Eu estava no meu apartamento, era um domingo meio nublado, perfeito pra ficar com o meu namorado, ele estava no meu quarto dormindo.
Eu estava fazendo café-da-manhã pra ele, eu usava só uma cueca que eu achei pelo chão da casa, eu estava de férias da policia, eu tinha sido transferido pra parte administrativa do corporação, agora eu ficava no escritório cuidando de toda a “burocracia” por trás de tudo. Eu estava de férias e por essa razão, eu me descuidei um pouco com o meu cabelo, ele cresceu bem rápido, meu cabelo preto e cacheado já estava um pouco grande, ao ponto de eu conseguir fazer um coque, minha barba eu sempre deixa por fazer mesmo.
Eu coloquei todas as coisas que eu preparei e levei em uma bandeja, entrei no quarto e lá estava ele, dormindo todo sereno em minha cama, nu e abraçado com o meu travesseiro, com o cobertor chegando até metade das suas coxas, deixando sua bunda deliciosa á mostra, me trazendo lembranças da noite anterior.
Coloquei a bandeja no criado mudo e dei um beijinho em sua bunda e uma mordida, ele se mexeu um pouco, mas não acordou, eu subi beijando suas costas, até chegar em sua bochecha onde eu beijei sem parar, até ele acordar.
-Que homem chato kk’s Me deixa dormir… - Disse ele se espreguiçando na cama, se sentou na cama e me deu um selinho. Eu peguei a bandeja e coloquei em suas coxas. - Que lindo, você fez isso tudo pra mim?
-Claro, depois de ontem kkk’s Você merece TUDO! - Disse eu rindo.
-Palhaço! - Disse ele rindo e mordendo meu ombro, eu liguei a TV e comemos vendo “Todo mundo odeia o Chris”.
Ele esticou o braço e pegou um porta-retratos que estava no meu criado mudo. Era eu na escola quando tinha uns 13 anos, eu usando o uniforme e com o meu cabelo esticado “boi lambeu” kk’s.
-Que coisinha mais fofinha… - Disse ele com voz de bebê olhando minha foto. - Você deve ter sido o alundo exemplar né?
-Fui mesmo, quase todos os anos eu era eleito o representante de turma, presidente do grêmio estudantil e por ai vai…
-Nossa, eu nunca fui assim, eu era o bagunceiro da turma kk’s O palhaço, lembra daqueles “estojões” escolares? Que pareciam uma maleta? Tinham canetinhas, giz de cera, lápis de cor, todos os matérias e até tinta? Lembra? - Perguntou ele.
-Claro que lembro, eu tinha um. Todo o ano eu ganhava um!
-Sorte a sua, ter um desses era o meu sonho quando eu era criança, todos os meus amiguinhos tinham, menos eu… Naquela época, nós não tínhamos muito dinheiro e esse tipo de luxo, era dispensável, mas também, eu não era o garoto mais cuidadoso do mundo, nem um pouquinho cuidadoso kk’s.
-Você jura? - Perguntei eu com ironia, ele deu um soquinho no meu braço.
- Não tira sarro de mim! kk’s - Disse ele. - Eu começava o ano com todo o material que eu precisaria, na semana seguinte nem o estojo eu tinha mais, kk’s Eu sempre tive a mania compulsiva de arrancar as tampas da caneta e mastigar, depois eu mordia a caneta e si e quebrava, ela ficava parecendo uma lança de homem das cavernas, eu era meio trombadinha da sala, então… Ter uma “arma” não era uma boa idéia! Eu fazia bolinhas de papel com saliva, colocava no tubo da caneta que eu tirava a carga e ficava atirando nos meus amiguinhos, eu era… Feliz, muito feliz! - Disse ele sorrindo.
-Eu adoraria ter te conhecido naquela época, seriamos melhores amigos. - Disse eu.
-Ou inimigos mortais. - Disse ele rindo.
-Contanto que terminássemos aqui… - Disse eu beijando seu ombro. - Eu não veria problemas em sermos inimigos!
-Palhaço, mas seria interessante se nós tivéssemos nos conhecido quando crianças, você e eu eramos como água e vinho kk’s Imagina só, eu fazendo bagunça e você sendo o representante e me mandando pra diretoria kk’s Eu provavelmente te bateria na saída da escola! - Disse ele rindo.
Eu pulei em cima dele e o imobilizei.
-Então você era o “valente” da sala! - Disse eu mordendo seu pescoço. - Olha que eu sempre fui bom de briga, você sairia na pior!
-E o que você sabe sobre briga, garoto branco? - Perguntou ele mordendo meu queixo.
