?
- Isso. – Rimos.
- Vais voltar a pé depois daqui para lá? – fiquei preocupado. – Não vou deixar. – Abracei-o.
- Preferi vir sem carro de tão perto. Posso ficar. – Abriu-se a porta.
Abri a porta de casa. Meus pais já deviam ter ido ao quarto.
- Vou ligar para eles virem te pegar. Ok? - falei discando o número. Ele ficou calado.
Eu, muito carinhoso, já estava todo derretido com sua conversa. Ele gostava. Cortei algumas fatias para nós. Quando ele teve que ir fiquei bem, mas foi um balde de água fria.
- Eu volto. – Avisou.
- Está bem. – falei. Ele me deu um último beijo e foi embora.
Fui dormir mais relaxado.
Umas semanas depois...
Klaus vinha toda tarde. Estava ansioso e entrelaçava os dedos suados. Agarrei a revista e comecei a virar. Estava um comecinho de tarde ameno.
Alguém senta do meu lado muito de repente, dou um salto.
- Que susto, Fred! –soltei esbaforido.
Estava sem camisa e todo à vontade.
- Pensou que fosse quem? – lançou.
- Uma visita. Qual o porquê da pergunta? Já que sou só nem sei o que sou para ti. – Estava tentando ser indiferente. - Não. Estás certo. Não tens nada comigo. – falei.
- Não é bem assim. – Olhou-me. – Vem cá. – Levou-me para trás do prédio. - Aí, aí... Ciúmes... – falou ele balançando a cabeça.
Pegou=me a nuca e me beijou forte, com aquele seu jeito mandão. Fui desarmado, de pronto. Estava todo entregue a ele.
- Acalmou? – Ironizou.
- É como então? Só beijinhos e depois vai embora? – Gaguejei enquanto ele me puxava para perto de si.
- Eu sou meio comprometido. Por isso ... – foi interrompido pelo toque insuportável de telefone.
A buzina tocou em frente ao prédio. Eu enxerguei Klaus pelos espaços da garagem. Enquanto Fred estava de costas para mim, caminhei até Klaus que logo sorriu.
- Não tinha carro mais simples, não? Estou me sentindo uma estrela. – falei.
Apesar de ter nascido com boas condições sempre fui ensinado a ser humilde.
- É o mais simples, senti o seu gosto. Você é a minha estrela. – finalizou. Desencostou da sua Mercedes.
- Kuss? - tocou nos seus lábios deixando só um olho aberto.
- Beijo? – perguntei. – Aqui não.
Fred já devia havia partido.
- Por que não? – se ajeitou.
- Preconceito. Já te falei disso antes. – Segurei em uma mão dele.
Estava na cara que estávamos paquerando, porém decidi não beijá-lo pela tarde.
- Tudo bem. Vamos? – Pediu. Assenti.
Ficamos a tarde inteira na orla vazia da cidade, pois ele tinha gostado.
- Se eu te convido para ir à Alemanha? – Ele tomou o copo de cerveja.
- Já? Não achas que estás indo rápido demais? – Demandei.
- Não. Acho que com você deve ser algo sério. – batucou na mesa no ritmo de samba.
- E se eu te convidasse para ficar no Brasil? – Sugeri.
- Já tenho muitas coisas lá. Posso começar aqui. Mas.. – pausou.
- Eu não ligo. – falei. – Sei que são países enormemente diferentes. – Ele balançou a cabeça. – Fora que há meus pais e dois anos de faculdade para terminar.
- Eu faço tudo por ti. Aceita? Eu posso! – Reafirmou.
- Não é só dinheiro. Não para mim! – Olhei sério para ele. – Eu sei que investes em Frankfourt e tudo mais, porém, contudo, todavia, entretanto... Eu não ligo.
- Eu quero teu carinho. Senti sinceridade em ti. Já disse – Desabafou.
- Eu não te contei, mas naquele dia lá da pizzaria.... – Fiquei meio aflito de magoá-lo. – Eu estava muito carente, pois o cara que eu havia paquerado por toda uma vida tinha cedido mas também desaparecido, entende?
- Ah ... Outro – Desanimou.
- Mas, isso não quer dizer que você seja algo dispensável na minha vida! – falei acariciando seu braço com a ponta dos dedos. – Quero passar o dia contigo. – Beijei-o.
