O CRIME DOS VIEIRA DE MELO - Parte 10
Ana de Faria abafou com a mão, por várias vezes, seu grito de gozo. Temia acordar os escravos que dormiam na senzala, enquanto as negras cuidavam da moenda da cana e cozimento do caldo, que depois seria transformado em açúcar. É que os escravos homens passavam o dia todo no corte e as negras varavam a noite trabalhando no galpão conjugado à senzala, chamado de moenda, enquanto estes dormiam. João Paes descansava um pouco, depois de gozar no rabo dela por duas vezes. Estava ainda sem fôlego, quando ela levantou-se apressada.
- Não posso me demorar mais, meu amor - disse ela esbaforida - minha mãe me aguarda acordada. Mas preciso soltá-lo dessas correntes. Acredito que meus irmãos, quando capturarem seu amigo negro, irão querer se vingar também de você.
- Não se preocupe com Mtumba - disse o jovem sem dar muita atenção ao que ela dizia, mexendo nos bolsos da calça - Ele sabe se cuidar muito melhor que eu. E quanto a mim, logo estarei liberto.
- Como assim? - espantou-se a moça com o que o jovem dizia - essas correntes são muito fortes e eu não tenho as chaves para abri-las.
O moço retirou uma chave de um dos bolsos da roupa e mostrou-a a Ana, dizendo:
- Esta é uma cópia da chave dada ao seu pai por Mtumba. Ela abre a argola que me prende. Eu já a tinha guardada no bolso antes do meu amigo dar o grilhão ao seu pai. Esperava que ficasse mais tarde, para libertar-me e ir à procura da sinhazinha.
- Vosmecês são loucos - riu-se ela - e eu me matando de preocupação de como iria conseguir libertá-lo. No entanto, não poderá ir pela trilha que leva ao rio. Meus irmãos estão de tocaia lá, esperando que o escravo volte para libertar vosmecê.
- Há uma piroga escondida nas margens do rio, bem perto dos fundos da casa grande - ouviu-se uma voz rouca dizer baixinho. Era o escravo a quem Ana de Faria havia perguntado pelo rapaz.
João Paes levantou-se de um salto, já livre dos grilhões, e andou em direção ao negro, que estava deitado e fingindo dormir. Meteu a chave no buraco do cadeado que o prendia ao tronco, comprovando que ela abria a fechadura da argola dele.
- Vamos, você está livre para fugir comigo - disse o jovem, cochichando - iremos pelo rio ao encontro do meu amigo.
- Não se iluda, escravo. Logo seríamos recapturados pelo feitor ou por algum capitão-do-mato. Eles têm cães farejadores. Ninguém nunca conseguiu fugir. E se somos pegos, apanhamos de chicote até a morte - resmungou o escravo.
- Eu não sou um escravo - disse João Paes - meu pai é dono de dois engenhos. Fugiremos para um deles, pelo rio. Os cães não poderão nos farejar na água.
- Fugir de um engenho para cair em outro? - sorriu sarcástico o negro - Não. Muito obrigado. Prefiro ficar aqui, junto com meus irmãos.
- Esta chave deve servir para abrir vários dos cadeados que prendem vocês. Liberte quantos der, depois se encontrem comigo onde escondem a piroga. Em grupo, seremos mais fortes caso sejamos perseguidos.
- Não. Se vários de nós escapam, vão pensar que fomos libertos pela sinhazinha! - quase rosnou o negro - E não queremos que ela seja castigada por causa de nós.
João Paes esteve pensativo por um instante. Depois voltou-se para a sinhazinha:
- Está vendo? Se vosmecê fugisse conosco, estes escravos não sofreriam a ira do seu pai nem dos seus irmãos. Não seríamos alcançados.
- Não daria tanta gente na piroga. E minha mãe é quem sofreria as consequências da nossa fuga. Vosmecê não conhece meu pai. Ele é muito violento, quando está zangado - rebateu a moça - Não, meu amor, eu não posso ir com vosmecê. Sinto muito...
O negro voltou a se acomodar no chão, depois de tornar a fechar o pesado cadeado que o prendia ao tronco. Desejou boa sorte ao sinhozinho e fechou os olhos, querendo voltar a dormir. Ana de Faria e João Paes se beijaram longamente, despedindo-se. Ela chorava. Ele acalentava-a, dizendo que descobriria para onde ela seria levada e voltariam a se encontrar. Ela pedia para que ele a esquecesse, pois a partir de então, pertenceria a outro. Ele se negava a perdê-la. Então, a moça ouviu sua mãe chamá-la baixinho, à porta da senzala:
- Ana, venha já para a casa grande. Seu pai acordou e já perguntou por vosmecê. Menti, dizendo que vosmecê estava a sono solto, no quarto, mas ele há de querer confirmar.
