João Carlos encontrou a porta trancada da casa e as janelas abertas. Tarssila e Priscila estavam namorando na cama, enquanto o policial tirou a sua chave do bolso e abriu a porta. João Carlos estava desconfiando de alguma coisa, e era fato que ele estava ouvindo gemidos do se quarto. Ele não imaginava quem estaria ali junto com a sua esposa.
*LIBERDADE 4EVER – CAPÍTULO 34*
Tarssila e Priscila se beijavam nuas na cama, sem prestar atenção no som dos passos de João Carlos pela casa. O policial antes de tocar na porta do quarto parou para analisar a situação.
João:- não pode ser, ela está me traindo com outro? Será? - ele pensou.
João enfim abriu a porta, ele teria ficado excitado ao ver duas mulheres juntas, se não fosse sua esposa ali na cama. Tarssila levou um susto ao ver o marido.
Tarssila:- meu Deus do céu João Carlos
João:- sua vagabunda, vagabunda – ele disse puxando a mulher pelos cabelos, arrastando ela até o sofá da sala
Priscila rapidamente vestiu sua roupa e ficou cara a cara com João Carlos no quarto.
João:- sua piranha, lésbica safada
Priscila:- Tarssila pelo amor de Deus, esse homem não pode te bater, vista-se – ela disse jogando a roupa
João:- como você tem coragem de levar essa garota pra nossa cama? O que ela fez com você Tarssila? Sua pecadora, infiel, diga alguma coisa Tarssila!
A esposa não tinha coragem de falar nada.
João:- você não pensou na nossa filha, não pensou em mim, onde já se viu uma mulher com a sua idade andando com essa putinha
Priscila:- putinha é a sua mãe seu escroto
João:- você cala a sua boca, depois do que você fez aquela vez, isso só comprova que você é uma puta sim, da pior espécie, a que pega homem e mulher, seus pais não te deram educação nenhuma
Priscila:- você é um machista homofóbico
João:- machista homofóbico, saia dessa casa, some daqui antes que eu arrebente sua cara
Priscila:- faz isso, que eu vou correndo contar pros seus amiguinhos policiais, Tarssila você não pode ficar aqui com esse homem
Tarssila:- vai embora Priscila, vai embora – ela chorava
Priscila:- ele vai te matar
Luan abriu a porta e tomou um susto.
Luan:- que que tá pegando? O que aconteceu gente?
João Carlos pegou Priscila pelo braço e jogou para fora de sua casa.
Priscila:- isso não vai ficar assim
João:- não vai mesmo, fica esperta – ele disse entrando em sua residência novamente
Luan:- Tarssi, o que houve? - ele disse abraçando a irmã
Tarssila:- uma coisa terrível
João:- a sua irmã é uma sapatona, machorra, vagabunda, peguei ela na cama com a outra lá, tava me traindo a quanto tempo hein?
Luan ficou atordoado com aquilo. Tarssila estava se sentindo muito mal, culpada, suja, não tinha coragem de olhar para a cara de João Carlos.
João:- eu não to entendendo mais nada, primeiro eu descobro que ela era uma lésbica, depois ela arma aquele circo para você achar que eu estava te traindo, agora eu flagro vocês duas juntas, o que ela queria? Ela queria acabar com a nossa família desde o início não foi?
Tarssila:- o problema não é ela, o problema sempre fui eu, eu sempre fui assim, eu sempre fui lésbica
João:- você está enganada, pelo amor de Deus, não venha com esse papo de eu sempre fui, eu nasci assim, alguma coisa te influenciou a isso e foi desde que essa garota apareceu
Tarssila:- não foi não, você não sabe o que eu sofri todos esses anos, tentando ser uma mulher que eu não era, para agradar a família e os amigos, mas eu cansei João, cansei dessa vida, eu fui infeliz todos esses anos
João:- o que ela fez com você? Você tá dizendo que casou comigo não me amando?
Tarssila:- eu casei pra eu fugir disso tudo, eu me envolvi com você e engravidei em seguida pra ninguém levantar a suspeita lá no interior do Pará, imagina se minha família soubesse a verdade, eu estaria morta, mas eu tentei te amar, no fundo eu acho que te amei, sei lá, aprendi a conviver com você, você não pode reclamar de nada porque eu sempre fiz tudo pra segurar esse casamento até onde eu aguentei
João:- eu não quero ouvir mais nada
Tarssila:- vai ouvir sim, eu passei todos esses anos calada, reprimindo o que eu sentia, bancando a família tradicional feliz para agradar os outros, mas agora eu não quero mais você na minha vida
João:- Tarssila, a gente pode esquecer tudo isso, pior seria se você tivesse com outro homem
Tarssila:- você ainda não entendeu que eu sou lésbica?
