O OGRO VESTE PRADA (Cap. 3)
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Continuação...
Que noite terrível, sabe quando você fica revirando na cama na tentativa frustrada de encontrar aquela posição perfeita para deitar e dormir? E quando você menos espera o dia já está amanhecendo e mais uma vez você tem que estar de pé para mais um dia...
Só que pra aquele não seria apenas mais um dia. Eu terei que passar a tarde inteira com a pessoa mais desagradável desse mundo. Meu humor estava terrível naquela manhã, para completar o dia estava chuvoso, parecia que o mundo iria desabar.
Esperei que a chuva ameniza-se para que eu pudesse seguir para o ponto de ônibus. No meio do caminho mais chuva, ótimo eu iria me ensopar, por mais que o ponto onde eu descia fosse praticamente em frente a Universidade.
Desci correndo, a avenida estava movimentadíssima, e pra completar como na maioria das cidades do Brasil, estava extremamente alagada: Que maravilha vou atravessar nadando.
Conseguir atravessar a primeira via da avenida, já na segunda (que ficava em frente a faculdade) quando estava prestes atravessar vem um maluco com aquelas motos enormes numa velocidade tamanha, que me deu um banho, como se não bastasse estar molhado pela chuva agora eu estava molhado com água de enxurrada, olha que delícia não é mesmo ?
Eu vi que aquela moto adentrou a universidade e seguiu para o estacionamento, não consegui reconhecer a pessoa devivo o capacete ser completamente preto, vestes igualmente preta, mas você acham que eu ia deixar barato assim? CLARO, que não!
Ele ainda descia de sua moto, e eu avançava em sua direção já aos berros:
- Ou seu marginal sem educação, você viu o banho que você me deu ? – O que estava acontecendo comigo, eu estava brigão demais da conta
Ele então tira o capacete e olha pra trás
- Ahhhhhhhhh só podia ser mesmo – Sim era o babaca do Yago, como eu não advinhei antes? – Você viu o que você me fez? Agora eu tô todo molhado
- Ahh não garoto, você de novo? Vê se me erra favelado – Falou já dando as costas
Meu sangue estava a mil
- Escuta aqui você não vai me dar as costas não – Falei puxando seu braço
- Ah é!? Te molhei mesmo, quem manda andar a pé, Hahahaha favelado de merda, e agora o que você vai fazer em? – Falou chegando bem próximo estávamos nos encarando, eu vou socar esse otário
- Arm arm (pigarro)! Tá tudo bem por aqui? – Perguntou o Diretor, de que buraco ele saiu?
- Tá tudo bem sim Diretor – Disse sem deixar de encará-lo
Saí dando aquele esbarrão com o ombro naquele otário, em passos apressados, fui em direção ao banheiro, tentar “dar um jeito naquele molhaceiro” eu estava encharcado. Ahhhhh que ódio.
Entrei no banheiro, joguei minha mochila de lado tirei a camisa para torcer, e tentar amenizar minha situação, quando sinto alguém entrando no banheiro e fechando a porta, de início não dei importância, estava mais concentrado em resolver minha situação, até que sinto uma mão pesada me pegar pelo pescoço, sinto meu corpo girar e ser imprensado contra a parede.
Eu estava sem camisa, molhado, como aquele homem enorme me imprensando contra a parede? Isso seria sexy se não fosse tão trágico, subiu aquele frio na espinha. Ele não dizia nada apenas segurava com força (não a ponto de me enforcar), e ficou me encarando nossos rostos estavam tão pertos eu podia jurar que sentia sua respiração. Seu olhar era tão penetrante, era tão marcante que eu o reconheceria em qualquer lugar.
- Se você continuar assim , vou começar achar que tá querendo me beijar! – Não sei de onde tirei coragem, para provoca-lo ainda mais naquela situação em que eu me encontrava
- Você se acha muito engraçadinho né? Além de favelado, viadinho, é abusado.