Nós começamos a rolar pela cama brincando de lutinha, cara, ele realmente é bom de briga, e tem uma força, nossa!
Eu estava na cozinha fazendo café e o Enzo no banho, quando a campainha começou a tocar sem parar, o engraçado é que o porteiro não anunciou ninguém.
Eu olhei no olho magico e me surpreendi ao ver o meu pai, ele parecia “estranho”, quando eu abri a porta puder perceber que ele estava alcoolizado.
-Pai? - Perguntei eu.
-Precisamos conversar. - Disse ele me empurrando e entrando. - Eu quero que você acabe com essa palhaçada de “viado”, você nasceu homem e eu te criei assim!
Ele se sentou no sofá e ficou me encarando.
-Pai, eu não posso mudar, nasci assim! - Disse eu, ele se levantou com raiva e me deu uma tapa estalada no rosto. Eu só consegui colocar a mão no rosto e esfregar pra aliviar a ardência do tapa.
-NÃO! Não nasceu assim não, tu nasceu homem! HOMEM PORRA! NÃO NASCEU PRA DAR A BUNDA POR AI, IGUAL UMA BICHA LOUCA!
-O que esta acontecendo aqui?! - Perguntou o Enzo entrando na sala, usando um shorts fino de jogar bola.
-Ahh, mas já esta assim? Já estão morando juntos? Dois marmanjos se pegando, que nojo, esse mundo tá perdido! E você seu viado sujo, não se meta! Eu estou sendo um pai e tentando ajudar meu filho. - Disse ele.
-Seu filho não precisa de ajuda, quem precisa é você! - Disse o Enzo colocando o dedo na cara do meu pau, meu garoto valente.
-E você acha que eu ia aceitar uma coisa dessas? Meu filho, meu UNICO filho, um VIADO! Nojento, chupando rola de homem, dormindo abraçado com homem!
-Não fala assim com ele! - Disse o Enzo entrando na minha frente. Ele mal terminou de falar e foi calado por uma tapa no rosto que o fez cair no chão, eu mal conseguia acreditar que aquilo estava realmente acontecendo.
-Teu lugar é no chão, sua putinha! - Disse ele o olhando com nojo. - E você! - Disse ele se virando pra mim. - Não vai continuar com essa putaria não, você vai arrumar uma mulher pra você, pode se “consertando” e voltando a ser normal, filho meu não nasceu pra dar a bunda! Você é HOMEM! - Disse ele. - A não ser que você queira que eu coloque uma bala na tua testa e da dessa bichinha também! Que nojo… - Disse ele, mas quando ia terminar eu acertei um soco em seu rosto, aquele soco doeu mais em mim no que nele, mas eu não posso deixar ele fazer e falar aquelas coisas pro meu namorado. Eu ajudei o Enzo a se levantar e me coloquei na frente dele, não ia deixar meu amor ser agredido novamente. Meu pai me olhou com os olhos arregalados e a mão no queixo, onde eu tinha acertado o soco, eu via em seu olhar e surpresa pela minha atitude. E a dor..
-Pai… Vai embora! Eu não quero continuar com isso. - Disse eu apontando pra porta, ele tentou mesmo caído no chão, me acertar em chute na canela, mas eu desviei. - Por favor.
Ele se levantou e tentou vir pra cima de mim, mas eu consegui imobiliza-lo, o levei até a porta, ele tentava a todo o custo se soltar.
Quando eu o soltei fora do meu apartamento, ele começou a fazer um escândalo fazendo meus vizinhos saírem de suas casas.
-Vocês aceitam isso? Dois VIADOS! Morando no mesmo lugar que vocês criam seus filhos, pra eles verem dois homens se agarrando, essas duas putinhas se esfregando e seus filhos sendo expostos a isso? Eles podem até transformar seus filhos na mesma aberração que eles são! - Disse ele aos berros, todos estavam horrorizados com aquela cena.
-Aberração é você! Que fala essas coisas pro seu próprio filho, eu tenho NOJO de monstros como você, devia estar satisfeito de ver seu filho feliz, mas prefere ver ele triste contanto que ele esteja “politicamente correto” aos seus olhos. - Disse o Enzo, mesmo a bochecha vermelha pelo tapa, ele ainda tinha muita coragem e não abaixava a cabeça, meu leão!
