A semana foi passando, ainda bem que lentamente. Sempre na hora do intervalo ficávamos juntos, conversando, olhando um para o outro e rindo. Cada segundo que passava perto dele ia me preenchendo de alegria. Nas aulas, dividia meus pensamentos entre o conteúdo e ele. Até na minha querida aula de Química, enquanto a professora ensinava ligação covalente, eu pensava na nossa ligação.
Logo chegaria o final de semana, meus pais iriam para a mais esperada viagem – da minha parte - deles. Enquanto isso, resumíamos nossas vontades em abraços e selinhos rápidos… ou quase isso.
Era quarta feira intervalo do almoço. Os terceiranistas já haviam ido ao estágio, nenhuma turma almoçava mais. Como estávamos em período de pré-projeto, a escola estava com os corredores vazios, ou seja, todos em sala. Consequentemente o banheiro. Conversa vem e vai, entre eu e ele, que quando vimos, só a gente estava na mesa ainda (Sim, almoçamos juntos, Gustavo esperou minha turma e entrou distraído na fila). Organizei no prato os talheres e o copo, ele fez o mesmo.
- Vamos? - eu disse.
- Ahn… Vamos. Você trouxe pasta? - falou – Esqueci a minha na sala.
- Trouxe sim – disse rindo.
- Não ri – falou fingindo ofensa – Ando com a cabeça muito ocupada.
- A minha também – disse – Mas, eu aceito a desculpa, eu quase esqueço a minha, hehe.
- Viu?! - Ele falou e passou os olhos para meu cabelo – Como você faz para ele ficar tão alinhadinho nesse mini-topete?
- Ahn… meu cabelo? - “Seria falta de assunto dele?” completei em mente – E o seu como faz para deixar ele tão… milimetricamente desalinhado, que é muito lindo.
- Não sei – Ele falou passando a mão no cabelo – Eu penteio ele quando tá molhado e quando seca ele fica desse jeito. Pois é, ou somos muito bestas ou a falta de assunto nos espancou. Cabelo?
- Você que começou – me defendi e levantei. Ele fez o mesmo, rindo.
Deixamos as coisas na cantina e fomos em direção ao banheiro. Chegando lá, como havíamos previsto, estava vazio. Um enorme espaço com azulejos brancos, com dois lados: Um tinha pias e o outro, cubículos, sendo quatro com vasos e três com chuveiros (Que ficava no final). Coloquei pasta na minha escova e entreguei a ele para fazer o mesmo. Escovei meus dentes e ele ficou terminando. Enquanto esperava ficava olhando no outro espelho que havia lá. De repente ele para.
- Acho que tem alguém no último chuveiro? - Ele disse terminando.
- Creio que não – falei rindo dele – Se tiver… haha. Deixa eu dá uma olhada.
Fui em direção ao último, percebi que ele vinha logo atrás. Abri a porta encostada e olhei.
- Viu? - disse – Ninguém.
Ele me abraçou por trás e beijou meu pescoço. Quando dei por mim já estávamos dentro. Olhei para ele sorrindo.
- Seu lou…
Me encostou na parede e encostou seus lábios nos meus. Segurou no meu cabelo, e eu nas suas costas, enquanto o beijo ficava mais rápido e… quente. Logo eu me virei e foi a vez dele ir para a parede. Cerrei meus lábios e ele reclamou alguma coisa que eu não deixei ele terminar, continuei beijado-o. Sua boca tinha um gosto viciante. Senti sua língua na minha boca… aquilo tinha um ritmo maravilhoso. Depois de muito tempo sem respirar soltei meu ar, percebi que já estava sem, assim como ele. Sua mão do meu cabelo estava descendo para as minhas costas, enquanto eu apertava meu corpo no dele. Já estava tomando a liberdade de descer a mão, quando lembrei que estávamos no banheiro da escola… ai mais, só mais um pouquinho. Ele virou e me empurrou um pouco forte demais conta a parede que estava o chuveiro, o que fez ele soltar a água que havia presa, no mesmo estante que ele mordia meu lábio inferior, o que fez ele apertar mais do que deveria. pensei em sangue, mas só veio uma dor, muito boa. Com a água nós paramos, rindo muito. Ele estava bem assanhado, com o cabelo levemente molhado, como um pouco da blusa e seus lábios estavam bem vermelhos. Imaginei como eu estava…
- Desculpa – Ele começou ofegante – faz… faz tempo que a gente não se beija direito.
Eu ri
- Queria… tanto quanto você… se desculpe pelo meu lábio – Falei e segurei o mesmo para mostrar a ele, pensei em falar “Olha isso”, mas saiu: - Olffha Ifsfo!
- E a água – ele lembrou rindo da minha cara – Fala de novo segurando o lábio, vai?! Fica tão fofo.
- Vamos sair daqui antes que entre alguém que é melhor – Fingi ofensa.
Me virei e sai. Ele veio logo atrás, falando que eu era chato e quebra clima. Quando me olhei no espelho. Tava mais assanhado que ele e com um vermelho intenso nos lábios… fora uma linda linha de “sangue preso”.
- Cara, tá precisando pentear teu cabelo – ele disse – Ta bem bagunçado.
- Ah tá né – disse sorrindo – por que será?
