Pessoal, como já falei, tenho vários textos prontos. Só faltava coragem pra postar, e se ninguém ler? Sim, eu tinha mesmo
esse medo. E no meio de tantos, achei esse. Talvez o tema não agrade a todos, mas não conseguimos agradar a todo mundo mesmo. Espero que gostem e muito obrigado pelos comentários do último conto, até eu me emociono quando escrevo, sou um bobo chorão... hahaha...Até... ;)
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— eu sou bonito?
— sei lá, pergunta pra alguem cara.
— eu não quero saber a opinião de qualquer cara. Quero a sua!
— ihhh, papo estranho heim?
— estranho nada. Você é meu irmão, fala, me acha bonito?
Ele se levantou e foi até a cozinha. Voltou trazendo um copo de refrigerante e me ofereceu.
— ta cansado de saber que eu não tomo essas coisas.
— fresco!
— não é frescura, é amor a vida mesmo. Saí fora do meu quarto, já incomodou demais.
— que saco.
Ele se levantou e saiu. Segundos depois colocou a cabeça na porta e me chamou, olhou bem pra mim e sorriu.
— você é muito bonito. — eu sabia que ele não ia me deixar mo vácuo.
— viu, nem doeu.
— sei...
Me chamo Augusto, como eu sou? Bom, sou como sua imaginação desejar. Podem me chamar de Guto. Tenho em minha vida um irmão, três anos mais velho que eu, bonito, dedicado a tudo que faz, e que gosta muito de mim, muito mesmo. Depois que meu pai passou a trabalhar a noite, o Joaquim passou a cuidar de mim. Mais do que deveria. As vezes me sentia sufocado com tantos cuidados que praticamente expulsava ele do meu quarto. Ele saía, meio chateado, não entendia porque raios ele gostava tanto de ficar comigo se vivia dizendo que eu era o cara mais gay do mundo. E eu era, mas esse segredo era só ele quem sabia. Sempre tive medo de dar pinta que adorava uma piroca, mas como irmão mais velho que ele era, percebeu sei lá como, que meu interesse em pirocas era maior do que qualquer outra coisa nesse mundo.
Ele teve certeza porque um dia eu, já cansado de sofrer sozinho, aos quinze anos, chamei ele pra conversar e desabafei. A partir desse dia ele passou a ser meu anjo da guarda, e eu adorava, em partes.
Aos vinte e dois anos ele tinha acabado de se formar em Cinema e vivia com a maldita câmera nas mãos. Eu? Eu ainda cursava o segundo ano de Direito. Queria ser Juiz, era meu sonho. Sabia que teria que ralar muito pra chegar até esse cargo que desde muito novo, sempre me chamou atenção. Meu pai era médico, nessa época chefiava a equipe de emergência no hospital mais movimentado da cidade. Fazia dois anos que ele assumira o cargo e foi a partir daí que o Quim e eu ficamos mais próximos.
Não nego que adorava ter ele sempre por perto. Ele cuidava de mim, fazia nossas refeições, me ajudava com os estudos e fazia de tudo pra eu não sentir tanto a falta da nossa mãe.
A gente tinha uma mãe, Cláudia, era linda, cheia de vida, até um bêbado cruzar o sinal vermelho e acertar o carro do meu pai em cheio. Ele infelizmente não pode fazer nada, por isso se dedicava tanto a salvar vidas. Nunca julguei meu pai por passar tanto tempo no hospital. A gente sabia que era o modo dele lidar com a dor eterna que ele sentia. Embora sua agenda fosse bem apertada, nosso pai sempre nos emocionava com seus abraços apertados e declarações de amor. Todos os dias ele dizia que nos amava e que o Quim e eu éramos tudo que ele tinha, suas jóias raras. As vezes me dava pena o modo como ele nos olhava, sempre procurando na gente um rastro de DNA que o fizesse lembrar de nossa mãe. Era de cortar o coração e mesmo depois depois de três anos, ele ainda mantinha o luto.
Por mais falta que sentia do meu pai, eu compensava muitas coisas na companhia do Quim. Até porque, ele mesmo tratou de tomar um pouco o lugar do meu pai na minha vida.
— sorria, você está sendo filmado. — ele entrou com a câmera ligada no meu quarto.
— pára, eu to estudando.
— o que?
— direito previdenciário.
