O CRIME DOS VIEIRA DE MELO - Parte 14
Os dois capitães-do-mato atenderam prontamente ao chamado do patrãozinho. Em menos de cinco minutos após o negro Simão dar o recado, já estavam perto do açude, onde os aguardava o jovem Manoel ainda furioso. Ele contou rapidamente o que lhe acontecera, omitindo a suspeita de que havia sido enrabado. Mas nem foi preciso dizer nada aos dois homens rudes. Estes observaram os rastros no solo e logo entenderam o que havia acontecido ali. O sulco deixado pelos pés sendo arrastados na areia, as marcas deixadas pelos joelhos do moço no chão, perto do tronco, e a posição das pisadas bem atrás dele indicava que alguém tinha tomado no cu. E tudo levava a crer que havia sido o patrãozinho. Os dois capitães-do-mato se entreolharam, quase não contendo a vontade de rir que a desgraça do moço lhes causava. No entanto, apenas se limitaram a perguntar:
-O sinhozinho viu para onde o agressor fugiu?
- Claro que não - respondeu Manoel irritado - Eu caí imediatamente desacordado após receber a cacetada na cabeça. Mas antes, eu vi quem ia me atacar: era aquele negro mascate que apareceu no engenho. E vosmecês não conseguem ver aonde essas pegadas levam?
Um dos homens coçou a cabeça meio encabulado. Olhava para o chão, quando respondeu a pergunta do filho do patrão:
- Essas pegadas levam de volta à casa grande, sinhozinho. E achamos que pertencem ao negro Simão - disse o que parecia ser o líder da dupla de capitães.
- O quê??? - quase berrou o jovem - estão querendo insinuar que foi o desgraçado do escravo Simão que me seviciou???
- Não falamos nada de ninguém ter sido enrabado, patrãozinho. O sinhô mesmo é que está dizendo... - continuou o capitão.
Manoel percebeu a besteira que acabara de dizer, por isso logo desconversou. Mas os dois homens continuavam com o mesmo risinho safado de antes. Aí, o moço fez uma expressão como se tivesse caído na real. Soltou uma imprecação:
- Putaquemepariu! A negra Eudóxia estava de comum acordo com o negro que me nocauteou. Ficou de enxerimento comigo tentando distrair minha atenção até que o comparsa acertasse-me a cabeça.
Berrou, liberando todo o ar dos pulmões:
- Prendam os dois e amarrem lá no tronco, que eu chego já lá!
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- Precisamos fugir depressa, Eudóxia. O patrãozinho vai desconfiar que fui eu a dar-lhe uma paulada na cabeça. E se vosmecê estava por perto, decerto vai cismar que estava mancomunada com esse negro aqui.
Simão estava suando muito, desesperado de arrependimento pela desfeita com o sinhozinho. Sabia que os capitães-do-mato logo matariam a charada examinando os sinais deixados na areia. Mais uma vez, se maldisse por não ter fugido na canoa junto com o escravo branco. Mas não queria que a negra Eudóxia "pagasse o pato" por ele. Queria que ela se fosse do engenho o quanto antes, em sua companhia. A escrava, no entanto, não achava que estivesse em perigo. Insistia em ficar, acreditando que havia conquistado a simpatia do filho mais novo do dono do engenho. Apavorou-se quando os dois capitães se acercaram dela e a seguraram firmemente pelo braço:
- Você está indo para o tronco, negra. Ordem do sinhozinho Manoel - disse o que parecia o líder dos mal-encarados capitães-do-mato.
- E você, Simão, vem junto com ela - disse o outro sujeito - vai pagar por sua ousadia com o nosso patrãozinho!
O negro Simão não esperou para ouvir o fim dessa frase. Correu em direção à porta de saída da senzala, pretendendo fugir dali. Mas foi derrubado por um tiro de garrucha dado por um dos compinchas do senhor de engenho. Aproveitando-se que os dois homens tinham a atenção voltada para o escravo, Eudóxia esgueirou-se para fora da senzala. Percebera a gravidade da situação e não queria ir para o tronco por causa da impulsividade do negro que atacou o patrãozinho por ciúmes dela. Antes de fugir, no entanto, olhou para trás. Ouviu quando um dos capitães disse a Simão:
- Vosmecê enrabou o sinhozinho. Agora ele vai te capar antes de te matar de uma surra a chicotadas, negro tarado e audacioso.
Deu uma coronhada com o cabo da carabina na cabeça do escravo, quando terminou de proferir a sentença. Simão desmaiou de dor, quando teve a cabeça atingida. Eudóxia correu em direção a mata. Sabia que estava em perigo. Teria que sair rápido dali.