Ana de Faria correu em direção à mãe e agradeceu-a pelo aviso. As duas rumaram apressadas em direção à casa, sem se voltarem para o rapaz. Este ficou lá parado, entristecido com a partida da amada. Mas logo se resolveu a ir-se embora. Não chamou mais nenhum dos escravos a fugir com ele. Esgueirou-se entre os matos e árvores que arrodeavam a casa e finalmente encontrou a pequena piroga escondida entre as folhagens, na parte de trás da casa grande, bem perto do rio.
Realmente, não caberia mais do que duas pessoas nela, de tão pequena que era. Sem muito esforço, colocou-a dentro das águas. Também encontrou um remo improvisado, escondido entre as folhagens, e afastou-se remando dali. Torcia para que seu velho amigo guerreiro não tivesse resolvido vir resgatá-lo, caso se demorasse a encontrá-lo no fim da trilha que levava ao rio. Seria certamente pego em uma emboscada, se fizesse isso.
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Joaquim colocou a mão em concha por trás da orelha, tentando apurar a audição. Não conseguia ouvir nenhum som vindo da trilha. Com ele, estavam o irmão Manoel, o feitor Euzébio e dois negros musculosos, famosos por recapturarem escravos fugitivos. Foi um deles que sugeriu:
- É melhor trazer os cães e ir atrás do mascate, sinhozinho. Estamos perdendo tempo esperando que ele volte para resgatar o escravo branco.
- O desgraçado não é um escravo. Fingiu-se, para se aproximar da safada de minha irmã - rosnou Manoel, o irmão mais novo - e concordo com o capitão-do-mato: devemos trazer os cachorros e ir atrás do negro. Ele tem que pagar pelo que nos fez.
- Nada de cães - quase gritou Joaquim - precisamos provar que somos mais espertos que aquele desgraçado sem precisar da ajuda dos animais. E lembrem-se de que aquele cavalo é um demônio. Decerto escoicearia os cães como fez conosco.
Reinou um silêncio momentâneo entre os homens. Só depois, Joaquim, que era o líder do grupo, resolveu seguir a trilha atrás de Mtumba. Os dois capitães-do-mato seguiram na frente, querendo encontrar os rastros. Era fácil segui-los no barro do caminho entre as árvores. Mas logo os rastros foram sumindo, como se tivessem sido apagados. Experientes, os negros tornaram a encontrar vestígios de pegadas. Mas estas desapareceram na areia da margem do rio, quando chegaram a um trecho embrenhado na mata.
Mtumba, escondido em cima de uma árvore, protegido pela escuridão e pelas folhagens, não perdia os dois negros de vistas. Mandara as negras seguirem para o Engenho Velho, de propriedade dos Barreto, e ficara à espreita, caso o sinhozinho fosse perseguido durante a fuga da casa grande, como haviam combinado logo cedo. Estava armado de carabina, uma pistola e a espada que João Paes deixara com ele. É que, fingindo-se de escravo, não poderia estar armado. Mas não queria ferir os dois negros robustos que o perseguiam. Até porque tinha certeza de que eles não estavam sozinhos. Decerto os irmãos que receberam a surra de urtigas vinham logo atrás. Então, avistou na escuridão a aproximação de uma piroga sendo remada a favor da correnteza. Tinha uma visão muito boa, mesmo com aquela escuridão de noite sem lua. Era o sinhozinho quem se aproximava. E que logo foi visto pelos negros que se esconderam entre as folhagens da margem do rio.
- É o escravo branco! - cochichou um dos capitães-do-mato - como será que escapou dos grilhões?
- Com certeza a puta branca o libertou - respondeu baixinho o outro, mas os ouvidos apurados de Mtumba ouviam a conversação.
Era preciso fazer alguma coisa. E rápido, pois um dos negros já apontava sua espingarda de cano longo para o rapaz. Quando o velho guerreiro já se preparava para saltar da árvore onde estava e partir para agredir os dois homens parrudos, ouviu-se um tropel na noite. Era a escrava Eulália, montada no garanhão, vindo em disparada na direção dos capitães. Estes a reconheceram e, como não esperavam a intervenção da negra, demoraram a apontar as armas para ela. Foram arremessados com suas espingardas nas águas do rio, pela testa do animal, que se chocou contra seus corpos. Ainda zonzos da pancada, meteram as mãos dentro da água, à procura das armas. Mas levaram coronhadas na cabeça, dadas pela carabina empunhada por Mtumba, com uma violência tal que os deixou imediatamente desacordados.
- Por que diabos voltou? - perguntou o velho negro à escrava que estava esbaforida - eu não disse para seguirem viagem?
