O CRIME DOS VIEIRA DE MELO - Parte 19
O dia seguinte transcorreu com algumas novidades. Os pais de Ana de Faria partiram logo depois do suculento churrasco servido como almoço. O senhor Bernardo Vieira mandara matar um boi e chamara alguns vizinhos para uma festança. Poucos vieram, porém, denotando sua pouca popularidade. Os negros da senzala é que se deleitaram com as sobras de carne, pois só costumavam comer galinhas de capoeira capturadas na mata ou dividir com os porcos as rações de bacalhau vindas do Porto. Na época, branco só comia essa iguaria se estivesse passando necessidades. Bacalhau do Porto era comida só de negro por causa da sua fartura no comércio. Salgado em profusão, não apodrecia tão cedo. A população costumava se alimentar da caça ou de carne-seca. Poucos tinham criação de bois, além desses serem usados apenas nas moendas, como animais de tração nos moinhos ou no transporte da cana-de-açúcar.
D. Antônia e D. Francisco, no entanto, decidiram partir logo. Ela contara ao marido a desfeita cometida pela megera querendo negar a castidade da filha e este ficara bastante irritado. No entanto, convenceu-o a não ir tomar satisfações com o fidalgo, para não agravar mais a situação da moça. Vai que D. Bernardo desistisse do casório? Sem o casamento, os pais de Ana de Faria seriam enxotados do engenho onde moravam, já que este pertencia ao fidalgo e eles apenas o arrendavam.
D. Francisco não queria se desfazer do engenho tão cedo. Devia muito dinheiro a comerciantes do Recife e pretendia abater sua dívida vendendo-lhes a produção de açúcar. Mas estava cada vez mais difícil sobreviver do corte e moenda da cana, já que os preços despencavam por causa da produção do açúcar de beterraba, fabricado nas Antilhas e distribuído pelos ingleses para todo o continente europeu. Esse comércio empobrecia cada vez mais os donos de engenho de Pernambuco, que ficavam nas mãos dos mascates que os extorquiam com juros cada vez mais altos quando emprestavam dinheiro para compra de escravos e utensílios para a produção.
Depois que os pais foram embora, inventando uma desculpa qualquer para os anfitriões, Ana de Faria pediu ao noivo que a levasse até a igreja onde vivia o padre Sipriano. André Vieira foi muito gentil em atender seu pedido, mas a moça notou que ele quase não conseguia encara-la. Enrubesceu quando notou uma marca de chupão no pescoço do rapaz, mas não lhe tomou satisfações. Fora educada para aceitar possíveis traições do marido, assim como sua mãe fazia vistas grossas quando seu pai ia deitar com as escravas de sua propriedade. Os homens costumavam usar a desculpa de que estavam aumentando o número de escravos sob sua posse, fazendo filhos nas negras, e a sociedade aceitava isso como muito natural. As senhoras casadas, no entanto, se quisessem utilizar-se de escravos para sexo, teriam que fazer isso com muito sigilo, pois essa mesma sociedade abominava a traição de esposas. Mas Ana de Faria não pretendia calar-se a vida inteira. Estava disposta a falar sobre isso com o futuro noivo logo na primeira oportunidade.
- O sinhozinho deve ter tido uma noite muito agitada, mas carinhosa, não é? - perguntou Ana de chofre logo assim que se afastaram da propriedade, ela apoiada no braço dele. Olhava diretamente para o chupão em seu pescoço.
André Vieira gaguejou. Não esperava aquela pergunta da noiva. Achava que ela devia respeitá-lo e não tocar nesse assunto como as esposas mais bem educadas fariam. Quando conseguiu encara-la, no entanto, não estava com medo nem com raiva. Falou com voz imponente, porém mansa:
- Vou ser sincero com a sinhazinha... Eu nunca quis esse casamento. Meu pai e minha mãe é que insistem em eu dar-lhe um neto o quanto antes, para provar a minha masculinidade. O senhor meu pai também me quer consigo nos campos de guerra. Ele é um guerreiro, mas eu sou mais da arte. Gosto de pinturas, leituras e até de poesias, e dizem que essas não são coisas de homem. O povo vive dizendo que sou afeminado e isso tem incomodado meus pais. O patriarca quer que eu lhe deixe um filho, para me ter ao seu lado em batalha. Provaria assim minha macheza e, se eu morresse, lhe teria deixado um herdeiro.
Ana de Faria tinha os olhos brilhando por causa da sinceridade do rapaz. Estava gostando cada vez mais dele. André tinha um modo diferente do jeito heroico de João Paes, por quem se achava ainda apaixonada. No entanto, o alferes não era menos corajoso do que o amado. E Ana sempre quis conhecer um homem gentil e educado, com quem pudesse conversar sem censura, mesmos se fossem coisas de mulheres. Sentiu que estava gostando cada vez mais de conhecer o sinhozinho. Porém, precisava fazer uma pergunta que estava martelando sua cabeça e que podia incomoda-lo:
- Vosmecê desculpe minha insistência no assunto, mas eu preciso saber: o sinhozinho não gosta de mulher?
