Minha vontade era de matar aquele filho da puta duplamente, pelo fato dele ter acabado com a vida do meu irmão e por ter me tratado daquela forma. Quem ele pensava que era pra poder dispor assim da vida dos outros a seu bel prazer. O mais decepcionante pra mim é que ele foi por muitos anos um excelente amigo e era a pessoa em que mais confiava desde que tinha vindo trabalhar na Clínica do Dr. Alberto Moura Ferraz.
Dei Graças a Deus quando o plantão terminou pontualmente as 08:00 h daquela fria manhã em Fortaleza e pude ir pra casa pra poder finalmente conversar com o Digo sobre o que realmente havia acontecido com ele e aquele verme chamado Ciro Fernandes.
Dirigi com uma calma aparente, uma vez que estava nervosamente abalada e com o pensamento em ebulição. Por mais que meu irmão tenha errado, ele teria que ter tido pelo menos direito a uma defesa, nem que fosse uma simples conversa. Só que " Deus " fez o quê? ! Deus ! o colocou pra fora de casa e o mandou sumir de vez da sua vida.
Finalmente após quase quarenta e cinco minutos entrei naquela maldita garagem daquele maldito prédio em que viera morar e segui direto para o meu apartamento no sexto andar. Assim que entrei e fechei a porta ouvi a voz de Rodrigo que falava ao telefone com alguém do Banco...
_ É como estou falando Gilberto, em todo caso levo um atestado pra vocês aí do RH.... Eu preciso apenas de dois dias pra poder me recuperar... Pode deixar chefe... Pra você também... Obrigado e bom dia pra todos aí do setor.
Ele apenas clicou no celular e me olhou com um rosto totalmente devastado. O meu medo maior era chegar em casa e vê-lo totalmente machucado. Pensei em espancamento e uma série de outras loucuras quando ele na noite de ontem me ligou chorando e rapidamente me falou o que aquele maldito desgraçado falou pra ele.
_ Posso te dar um abraço, mana? E levantou já com os olhos cheio de lágrimas.
Eu não consegui dizer nada. Apenas abri os braços e acenei um sim com a cabeça. Rodrigo praticamente correu em busca da provável proteção que eu poderia lhe dar e junto ao meu corpo ele chorou muito enquanto eu procurava lhe acalmar sem muito sucesso.
Ficamos ali em pé no meio daquela sala apertada e ainda desarrumada e após alguns soluços ele foi parando e eu finalmente consegui falar com ele:
_ Senta aqui no sofá e não saí de jeito nenhum. Levantei e ele segurou meu punho esquerdo.
_ Onde você vai? Não me deixa só, por favor.
_ Não pretendo e nem vou te deixar só por muito tempo. Vou só pegar água pra você. Espera aí. E sorri pra ele que me retribui com um sorriso bem tímido.
Fui até a cozinha e rapidamente voltei com dois copos com água e me sentei a seu lado. Ele bebeu sua água em total silêncio e eu o imitei.
_ Agora me conta o que realmente aconteceu pra que você de repente se encontra nesse estado. Não me esconde nada, por favor Digo.
_ Há uns dois meses atrás o Ciro andava muito distante de mim e alegou que sempre estava cansado e cheio de trabalho na Clínica. Eu tava me sentindo em segundo plano em sua vida e confesso pra você, mana, que isso me deixou sem chão. Ele nunca me deixou em segundo plano, ele nunca me ignorou por tanto tempo. Eu juro que procurei fazer com que ele entendesse que eu também existia e que nós pra podermos seguir juntos teríamos que olhar pro outro, dar atenção e por mais que as coisas estivessem difíceis dividir os problemas também. Ele sempre me tranquilizava e dizia estar tudo sob controle, que eu tivesse um pouco mais de paciência que tudo ia voltar a normalidade e que ele iria me recompensar por conta dessa total indiferença que eu achava que estava acontecendo da parte dele.
Ele respirou fundo e terminou de beber a água...
