De onde nascem das ilusões?
A ansiedade da viagem agora também se misturava com a de possivelmente o encontrar. A viagem já estava toda planejada, mas aproveitei as horas de viagem para poder ler mais algumas curiosidades dos locais por onde passaria. Na minha playlist não poderia faltar ele, meu anjo ruivo de olhos escuros, ouvir sua voz e vasculhar suas fotos já havia se tornado hábito, sei que parece loucura, mas eu estava fissurado por ele, nos momentos que eu lembrava que ele havia me respondido de forma tão espontânea e humilde me trazia a possibilidade de sentar em um bar com ele e tomar uma cerveja e quem sabe beijar aquela boca linda. Acho que ainda não descrevi o David então vamos lá, David tem 25 anos, é ruivo, pele branquinha e um porte atlético, não atlético de musculoso, bombado, mas um porte natural, troncudo. Cerca de 1,80, um par de olhos castanhos que contrastava com sua pele branca que pouco pegava sol, a voz dele era o que me levava às alturas, era melódica, grave e hipnotizante.
Chegando a Dublin após toda burocracia de passar na imigração, sai do aeroporto sendo recebido pelo clima típico da cidade chuva, vento e 9°C. Para muitos isso é o inferna na terra, pra mim não, me sentia ali como se estivesse em casa, por sinal toda a cidade me era familiar, quando pus meus pés lá tive a estranha sensação de estar chegando em casa, de estar chegando a um lugar do qual nunca deveria ter saído. Como ficaria 4 semanas por lá optei ficar em uma república onde moravam dois mexicanos e um espanhol. Aluguei um quarto e assim me sentiria mais próximo a rotina da cidade. Meus amigos de casa eram pessoas muito receptivas, Miguel e Ângelo, mexicanos já me recepcionaram com uma garrafa de tequila, falavam alto, riam e faziam piadas de tudo, típico do povo latino. Já o espanhol se chamava Juan e era o mais contido da turma, falava mais baixo mas parecia se sentir bem no meio daquela algazarra. Tinha toda uma programação e iria seguir à risca, por mais lindo que fosse cada canto da cidade, nada tirava da minha cabeça o dia que eu encontraria o David.
Cumpri durante a semana meu roteiro, a cidade era incrível, tinha realmente uma paixão por aquele lugar, conversei alguns dias com o David pelo Twitter e trocamos telefone, por mensagens combinamos que ele me buscaria na sexta, passei meu endereço e ficou combinado. A ansiedade era algo que me destruía por dentro aos poucos, meus novos amigos trabalhavam e estudavam durante a semana então pouco os via, o que trabalhava em um horário mais folgado era o Ângelo, comemos uma pizza e conversamos sobre tudo que ela vinha fazendo na cidade, ele era um jovem muito agradável, tinha 21 anos e um estilo bem latino e atraente. Finalmente chegou a sexta, a noite estava linda e estrelada, acompanhada de uma bela lua cheia, coisa rara já que a maioria dos dias eram nublados ou chuvosos. Sete horas em pouco toca a campainha, abri a porta e tive a visão do céu, meu anjo ruivo estava com uma calça bege, uma camisa social branca e uma harmonia incrível entre seus olhos castanhos, seus cabelos e barba ruiva e sua pele branca. Ao me cumprimentar, apertou minha mão e me puxou para um abraço apertado, não tinha reação apenas tinha me entregue àquela situação. Aquele abraço não durou mais que 30 segundos, mas fora o suficiente para sentir aquele perfume amadeirado e forte, junto com aquela voz grossa e sotaque bem característico dos irlandeses, o qual já me sentia confortável.
Aquele perfume, aquela voz, aqueles braços, não podia ser, era ele o cara dos meus sonhos, não sonhos de devaneios, mas sonhos reais que me acompanhavam nos últimos dias. Inevitavelmente as lágrimas vertiam dos meus olhos.
- Hey man! Chorando por que me conheceu? Tu é fã mesmo hein. - Disse David com a voz e o sotaque mais lindo do mundo, enquanto limpava minhas lágrimas.
- Foi mal cara, eu sou realmente seu fã, mas me desculpe a emoção. - respondi vermelho.
Nesse momento pude me ater que atrás dele havia uma menina, ela era normal, morena, cerca de 1,65 de altura e um corpo bonito, mas escondido com todas as roupas de frio que o clima pedia.
- Essa é a Mary, ela vai ao show conosco. - disse David me apresentando a garota.
- Oi! - disse a menina com um sorriso.
Pronto logo à minha cabeça veio tudo que Julia havia me dito e todas as possibilidades dele ser hetero me veio à cabeça. E agora vamos desistir dessa baboseira toda de amor por alguém que não conheço? O que devo fazer?
Continua...
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