Passamos o dia inteiro tirando fotos e nos acariciando. Foi algo bem marcante. Eu era de suprema importância para ele. Fomos para seu apartamento.
- Vem se deitar comigo? – Tocou meu rosto com suavidade.
Senti a protuberância no meio das suas pernas. O que já era praticamente natural.
- Tu sabes que não sou assim. – avisei.
Ele, com beijos, foi me levando para o sofá. Fez-me sentar meio que reencostado, abriu-me as pernas. Eu alisava suas costas por cima da camisa enquanto ele a desabotoava.
Eu queria resistir, mas qual o motivo para não aproveitar também?
Ele se encostara em mim fazendo-me senti-lo bem aconchegado a mim. Aquela era a primeira vez que eu tocava a sua pele de áreas outrora escusas, fazia com acanhado, mas com muito capricho. Eu fui beijando seu peitoral com pelo sobejo. Ele estava fausto e, logo comecei a desabotoar sua bermuda atrás daquele atrativo conteúdo. Ele, ofegante, olhava-me com atenção exagerada.
Massageava-o por cima da cueca levando meu Klaus a loucura. Beijando e mordiscando suas pernas grossas. Meus beiços se dobravam e desdobravam acomodados numa resvalando a caricia fenomenal. Ele a toca meu rosto com a meiguice nunca antes recebida.
- Schatz (amor), vem. – disse ele batendo em suas coxas.
Subi empinando o traseiro. Klaus foi abandonando minhas peças de roupa até eu ficar completamente peladinho em cima dele. Blusa, calça, cueca, meia, tudo. Apertava-me o rabo que se resvala na dureza de seu grosso pau.
Deitou-me no sofá olhando no fundo dos meus olhos.
- Por ti, eu fico. – E voltou a me beijar.
Eu, agora, beijava-o mais apaixonadamente alisando seu tronco e indo aos braços. Nossos corpos grudavam uns nos outros como no couro daquele canapé. Ele, da boca, desvinculou-se. Minha pele, naquele momento, tão sensibilizada que me fazia delirar com o mínimo contato. Ele a descer. Parei-o.
- Não posso. – falei.
- Por quê?- olhou-me triste.
- Não sei como te falar. – soltei e senti que ficou tenso.
- O quê? – voltou para o face a face.
- Intestino e bumbum, entendeu? – falei.
- Ah! - ele sorriu.
– É melhor ficarmos só no carinho. – retribui o sorriso.
- A gente pode resolver isso. – replicou.
Carregou-me com maior entusiasmo ao banheiro.
- Ah, seu doido! – falei rindo com o susto.
- Teu doido... – beijou meu pescoço.
Deixou-me no banheiro e disse que estaria na cama. Eu, nervoso, disse que tudo bem. Fiz tudo que deveria fazer e fui. Chegando lá, ele mexia no seu notebook, aquela avantajada rolona a me esperar.
- Estava louco de esperar. – falou fechando o notebook. A alisar seu corpo.
- Fico encabulado. – disse.
- Não tem por que, eu só mordo se pedir.
Estava todo largadão, mas eu não. Eu estava envergonhado? Não! Envergonhadíssimo! Era um super-homem para meu estreitadinho buraquinho que logo em seguida não seria tão inho.
- Eu te desejo a cada momento. – falou me puxando para si no momento em que me deitava.
Tentei relaxar. Ele feito louco foi beijando meus pés e descendo. Fechei meus olhos e comecei a enfiar meus dedos em mim. Senti a pesada mão dele afagando-a. Meu peito subia e descia. Senti sua boca beijando-me a mão, e a retirá-la chupar meus dedos. Afaguei seu rosto que já se baixava me linguando. Ele a administrava tão bem. Ele se punhetava. Afaguei seus cabelos. Vez por outra, abria-me mais.
- Isso é tão bom. – gemi. – Eu quero teu... – Não consegui completar. O meu corpo estava em êxtase. Acho que esse era o gozo seco dos tais hindus.
Fui puxando-o para cima. Queria chupá-lo, era justo e muito. Já o encontrei todo meladinho do pré. As medidas dele eram ótimas. Seu saco pleno de prazer para satisfazer-se-me. Era tão grosso e delicioso difícil recusar aquela abundancia toda. Esbaldei-me. Manejava aquelas bolas deixando-as irem e voltarem. Punhetando-o, lambendo-o, beijando-o e engolindo-o, seu pau me viciou. Deixou-me lambendo os beiços, esporrados e sedentos.