- As duas irmãs me convenceram a voltar. Acreditavam que meu rei podia estar em perigo e não conseguir se sair bem sozinho - respondeu Eulália, ainda sem recuperar o fôlego perdido pelo medo de quase ter sido alvejada por causa da sua ação impensada.
- Vai ganhar rola no cu já, já, para aprender a me obedecer - disse o velho mostrando seus dentes alvos.
João Paes, que assistira a tudo, remava a piroga para a margem. Desceu da pequena embarcação e se aproximou do casal. Cumprimentou o amigo e parabenizou a negra por sua coragem e ousadia. Ela riu satisfeita, mas avisou que queria ser recompensada por isso. Antes, porém, precisariam se livrar dos dois caçadores de escravos e sair urgente dali. Ela havia visto mais gente se aproximando, quando vinha a galope. Só não conseguira distinguir quem era, pois se esconderam entre as árvores quando ouviram o tropel do animal.
Mtumba puxou a mulher para a pequena canoa boiando na margem do rio. Deu mais uma porrada, com a coronha da carabina, na cabeça de cada um dos negrões que começavam a acordar. João Paes entendeu que ele queria seguir de piroga com a ex-escrava, pelo rio, enquanto ele fugia montado no garanhão. Antes de acomodar a negra na embarcação, Mtumba catou as armas dos dois negros dentro da água. Estavam encharcadas e a pólvora molhada negaria tiro. Mas carregou-as para o barquinho mesmo assim. Quando chamou a negra para ir consigo, no entanto, esta disse ter medo de água. Preferia ir com o sinhozinho, a cavalo. O negro não insistiu. Levou a embarcação para o meio do rio e remou a favor da correnteza.
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Quando o velho guerreiro avistou, novamente, o casal em um outro trecho da margem, remou até a areia. Já estava amanhecendo e os primeiros raios avermelhados de sol clareavam o céu. João Paes Barreto estava sentado no chão, encostado a uma árvore, e Eulália estava ao seu lado, aninhada em seu colo, adormecida. Acordou quando ouviu o sinhozinho cumprimentar o amigo.
- Bem vindo, Mtumba. Demorou a chegar.
- Meus braços já não suportam remar tão depressa como antigamente. Teve problemas com meus perseguidores?
- Eu cortei caminho pela mata, evitando passar por perto dos irmãos da sinhazinha. A negra ainda esperou um bocado por você, querendo receber o presente que prometeu a ela por voltar para ajudá-lo.
- Eu ajudei vosmecês dois - resmungou a negra - portanto, acho que mereço um presente do sinhozinho, também!
- Muito bem - disse João, sorrindo - e o que eu devo a vosmecê?
Ela relutou um pouco, antes de responder:
- Eu sempre tive curiosidade de saber como seria levar rola dos dois lados - falava olhando para o chão, visivelmente encabulada - uma negra da senzala disse que é muito bom...
Mtumba e João Paes se entreolharam. O negro botou o enorme cacete pra fora das calças, sem dizer nada. Eulália, toda contente, tratou de sacar a pica do sinhozinho também. Havia visto ele trepar com as duas escravas e, desde então, ficara muito excitada. Tinha predileção por uma pica branca, apesar de nunca ter fodido uma. Empurrou o peito do jovem, fazendo com que ele deitasse no chão. João perguntou se ela não ia lubrifica-lo antes, mas ela preferiu a seco. Montou nele, tirando o vestido por sobre a cabeça. Encostou os peitos duros no tórax do rapaz. Mtumba, enquanto isso, passava saliva no enorme caralho, que ainda estava meio bambo. Mas logo ficou ereto quando avistou o buraquinho da negra piscando, depois de enfiar-se devagar e sempre na rola do rapaz. O negro esperou que ela se encaixasse bem, gemendo de dor e prazer, e abriu suas nádegas com ambas as mãos. Apontou a glande para o ânus dela, que relaxou as pregas.
Eulália, nem bem recebeu o falo no cu, mijou-se toda. Deu um gemido longo, com um belo sorriso nos lábios. O negro, com expressão tarada no rosto, dizia:
- Vai, puta negra... Abre esse cu afoito... Recebe esse negro safado no rabo... Rebola na minha pica... Molha ela de gozo...
Aí, a mulher não conseguiu prender a sensação que explodia dentro de si. Empinou mais a bunda, procurando encaixar-se melhor naquela trolha. Arfou e gemeu com gosto. Mordeu João Paes no peito, enquanto tinha seu primeiro forte e demorado orgasmo. Mijou-se novamente, enfiada na pica do moço e sentindo a glande do negro bem lá dentro.
FIM DA DÉCIMA PARTE