Culpem JP, pela demora. As vezes ele toma meu tempo. E quando não estou com ele, pergunta o que fico fazendo em casa, além de estudar e passar horas com ele no skype quando não nos vemos, então digo que estou escrevendo pra vocês. E culpem ele também por eu voltar a postar somente lá por dia 28, ele finalmente conseguiu me convencer a ir com ele em um bendito acampamento nerd no dia 26. Ele fica lindo de óculos e mais ainda depois que os tira. Eu a agradeço por ter uma vida e agradeço por ter conhecido JP, ou minha mãe seria obrigada a ouvir minhas reclamações todos os dias. Se minha mãe sabe sobre JP? Sabe, e ela é a única que sabe toda a verdade.
Feliz Natal!! Bjs ;)
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— ainda bem que você trocou de carro, ou não caberia todas essas coisas. — disse e ele tinha acabado de arrumar as malas.
— acho que está tudo aqui. Vou sentir falta dessa casa. A gente nasceu aqui.
— também vou. Você ficou feliz quando eu nasci?
— se eu fiquei? Eu explodia de alegria. A nossa mãe trouxe você no colo e eu ajeitei a cadeira pra ela sentar. Você mamava e eu ficava te olhando, te cuidndo. E como você suava pra mamar, a cada mamada era uma troca de roupa. Eu ajudava nossa mãe na hora do seu banho e você chorava quando eu não estava perto. Me sentia tão importante quando pegava você no colo e você parava de chorar. Ela me sentava no sofá e te ajeitava bem certinho, ai você me olhava e sorria tão lindo.
— te amo. Vai sempre cuidar de mim?
— sempre.
O Quim contratou um caminhão baú para transportar nossos objetos pessoais e alguns eletromesticos e electrónicos. O resto da mobília ficou na casa, já que seria alugada com tudo dentro. Sentiríamos falta de tudo, fiquei olhando cada detalhe e lembrando de tudo que vivemos com nossos pais. Fomos felizes na casa onde nascemos e crescemos; ao lado da presença de nossos pais que nunca nos deixou faltar amor.
Nossas travessuras eram sempre seguidas de muita conversa e nunca me lembro de nossos pais ter nos levantado a mão. Eu iria sentir falta de tudo que vivemos naquela casa e o Quim certamente também.
Ele veio me chamar. Se colocou atrás de mim e me abraçou, apoiando a cabeça em meu ombro.
— ta na hora. — ele disse e beijou meu pescoço.
— eu sei. Só estou me despedindo.
— eu liguei pra nossa vó. Exiquei que me ofereceram um emprego e ela ficou meio chateada, mas nos desejou sorte e muita felicidade.
— nós seremos muito felizes, pode ter certeza. — disse e me virei de frente pra ele. Ele me beijou.
— nós já somos, meu amor. Agora é vida nova.
Trancamos a casa e deixamos a chave na imobiliária. O dinheiro do aluguel da casa seria depoisitado em nossa conta, assim como dos outros imóveis.
Meu irmão me pegou pela mão e me levou até o carro. A transportadora ligou avisando que tudo que era nosso, acabara de ser entregue e estava tudo certo. Era hora de ir, de começar uma vida nova, ele e eu.
Ele foi dirigindo, eu não tinha tanta experiência quanto ele e não queria me arriscar na estrada. Aproveitei pra ir cochilando...
No caminho, acordei sentindo a mão do Quim deslizar na minha perna. Ele me acariviava e ao mesmo tempo parecia querer me acalmar. Eu estava sonhando com a nossa mãe, parecia tão real.
— que foi? — perguntei e ele fazia carinho no meu rosto.
— você chamava a mamãe. Sonhou com ela?
— sonhei. Sabe o que ela disse pra mim?
— nem imagino. Coisa boa?
— sim. Ela disse: sabe o Joaquim? Ele te amou desde o primeiro dia que te viu. — Ela falava comigo e parecia tão real, pude sentir o cheiro do perfume dela.
— e te amei mesmo. Se tem uma pessoa que te ama mais que tudo nessa vida, essa pessoa sou eu. — me inclinei e beijei seu rosto.
No caminho pegamos uma chuva muito forte, era impossível continuar dirigindo. Eu estava ficando preocupado e pedi pra ele parar em algum lugar pra gente se abrigar.
— eu vou devagar, assim que encontrar um posto de gasolina a gente espera essa tormenta passar. Não posso parar no acostamento, é perigoso. Dorme mais um pouco, quando chegarmos, eu te aviso.