João:- isso tem cura, é só uma fase, se a gente tentar de novo, podemos ter um casamento feliz
Tarssila:- não dá, eu não consigo mais João Carlos, chega, chega, chega de ficar escondendo isso, eu quero mais é ser feliz, a gente morre e não leva nada desse mundo
João:- você vai é pro inferno se continuar com esse pensamento, você não tá pensando na Deyse?
Tarssila:- eu vou conversar com ela mais tarde
João:- você não vai fazer a cabeça da nossa filha para ela aceitar essa pouca vergonha, eu não vou deixar, se você quer isso mesmo, vai ter que aguentar as consequências, eu não quero ter uma mulher macho comigo, que vai ficar olhando para as outras, meu Deus você me enganou esse tempo todo, 15 anos de casamento
Tarssila:- se eu tivesse uma mente aberta naquela época, eu não tentaria viver escondida assim, eu errei, errei muito, eu não queria que fosse desse jeito
João:- agora não tem mais concerto mesmo, eu não quero saber de você Tarssila, eu vou sair dessa casa, pedir a separação, vou procurar um advogado porque eu quero a minha parte, se casamos em comunhão total de bens.
Tarssila:- você tem o todo o direito, eu não queria que tivesse sido desse jeito
João:- para de chorar feito uma criança mulher, a culpa é sua, não adianta reclamar agora
João Carlos pegou sua roupa e seus acessórios, jogando em uma mala de viagem.
João:- eu também não queria que fosse desse jeito – ele estava com o coração apertado – mas eu vou indo, até mais Luan
Luan abraçou a irmã que estava abalada.
Luan:- não precisa falar nada não, eu to contigo nessa
PERUÍBE – SÃO PAULO
Suzan e Maria Fernanda tinham acabado de almoçar.
Maria:- quando vamos embora?
Suzan:- eu não sei
Maria:- amanhã eu ainda posso faltar na faculdade, mas quarta não, e você?
Suzan:- eu não poderia faltar em nenhum dia, nem no estágio, mas como vamos embora e deixar a mãe nesse estado?
Maria:- não dá né, podíamos agilizar para levar ela pra morar com a gente
Suzan:- é, eu pensei nisso, eu vou no supermercado agora, tem muita coisa faltando nessa casa
Maria:- eu vou ficar por aqui mesmo então
Suzan:- qualquer coisa, me manda mensagem no whats
Suzan saiu da casa e ligou para Jéssica.
Jéssica:- oi amor
Suzan:- oi, tudo bem?
Jéssica:- sim, o que tá fazendo?
Suzan:- to indo comprar umas coisas aqui no supermercado e você?
Jéssica:- to assistindo RBD live in Rio, acredita?
Suzan:- só você mesmo – ela disse rindo
Jéssica:- tá tudo calmo ai?
Suzan:- aconteceu tudo aquilo que eu te contei, mas quando eu chegar ai vou explicar direitinho, tem coisa que nem eu to entendendo
Jéssica:- amor, eu to com saudade, volta logo
Suzan:- claro e ai tá tudo bem?
Jéssica:- não está não, a Tarssi acabou de me dizer que o marido dela descobriu tudo
Suzan:- vish, coitada
Jéssica:- muito foda, daqui a pouco eu vou conversar com ela
Suzan:- beleza, eu vou desligar aqui e a gente continua falando no whats
Jéssica:- tá bom, eu vou tomar um banho antes, já volto
Suzan:- tá bom, tchau amor
Jéssica:- tchau
Jéssica estava no apartamento de Gisele junto com Yngrid.
Yngrid:- ai esse almoço nunca fica pronto
Gisele:- calma Yngrid, você podia me ajudar e ir fazendo o suco
Yngrid:- pode ser, suco eu sei fazer
Gisele:- e quem não sabe fazer um suco?
Jéssica percebeu que alguém estava usando o seu shampoo, só podia ser Yngrid, ela deduziu.
Gisele:- está pronto o macarrão com carne moída
Yngrid:- ai não vejo a hora de acabar esse feriado
Gisele:- porque?
Yngrid:- é que vocês ficam em casa, eu gosto de ficar sozinha
Gisele:- ficar sozinha pra que?
Yngrid:- pra eu ouvir as minhas músicas, ler os meus livros, ficar bem relaxada
Gisele:- mas vamos sair hoje? Quero ir no Parque Tanguá
Yngrid:- pode ser, não conheço
Gisele:- você vai gostar
Yngrid:- Jéssica venha comer
Jéssica:- ai que fome, pra onde vocês vão hoje mesmo?
