O CRIME DOS VIEIRA DE MELO - Parte 15
Os dois homens, trazidos amarrados de mãos para trás, por Mtumba, estavam em estado lastimável. Tinham os rostos lavados de sangue. Só quando chegaram perto é que João Paes e as mulheres perceberam que ambos tinham os olhos vazados. O velho guerreiro furara cada globo ocular dos capitães-do-mato, para que estes não reconhecessem o sinhozinho nem o lugar onde estavam. O negro guardava rancor desse tipo de empregado de engenho porque foram homens como eles que destruíram seu quilombo e mataram mulheres e crianças. Agiram como feras, dispostos a não fazer prisioneiros. Então, o velho ex-escravo não tinha dó nem piedade de capitães-do-mato. E cumprira bem a ordem do sinhozinho para que não os matasse. Isso não significava deixá-los inteiros. E foi a melhor forma que achou do patrão permanecer incógnito.
- Vou precisar que venha comigo, negra - disse Mtumba se referindo a Eudóxia que olhava penalizada para os homens cegos.
- É vosmecê, negra maldita? - grunhiu o mais novo dos dois capitães - está de parceria com o velho?
- Sim, sou eu, filho de uma cadela. Vosmecês atiçaram seus cães contra mim e eles teriam me estraçalhado viva. Acho é pouco o que aconteceu com vosmecês. Tenho pena não - respondeu Eudóxia.
- Foram eles que nos chicotearam, meu rei - disse a escrava gordinha.
- Até vocês estão aqui? - espantou-se o homem cego - Onde estamos?
Mtumba pôs o dedo frente aos lábios, para que todas se calassem. Não queria dar noção, aos caçadores de gente, de onde estavam.
- Vosmecês estão no meio do mato, onde acampamos eu, as irmãs negras e meu escravo branco. Estamos indo pedir guarida, por hoje, no engenho mais perto daqui. Amanhã seguimos viagem e deixamos vosmecês amarrados a um tronco qualquer, a espera que os capatazes do engenho onde moram venham a vossa procura. A menos que prefiram ser trocados pelo negro que mandaram pro tronco lá na senzala - arguiu o velho negro guerreiro.
- O sinhozinho não vai largar aquele negro safado que fez mal a ele - disse um dos capitães, lutando contra a dor que lhe afligia por causa do ferimento nos olhos.
Silva, o mais velho dos dois lacaios do Engenho Pindobas, era do tipo de homem rude que não demonstrava sentir dor. Achava-se macho demais para chorar a perda da visão. Para ele, ter sido derrotado por um homem astuto e ser mutilado por ele fazia parte do jogo. Já o outro, mais jovem, gemia de dor e maldizia sua perda das vistas. Chamava-se Gregório e era sobrinho do que estava a falar com Mtumba.
- O que o negro fez ao seu patrão? - perguntou o velho guerreiro.
O homem não respondeu prontamente. Mas temia por sua vida e se desse a informação certa, talvez o negro não o matasse. Não sabia que João Paes estava por perto, pois este se mantivera calado para que o capitão-do-mato achasse que seu amigo mascate estava sozinho com as negras. Depois de pensar um pouco, o sujeito falou:
- O negro seviciou o sinhozinho - disse finalmente, para espanto de Eudóxia - e a esta hora deve estar capado ou morto. Não creio que o sinhozinho vá querer trocá-lo por nós, se ainda estiver vivo.
- Se me ajudarem a fazer a troca de vosmecês por ele e pela negra que fugiu de lá, deixo vosmecês com vida.
- E quem nos garante que não está mentindo e que não vai nos matar?
Antes que Mtumba respondesse, João Paes resolveu expor-se.
- Eu garanto isso a vosmecês. Somos homens de palavra e não queremos mata-los. Mas faremos isso imediatamente se nos traírem e alertarem os compinchas do seu patrão da nossa aproximação deles.
- Quem está falando isso? - perguntou o capitão-do-mato.
- É o meu escravo branco - respondeu Mtumba, adiantando-se ao sinhozinho - ninguém melhor do que ele para comprovar que sou um homem justo. Ele está me pedindo pelas vidas de vosmecês e ficará me devendo este favor.
- Ah, o escravo branco que fugiu da senzala - intuiu o homem - Soubemos que foi ajudado pela sinhazinha. Se pedir para ela cuidar dos nossos ferimentos, estaremos de acordo em mediar a libertação do negro safado em troca de nós.
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O sinhozinho Manoel açoitava o negro no tronco quando viu o mascate se aproximando, puxando a escrava Eudóxia por uma corda que lhe amarrava os punhos. Estreitou a vistas, colocando a mão acima dos olhos para protege-los da luz do sol ainda alto. Perguntou para um dos três capatazes que assistiam a sessão de tortura contra o escravo que o enrabara:
- Estou tendo visagens, ou é aquele velho mascate que se aproxima puxando a negra fujona pelo cabresto?
