O doce nas suas veias - (Capítulo 12)

Um conto erótico de Vamp19
Categoria: Homossexual
Contém 2452 palavras
Data: 01/12/2015 16:59:28
Última revisão: 01/12/2015 17:02:57

Jesus acabou de se tornar vampiro e está muito instável. Eduardo e os dois lobisomens, Épini, o mais jovem e seu pai fogem do caçador Van Helsing que está criando uma legião de caçadores para matar todas as criaturas sobrenaturais da face da terra. Eduardo e Jesus os ajudam a fugir voando.

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Meu pai estava morto. Por mais que tentasse, a realidade não queria entrar na minha cabeça. Eu estava em negação, e o pior, eu sabia. Aquele caçador... aquele caçador miserável filho de uma p...

“Épini” o vampiro falou. Eu estava em meio a outro devaneio.

Eduardo também recebera alguns tiros dos caçadores que seguiam Van Helsing e mataram meu pai. Eu o culpei no início, até que antes de morrer meu pai conversou comigo. Ele me disse para não o culpar. Eu tinha que fugir. Correr para a minha alcateia e ficar seguro. A primeira coisa eu cumpri sim. Mas só porque o vampiro me garantiu que Van Helsing iria morrer.

Estávamos os três ao redor de uma fogueira no ar noturno. Não que eu precisasse de fogueira para me esquentar. Lobisomens nunca sentem frio. A não ser quando estão a beira da morte. Meu pai sentiu frio. Ele tremeu nos meus braços e me pediu para fugir.

“Ele morreu, grande coisa.” Quem falou foi o vampiro Jesus. Era novo ainda. Mas Épini queria fazer da vida dele como imortal uma bem curta. Ele me dava nos nervos. “Vê se supera, cachorrinho.”

Eu rosnei para ele.

“Os dois, parem de agir como crianças!”

“Eu sou uma criança, seu idiota!” Jesus se levantou da fogueira. “Você ficou obcecado por mim, seu doente. Você tem mais de, o quê? Setecentos anos? Eu ainda vou completar vinte.”

“Não vá para muito longe.” Foi tudo que Eduardo, o vampiro mais velho, falou.

“Vá se foder. Eu vou para onde eu quiser.”

Jesus se afastou e entrou na floresta. Talvez estivesse com fome e foi caçar alguns coelhos. Não me importo nem um pouco. Esperava que morresse tropeçando e caindo num pedaço de galho que atravessasse seu coração.

“Ele é novo. Todo vampiro novo é assim.”

“Eu não consigo ver você agindo dessa maneira.” O vampiro balançou a cabeça em negação.

“Você perdeu o seu pai. Eu matei o meu pai. E minha mãe. Eu não senti nada. Nem agora eu consigo sentir. Vampiros recém nascidos são perigosos e sanguinários.”

Eu sentei parado e encarei-o incrédulo, pensando se ele realmente não sentia nada agora, pois seu rosto tinha uma estranha expressão de tristeza. Ele tinha uma barba, um longo cabelo que geralmente estava amarrado num penteado traseiro, seus olhos eram vermelhos como sangue. Eles brilhavam em algumas noites. Agora pareciam apagados e tristonhos.

Um cheiro estranho chegou a mim e roubou todas as minhas atenções. Eu olhei para o céu, algumas nuvens o cobriam, mas no geral as estrelas e nebulosas dominavam numa beleza astronômica. Puxei a essência estranha mais um pouco, farejando o estranho. Não conseguia enxergar nada.

“O que foi?” Eduardo perguntou.

“Alguém se aproximando... pelo céu.”

“Pelo céu? Um vampiro?”

“Não vampiro. Você devia saber que lobisomens não cheiram vampiros.”

“Sim, eu sei. Escapou minha cabeça por alguns momentos.”

“Sabe quem mais pode escapar? Seu vampirinho. Vai atrás dele. É uma bruxa.”

“Bruxa? Por aqui?”

“Sim. Corre atrás do seu vampirinho logo, pode ser perigoso.”

Eduardo concordou comigo e se levantou para ir atrás de Jesus. Ele foi rápido. Poderia negar o quanto quisesse, mas estava na cara que amava o garoto. A gente vê tudo nessa vida. Uma semana atrás, eu estaria rindo de alguém que tentasse me convencer da capacidade para amar de um vampiro.