Ouviu os cachorros latindo, enquanto corria o mais depressa que podia em direção a algum lugar qualquer. Nunca se afastara tanto do engenho, temendo que pensassem que estivesse fugindo e mandassem os capitães atrás dela. Estes eram negros de tribos rivais a dela e tudo fariam para recaptura-la. E, se os cães a alcançassem, estaria perdida. Eles a destroçariam viva. Controlou o fôlego e correu, correu e correu. Sempre ouvindo os latidos dos mastins atrás de si.
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A negra não soube quanto tempo passou correndo. Já estava esbaforida quando encontrou a égua ferida, tendo o garanhão ao seu lado. O animal se levantou e se pôs em posição de defesa, querendo proteger a companheira ainda fraca por causa da perda de sangue. O cavalo, no entanto, empinou as orelhas ouvindo os latidos dos cães ao longe. Puxou a égua pelas rédeas, em direção a margem da estrada, para dentro da mata. Ficou arrodeando a poça de sangue no chão, em trote em círculos, como a pedir ajuda para a negra encobrir os rastros da companheira. Eudóxia demorou um pouco a entender o que o animal queria. Mas logo encobriu o sangue, arrastando com os pés a areia fina sobre a poça no chão. A égua desmoronou por trás de uns arbustos. Mas não fez nenhum barulho quando os cães se aproximaram, latindo e acuando-a. Estavam bem adiantados aos homens que os incitavam a perseguição. O garanhão, no entanto, escoiceou-os a todos, saindo em defesa da companheira. Os cachorros ficaram lá, caídos, muito machucados pelas pancadas que receberam do equino. Aí o animal empurrou a negra com o focinho e depois ofereceu montaria a ela. Eudóxia montou e o garanhão se afastou dali a galope. Ele relinchou, esperando que os perseguidores o ouvissem e o seguissem, afastando assim o perigo da égua ser vista pelos capitães-do-mato.
Quando, mais de meia hora depois, chegou ao Engenho Velho, foi imediatamente avistado pelo velho negro que ainda estava deitado na rede armada no alpendre. Este, mais uma vez, levantou-se de um pulo ao ouvir o tropel do animal.
- Sua companheira transformou-se numa negra? - riu divertido o velho mascate, dirigindo-se ao garanhão - Ficou muito mais bela e formosa.
Esbaforida, Eudóxia falou para o velho guerreiro:
- Senhor, eu soube que vosmecê é um bravo guerreiro. Precisa salvar meu companheiro, pois ele vai ser castrado pelo sinhozinho lá da senzala onde sou escrava!
- E o que ele fez para merecer isso? - perguntou o mascate, sem se alterar.
- Não sei bem - disse a negra num fio de voz - mas ele não merece isso. O que eu sei é que bateu com um pedaço de pau no sinhozinho, pensando que estava me salvando dele. Agora, dois compinchas do patrãozinho estão me perseguindo desde o engenho. Acho que logo estarão aqui.
Nesse momento, João Paes apareceu à porta do casarão do engenho. Perguntou o que estava acontecendo e o negro o informou dos fatos. O jovem mostrou-se preocupado. Não queria que os homens o vissem ali, denunciando sua identidade. Logo saberiam que ele era filho do dono do Engenho Velho e do Engenho Novo. Disse para o negro guerreiro:
- Esses lacaios não podem sair com vida daqui. Denunciariam quem somos. No entanto, não podemos matá-los pois meu pai sofreria as consequências, entendeu Mtumba?
Sem responder ao jovem, o negro voltou sua atenção para a escrava:
-Está disposta a se sacrificar para salvar seu homem, negra?
- Não é o meu homem, mas fez merda para me salvar do filho do dono do Engenho Pindobas. Farei o que for preciso, meu rei.
- Eu não sou seu rei. Você não pertence a minha tribo. E de hoje em diante será uma escrava livre - falou Mtumba entredentes.
- O que essa negra tem que fazer?
O velho pensou por uns instantes. Depois, sem nenhum constrangimento, disse a ela:
- Quando os seus perseguidores chegarem aqui, é preciso que a vejam trepando comigo. Isso irá distrai-los enquanto o sinhozinho toma as devidas providências.