-Cala a sua boca putinha! Por isso seus pais morreram, morreram de desgosto! E seu irmão vai ser uma bichinha nojenta como você! - Disse meu pai. Eu pude ver os olhos do Enzo se enchendo de lagrimas, ele foi na direção do meu pai e acertou um chute em seu rosto, coisa digna de UFC, eu fiquei em choque com a atitude dele. Meu pai caiu no chão, respirando com dificuldade e olhando pro Enzo com sangue escorrendo de seu nariz.
-Nunca mais fale da minha família, entendeu? - Disse ele. - Isso foi só um aviso, da próxima eu não vou ser tão leve. - Disse ele.
Meu pai se levantou e tentou vir pra cima do Enzo, mas eu entrei em sua frente e por um momento eu pude ver nos olhos, aquele pai que eu tanto amo, mas depois ele sumiu, meus vizinhos o seguraram e os seguranças do prédio o levaram até a portaria, minha vizinha perguntou se nós precisávamos de algo, mas a única que eu queria era entrar em casa e ficar com meu namorado.
Nossa vizinha trouxe um calmante pro Enzo, que agradeceu e entrou me levando junto com ele, quando aquela porta se fechou eu desabei, não sabia de onde vinha aquele choro, Enzo me tomou em seus braços, eu me agarrei forte ao seu corpo, enfiei o rosto em seu pescoço e chorei forte, eu tremia e soluçava de tanta magoa que estava presa em mim.
Meu próprio pai, me fazendo passar por uma coisa dessa, me agredindo, agredindo meu namorado e o pior, me obrigando a agredi-lo. Mas esse era o começo de eu me libertar das poucas amarras sociais que ainda me prendiam as magoas do passado, estava começando a me libertar e ser quem eu realmente sou!
Ele me levou até o sofá e se deitou, eu me deitei em seu peito e fiquei ali, recebendo um cafuné dele que sempre tem o poder de me acalmar, eu fechei meus e aos poucos meu choro foi se controlando e eu cai no sono, pelo menos lá, os pensamentos ruins não podem me alcançarEnzo entrou pela porta da casa com o Gustavo no colo.
-Eu tô de férias, Joshua! - Disse o pequeno vibrando no colo do irmão. - Vou ficar em casa o dia inteiro!
-Deus nos ajude kk’s - Disse o Enzo rindo. Gustavo estava com a camiseta da escola toda rabiscada e desenhada, eu também fazia isso na escola no fim de ano, mas não sabia que eles ainda faziam isso.
Ele desceu do colo do Enzo e veio me mostrar os desenhos que seus amigos fizeram e oque as professoras escreveram, realmente, nosso pequeno era querido na escola. Um desenho me chamou atenção.
-Quem fez esse, pequeno? - Perguntei eu, ele tirou a camisa e viu.
-Fui eu! - Disse ele sorrindo - Eu desenhei e pedi pra “pofessora” escrever! - Disse ele, era um desenho, de dois homens com um menininho no meio dos dois, os três de mãos dadas, eles se pareciam conosco, um deles estava vestido de policial kk’s E em cima estava escrito “MINHA FAMÍLIA.”, meus olhos encheram de lagrima naquele momento, como pode uma criança conseguir me tocar tão profundamente, principalmente depois de toda a confusão que meu pai causou, ele me mostrou que eu não estava errado, que ele me amaria e me via como sua família, mesmo não tendo nenhuma laço familiar ou sanguíneo com ele, o pequeno me via como sua família. E isso me tocou profundamente, eu até deixei uma lagrima rolar.
-Você viu isso? - Disse eu mostrando o desenho pro Enzo, que sorriu ao vê-lo, pegou o pequeno em seu colo, o apertou em um abraço e encheu seu rosto de beijos, demos um abraço triplo. - Que família mais linda eu arrumei. Obrigado por me adotarem kk’s -
Do nada o pequeno começa a se agitar em nossos braços, eu me assustei e o Enzo também. Ele desceu do nosso colo e começou a correr pela sala todo feliz, abriu a porta e encostou o rosto nas grades do portão olhando algo na rua.
-ENZO! Tá ouvindo? - Perguntou ele.
-Ouvindo o que? - Perguntou Enzo.
-A kombi do sorvete! - Disse o pequeno, Enzo mal terminou de ouvir e correu pra dentro de casa, sendo seguido pelo Gustavo, ele pegou a carteira na mesa da sala, o Gustavo em seu colo e os dois correram de volta pro portão. Eu já podia ouvir “Chegou na sua rua o carro do sorvete, sabor do verão!”
-A kombi do sorvete! Glória a Deus sobre todas as coisas… - Disse o Enzo emocionado. Os dois pulavam e olhavam pro final da rua, eu pude ver uma kombi azul clara, entrando na rua, as pessoas saiam de suas casas e as crianças seguiam a kombi, parecia uma festa.