— ta bom.
Eu adormeci e ele me chamava. O dilúvio continuava e ele havia parado num posto de gasolina. Quando olhei pra ele, estava somente vestido com uma cueca boxer preta; seus cabelos estavam molhados e ele começara a se secar com uma toalha que tava na minha mala.
— onde você foi?
— comprar alguma coisa pra gente comer. Preciso de roupas secas, senão, vou pegar uma gripe. Pega pra mim e vou ajeitando tudo aqui.
— por mim você ficaria assim, ta muito excitante.
— hahaha, safado. Eu to com frio. Tem toalha na minha mochila.
Fui para o banco de trás e revirei a mochila dele. Voltei para o banco da frente e comecei a secar seus cabelos. Ele balançava a cabeleira molhada e me molhava também. Ah, como ele me fazia feliz, e um minuto longe dele era como se me tirassem as entranhas.
Voltamos pra estrada e ele vestira uma roupa seca. Eu comia o lanche que ele havia comprado e tentava não olhar tanto pra ele.
— o que foi?
—nada. Só estou comendo.
— é que você fica me olhando. Quer falar alguma coisa? Estamos quase chegando no Rio, to cansado. Fala, fala o que você quer e pára de ficar me encarando.
— hahaha, deixa de ser paranóico. Não estou te encarando por mal, mas quero te perguntar uma coisa. Então, onde vou dormir?
— ah garoto, você me mata. — ele disse rindo. — Onde mais você dormiria? Comigo, claro! No quarto de casal. Tem mais dois quartos, o outro de solteiro e o ultimo que vou deixar meu material de filmagem..Vai poder usar também.
— então eu terei um quarto de mentira...
— de mentira.
Finalmente chegamos. Conhecemos nosso porteiro, Malaquias, um gorinho, careca, muito simpático que avisou ter duas vagas na garagem, caso precisemos. Assim que estacionamos, ele estava de prontidão. Nos ajudou a subir com as malas e desceu mais rápido que um foguete.
O prédio era novo. Entramos e nossas coisas estavam todos em seus devidos lugares. UAL! Era uma sala gigante, adoro salas imensas, ter especo pra jogar almofadas e ficar assistindo filmes clichês até morrer de tanto chorar. Seria prefeito.
Levamos para o quarto as malas e assim que abri a porta, não pude conter a emoção. Uma cama king-size nos esperava e sem nenhuma dúvida, nos jogamos nela.
— eu estou destruído. — ele disse rindo e jogou seu corpo imenso sobre o meu.
— s-a-i d-e c-i-m-a. — ele virou pro lado e recuperei meu fôlego. — Você não pesa cinquenta quilos.
— eu só quero dormir.
— resposta errada. Você quer tomar um banho comigo e dormir, também. comigo.
— ah claro, o banho. O banho que vamos tomar na nossa casa nova. Sua e minha, está feliz?
— imensamente.
Eu a amava, amava minha mãe profundamente. Amava meu pai por ele ter sido o homem que amava a minha mãe a ponto de ter morrido por sentir tanta a sua falta. Amo meu pai por ele ter amado os filhos, mesmo sabendo que seus filhos se amavam de um modo tão intenso.
Me virei pro Quim e ele chochilava. Seu rosto dormindo era tão calmo que não conhicidia com seu jeito fortão. Ele abriu os olhos e acariciou meu rosto, beijei a palma de sua mãozona e ele sorriu pequeno, mas mesmo assim, um sorriso de felicidade. Se algo nele que me agrada tanta quanto seus beijos — é seu sorriso pouco tímido.
Tomamos um longo banho que parecia me livrar de uma tonelada sobre meus ombros. Ele apoiou os braços na parede e se inclinando pra frente, deixava a água cair nas costas largas. Adorava ver a água escorrendo sobre eu corpo e o abracei por trás. Me debrucei sobre ele e poderia ter dois de mim ali que não fazia a menor diferença. Seu corpo forte me sustentava e ele pegou minha mão esquerda. Não me lembro de ter mencionado, mas a mão esquerda é a mão da punheta, e na cabeça dele, ela trabalha melhor que a outra. Segurei com a minha mão esquerda seu membro endurecido.
— mas já está duro? Quim, Quim, que espécie de homem é você?
— hahaha, da espécie: não deite pelado sobre as minhas costas. Viu só o poder que você tem?