Eu fiquei sozinho ao lado da fogueira e instantaneamente decidi que seria melhor nem ter acendido. Os vampiros também não se importavam com frio, embora eu não gostasse tanto do escuro, usava o fogo para assar a minha carne de vez em quando. A bruxa iria nos encontrar de qualquer forma agora. Seu cheiro estava ficando mais forte. Eu ainda não a conseguia enxergar no céu lotado de brilhantes estrelas, mas ela se aproximava.

Comecei a arrepender-me da decisão de mandar o vampiro se afastar. Não que precisasse dele. Mas não poderia negar que uma ajuda poderia ser muito útil.

O cheiro foi ficando mais forte, mais quente, mais doce. Onde? Olhei ao meu redor, estávamos numa clareira no meio de uma mata densa. A bruxa, no entanto, vinha pelo céu e não pelas árvores. Mantive a calma e segui o cheiro. Ali. No céu do norte, uma silhueta de sombra permeava pelo céu e cobria o brilho das estrelas. Sem dúvida nenhuma agora que estava vindo na minha direção. Onde estava o vampiro? Será que algo havia acontecido com ele? Com o afetadinho Jesus?

Eu assisti ao pouso abrupto da criatura bem na minha frente, levantando poeira e fazendo o fogo dançar com o vento da queda. Duas grandes asas de cisne se abriram para o alto como se estivessem alongando-se, as penas brancas eram brilhantes mesmo sob a luz fraca da lua. Fecharam-se e desapareceram num piscar de olhos nas costas do bruxo. Bruxo. Era um homem.

A noite não poderia ficar mais surpreendente. Ou poderia?

O bruxo sorria um sorriso grande e de dentes brancos, muito amigáveis para serem realmente amigáveis. Seus olhos eram amarelo-claros como um mel pálido. Seu rosto era liso e livre de barba, o cabelo negro era longo e cacheado. Ele tirou uma mexa da frente da testa e empurrou o cabelo para trás.

Ele estava usando terno, gravata, calça e sapatos. Parecia estar preparado para uma festa muito fina. Uma festa que definitivamente não seria do agrado de um lobisomem. Comparado a ele, eu me vestia como um homem da idade da pedra. Minha roupa estava rasgada, eu nem sequer gostava de tomar banho.

“Oh, olá. Lobisomem, não é?”

“Sim. Bruxo, não é?”

Seu sorriso não falhou. Ele andou na minha direção e eu me afastei. O bruxo levantou os dois braços sinalizando inocência e falta de perigo. “Meu nome é Alexandre.” Ele continuou se aproximando. Sentou-se ao lado da fogueira. Eu fiquei em pé, encarando-o ainda consternado com tudo aquilo.

“Épini.”

“Nome estranho” ele disse. Esfregou as mãos me frente a fogueira. Agora eu podia ver que seus olhos realmente não eram normais. O amarelo de dentro deles era muito claro, além de qualquer ser humano. Possuíam uma beleza fora do comum. “Me desculpe, não quis ser mal educado. Eu vi a fogueira e achei que seria bem vindo. Estava muito frio lá em cima.”

“A noite é geralmente fria.”

“Não para um lobisomem.” Alexandre olhou diretamente os meus olhos. Seu sorriso era esperto e zombador. Eles sabiam demais.

“Nunca para um lobisomem. Suas azinhas bonitas não funcionam de dia?” perguntei, falhando em manter a calma.

“Você acha que minhas azas são bonitas?”

Eu engoli em seco, sem resposta para dar. Fiquei sem jeito no silêncio que se seguiu, mas o bruxo pareceu muito à vontade sob o calor da fogueira. A roupa delicada e elegante ainda me deixava confuso. Para onde ele estava indo?

“Está gostando do meu fogo?”

“Seu fogo é muito delicioso, Épini.”

“Eu pensava que bruxos criavam fogo.”

“Criamos.” Ele respirou fundo. “Estou salvando energia para o vôo. Recebi notícias... sabe, você não deveria estar por essas matas. Tem perigo caminhado por essas bandas. Devia ir para outro lugar.”

“Para onde você vai?”

Ele sorriu.

“Buscar ajuda.”