- Quero mais- implorei ao meu alemão.
Sim, era isso que ele parecia. Um animal selvagem revolto e muito provocado. Pôs imperceptivelmente a camisinha e me penetrou quatro me fazendo afagando meu rosto.
- Ich liebe dich. – declarou a porta de meu ouvido apalpando meus mamilos.
Parecia que estávamos no Sol. Era quente e incomensuravelmente intenso.
“Fred” soltei em meio as cobertas, mas Klaus não escutara.
Fiquei tocando seus braços que movimentavam se com o correr de seus dedos sedentos do meu corpo. Gozando mordi a fronha. Ele apenas urrou me puxando mais para seu encontro. Não consegui saber quantos, mas encheu a camisinha que pareceu ser insignificante com vários jatos velozes. Caímos exaustos na cama, ensopados. Como loucos rimos e nos beijamos. Já era meia noite. Era o jeito dormir com ele apesar do puxão de orelha que receberia. Mas, ah, quer saber? Está valendo muitíssimo a pena.
Setenta e duas horas mais tarde.
“Estou querendo repetir a dose ;)” Enviou-me o texto.
Ultimamente Klaus só conseguia me enviar mensagens. Sempre que ele podia vir, eu não podia recebê-lo.
Fred passou com sua turma. Podia senti-lo cheirando a grama. Meu olhar lhe seguia. Disfarcei. Todos, naquela galhofada, foram para um prédio. Fiquei ali naquele banco.
“Ele nem me deu bola.”, entristeci.
Decidi responder a Klaus: “Meus pais não gostaram nada.” Ele tinha visto e revisado as mensagens à meia noite e quinze.
À meia noite e meia daquele mesmo dia.
- Dose, é? – indagou Fred todo durão.
- É. Por quê, senhor detetive? – falei gelado.
Escondendo o telefone.
- Aquele cara não me barra. Pode ter certeza. – Fred esticou-se.
- Que presunção! - Ri dele.
- Espero que tenha sido só beijo. – Olhou-me de canto.
- E tu podes passar o rodo em quem quiseres? Exemplo daquelazinha... – disse com desdém
- Seria egoísmo teu não compartilhar... – Jogou-me essa piada no peito. Rindo. E me envolveu com seu braço direto.
- Digo o mesmo. – retribui.
- Ah, é assim? - Virando-se para mim.
- Aham. – Nem me movi.
- Pensei que gostasses de mim. – Colocou um tom melancólico em sua voz.
- Não brinca com meus sentimentos. – A tristeza me tomou a expressão.
Ele ficou calado apoiado em seus joelhos.
- Nem ao menos acaricias meu rosto. – reclamei sentindo um vazio.
- Ah, estás muito... Já vou. – Levantou-se.
- Eu não gosto de ti. Sabes muito bem que é mais fundo. É algo muito maior! – Segurei-me para não desandar a chorar.
- Eu nunca te prometi nada. – Estava de frente para mim.
- Ahhhh, como eu sou idiota. – Tapei meu rosto com as mãos.
- Não fala alto. Vão nos escutar. – Protestou.
“Desculpa, meu amor. :P” Era Klaus ao telefone.
- Quem é? – A curiosidade de Fred se manifestou.
- Acho que não. Aquele cara nem tem como te barrar, pois ele já está mil vezes .. –Não terminei, senti meu pulso ser segurado.
- Não fala assim comigo. - Havia algo furioso dentro dele, podia ver por seu olhar.
- Eu que o diga! – Levantei a voz.
Ele ficou quieto por um instante.
- Bom, tu não queres conversar. – Fugia de banda.
- Tu não ligas para mim. – falei.
- Isso é uma grande mentira. - Negou.
- Nem me toca o rosto sequer. – Olhei para a luz do poste.
Ele me tocou a testa com o dedo indicador. E sorriu.
- Pronto. Melhorou? – Pôs a questão, mas não respondi. – São coisas do nosso país. – Tentou justificar.
- O que o país tem com isso? Isso é injustificável. – Legalizei.
- Para mim, muito. – Falou. - As pessoas não aceitariam. – Envergonhou-se.
