Cap.10
TRILHA SONORA : AMANHECEU - SCALENE
- Parece que enfim algum ser divino ouviu as minhas preces e trouxe alguém que se importe comigo - falou, olhando nos meus olhos.
- Você não tem noção do quanto eu me importo com você... - falei, sentando ao seu lado - do quanto você é importante para mim. E do quanto eu quero te ver bem.
- Mas... Nós nos conhecemos a tão pouco tempo...
- E precisa de tempo para querermos o bem de outra pessoa ?
- Não... - ele riu consigo mesmo - e pensar que eu fiquei com medo de me aproximar de você no início... - ele sempre ruborizava quando o assunto começava a ficar pessoal demais.
- Mas agora sabe que eu só quero o seu bem - falei, indo até a cozinha. Peguei um garfo, entreguei a ele - aqui está, para provar o bolo.
- Você não quer ?
- Depois eu como um pouco ! - voltei até a porta. Peguei o presente que havia comprado para ele e o trouxe novamente para a Sala. Ele comia o bolo.
- Está ótimo Gus... - parou de falar quando viu o presente - não acredito que você comprou algo para mim...
- Comprei. Espero que goste ! - entreguei a ele o presente. Ele tateou...
- É uma camisa...
- Hai ! Abre... - ele então abriu e sorriu ao ver o desenho que nela estava estampado.
- Não é aquela estátua do Brasil ?
- Hai. É o Cristo Redentor... Fica um pouco longe de onde eu morei, mas eu já estive lá. E é lindo...
- Então me interessei. E o que está escrito aqui ? - perguntou, vendo a frase em português.
- O mais apaixonante de todos - ele olhou para mim naquele momento. Não sei se ele achou que fosse indireta de alguma coisa. Mas eu não havia pensado desta forma.
- Bem, vamos ver como fica - ele se levantou e na minha frente, sem nenhum pudor, para minha surpresa, trocou a camisa - Olha, você acertou o meu tamanho.
- Ainda bem, não ? Agora vamos tirar esses papéis chatos que a loja coloca na roupa - eu mesmo comecei a tirar os papéis e terminei tirando um que ficava bem perto do pescoço dele. A cada dia parecia que era mais difícil ficar separado dele. Parecia que o nosso ímã interior estava fazendo efeito e fazendo nós dois nos aproximarmos.
- Ficou bom, não ficou ?
- Ficou lindo - falei, arrancando um sorriso dele.
- Agora deixa eu provar o bolo, deve ter ficado ótimo.
- EI, eu também quero !
- Não... Agora é minha vez - dizia eu, me esquivando dele. A cada dia que passava eu me via ainda mais próximo dele. Descobria um Yuki fofo e apaixonante. E... Já não conseguia mais esquece-lo. De tanto ele me puxar tentando me tirar o bolo acabamos caindo os dois no sofá, ele me abraçando. Caímos na risada... Não havia companhia mais agradável que a dele. E eu estava feliz. Pois sabia que a cada dia que passava mais perto de mim ele queria estar.
MINUTOS DEPOIS
Quando terminamos de comer o bolo ficamos os dois olhando para o teto da casa.
- Você não acha que é hora de começar uma nova história na sua vida ? Em que a tristeza fique bem longe ? Começar a animar tudo ? Trocar a decoração. Colocar flores pela casa. Quem sabe comprar um mascote, para fazer companhia a você...
- Porquê ?
- Pra se sentir melhor. O melhor é você passar uma borracha no que aconteceu. Juntar tudo e colocar no canto mais escuro e longe da sua alma. E não mexer mais nisso. Mudar o seu espírito. É disso que você precisa.
- Eu sei que você tem razão. Mas é tão difícil passar por cima de tudo isso sozinho. Eu não sei se consigo...
- Eu te ajudo - falei prontamente, fazendo ele olhar para mim.
- Ajuda ?
- Hai ! Eu ajudo você a passar por cima de tudo isso. Prometo ! - ele olhou pro chão. E em seguida um sorriso tímido se formou em seu rosto. - agora vamos - falei, o puxando.
- Para onde ?
- Andar por aí.
- De ônibus ?
- Hai ! Vamos ! - ele então vestiu um casaco e saímos juntos, para passear.
MINUTOS DEPOIS
Os ônibus japoneses sempre são vazios e seguros, então é ótimo de passear dentro deles. Ficamos lado a lado observando a paisagem, em direção ao Zoológico em Taito.
- Olha, como é lindo esse boneco ! - dizia ele, apontando para uma lanchonete que havia exposto um boneco na frente da vitrine.
- E esse bosque então. Quando chegar a primavera isso vai ficar cheio de flores.
- A gente pode vir quando chegar a primavera ? - olhei para ele, que me olhava atentamente.
- E precisa pedir ? - ele riu. Foi então que notei que o seu olhar tinha um brilho diferente ao olhar-me. Ou será que era imaginação minha ?
MINUTOS DEPOIS
Descemos então em frente ao zoológico. O dia não era tão propício para um passeio, mas eu sabia que tudo seria compensado com o que veríamos lá dentro. Haviam lindos animais lá, espécies raras que não são vistas normalmente por aí. Leões-Asiaticos, Gorilas, Elefantes-Asiaticos, Tigres de Sumatra. Eram inúmeras espécies...
- Os mamutes que tinham também essas presas.
- Mas as deles eram enormes Yuki-Chan ! O elefante-asiatico quase nem tem presas.
- Mas tem, isso que importa.
- É kkkk - ele sorria bastante, estava muito feliz no zoológico. E eu mais feliz ainda, por conseguir fazer ele sorrir.
- E esse tigre...
- Se não fosse tão perigoso, adoraria pegar nele.
- Vai, eu ajudo - falei, esticando sua mão em brincadeira.
- EI, não ! Quer que eu tenha a mão arrancada ?
- É brincadeira seu bobo...
Continuamos andando pelo zoológico, até que decidimos ir embora. Fomos para o ponto, pegamos o ônibus e como da outra vez sentamos lá atrás. O ônibus partia, fazia as suas curvas, continuava. E nós dois continuavamos olhando a paisagem.
- Aí... Obrigado Gustavo-San...
- Pelo que...
- Por ter me trazido alegria em um dia que eu geralmente fico triste do início ao fim. Eu só queria te pedir mais um favor.
- Qual é, diga que eu faço.
- Não me deixa ficar sozinho e pensar nisso. Dorme na minha casa, por favor.
Continua
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