Até o jeito que falava passava um ar de elegância. Senti-me extremamente acautelado comigo mesmo, com minhas maneiras selvagens. Mas ainda tinha o meu orgulho, mantive minha postura e meu olhar intensamente fixado nos seus olhos da cor do sol da tarde.

“Ajuda para quê? Talvez eu possa ajudar.”

Eu não gostei da sua risada. Não foi particularmente com a intenção de me humilhar, mas isso não significa que eu não fiquei humilhado.

“Você não parece como um lobisomem muito velho. Além disso, a ajuda que eu preciso é bem específica. Nada a ver com você.”

“Parece estar gostando da minha ajuda agora.”

“Eu o agradeço por isso, lobisomem Épini. Não vou esquecer.”

Suas palavras precederam um vento conveniente que as deu um efeito de seriedade maior do que deveriam ter normalmente. Meu corpo se arrepiou. O que acabara de acontecer? Eu tinha sofrido algum tipo de feitiçaria? Se aconteceu, eu não senti nada. Ele deveria ser muito bom.

“Você me chama de novo, mas não parece tão velho você próprio.”

“Eu mato uma criança recém-nascida todo mês para manter minha juventude” disse ele, com toda a tranquilidade do mundo. Eu estava tão em choque que as palavras demoraram certo tempo para fazerem sentido. Tempo o suficiente para que o bruxo desse uma gargalhada leve e amigável. “Eu só estou brincando. Tenho sessenta e seis anos. Você está certo, não sou tão velho, mas é exatamente por isso que estou em busca de ajuda. Diga que você vai sair desse lugar, a floresta não está segura. Existem...”

“Caçadores” eu completei a frase.

“Sim.” O bruxo Alexandre se levantou e ficou em pé na minha frente. Era mais alto que eu, com ombros largos e pernas longas. Ele ajeitou seu terno. “Você os encontrou.” Não foi uma pergunta.

“Encontrei.”

“Como sobreviveu?”

“Eu fugi. Meu pai não teve a mesma sorte.”

“Eu sinto muito.”

“Eu não. Vou encontrar o maldito que fez isso e comer seus órgãos” disse eu, sem sequer tentar esconder o rancor da voz, a fúria, a tristeza.

Num momento, o bruxo estava na minha frente com um olhar preocupado. No outro, Jesus tinha agarrado na sua garganta e o jogado no chão com toda a violência do mundo. “Eu estava mesmo com sede” o vampiro disse. Eu arregalei os olhos, tudo aconteceu muito rápido para que eu tivesse uma reação apropriada.

Jesus enfiou as presas no pescoço de Alexandre, que tremia no chão sob o vampiro. A roupa bem arrumada do bruxo ficou completamente suja, o rosto mostrava uma reação de medo e surpresa. Jesus estava sugando o seu sangue.

Sem nem mais um segundo a perder, eu chutei a barriga do vampiro com tanta força que ele parcialmente voou para longe. Alexandre se contorceu no chão. De dois buracos pequenos no seu pescoço escorria sangue, duas listras vermelhas grotescas e contínuas. Ele respirava muito forte. Colocou uma mão para tampar a mordida e sentou-se no chão. Seu cabelo estava todo bagunçado. Sua pele branca havia ficado ainda mais pálida com a perda de sangue. Mais algum tempo sendo chupado e o Bruxo teria morrido, com certeza.

Jesus havia levantado da queda e não gostara nem um pouco do chute que o dei. Melhor assim que iria concentrar sua raiva em mim. Já tinha lidado com ele antes. Eu avancei correndo e ele veio a mim da mesma forma. Preparei-me para o combate. Jesus me derrubou com um só murro.

Eu não entendia. Ele deveria ser mais fraco que eu. Agora estava de novo indo em direção ao bruxo. Daquela vez eu não poderia salvá-lo. Vampiros eram rápidos. Jesus estava mais forte.

“Vai se arrepender!” gritou Alexandre. Não foi um grito de raiva, nem ameaça. Até mesmo gritando, ele possuía uma calma imensa. Antes que Jesus desse mais um passo em sua direção, o bruxo levantou as duas mãos. Jesus caiu de joelhos e apertou a cabeça com as mãos. Começou a gritar de dor como se algo estivesse devorando o seu cérebro.

Tinha voltado a parecer somente a criança jovem que era. Pelo que Eduardo havia me falado, Jesus não tinha culpa de nada que estava acontecendo na sua vida. Tentei pedir para que o bruxo não o matasse, mas minha força ainda me falhava. Minha própria cabeça estava doendo. O grito de Jesus não ajudava a minha situação.