— hahaha, eu quando era criança, não sei se você se lembra, desejava ter o poder de ser invisível. Engraçado como as coisas mudam. Meu poder agora é deixar você de pau duro.
— gosto quando você chega perto de mim despretenciosamente e consegue causar esse efeito.
— hummmmm, quero causar outro efeito em você, ao invés dessa/somente punhetinha.
Nos amamos apaixonadamente. Dessas vez não reclamei do seu imenso corpo sobre o meu, pelo contrário, eu pedia mais, mais e mais. Embora fosse impossível ter mais dele, já que ele era de todo meu. Meu corpo tremia a cada toque de suas mãos ele ria por me arrepiar por inteiro. Sempre tive essa "coisa" com arrepios e ele começou achar isso interessantemente divertido.
A nossa estreia no apartamento novo foi fabulosa. Transamos por todos os cómodos e inclusive na lavanderia, depois que coloquei a roupa pra lavar. Ele veio até mim e eu, pensando que ele já tinha esgotado a sua cota de tesão, me surpreendeu com um daqueles beijos que faziam bambear minhas pernas.
Dormimos saciados/cansados/extasiados e ao mesmo tempo; relaxados.
Pela manhã, ouvi baterem na porta e quando abri, vi um menino, tinha mais ou menos quatorze anos, perguntou se eu queria jornal e ae eu quisesse, traria todos os dias e bateria do mesmo jeito de sempre pra que eu soubesse que era ele. Gritei:
— Quim, vai querer receber o jornal na porta todos os dias?
— vou! — gritou de volta e veio vindo com a toalha enrolada bá cintura.
— okay garoto, pode trazer o jornal, como te pago?
— venho receber sempre no começo do mês. Pode ser? Se não estiver em casa, pode deixar o dinheiro com o Malaquias, ele me entrega.
Me despedi do garoto e lembrei que não tinha nada pra comer. Chamei o Quim.
— que foi amor?
— como o que foi? Não tem nada pra comer aqui.
— verdade. Se arruma e vamos ao Supermercado. Comemos alguma coisa lá.
Voltamos duas horas depois e levamos uns quarenta minutos pra arrumar tudo. Ele me chamou pra irmos até a sacada do nosso quarto que ficava de frente pra rua. Fui até a geladeira e peguei duas cervejas. Levei uma pra ele e iria tomar a outra
— você está bem? — ele disse e esticou sua perna esquerda e colocou sobre a minha.
— estou ótimo. Perguntou pela cerveja? Bem, eu vou te acompanhar tomando uma, mas só uma. — bebi fazendo careta e ele ria.
Seu sorriso me invadia e eu olhei bem no fundo dos olhos dele. Ele me encarou e puxou a cadeira perto da minha.
— vida nova! — bateu sua lata na minha, como num brinde.
— vida nova! — disse e me inclinei, beijando sua boca. Alguém viu? Não sei; e realmente não me importava.
— você é maluco, mas eu te amo muito. — ele disse rindo.
— eu te amo todo. — e o beijei de novo.
Eu só queria ser feliz com ele. Queria poder sentir seu cheiro suado de manhã sem que ninguém da família nos surpreendesse..Eu só queria poder ficar a vontade com ele em casa e não me importar se estiver só de cueca porque sei que só ele vai me ver.
Ele ligava pra nossa vó todo o final de semana, durante um ano, até que ela faleceu. Depois de sua morte, voltamos e recebemos cada um, um terreno de herança. Meu tio Henrique tentou torcer o nariz, mas não pode fazer nada, era o que meu pai receberia se ainda estivesse vivo, mas ela decidiu que ficaria com nós dois.
Depois da morte da minha vó, não voltamos mais lá. Perdemos contado com a família. As vezes minha outra tia ligava, mas suas ligações se tornaram tão esporádicas, até que não mais ligou.
Recomeçar as vezes é tão difícil, mas no nosso caso, foi a melhor coisa a se fazer. O Quim vivia pra o trabalho e claro, pra mim também. Sempre cuidadoso e atencioso..Era raro discussões, pois ficávamos fora praticamente o dio todo e não sobrava tempo para brigas.
Eu o amava tanto que quando ele chegava, corria para seus braços gigantes e me aninhava em seu corpo. Era ótimo sentir ele tão perto. Ele era meu irmão, meu amigo, meu melhor amigo e acima de tudo, ele era o homem da minha vida.
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Fim!
PS: JP sabe usar a mão esquerda muito bem...