A negra deu um sorriso safado. Agradeceu, mentalmente, aos santos de Umbanda por estarem dando nova chance dela tirar o atraso de tanto tempo sem foder. Olhou para o volume entre as pernas do negro. Depois comparou-o ao volume entre as pernas de João Paes. Sentiu mais tesão pelo branco. O velho guerreiro percebeu seu interesse pelo moço. Disse baixinho, ao ouvido do jovem sinhozinho:
- Essa negra gosta de dar o cu. Veja como o tem empinado. Te daria de bom grado, mas faça-a implorar por dá-lo. É dessas que tem que ser bem fodida, senão nunca se sente satisfeita. Acha que consegue?
- Como você pode ter certeza de que ela é tarada por rola no rabo? - quis saber o jovem.
- Observe a inclinação da bunda e o modo como ficou comparando o tamanho dos nossos cacetes. E veja que não recuou quando propus que fodesse comigo. Ainda por cima, quer livrar o companheiro de ser castrado. Essa gosta mesmo de rola, meu jovem amigo, e não a quer na boceta. Prefere no cu.
- Você está sendo presunçoso demais, velho amigo. Quem sabe ela apenas gosta do negro e quer salvar a pica dele de ser extirpada? - ponderou o sinhozinho.
- Não vamos discutir, pois o tempo urge. Os capitães já devem estar por perto. Enquanto me escondo para pegar os sujeitos de surpresa, proponha a ela que espere por mim. Pergunte se ela quer levar duas picas, ao mesmo tempo, no rabo. Se ela recusar, estarei errado. Mas, se ela fizer cara de curiosa com a proposta, espere que eu volte. Fiquei tarado no rabão dela.
- Velho safado e sem vergonha - sorria João Paes - Desde quando passou a se interessar por rabos de negras jovens?
- Desde que me entendo de gente. Mas agora estou ficando velho e procuro gozar antes que não consiga mais levantar o cacete.
- Me convenceu. Vou fazer o que diz. Mas veja lá o que vai aprontar com os capitães. Não podemos matá-los aqui nas cercanias do engenho.
Mtumba afastou-se sem responder. Antes de ir-se, porém, apalpou a bunda da escrava. Esta não rejeitou sua ousadia, até sorrindo com o gesto dele. A negra apalpou também o volume do sinhozinho, bem marcado sob a calça apertada de tecido cru que vestia. O jovem puxou-a pelo braço em direção a rede onde estivera descansando o negro.
- Vamos trepar numa rede, sinhozinho? - espantou-se graciosamente ela - nunca fiz isso. Dizem que é difícil e que temos que ter muito equilíbrio.
- Prefere tomar na bunda em outro lugar?
- Eu ouvi o que o velho sem-vergonha propôs ao sinhozinho. Se é pra levar duas picas no cu, quero estar numa posição mais confortável - disse com convicção a escrava.
Antes que o jovem dissesse alguma coisa, ela o arrastou para perto de uma das paredes da construção muito esburacada por balas. Encostou-o no barro frio e retirou toda a própria roupa por cima da cabeça. Baixou a calça dele e abocanhou o membro ainda bambo. Chupou-o sem pressa, como se não tivesse a pretensão que ele gozasse logo. Espremeu a vara do jovem entre os seios enquanto o chupava com eficiência. Então, ouviram vários tiros vindos da estrada. Ela ficou apreensiva, mas o jovem demonstrava muita tranquilidade. Confiava no velho negro demais, negando-se a acreditar que ele estivesse levando a pior. Puxou-a de volta para si e disse que não se preocupasse: o negro logo estaria ali.
Eulália acorreu até a porta da casa grande, alarmada pelos estampidos. Viu a negra Eudóxia no cio e aproximou-se do casal. Perguntou o que a escrava estava fazendo ali. Esta a puxou para perto de si, pedindo que ela lhe mamasse os peitos. João mamava um enquanto a negra Eulália atendia o chamado da outra. Eudóxia fechou os olhos e ficou ronronando de prazer. Eulália baixou a boca, lambendo a xoxota dela, sempre perguntando o que a escrava estava fazendo ali. Esta apenas gemia de gozo, tendo os peitos sugados pelo sinhozinho e a boceta mordiscada pela jovem. A negra gordinha também assomou a porta, preocupada por causa dos tiros que ouvira. Viu o trio na maior libertinagem e disse que também queria foder. Chamou a outra negra, sua amiga. Esta apareceu toda encurvada por conta das feridas provocadas por chicotadas nas costas. Não quis participar da gandaia. Preferiu ficar observando, masturbando a boceta encharcada.
Aí Mtumba apareceu caminhando em direção a casa, trazendo sob mira de sua velha carabina os dois capitães-do-mato desarmados.
FIM DA DÉCIMA QUARTA PARTE