O vampiro loiro estava sangrando pelos olhos, pelo nariz, pelos ouvidos. Seu rosto ganhou vários caminhos vermelhos perturbadores. Ele estava morrendo. Alexandre, em pé logo em frente a Jesus, também demonstrava o quanto aquilo estava consumindo suas forças, ele tremia levemente e também escorria sangue do seu nariz. Sua camisa branca por baixo do terno manchou de vermelho.

Eu consegui me levantar com muito esforço. Feito isso, recuperei mais rápido as outras funções. Eu ignorei o vampiro que gritava à medida que ficava mais fraco e vazio por dentro e fui em direção ao bruxo que estava causando tudo aquilo.

“Não... Não o mate.” Ele não me escutou. “Não!” gritei.

“Fique fora disso.”

“Não! Ele não merece... ele é novo. É meu amigo. Por favor.”

“Ele ia me matar.”

“Eu não ia deixar.”

“Fique fora isso” ele repetiu.

“Não.” Eu pulei em cima dele. O bruxo perdeu o equilíbrio e caiu, consequentemente o efeito do feitiço parou. O grito parou também. Jesus, no entanto, estava deitado no chão como se estivesse morto. Morto de verdade. Seu rosto estava vermelho com o sangue que havia escorrido dos orifícios. Alexandre respirava ofegante sob mim e parecia mais magro.

“Ele vai nos matar” o bruxo suspirou fracamente.

“Ele não vai” a voz do homem tranquilizou minha alma. Eduardo.

“Onde você estava?” perguntei, deixando muito claro que estava furioso. “Eu tive que lidar com o seu maldito filhote de morcego.”

“Me desculpe. Tive alguns problemas com caçadores” Eduardo disse. Nesse momento eu vi que seu pescoço estava vermelho com o que parecia ter sido efeito de água benta, sua roupa estava mais rasgada do que antes. Seus olhos estavam brilhando, seu rosto menos pálido. Ele tinha se alimentado. “Temos que andar. Temos que nos mover. Mais caçadores virão.”

“Eu não vou deixar ele aqui” disse, segurando o bruxo nos meus braços, ele havia apagado e ficado inconsciente durante a minha conversa com Eduardo. Esse olhou para o bruxo com uma indiferença que só os vampiros conseguiam, deu de ombros e foi atrás do seu Jesus. “Carregue-o, então. Mas vamos.”

“Ele disse que estava indo em busca de ajuda, Eduardo. Para lidar com os caçadores. Ele também teve problemas com eles.”

“Felizmente parece que todo mundo está indo para o mesmo lugar.”

“Para onde?”

“O conselho. Os vampiros mais velhos. Minha mãe e minhas tias. Milhares de outros. Bruxos e lobisomens podem estar lá também. Vai haver guerra.”d

.d

seguinte, gente; desculpinhas pela demora. Eu não tenho nem o que dizer, só sinto muita vergonha. A verdade é que eu achei a história muito ruim e exclui tudo que já havia planejado. Fiquei muito desanimado. Levei um tempo para poder me animar novamente. Aqui estou. Espero que não estranhem que estou introduzindo novos personagens, eu só não quero que a história fique chata. Também vou entender se a maioria abandonou a história. Não tenho nenhum direito de fazer vocês esperarem. Mas pelo menos eu não abandonei. <3

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Comentários

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Ó você voltou!!! Cara eu tava com muita saudade de você... Que bom que esta conosco!!! Esse Jesus tá muito brabinho!!!

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Meu lindo vc escreve super bem e sua história é linda. Só pra lembra, eu sou a Cris12, perdi a senha da minha conta e criei outra, ameiii esse capitulo. Não some mais. Bjs

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Acho que vai surgir um amor entre o bruxo e o lobisomem, continue logo.

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Estou gostando da historia, no meu ponto de vista ela esta muito boa...

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MDs demorou muito sim! 😢 mas fico feliz q tenha voltado, e eu nunca vou abandonar seu conto! Conte comigo. 😉

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a história tava ÓTIMA! (E ainda tá) acho q com certeza tem gente q concorda comigo, se não não estariam lendo... Por favor não pare o conto.

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