André Vieira fez nova cara de surpresa, porém dessa vez não gaguejou:
- Eu adoro mulher. Nunca pensei em fazer sexo com homem, de maneira nenhuma - disse isso quase irritado.
Andaram algum tempo calados. Ele evitava olhar nos olhos dela. Ela estava arrependida de ter-lhe perguntado de maneira tão crua. Aí, finalmente, André voltou a falar:
- O que acontece é que sou um covarde. Tenho medo do campo de batalha. Não tenho nem um terço da coragem do senhor meu pai. Pretendo morrer de morte morrida e não de morte matada. Não quero cair alvejado por uma bala nem ter as entranhas varadas por uma lâmina. Tenho calafrios só em pensar nisso - disse o jovem, cabisbaixo.
Ana estava enternecida. Fez com que ele parasse e postou-se à sua frente. Teve que ficar de pontas de pés para poder beijar-lhe os lábios com um carinho que desconhecia nela mesma. O moço, porém, apertou seus braços e puxou-a quase com violência para si, dando-lhe um beijo ardente na boca. Quanto pararam de se beijar, Ana sentiu-se tonta e por pouco não desfaleceu nos braços de André Vieira. O beijo causara-lhe vertigem, de tão gostoso que foi. Agora era ela quem estava surpresa. Nunca sonhara com um beijo tão ardente desses. Estava maravilhada. Não. Estava novamente apaixonada.
- Meus caros jovens, vocês não devem se beijar antes do casamento. Isso é contra as Leis da Santa Igreja.
Não tinham visto o padre Sipriano perto. Assustaram-se com a voz dele. Mas o religioso não parecia zangado. Ao contrário, tinha o rosto sorridente.
- Fico feliz em casar duas pessoas que parecem se amar. Costumo fazer casórios de gente que nem se conheceram antes, e que o fazem apenas por interesses das famílias. Mulheres infelizes com o roubo da sua adolescência e homens que, muitas vezes, não tem ainda o senso de responsabilidade - disse o padre metendo-se entre o casal e caminhando devagar, abraçados a ambos.
Foram conversando até a enorme Igreja do Carmo, o primeiro convento carmelita da América Latina. Um outro padre ocupou-se em receber André Vieira, deixando Ana de Faria a sós com o padre Sipriano. Este estava muito contente com o conhecimento cristão da moça e sua fé católica. E a moça era muito falante e simpática. O religioso ficou encantado com ela.
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A Igreja do Carmo estava lotada. O casamento de André Vieira e Ana de Faria foi pomposo e teve o comparecimento de quase toda a população da comarca de Olinda, boa parte dos que moravam no Cabo de Santo Agostinho e quase a totalidade das senhoras do Recife, a maioria esposa de mascates. A festa durou quase três dias e a mesa esteve sempre farta. Barris e mais barris de vinho oriundos da cidade de Porto, em Portugal, foram consumidos por frades, negros e a nata dos convidados. Bernardo Vieira aproveitou para discursar sobre suas ideias de tornar Olinda independente de Portugal, pregando abertamente a instauração de uma república ali. Foi aplaudido por uns e vaiado por outros. Mas logo seria dado o primeiro Grito de República do país. Em breve, Olinda e Recife estariam em guerra. No entanto, aquele momento era só de festa.
André Vieira estava visivelmente embriagado quando arrastou Ana, vestida de noiva, para um canto da igreja e quis beijá-la. Ela sussurrou ao seu ouvido que deveriam recolher-se aos seus aposentos sem que os convidados percebessem. Estariam mais à vontade no quarto. O moço tinha os olhos injetados pela bebida e um olhar libidinoso muito intenso. Ana não havia bebido sequer uma gota de álcool. Tomara apenas sucos de frutas tropicais. Seu pai seguia Bernardo Vieira como um cachorrinho, indo para todo canto que o fidalgo ia. Catarina Leitão não quis juntar-se a D. Antônia, mãe de Ana, e essa ressentiu-se do tratamento pouco cordial dispensado pela megera. Ficou junto aos convidados vindos dos arredores do Engenho Pindobas, e logo sucumbiu ao álcool. Sentou-se numa cadeira e adormeceu com uma taça de cobre cheia de vinho nas mãos.
