Olá! Esse é um conto gay. Para ficarem por dentro da história, leiam o primeiro capítulo já postado aqui. Se gostarem, comentem por gentileza. Obrigado por leremA vida se tornou bastante difícil para Noemi depois que ela foi colocada pra fora de casa pela sua família. Grávida, sem trabalho, muito nova e sem nenhuma experiência de vida ela foi vagando de casa em casa e às vezes tendo que passar por situações bastante humilhantes. Finalmente ela encontrou a casa da família do pai da criança que ela esperava e ficou morando por lá até que a criança nascesse mas mesmo assim junto deles não encontrou muita assistência. O rapaz por sua vez, parecia não ter nenhuma noção da responsabilidade que ele teria pela frente. Afinal também era um garotão e tinha suas prioridades de um meninão de 16 anos. Ficava pelas ruas o dia todo soltando pipa e jogando futebol com os colegas da vizinhança e da lá saía para outros cantos ficando até mesmo vários dias fora de casa sem dar notícias. Era um garoto que vivia jogado. Ele não tinha pai e sua mãe além de problemas psiquiátricos, também tinha sérios problemas com álcool e drogas e conseqüente a isso ela não tinha uma boa cabeça pra cuidar de uma nora grávida. Os irmãos eram todos problemáticos e não havia uma boa convivência entre eles. Uns bebiam como a mãe, outro era envolvido com o tráfico de drogas e uma das irmãs se prostituía pelas ruas do centro da cidade. Ainda morava com eles o sobrinho de 9 anos de idade que também vivia jogado e não recebia nenhum cuidado. A renda da família era conseguida por estes benefícios sociais concedidos através de programas do governo. Outras formas de ajuda vinham de doações de vizinhos, cestas básicas doadas pelas igrejas e entidades espíritas que tinham no bairro.
Ás vezes quando saía para ir ao armazém ou ao posto médico, Noemi encontrava com seu pai e seus irmãos pelas ruas e estes a ignoravam como se não a conhecessem. Eles faziam questão de demonstrar o quanto estavam decepcionados e envergonhados. Enquanto sua barriga crescia, ela ainda era apontada, e continuava sendo motivo de cochichos quando encontrava algum irmão da igreja.
O clima na casa do rapaz era infernal. Muita gritaria, brigas todos os dias por qualquer motivo e para piorar mais a situação, a sua mãe quando vinha embriagada dos botecos chegava procurando encrenca com os filhos que também bebiam e tinham o estopim curto. Eles não cediam e a quebradeira era total. Às vezes quando os filhos não estavam, as provocações eram dirigidas para Noemi que ora ignorava ora não se sentido na obrigação de aguentar, revidava. Essa era a rotina diária que todos os vizinhos conheciam bem.
Naquela casa, Noemi não tinha uma alimentação saudável e balanceada. A situação da própria casa era inóspita para uma gestante, contudo ela se dava por feliz por ter pelo menos aonde dormir e se alimentar ainda que inadequadamente. Agora, como uma criança poderia crescer saudável num ambiente daqueles? O que ela viria a se tornar no futuro, vendo aqueles péssimos exemplos e assistindo o mau comportamento daquelas pessoas e pior ainda, sem poder contar com os cuidados do seu pai? Refletindo sobre isso, muitos pensamentos ruins passavam pela sua cabeça até mesmo o de cometer um aborto e dar um fim naquela situação de apertos e sofrimento.
Noemi, da forma que podia, ia dando um jeito de sobreviver. Até que seu bebê nascesse, ela foi trabalhar como faxineira, quando pintava alguma faxina, Ia lavar carro junto com os amigos do seu cunhado drogado, catava algumas latinhas de cerveja pelas ruas e juntava para vender nos depósitos de reciclagem e assim ela ia levando.
Um dia, quando estava em casa, ela foi procurada pela sua mãe que descobrira que ela estava morando naquela casa.
---- Noemi, como você está minha filha?! Está se cuidando?
---- Mãe, não se preocupe. Aqui não é lá aquela maravilha como a senhora pode ver mas é muito melhor do que aquele inferno aonde a senhora vive com aquele demônio do meu paiNão fale assim menina! Seu pai só quis se preservar! Ele ficou envergonhado Noemi. Nossa família virou assunto naquela igreja , entenda seu pai, querida! Ele vai te perdoar! É só questão de tempo, da cabeça dele esfriar. Essa criança vai fazer com que ele mude aquela mentalidade difícil que ele temNão quero e nem preciso do perdão de ninguém, mãe. Aquele homem sempre foi estúpido a vida inteira e não vai ser uma criança que vai mudar aquele infeliz. Ele quis se preservar me botando na rua, grávida sem rumo, porque a opinião dos outros é muito mais importante do que a filha dele. Egoísta! Só pensou na moral dele. E a senhora mãe, não fez nada pra me defender.
---- Filha, não seja tão dura! Você acha mesmo que eu posso ir contra as decisões do seu pai? Você acha que ele ia me ouvir? Você sabe bem como ele é e que não volta atrás nas suas decisões. Não foi fácil pra mim Noemi, ter que sobreviver e tentar me recompor a poder de antidepressivos.
---- Mas a senhora é mãe. Era seu dever me defender. Quem sabe se a senhora gritasse, fizesse um escândalo ele não baixaria a bola e te daria razão? Ele não me fez sozinho, mãe. Vocês dois me geraram e se foi assim, por que só a decisão dele é que vale mais? A senhora não é casada com ele em comunhão total de bens? portanto é também a dona da casa ---- Noemi já estava alterada com as emoções aflorando pela pele
---- Seria pela sua filha, não por uma qualquer. Mas eu não passo disso pra vocês não é mamãe? Uma qualquer que além disso é culpada pela sua depressão, como o Thiago me jogou na cara. Não entendo que raio de religião é essa que as pessoas falam tanto de amor, que Deus é amor mas é só no gogó porque na prática, principalmente quando uma filha fica grávida de um mundano que não é o filho ou o neto do pastor da igreja, aí o amor acaba, não é assim?
A mãe escutava embaraçada, afinal ela nem tinha muito o que argumentar diante das verdades que sua filha desabafava naquele momento.
---- Noemi, me escuta. Eu vou conversar com aqueles seus tios pra eles te receberem na casa deles até a criança nascer. Essa casa não é um lugar saudável pra você passar a sua gravidezNão precisa, mãe. Aqui eu vou me virando e estou muito bem.
---- E o pai da criança, trabalha pelo menos?
---- Olha mãe, o pai da criança é um inconsequente e irresponsável mas não se preocupe. Eu vou cuidar muito bem desse bebê enquanto eu tiver dois braços e duas pernas. Eu prometi a ele e a mim mesma que ele não vai passar falta de nada, independente se o pai dele quiser ajudar ou não. ---- afirmou resoluta.
---- Agora vá mãe, antes que o seu marido descubra que a senhora foi visitar a filha rebelde e venha te buscar pelos cabelos.
Noemi estava decidida. Ia enfrentar o mundo, a tudo e a todos por aquele serzinho que muito em breve viria a esse mundo para lhe trazer um pouco de alegria e esperança.