— que chatisse. Diz pra mim como é ser gay...
— depende. A maioria acha que gay é promíscuo e que não conseguem manter um relacionamento estável porque traem os parceiros, mas tem o lado legal, gays são muito mais divertidos. Falei, agora desliga!
— desliguei. Eu te acho divertido, as vezes.
— eu? Ah sim, eu sou divertidíssimo.
— que irónico!
— eu sou um gay irónico hahaha.
Ele tirou os tênis e se jogou na minha cama. Ficou o tempo todo mexendo na câmera enquanto eu estudava. A fome começou a chegar e eu precisava continuar estudando, tinha prova. Ia fechar os livros quando ele me interrompeu.
— já vai parar?
— to com fome.
— eu esquento a janta pra você. Fique aí.
— valeu!
Abri os livros de novo e me joguei de cara neles, uns quinze minutos depois o Quim trouxe a janta e um copo gigante de suco de laranja natural. Por isso demorou. Jantei e tomei o suco que ele tinha feito. Tava muito gostoso. Terminei e ele levou tudo pra cozinha.
Resolvi estudar mais um pouco, mas não aguentei, o sono bateu e eu chochilava em cima dos livros. Ele viu, veio até mim e pediu que me deitasse um pouco.
— larga isso aí e deita.
— eu preciso terminar de ler só mais esse capítulo.
— eu sei, mas já ta babando...
— ta eu vou.
Deitei na cama e ele jogou uma coberta em cima de mim. Ele era o melhor irmão do mundo e mesmo assim pegava no pé dele. Se bem que acho que ele nem se importava, sabia que minha chatissse era um jeito de dizer " ei cara, eu gosto muito de você", por isso, mesmo eu sendo tão reclamão, ele sempre esteve ao meu lado.
Acabei pegando mesmo no sono e o Quim me acordou. Era meia-noite. Não queria ter dormido tanto, levantei e fui jogar uma água na cara e voltei a abrir meus livros. Precisava ler só mais um capítulo.
— não devia ter deixado eu dormir tanto.
— precisava sim, ficou o dia todo estudando.
— tudo bem. Me passa aquele espelho?
Ele foi pegar e não sei porque cargas d'água fiquei olhando fixamente pra ele. Ele se virou e me entregou o espelho. Perguntou porque eu precisava e disse que iria espremer uma espinha. Tava me incomodando, era nas costas, bem no ombro, mas eu precisa ver.
— quer que eu tire? — ele disse.
— tá, só não espreme com a unha. O pai sempre fala que com a unha inflama e vira aqueles furúnculos gigantes, não quero aquilo em mim.
— eu sei, é por causa da unha que é suja. Não vou espremer com a unha não.
— ta.
Virei a cadeira com o encosto virado pro meu peito e me debrussei sobre ela. Ele veio e tocou meu ombro. Senti um leve arrepiu e ele espremeu. Que alívio!
— vou limpar, fica assim.
— tá.
Voltou trazendo um pedaço de papel higiénico e uma pomada que meu pai sempre usava quando tinha alguem machucado na pele. Ele limpou e passou a pomada devagar, em movimentos circulares. Eu tava gostando daquele movimento e acabei relaxando o corpo na cadeira. Ele acabou e foi guardar as coisas. Fiquei ali, todo largado. Ele voltou e bagunçou meu cabelo.
— quase dormi de novo. — disse e ele passava os dedos por entre meus cabelos, bem na nuca.
— eu percebi. Você ta exausto, estudou o dia inteiro. Dorme, sua prova é no último horário mesmo. Vai dar tempo.
— verdade né? Humm, continua que ta bom.
— que folgado. Você sempre mexia no meu cabelo quando era criança.
— você gostava? — ele ficou quieto. Perguntei de novo. Você gostava, Quim?
— acho que gostava, não me lembro de alguma vez ter brigado contigo.
— hum, mas é bom. — ele parou.
Me levantei e comecei a trocar de roupa. Coloquei um pijama fininho e me deitei. Ele veio até mim e me deu boa noite. Antes dele sair chamei por ele.
— Quim?
— oi, quer alguma coisa?
— dorme aqui, tira essa roupa e deita aqui.
— ta.