- Ele mesmo, sinhô - disse um dos homens mal-encarados - e traz Eudóxia com ele.
O jovem deu ainda uma última chicotada no lombo de Simão, antes de postar-se à espera do casal que se aproximava sem pressa. Ele montado no garanhão e ela a pé, quase sendo arrastada. Quando Mtumba parou frente ao sinhozinho e seus capangas, Manoel perguntou:
- Ousou voltar aqui novamente, negro?
- Trago uma escrava que acho estar fugida daqui. Tive trabalho para captura-la na mata e vou querer algo em troca - respondeu o velho guerreiro, sem desmontar.
- E o que quer em troca da negra fujona?
- Quero o negro que está no tronco - disse Mtumba sem mais delongas.
- O negro só sai daqui morto - rosnou o sinhozinho - e vale bem mais do que a escrava que me traz. O que mais tem a me oferecer?
- Tenho seus dois compinchas como prisioneiros, e podia os ter matado, pois atiraram contra mim - disse o negro sem se alterar.
- E onde estão meus capitães-do-mato? Como posso saber se não está mentindo?
- Grite por eles. Estão amarrados na mata, aqui bem próximo - falou Mtumba.
Os capatazes do engenho olharam em direção à mata de onde viera o negro. Eudóxia olhava para Simão, que estava ajoelhado ao tronco, com as costas em carne viva. Mas não parecia ter sido castrado. Um dos homens gritou os nomes dos dois capitães e ele responderam ao longe.
- Os merdas deixaram-se apanhar por esse maldito mascates - pensou o sinhozinho. Mas lhe veio um novo pensamento. Disse-o em voz alta:
- Vosmecê é um negro afoito e audacioso. Se eu mandar meus capatazes meter chumbo em vosmecê, não preciso negociar - Manoel tinha um olhar triunfante.
Mtumba apeou do cavalo, ao ouvir essas palavras. Não demonstrava temer as ameaças do jovem. Largou a corda que amarrava a escrava e caminhou até o negro no tronco. Disse em voz alta, sem olhar para trás:
- Meu escravo branco está com uma arma apontada para o peito do sinhozinho. Tem boa pontaria e não erraria um tiro a esta distância. A negra Eulália e as duas irmãs que vosmecês açoitaram também estão perto dele e bem armadas. E com ódio de Vosmecês e seus chicotes. Querem vingança. Mas eu disse que só disparassem depois que meu escravo branco desse o primeiro tiro. Quanto a mim, estou velho e não tenho medo de morrer...
Mtumba ouviu o estalo do chicote às suas costas e se preparou para sentir dor, mas quem gemeu foi a escrava Eudóxia. Então, caminhou até Simão, sem se importar com o castigo que o sinhozinho impunha a ela.
- Você me preparou uma armadilha, junto com esse negro que está no tronco, maldita. E antes de negocia-la, terá uma surra merecida - berrou o jovem, dando mais algumas chicotadas na pobre escrava.
Esta pediu clemência, negando ter agido em comum acordo com o negro Simão. Levou outra açoitada que a derrubou por terra. Mtumba examinava o negro no tronco, sem dar atenção aos lamentos de Eudóxia, que continuava apanhando. A fúria do sinhozinho era visível. Aí o velho guerreiro voltou-se de repente e exigiu que o jovem parasse de açoita-la:
- Pare de bater nela, se ainda quiser negociar. Esse negro está morto, não me serve mais e nem a vosmecê.
Manoel arregalou os olhos. Não esperava que o negro morresse tão cedo no tronco, lhe frustrando a vingança de açoita-lo dia após dia, até que ele viesse a falecer. Antes, porém, o castraria e lhe enfiaria o membro decepado na boca ou no rabo, como era o costume fazer com quem era flagrado fazendo mal a alguma donzela. O jovem correu até o tronco, querendo ter a certeza de que o negro morrera, mesmo. Aí foi pego de supetão por Mtumba, que o agarrou por trás e encostou o longo facão em sua garganta, pegando os capatazes do engenho de surpresa.
Eudóxia, agindo como se já esperasse aquela ação, correu pra junto do guerreiro e tirou um punhal das vestes, desamarrando Simão que estava preso ao tronco por tiras de couro. Quando um dos capatazes quis reagir, ouviu-se um disparo. O homem caiu ao solo, alvejado. Uma voz masculina gritou para que os outros largassem suas armas. Manoel, no entanto, berrava para que eles atirassem no velho guerreiro e no casal que pretendia fugir. Os capatazes ficaram indecisos por um momento. Um novo disparo foi ouvido e o sinhozinho foi atingido na coxa, caindo ajoelhado ao solo. Mais uma vez, a voz foi ouvida:
- Mais uma ordem dessas e atiro na cabeça do sinhozinho. E podem acreditar que daqui eu não erro.
- Não atirem mais - gritou Manoel - deixem esses desgraçados irem embora.