_ Alguns dias depois de nossa conversa eu tava numa reunião da Agência com o pessoal do meu setor e a mesma terminou bem depois do nosso horário habitual de sair. Liguei pra ele e ele mais uma vez me disse não poder falar naquele exato momento por conta de um problema interno com o dono da Clínica. Pelo que ele me disse o velho havia surtado em casa e uma das suas filhas resolvera forçar uma internação juntamente com o Rafael e que logo depois ele retornaria a ligação, coisa que ele jamais fez naquele dia. Eu tava indo em direção ao estacionamento pegar o carro e sou abordado por um rato de academia. Confesso que o cara era lindo, forte, musculoso e de uma beleza impactante. Olhei e quando ele viu que eu o olhava ele sorriu e veio em minha direção. Nos falamos por alguns minutos numa conversa totalmente banal e sem proposito e ele me passou um cartão para que caso eu precisasse ou mudasse de ideia eu entrasse em contato para poder começar um atividade física na Academia em que o tal cara trabalhava. Deixei pra lá e segui com a minha vida. E o primeiro mês passou. O patrão de você realmente foi examinado por uma junta médica e ficou internado. Pelo que o Ciro me disse, o Rafael e outro médico lá que é chefe da psiquiatria é que ficaram cuidando do velho e o Ciro passou a ter um pouco mais de tempo. Só que ele continuava distante. Foi quando eu resolvi ligar pro Nelson e marquei uma ida a sua Academia no final do meu expediente de trabalho daquele dia.
Ele aproveitou e bebeu a água que estava no meu copo e eu o olhei rapidamente e sorri por conta do seu gesto e ele continuou...
_ O Nelson me tratou super bem e após uma avaliação e alguns exames que fiz lá mesmo marquei para começar meu treino no dia seguinte. Naquela noite quando cheguei em casa, encontrei o Ciro arrumando uma pequena mala com algumas roupas me dizendo que precisaria passar uma semana fora por conta de um Congresso no Paraná. Ele não tinha tido tempo de me dizer nada porque as coisas aconteceram muito rapidamente. O amigo que ia ficou doente e como o estudo a ser apresentado era dele e desse amigo que não mais iria, ele teve quase que obrigação de ir. Fui deixá-lo no Aeroporto e voltei pra casa já com a decisão de não mais me importar e quando ele chegasse eu iria colocar um fim naquilo.
Ele levantou e começou a andar pelo espaço da pequena sala e quando voltou a sentar, o fez na cadeira de apoio que ficava bem a minha frente...
_ Comecei o treino com o personal Nelson no dia combinado e durante toda a semana o Ciro só me ligou uma única vez e quando o fez foi pra dizer que do Paraná iria até Salvador para apresentar o tal estudo sobre psiquiatria que ele desenvolvera juntamente com o amigo e ficaria fora por mais três dias. Nada eu disse sobre isso e ele notou. O Nelson na sexta -feira me perguntou se faria alguma coisa no final de semana e eu disse que não e nem poderia porque meu namorado estava viajando e não seria nada legal sair na companhia de outro cara. Ele insistiu muito e me convidou para um aniversário de um amigo que aconteceria no dia seguinte e que seria muito legal se eu fosse com ele. Eu juro mana que até eu pensava que era apenas um simples aniversário de uma amigo dele e topei. Como seria uma tarde noite, teria que ir com roupas bem informais e se quisesse ir de sunga não teria problema porque no lugar da festa teria piscina. Me vesti a caráter e o esperei aqui em baixo do prédio. Ele chegou e me disse que eu estava lindo e tudo mais e partimos pra festa. Como eu te disse o Ciro não me ligou de jeito nenhum naquele dia e ao chegar ao lugar foi que notei que era numa Thermas e que vários carros já estavam estacionados no pátio interno do lugar. Questionei sobre o lugar e o real proposito dele me trazer ali. Ele desconversou e me convenceu pelo menos a ir falar com o tal amigo que estava aniversariando. Tive que ficar a caráter para poder entrar nas dependências do lugar e cheguei a ver inclusive uns quatro amigos por lá. Fomos ao bar e confesso que vê-lo apenas enrolado numa toalha mexeu comigo. Um garçon vestido com uma sunga minuscula nos deu uma bebida e fomos em direção ao andar de cima para que eu pudesse falar com o tal amigo e sair dali o mais rapidamente. Na escada o Nelson tentou me beijar e eu recusei. Chegamos num longo corredor e ele finalmente viu o amigo dele. Ele segurou minha mão e entramos pela porta do tal lugar onde ele me apresentou a um tal de Haroldo Fagundes e logo em seguida eu disse que iria embora. Ele ficou puto comigo e tentou me agarrar. Saí do local puto de raiva e assim que cheguei em casa tomei algo pra dor de cabeça e dormi. O Ciro voltou de viagem e nossa rotina começou.