Ele ficou só de boxer e se deitou comigo. Ele estava na beira da cama de frente pra mim e eu de costas, me virei de frente. Dei boa noite e fechei meus olhos. Ele respondeu e não ouvi mais nada.
Pulei da cama cedo. O Quim ainda dormia. Tomei rápido meu café da manhã, peguei o carro e fui pra faculdade. Dia de prova ninguém merece, tava todo mundo agitado. Se bem que era a última prova antes de entrarmos em férias. Duas semanas de paz e sossego. Santas férias de julho, vou te abraçar!!
Logo na porta da sala vi o Luan, um rapaz bonito, pele morena, cabelo encaracolado e uma barba muito bem feita, lindo. Quais minhas chances com ele? Zero! Namorava uma patricinha nojenta que cursava Química, mas ele, super gente boa.
— bom dia. — disse.
— bom dia pra você que certamente estudou.
— estudou não, mané?
— estudei nada. Esqueci completamente dessa prova.
— hahaha, normal. Mas da uma lida aí, é a última aula mesmo.
— vou tentar.
Bonito, mas esquecido... não tinha uma prova que ele não esquecia de estudar, não sei como conseguiu passar.
Final da penúltima aula e a sala toda começou a ficar alvoroçada, só escutava páginas virando, na tentativa desesperada de aprender alguma coisa de última hora. Ferrou!! O professor chegou!! Pediu silêncio e começou a distribuir as provas. Em cada carteira que passava, pedia também os celulares. Dava pra ver muitas carinhas decepcionadas. Mandou começar!
Fui o último a sair da sala. Entreguei a bendita prova e ele me olhou, olhou a prova e o gabarito. Pediu que eu esperasse.
— da orgulho de te ver saindo por último. — ele disse.
— quanto tirei?
— dez! Vai aproveitar suas férias rapaz, você merece! Pede pros outros entrarem, por favor.
Sai da sala e o pessoal aguardava o resultado da prova. Pedi que entrassem e foram como formigas em um pedaço suculento de bolo. A maioria depois saiu bem decepcionada. O Luan vinha de cabeça baixa, chateadão. Dei dois tapas nas costas dele.
— eu vou largar esse curso.
— e vai fazer o que?
— sei lá. Nunca quis Direito, meu pai que insistiu que eu fizesse esse curso chato. — tava explicado.
— eu nunca entendi, como você conseguiu passar numa faculdade pública se só tira nota ruim.
— eu faço de tudo pra tirar nem que seja a média. Odéio esse curso, eu queria fazer Medicina, é la que eu deveria estar.
— diz isso pro seu pai.
— hahaha, você não conhece meu pai. Minha família vem seguindo uma tradição à anos. Quer saber, vou embora.
Eu levaria aquele deus grego, mas ele tinha seu próprio carro. Fui pra casa feliz da vida e quando cheguei vi o Quim sentado no sofá da sala. Abri meu mais bonito sorriso e ele abriu aqueles braços gigantes. Pulei nos braços dele e caímos os dois no chão.
— cadê meu mano nota dez?
— ta aqui! — ele me abraçou.
— como foi a prova?
— caramba, prova cascuda.
— mas você é o cara. O pai ta quase chegando, acabou de me ligar.
— que bom. Agora me faz um favor? Tira essas pernas enormes de cima de mim.
— hahaha, vai la trocar de roupa pra almoçar. — até isso ele me mandava.
Fui pro meu quarto e tirava minha roupa quando ele entrou. Eu tava só de boxer. Ele se jogou na minha cama e conversava comigo. Não sei o que deu em mim, mas me joguei na cama com ele. Minhas pernas ficaram sobre as dele e continuamos nossa conversa. Ele me olhava e ria do jeito que eu falava. Senti sua mão na minha coxa. Ele enrolava os pêlos da minha perna. Me arrepiei.
— caramba Guto, pode nem tocar você que fica arrepiado.
— esqueceu que sou um cara muito sensível?
— hahah, é verdade. Olha isso! — ele passou a ponta do dedo e me arrepiei de novo.
— Quim, pára! — não pude controlar uma ereção. Droga!
— não, é legal! Volta aqui caramba.
Pulei da cama e de costas pra ele coloquei uma bermuda folgada de tactel. Me virei e ele me olhava. Certamente me notou de pau duro. Fingi que não tinha acontecido nada e fui pra cozinha.
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Continua...???