Mtumba, ajudado por Eudóxia, jogou o negro Simão que estava desmaiado sobre os ombros e afastou-se andando de costas, com uma garrucha na mão apontada para os compinchas do filho do dono do engenho. Esses acataram a ordem do patrão e deixou que o trio se afastasse. Quando o guerreiro já estava a alguns metros de distância, Manoel gritou:
- E meus capitães-do-mato?
- Deem um tempo e vão buscá-lo na mata. Ficarão amarrados, lá. Estão um tanto avariados, mas vosmecê também não deixou minha mercadoria em perfeitas condições. Então, estamos quites - falou o guerreiro antes de sumir no meio do mato levando a negra e o escravo ferido. O garanhão acompanhara o velho ex-escravo, como se desse-lhe cobertura, sempre na linha de tiro, evitando que alguém tivesse visão para atirar nos fugitivos. João Paes soltou os homens cegos que estavam presos a uma árvore, ajudou o amigo a deitar o escravo atravessado sobre a sela do garanhão e fugiram às pressas dali. Os tiros deveriam ter atraído outros homens do Engenho Pindobas e logo estariam ao seu encalço.
Mas não. Chegaram de volta ao Engenho Velho sem nenhum sinal de que estavam sendo perseguidos. Tinham a certeza de que trataram de socorrer o sinhozinho Manoel, levando-o às pressas para a casa grande, de modo a ser medicado da perna ferida.
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Noite alta, sem lua, e Mtumba continuava deitado na rede armada no alpendre da casa do Engenho Velho, de carabina nas mãos, olhos atentos na escuridão. Cada barulho no mato o fazia erguer-se e perscrutar a penumbra em volta da residência. Mas, normalmente era um animal qualquer movendo-se na mata. Uma onça, de vez em quando, rugia ao longe. Uma coruja emitia seu canto característico, causando um arrepio em Eudóxia que cuidava das feridas de Simão. Já passava da meia-noite e todos dormiam. Só ela e o velho Mtumba permaneciam alertas. Como Simão estava ressonando, a negra saiu da casa e foi até perto do guerreiro.
- Eles desistiram de nos perseguir. Vosmecê já pode ir dormir - disse a negra fazendo um afago em Mtumba.
- Vá vosmecê dormir. Ficarei mais um pouco - respondeu o negro quase que cochichando.
- Só vou dormir quando agradecer ao meu rei por ele ter se arriscado para salvar Simão - disse ela num tom de quem queria também afago.
Mtumba meteu a mão por entre as pernas dela. A escrava vestia uma saia de tecido leve, tendo os peitos de fora. Ela arrepiou-se toda com o contato daquela mão calejada em sua pele. Ele tocou com os dedos em sua vulva, depois invadiu-a entre as nádegas, procurando o botãozinho cheio de pregas dela. Ela abriu mais as pernas, facilitando-lhe os movimentos. Ele ficou pressionando seu ânus com movimentos circulares, como a medir o diâmetro da entrada. O negro sentiu um pingo caído da xoxota dela lhe molhar o pulso. Voltou os dedos para ali. A boceta estava encharcada e o grelo estava sobressalente, como se fosse um pequeno pênis. Ele revirou-se na rede, levantou-lhe a saia e encostou a boca ali. Ela deu um suspiro de prazer. O negro começou a lhe chupar o grelo como se ele fosse um mini cacete. Lambia a ponta e depois sugava o bicho imitando uma felação. A negra estremecia-se toda com aquela sensação nova para ela. Pedia que ele não parasse. Quando ela menos esperava, ele meteu-lhe um dedo no cu sem parar de lhe chupar o grelo. Ela deu quase um urro de prazer. Ele lhe tapou a boca com a outra mão. Não queria que ela fizesse barulho. Ela estava em má posição, ao lado da rede, então puxou-o para o chão. Ele largou a carabina e fez o que ela pediu. Ela despiu-o das calças com urgência. Deixou exposto o pau do negro e ficou maravilhada com seu tamanho e grossura. A cabeçorra roxa brilhava no escuro.
- Dê-me de presente esta enorme joia - disse ela ao seu ouvido, referindo-se à glande quase negra e brilhante - Guarde-a toda dentro de mim...
Mtumba afastou os lábios vaginais dela com os dedos, preparando-se para lhe invadir a xoxota pegajosa de tanto tesão. Mas, para a sua surpresa, ela acocorou-se sobre ele e apontou a cabeçorra intumescida para o seu buraquinho. Sem nenhum esforço aparente, empalou-se no membro do velho guerreiro. Tinha o ânus elástico e muito escorregadio. Este também era muito quente e Mtumba quase gozou assim que sentiu-se todo dentro dela. Então, fechou os olhos e Eudóxia começou a rebolar o bundão, encaixando melhor sua trolha dentro de si.
FIM DA DÉCIMA QUINTA PARTE