Fiz o possível e saí do banheiro junto dele. Quando cheguei na frente da sala, ele continuou andando, se virou e acenou com o melhor sorriso dele, retribui. Ele olhou para os lados e fez um coração com as mãos, abaixei a cabeça rindo e, com certeza, vermelho. Evitei uns olhares, fui para a minha cadeira, Maya estava sentada no chão do lado dela. Ele olhou para mim, sorriu, depois fez uma careta. Sentei e ela logo disse baixinho.
- O que aconteceu contigo? - Disse e olhou para a minha boca – Diz que isso foi uma queda… Tu não tem vergonha na cara não??
- Tenho, quer dizer, agora né? - Disse rindo.
- Vocês tavam se pegando? - Ela falou com um sorriso maligno e olhando para a blusa recém-molhada – No banheiro, pelo visto, necessariamente, como você diz, embaixo do chuveiro.
- Tu tem pacto com o… - Eu falei não terminando.
- Sabia – Sorriu marota – Aqui manja boy. Ele acabou com tua boca… olha isso.
Me encostei na parede e suspirei, fechando os olhos.
- Olha tem um chupão no teu pescoço – Ela disse baixo – Vocês tavam lembrando que tavam na escola?
- Quando ele fez isso? - Eu disse tentando, em vão, procurar – Eu não percebi.
- Aff… tava assim era? - Disse rindo – E eu aqui com os meus fones…
- Não fica assim – Consolei – Você vai achar um Cara que goste de tu.
- Eu não vou poder ficar com ele no almoço – Falou pesarosa – Não tenho sua sorte… Aqui era para ter banheiro unissex!
Ri e encostei na cadeira de novo, ela voltou para suas músicas… e começou a cantar o que estava ouvindo. Sia – My Love. Maya tem a voz maravilhosa, e canta muito bem.
Quinta feira, não houve tanta audácia… mas teve algo melhor, muito, muito, muito melhor!
Minha turma seria a última a almoçar. Gustavo disse que hoje ele almoçaria novamente comigo.
Estávamos sentados no chão, no encontro entre a parede lateral esquerda e a parede de trás (meu cantinho), Eu e ele encostados na parede de trás e a Maya na lateral. Conversavamos sobre bobagens, quando sinto a mão dele encostar na minha e encostar o rosto no meu, mais precisamente sua boca no meu ouvido, podia sentir sua respiração.
- Eduardo, eu estava pensando – ele começou, sussurrando num tom que só eu poderia escutar, e me arrepiava escutar sua voz daquele jeito – Não importa o pouco tempo que a gente teve… depois soubemos que um gostava do outro, eu tenho certeza absoluta que eu gosto de você, mais que isso que eu estou muito apaixonado por você, muito mesmo e eu sei que você também. Não vamos adiar, por favor. Você… Aceita namorar comigo?
Eu sentia um misto de emoções enquanto ele falava, mas no pedido meu corpo enrijeceu, senti como se meu coração congelasse e logo derretesse, meu estômago esfriou. Eu o olhei nos olhos, vi sinceridade e medo. Não sabia se sorria ou chorava ali mesmo. Foi simples, nada apaixonadamente emocionante, por que foi apaixonadamente ele, que mexeu demais comigo. Senti vontade de beijá-lo ali mesmo e dizer sim, sim e sim! Mas saiu assim:
- Como você faz isso com meu coração Gustavo? - Falei colocando sua mão sobre o mesmo, que batia muito forte, ele olhou nos meus olhos, eu sorri – É claro eu aceito. Você é único.
- Ai meu Deus! Não me façam chorar – Protestou Maya me fazendo lembrar que estava em sala ainda – Vomitar arco-íris ou coisa parecida. Ai vocês tão namorando… Ai que coisa mais fofa, mais lind… Err desculpa, estraguei o clima, Foi mal gente. Estão apoiados, viu?
Nós rimos, e eu fiquei processando na minha mente, Tudo. Em uma semana me sentia mais feliz do quem em anos não havia conseguido. Só por ele. Era tudo tão adolescente e aparentemente imaturo, mas tão forte e incontrolável. Eu já não suportava mais pensar como seria sem ele, aquele desgosto que eu sentia, foi arrancado de mim, ele me fazia feliz, só por existir, por estar próximo a mim. Gustavo…
Pouco tempo depois chegou a vez da minha turma sair para almoçar, todos correram para a fila, ficando só nós três. Maya olhou para mim e piscou, eu entendi e sorri. Ela levantou, olhou para nós e assentiu. Não perdi tempo e o beijei de surpresa, calmo e envolvido num sentimento forte que me consumia por dentro, que já não sabia dar nome. Ele correspondia sorrindo. Finalizamos com um selinho e levantamos.
- Ai meu Deus! - Maya disse rindo – Segurar vela para vocês é a coisa mais emocionante do mundo, Kyyyyaaa!.* (*Referência a Animes, representar algo muito fofo ou lindo).
- Sua amiga é a melhor – Ele disse rindo.
- Realmente – disse – Tenho a melhor amiga do mundo.
- Ai… vamos almoçar antes que eu chore, por favor !! - ela falou, corada.
E assim, a melhor semana da minha vida está passando.
Continua…
Gui, Ru/Ruanito e R.Ribeiro Muito obrigado por comentar <3 ^^ De coração