Yngrid:- Parque Tangá
Gisele:- Tanguá, Yngrid
Yngrid:- é, Jéssica você bem que podia me emprestar esse havaianas novo slim que você tá usando, parece bem confortável
Jéssica:- só que não querida, ganhei da Suzan, eu não vou emprestar pra ficar descalça
Yngrid:- poxa vida hein
Jéssica:- vem cá, é você que tá usando meu shampoo?
Yngrid:- ai, eu usei, porque eu ainda não tive tempo de ir comprar um pra mim
Jéssica:- tem farmácia que fica aberta 24 horas, sabia?
Yngrid:- eu não sabia, em Matinhos beach não tinha, mas não vai ficar brava por umas gotas né Jéssica? Por favor
Jéssica:- é – ela tentou não demonstrar irritação
PERUÍBE
Suzan estava voltando do supermercado, quando encontrou Tamy na rua.
Tamy:- Suzan, oi, quer ajuda?
Suzan:- não precisa
Tamy:- você tá morrendo pra levar essas sacolas, deixa que eu levo umas – ela disse já pegando as sacolas
Suzan:- onde você está indo?
Tamy:- tava indo na praia, não quer ir?
Suzan:- eu preciso levar isso em casa
Tamy:- mas é caminho, vamos andando pela calçada
Suzan:- tá bom, vem cá, você acha que minha mãe vai ficar boa logo?
Tamy:- tenho esperanças que sim, é muito delicado ter um AVC, você sabe que ele pode ficar boa, mas perder algum tipo de movimento né?
Suzan:- sei sim, por isso que eu queria tirar ela daqui
Tamy:- como está a vida em Curitiba? Nunca mais tive notícias suas, Maria Fernanda está mais alta que você, fiquei surpresa quando vi vocês aqui
Suzan:- tá muito boa, to namorando uma mulher muito bacana, to amando bastante
Tamy:- ah sim, sabe que desde que a gente terminou, eu nunca me apaixonei de novo
Suzan:- ah não me diga
Tamy:- nunca mais teve notícias de Melissa?
Suzan:- eu vi ela uma vez em Curitiba, bem loucona, acho que continua traficando
Tamy:- ela sumiu daqui, igual seu padrasto
Suzan:- Tamy eu ainda não to acreditando 100% na sua versão dos fatos
Tamy:- porque é mais fácil acreditar no Silvaney do que em mim, até sua mãe acreditou em mim, mas eu sei porque é mais fácil, você não quer assumir que foi injusta comigo, que foi precipitada em me julgar e acabar o nosso namoro
Suzan:- você tá louca
Tamy:- não é verdade? Eu não tenho motivos pra mentir, eu sou lésbica, eu jamais me envolveria com seu padrasto namorando com você, o Silvaney abusou de mim sim e vocês tem que acreditar nisso, ele ainda vai pagar por isso e por todos os crimes que cometeu nesse lugar, é muito fácil julgar né? Sem nem saber o que tava acontecendo direito
Suzan:- eu ainda acho que você ficou com ele porque quis, você podia ter evitado
Tamy:- ah sim, claro é super comum você falar pro estuprador, não me estupre e ele te deixar ir embora, ter acreditado nele na época, tudo bem, vocês não sabiam que ele era um vagabundo, mas agora? Com tudo isso vindo a tona, vocês ainda não percebem que a vítima sou eu?
Suzan parou pra pensar alguns segundos.
Suzan:- eu te devo desculpas
Tamy:- foi muito duro aguentar todos me acusando, ele desgraçou a minha vida nessa cidade, eu tive que ir pra São Paulo, fugir daqui literalmente pra ver se abafavam o caso, fora que a pior parte foi ser rejeitada por você
Suzan:- eu não quero ficar remexendo no passado
Tamy:- eu ainda te amo, eu sempre te amei, naquela época a gente era muito nova, imagina só 14 anos, quase 10 anos depois a gente tá se vendo de novo e o sentimento da minha parte continua o mesmo, eu te amo Suzan
Tamy agarrou Suzan lhe dando um beijo, que não foi correspondido.
Suzan:- sua louca, você não podia fazer isso Tamy
Tamy:- foi mais forte que eu
Suzan:- por mais que te perdoe, isso não quer dizer que eu to querendo voltar com você, escuta só, eu não tenho nenhum sentimento mais por você, eu tinha raiva, mas já passou, eu quero que você siga em frente e me deixe em paz, entendeu?
Tamy:- entendi
Suzan:- não precisa me ajudar com as sacolas, eu levo sozinha
Tamy sorriu, enquanto Suzan ia embora.
CONDOMÍNIO ALEXANDRA GARCIA
Tarssila e Luan estacionaram o carro para visitar Jéssica.
Jéssica:- entrem, ainda bem eu to sozinha
Luan:- pra onde foram?