Assim que chegaram ao quarto, André procurou livrar a esposa da enorme quantidade de peças de roupas que compunham o vestido de noiva. Ana chegou a se assustar com a violência empregada por ele na ânsia de tê-la nua. Nos quase trinta dias que decorreram após sua chegada à casa dos Vieira, o rapaz parecia evitar encontrar-se com ela. Depois é que soube, por uma escrava alta e de cabelos curtos, que o jovem estava se resguardando para o casamento. Mas sentiu uma ponta de malícia nas palavras da negra e logo desconfiou que era ela que transava com seu noivo. Ana de Faria sentiu ciúmes e passou noites chorando às escondidas, mas não deu o braço a torcer. Um dia teria o marido só para si. E aquele dia havia chegado.
Ajudou-o a despi-la e o despiu também. Ele ainda tinha uma taça de vinho em uma das mãos e despejou-a sobre ela. Ficou deslumbrado quando viu o corpo da esposa totalmente nu pela primeira vez. Mamou-lhe os dois peitos quase com violência, tamanha a ansiedade que sentia. Ela pediu que ele fosse mais gentil. Ao invés disso, ele quase a jogou sobre a larga cama do dormitório. Depois, bem dizer saltou entre as pernas dela apontando o caralho um tanto flácido, por causa do efeito da bebida, para a xoxota de Ana.
A moça pediu que ele fosse carinhoso. Não queria ser estuprada em sua primeira noite de núpcias. Ele pediu que ela mostrasse como ele deveria fazer. Aí Ana tomou as rédeas do coito. Deitou-o de costas no leito e passou a língua por todo o seu corpo, evitando as partes pudicas. Ele se arrepiava todo e dizia que aquilo era muito bom. Pediu para fazer nela, também. Ana consentiu. Então André, pela primeira vez, desfrutou de fato das curvas do corpo daquela mulher. Mostrou-se um verdadeiro amante, sem pressa em lhe deflorar a vulva. Fez Ana gozar várias vezes, ora sugando-lhe os seios, ora chupando seu grelo, ora lambendo seu buraquinho e sua racha, mas sem introduzir seu enorme caralho ainda mole em nenhuma das cavidades dela. Quando enfim cansou, pediu que ela viesse por cima.
No entanto, Ana de Faria não pretendia perder seu cabaço logo na primeira vez. Queria devolver o prazer que o seu marido lhe proporcionou havia pouco. Por isso, pegou um pano e usou como venda nos olhos do jovem. E foi correndo a boca pelo peito dele, seu pescoço, suas costelas, depois saltou com os lábios até seus pés. Foi subindo com a língua pela perna do rapaz, que se contorcia de prazer por causa das carícias. De repente, pulou dos joelhos para o sexo dele, abocanhando-o. André deu um pulo e tentou tirar a venda. Ela segurou-lhe fortemente os braços para cima, prendendo-o ao encosto da cama. Com isso, ficou com a vulva bem perto do seu rosto. Ele sentiu seu cheiro de cio e perfume de rosas e meteu o nariz ali. Depois lambeu até que ela pingou gozo várias vezes no seu rosto. Aí, pediu que ela abocanhasse seu sexo novamente.
Ana não se fez de rogada. Primeiro, lambeu toda a extensão do enorme pau dele. Ele continuava vendado. Aos poucos, foi engolindo o pênis babado do rapaz, fazendo pausas para respirar. Ele adivinhou sua intenção e não fez nenhum movimento que pudesse interrompê-la. Encorajada, Ana continuava engolindo penosamente aquele mastro. Abria desmesuradamente a boca e relaxava a goela, ajustando-a ao volume. Demorou, mas conseguiu tocar com os lábios nos colhões do rapaz. O membro estava dentro de si, roçando sua garganta. Quando menina, assistira certa vez, num espetáculo circense, uma mulher engolindo uma espada. Não sabe bem porque, sonhou muitas vezes fazendo o mesmo com a rola de um homem. Começou a fazer movimentos de vai-e-vem com a boca, lutando contra a vontade de vomitar por ter aquela trolha lhe roçando a goela. Mas logo pareceu se acostumar e o cacete entrava e saia da sua garganta, escorregadio e volumoso, causando-lhe até um enorme e diferente prazer.
André quase não conseguia prender a vontade de gozar naquela boca que parecia estar em chamas. O roçar das paredes da goela da esposa contra o membro palpitante lhe dava um prazer indescritível. Certa vez, a negra Violeta tentou fazer aquilo, mas sua boca era muito pequenina e terminou desistindo de lhe engolir o caralho. Ana de Faria era excepcional. Estava contente em ter-se casado com ela.
Então, não conseguiu se prender mais. Deu a maior gozada da sua vida. Um jato tão potente e demorado que inundou as entranhas de Ana e ela nem se engasgou. A jovem demorou um pouco com o pau do marido na boca, até que ele murchou e recolheu-se, esvaindo-se dos seus lábios. Só então Ana de Faria pareceu regurgitar, expelindo uma quantidade enorme de porra do estômago, como se tivesse engolido e botado para fora a gozada de um cavalo.
FIM DA DÉCIMA NONA PARTE