A kombi parou em frente a NOSSA casa kk’s Afinal eu moro lá também né? E um senhor de meia idade saiu dela.
-Enzinho e Gustavo, como vão meninos? - Perguntou o senhor.
-“Tâmo bem!” Tem sorvete de que tio Geraldo? - Perguntou o Gus. O senhor começou a falar os sabores. Eles pediram cada um o seu sabor e quando o senhor ia entregar ele voltou sua atenção pra mim.
-Não vai querer nada? - Perguntou ele.
-Ahh, seu Geraldo, esse é o Joshua meu namorado! - Disse o Enzo.
-Tudo bem rapaz? - Disse ele estendendo a mão, eu o cumprimentei e apertei sua mão. - Vai querer sorvete?
-Claro, me vê um de limão, por favor. - Disse eu.
-Ahh, que sabor mais sem graça kk’s - Disse Enzo rindo.
-Você escolheu o que então? - Perguntei eu.
-Chocolate! - Disse ele cheio de orgulho.
-Clichê… - Disse eu revirando os olhos, o Gustavo estava atracado com seu picolé de morango e tinha mais morango em seu rosto, seus dedos e em sua roupa, do que em sua boca kk’s.
Nós pedimos um monte pra viagem e ficamos o resto da tarde nos enchendo de sorvete, até não aguentarmos mais… Mentira, aguentávamos muito mais, mas infelizmente o sorvete acabou =(
Pois é meninos, acreditem se quiser, mas essa onda LOUCA de calor atingiu até a nossa casa, nós, a família real kk’s Os reis e o príncipe kk’s Estávamos na sala, com três ventiladores em cima de nós, deitados no chão vendo TV e morrendo de calor.
O Gus só de cuequinha tentando dormir no tapete da sala, eu e Enzo de samba canção.
-Preciso beber alguma coisa. - Disse o Enzo se levantando e indo pra cozinha, depois de alguns minutos ele me grita.
-O que foi? - Disse eu entrando na cozinha, ele segurava um vidro de xarope de guarana que não estava conseguindo abrir.
-Abre pra mim? Tá duro! - Disse ele.
-Tem outra coisa dura aqui também kkk’s - Disse eu rindo, ele riu e me deu um soquinho. - Me da isso aqui, deixa o HOMEM da casa abrir isso! kkk’s
-Uhum, falou o EX hetero! kkk - Disse ele rindo, eu não aguentei e ri também.
-Você é muito idiota mesmo. Usou seus truques pra me transformar em gay, ainda bem que se eu for na igreja, eles me curam! - Disse eu, ironia detectada.
-Que truques? - Disse ele pegando o garrafa já aberta da minha mão e se virando pra pia pra fazer o resfresco, eu dei uma tapa na sua bunda e uma apertada.
-Isso aqui. - Disse eu apertando sua bunda. O abracei por trás e beijei seu pescoço. - E o seu cheiro, a textura da tua pele, teu sabor, teu sorriso, seus olhos, sua inteligencia, seu humor e tua boca.
-Bobo… - Disse ele ainda fazendo o refresco, eu tive que solta-lo, já estávamos suando onde nossas peles se tocavam.
O telefone começou a tocar e o Enzo correu pra atender, eu me sentei no sofá e fiquei bebericando meu refresco.
-Alô? Ahh! Oi titia, como vai amor?! - Disse ele com um sorriso de orelha a orelha. - Aqui em casa? Sério?! Acho maravilhoso! Meu pequeno vai adorar! Claro, a senhora vai conhecer meu namorado, ok! Acho ótimo, ta bom. A senhora avisa ai ao nosso pessoal, beijos! Te amo delicia! - Disse ele desligando.
-Quem era? - Perguntei eu.
-Era minha tia, ela disse que a família vai passar o Natal e perguntou se tudo bem, eu claro que aceitei, finalmente minha família vau se reunir aqui em casa, desde a morte dos meus pais a ultima vez que todos se reuniram aqui foi no velório dos meus pais… E estar com todos reunidos em um dia festivo é incrível, meu pequeno vai adorar isso! - Disse ele todo feliz, eu fiquei feliz por ele, mas nervoso por conhecer a família dele, eu não sei se vou passar o Natal com a minha família, por causa do meu pai, mas eu tenho receio da família dele não gostar de mim ou não nos apoiarem. Sinto que vem bomba por ai…
Continua…
Deixe sua nota, um comentário e muito obrigado por terem lido o meu conto! XOXO ♥