Jéssica:- Gisele e Yngrid foram conhecer o Parque Tanguá, amiga, eu sinto muito – ela disse abraçando Tarssila
Tarssila:- eu não sei como encarar a Deyse agora
Jéssica:- você precisa ser forte, mas vai dar tudo certo
Tarssila:- eu não sei, não sei o que pensar mais
Jéssica:- não procurou a Priscila?
Tarssila:- não, eu preciso de um tempo pra pensar com calma no que eu vou fazer, minha cabeça tá a mil
As duas conversavam, enquanto Luan prestava atenção na mensagem de Duda que chegou no seu celular.
Duda:- o que você tá fazendo no meu condomínio? Você mora aqui?
Luan:- não, eu vim com minha irmã visitar uma amiga dela aqui
Duda:- ah sim, ei se você quiser, pode vir no meu apartamento, to sozinha
Luan:- você mora com quem?
Duda:- minha mãe e meus irmãos mais novos
Luan:- como eu faço pra chegar ai?
Duda:- pega o elevador, nesse bloco mesmo que você tá, é no 613 que eu moro, sobe pro 12º andar
Luan:- pode deixar Duda, já chego ai
Tarssila:- vai sair Luan?
Luan:- eu vou visitar uma amiga que mora aqui, por coincidência ela me viu entrando
Jéssica:- amiga? Sei
Tarssila:- volte antes das 5 pra irmos embora
Luan:- claro
Luan foi pegar o elevador e encontrou Igor.
Igor:- eai rapaz – ele estendeu a mão
Luan:- beleza
Igor:- você por aqui? Foi visitar Jéssica?
Luan:- é, mas vou pra um andar ali em cima
Os dois entraram no elevador.
Igor:- eu moro no 11º andar, junto com Bruno
Luan:- vocês dois... Juntos?
Igor:- que ar de malícia nessa pergunta, sabe que somos amigos né?
Luan:- claro, não foi isso que eu quis dizer com a pergunta
Igor:- valeu então – ele disse saindo do elevador
Igor entrou no apartamento e encontrou Bruno deitado.
Igor:- encontrei teu boy no elevador
Bruno:- como assim? Será que ele tá na Jéssica?
Igor:- ele veio aqui pra cima, tinha saído do apartamento da Jéssica
Bruno:- quem será a vadia que ele tá pegando?
Igor:- desculpa, mas a vadia é você meu amigo
Bruno:- não enche Igor, será que eu vou dar uma olhada?
Igor:- não banque a investigadora
Bruno:- de mim ele não quer saber
Igor:- você devia fazer o mesmo acho, nunca mais ficou com outro?
Bruno:- não
Igor:- a maldição de todo gay é se apaixonar por hétero mesmo
Bruno:- com tanto gay no mundo e eu correndo atrás de um hétero, acho que não vale a pena mesmo
Igor:- quem nunca foi trouxa que atire a primeira pedra
Bruno:- não vou mais correr atrás, deixa ele pra lá
RUA
João Carlos dirigia enquanto ligava para Deyse.
Deyse:- alô, pai?
João:- oi filha, o pai saiu de casa
Deyse:- saiu pra onde? Tá falando do que?
João:- sua mãe é uma vagabunda, eu to indo morar sozinho
Deyse:- mas o que? Me explique isso direito
João:- você pode me visitar quando quiser, eu to morando perto do shopping cidade
Deyse:- pai, você tá chorando? Agora mesmo eu estou indo pra casa, a mãe explicar direitinho essa história, estou chocada
João:- eu vou desligar e prestar atenção no trânsito
Deyse:- claro pai, me ligue logo
João Carlos atravessou o sinal vermelho colidindo com um ônibus biarticulado que esmagou seu carro. O policial vinha em alta velocidade sem prestar atenção nas coisas e ainda atordoado pelo que tinha descoberto. Uma multidão se formou no local do acidente e ali naquela avenida, João Carlos fechou os olhos para toda a eternidade.
...Não importa se eu não sou o que você quer
Não é minha culpa a sua projeção
Aceito a apatia, se vier
Mas não desonre o meu nome
Será que eu já posso enlouquecer?
Ou devo apenas sorrir?Não sei mais o que eu tenho que fazer
Pra você admitir
Que você me adora
Que me acha foda
Não espere eu ir embora pra perceber
Que você me adora
Que me acha foda
Não espere eu ir embora pra perceber...
ME ADORA - PITTY
( https://www.youtube.com/watch?v=66PrK9b_WD8 )
#CONTINUA
NO PRÓXIMO CAPÍTULO...
Deyse vê o mundo desabar sobre sua cabeça.
Feliz natal a todos!