- Ele (Klaus) não se envergonha. – Tripudiei sobre ele.
- Ele é ... um escroto. – Revoltou-se.
- Não, ele não é. – Repliquei. – Ele é sincero, carinhoso, gentil, educado...
- Eu também sou. – Caçoou.
- Com o país, ou melhor “elas”, mas não comigo. – Não estava olhando para ele.
- Eu não posso abrir mão de tudo por uma aventura. – Desabafou.
- Obrigado. – Levantei-me. Foi a gota d’água.
- Calma, eu não quis dizer isso. – Segurou-me
Por que eu havia de ter me apaixonado por este!! Acho que nem foi um dedo, mas sim o cérebro podre!
- Foi sim. – Aquiesci. – Deixa, eu já entendi.
- Não vou te deixar ir. – falou me abraçando.
Eu relutei, porém abracei-o e chorei.
- Por quê?! – falei me odiando.
- Eu só não quero te machucar. –falou ele me envolvendo não tão somente a nuca e a cintura. – É o único que me desestabilizou.
- Já estou ferido. Mas, já esperava ficar assim. – soltei-o limpando as lágrimas.
- Acho melhor parar por aqui. – disse.
- Talvez seja. – disse virando as costas sem me despedir.
Naquele momento estava em cacos. E parece que piorara ao deitar minha cabeça sobre o travesseiro. Ali onde estávamos agarrados noutra noite. Pensei em Klaus. Não queria magoá-lo, enviei uma mensagem para ele:
“Eu não quero te magoar. Sabes que antes havia uma coisa com outra pessoa e acho que apesar de ser muito bom estar contigo não posso te usar.” Enviei.
“Não me usas. Deves estar cvonfuso.” Enviou apressado ao que me parece.
“Por favor, não pensa assim.” Chegou mais uma.
“Peço que não insista.” Digitei olhando pela varanda.
Estava triste e pedindo para morrer. Era lamuriante.
“Não me faça ir aí.” Li de imediato.
“Como disse... Não quero te magoar.” Escrevi, mas para ele descansar e não vir e me deixar mais culpado. “Pelo menos um tempo.”
“Eu não entendo, estávamos tão bem. Mas, se precisas, eu deixo. Não quero te forçar a nada. Quero apenas que saiba de meus sentimentos.” Meu coração doeu.
“Obrigado por ser tão especial. E és. Saiba que mereces algo muitíssimo melhor do que eu. Quem me dera se eu estivesse pronto para lhe dar tudo que merece :/” Olhei para os outros prédios respirando fundo.
“Melhor você ir descansar. Te amo.” Fez me rir com o canto da boca.
Pensei em me distrair, mas nada produziria. Fui para sala até o nascer do sol quando adormeci. Acordei com a campainha. Quando abri recebi um beijo.
- Eu não consegui dormir. Pensei só em ti. – Tentei protestar. Entre beijos vinham desculpas. – Desculpa, desculpa, desculpa. Eu mal esperava... Quase fico doido.
- Eu também não parei de pensar em ti, meu amor. – Falei abraçando-o.
- É o único para todo o sempre, meu amor. Já não há mais ninguém. Sempre te notei. Meu... – falou envolvendo-me mais.
Despindo-nos me pegou no colo. Nossos batimentos juntos, pulsávamos juntos. Meu leão estava ali. Suspirava forte com sua ferocidade. Agarrava seus cabelos. Cada estocada era tão fora de mim. Não era só carnal, era mais. Tremendo, ensandecido de prazer, contrai ferozmente minhas pregas apertando aquele mastro, fazendo-o urrar. Coladinho nele e na parede.
- Uau – ele soltou. Caminho comigo até a cama. – Foi incomparável. – Caímos na minha cama. – Eu acho que podes não acreditar, mas te amo. – Olhou-me no fundo dos olhos.
- Eu te amo também, seu bobo. – acariciei seu rosto.
- Somos só nós? – falou.
- Sim, só nós. – Finalizei.
Acho que certas coisas devem ser como melhor são, como melhor já foram. Nem sentido faz. Que terrível.
“Indecisão é quando você sabe muito bem o que quer, mas acha que devia querer outra coisa.” Adriana Falcão.
Um ponto pode ter a intenção de ser final, mas não o é.