Ele voltou a ficar em pé e disse com um olhar assustado...
_ Fazia alguns dias que ele havia voltado quando recebi uma ligação de um numero que não reconheci e a pessoa disse que precisava falar comigo com a máxima urgência porque tinha algo do meu interesse. Aquilo me deixou bem curioso porque eu pensei que alguma coisa o Ciro tinha aprontado. Eu fui ao tal encontro e um homem bem esquisito assim que me viu, entregou um envelope amarelo e saiu sem me dizer nada. Aquilo me deixou intriga e assim que voltei pro carro abri o tal envelope e vi minhas fotos juntamente com o Nelson naquele maldito lugar. E eu que pensei que iria saber alguma coisa sobre o Ciro acabei me surpreendendo mais ainda com aquele material sobre mim. Junto às fotos havia um numero de telefone e instruções para que ligasse assim que recebesse tal envelope. Liguei e a voz me deu três dias para que eu contasse minha traição, caso contrário eu iria ser desmascarado. Eu nem tive tempo de dizer mais nada pois a ligação foi desfeita e antes do prazo que me foi dado, Ciro recebeu algumas das fotos que vi em minhas mãos dias antes. E depois disso, minha vida virou de cabeça pra baixo.
_ A primeira coisa a fazer meu irmão é ir até o tal personal e se preciso for implorar para que que ele conte a verdade.
_ Acabei de voltar da academia antes que você chegasse. O tal Nelson não trabalha lá. Nem mesmo sei se aquele filho da puta é mesmo Personal. Pelo que a garota da recepção falou ele parecia só ter a mim como seu aluno.
_ O cara sumiu, é isso? Perguntei sem qualquer ânimo.
_ Isso mesmo irmã. Ele respondeu com o meus mesmo tom de voz.
_ E agora, Rodrigo? Como posso fazer para te ajudar?
_ Eu não sei irmã. Só sei que tô muito mal com tudo isso. É lógico que fui envolvido em algum tipo de trama para que eu me separasse do Ciro ou em algo muito mais assustador.
Ele voltou a sentar na cadeira de apoio e chorou abertamente.
_ Você realmente ama aquele desgraçado?
_ Como jamais amei alguém na vida minha irmã. Eu sei que isso que sinto por ele te desagrada mas, eu não sou nada sem aquele cara. Por favor me ajuda a esclarecer isso.
Meu irmão voltou a me abraçar e mais uma vez a emoção tomou conta de sua vida e chorar por enquanto era a única coisa que ele podia fazer.
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Por volta das 09:15 h daquela manhã que havia começado nublada e chuvosa eu fui chamado novamente ao apartamento do Dr. Alberto Ferraz.
_ Bom dia Dr. Ciro. Como passou sua noite?
_ Confesso Dr. Alberto que quase não dormi e quando consegui um rápido cochilo fui acordado para resolver algo pessoal.
_ Problemas em casa? Como esta o jovem Rodrigo? Aconteceu alguma coisa?
_ Nossa relação não mais existe, Dr.
_ É definitivo isso? E ele me olhou com a cara surpresa e desconfiada ao mesmo tempo.
_ Temo que sim Dr. Alberto. E isso vai ser muito difícil de aceitar.
Ele apenas me fitou e logo em seguida eu emendei...
_ O Senhor queria falar comigo sobre o quê?
_ Sente-se Dr. Ciro pois nossa conversa terá que ser no mínimo franca pois conto com Você para que eu não enlouqueça de vez.
Após dizer essas palavras ele começou a sorrir.
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O mais profundo e sincero agradecimento a cada um de vocês que tornam a me prestigiar. Muito obrigado mesmo e o abraço mais carinhoso vai para ANITAOFICIAL, PRIREIS822, VALTERSÓ, RU/RUANITO.
* Sobre o WATTPAD, acho o site em questão meio confuso e confesso que cheguei a ler uma trama sobre vampiros lá bem interessante.
Então é issso. Obrigado mais uma vez e boa noite, bom dia a cada um de vocês.