- Favelado mesmo, como muito orgulho. Do que adianta ter dinheiro, e ser um merda feito você? – Senti uma pressão maior em meu pescoço
- É impressionante, mesmo depois de ter apanhado você continua me desafiando. Não tem medo de morrer não? – Disse chegando mais perto
Por um momento eu juro que ele fosse me beijar (Ou talvez aquilo fosse apenas coisa da minha cabeça). Nossas respirações estavam bem ofegantes, ele ficava olhando pra minha boca. Mas que diabos ele estava fazendo?
Cortando completamente o clima, seu punho cerrado atinge a parede bem ao lado da minha cabeça, essa era sua tentativa de me assustar.
- Fica esperto, se continuar me desafiando, o próximo vai te acertar em cheio. Otário!
Eu honestamente não tive forças nem pra rebater, o que foi que tinha acontecido ali? Seu olhar, sua respiração, sua boca. Tá amarrado em nome de Jesus! Tratei de afastar aqueles pensamentos, continuei torcendo minha roupa, e rapidamente segui em direção a minha sala.
Entrei e segui pro meu lugar cativo de sempre, junto a Paty e Luan, a aula já havia começado há uns 20 minutos, eles logo perceberam minha cara
- O que foi dessa vez? – Questionou Paty preocupada, cochichando
- Não quero falar disso agora amiga, depois explico.
Luan limitou-se a ficar me olhando, de vez em quando ele tinha essa estranha mania.
A aula seguiu normal, tentei ao máximo me concentrar, mas depois do que tinha acontecido seria bem difícil. Eu estava tão distraído em meus pensamentos que nem percebi que o sinal havia tocado.
- Acorda Bela Adormecida, intervalo – Luan me cutucou, me tirando do meu transe
Já no refeitório contei todo o ocorrido ao meus amigos, que escutaram atentos
- Será possível que toda vez que vocês se esbarrarem vai isso?
- Falando no diabo... – Luan apontou com a cabeça
Ele estava entrando no refeitório, e ainda ficou me olhando com um sorrisinho irônico. Jesus que provação, dai-me paciência!!
A aula seguiu normal, não tivemos todos os horários, segui pra casa no caminho já passei no colégio do Lipe, preparamos nosso almoço, minha mãe sempre deixava algo pré-preparado, basicamente eu só precisava esquentar
- Beto, posso te fazer uma pergunta? – Eu tinha medo quando aquele garoto questionava serio
- Pode sim Lipe – Ai vem bomba
- Por quê você não tem uma namorada?
Não falei!? Eu quase engasguei com a comida. Eu me assumi aos dezesseis para minha mãe, mas não contamos ao Lipe não por um grande motivo, não que eu quisesse esconder, mas apenas por ele ser pequeno e pra ele não iria fazer diferença nenhuma saber daquilo, ele era novo.
- Ora Lipe, por quê, por quê... É... Ahhh não sei Lipe, simplesmente não tenho uma namorada, de onde você tirou isso agora?
- O filho da Dona Rosa tem uma namorada, ela é legal – Dona Rosa era uma vizinha que ficava com Lipe geralmente a tarde quando eu não podia estar em casa – Eu tenho uma namorada.
- Kkkkk você tem uma namorada? E ela sabe que é sua namorada Lipe?
- Não, mais um dia ela vai saber. – Aquilo só podia ser um anão disfarçado de criança, sem condições.
- Hhahah termina de comer, essas semanas você vai ficar com a Dona Rosa a tarde, eu preciso resolver algumas coisas da faculdade, certo Lipe?
- Ok Beto.
Tomei meu banho, correndo, ainda tinha que deixar Lipe na casa de Dona Rosa, e seguir pro tal orfanato que ficava do lado completamente oposto a minha casa.
Ao chegar no local sua moto já estava estacionada em frente ao orfanato, era possível ouvir, gritos de crianças brincando, correndo, adentrei ao local procurando pela pessoa responsável. Fui levado até a sala da Coordenadora do orfanato, o ogro já estava lá.
Preferi evitar ao máximo qualquer contato visual com aquele babaca, ela explicou como funcionava a rotina do orfanato, Lá eles recebiam tanto meninas como meninos de todas as idades, desde bebês recém-nascidos à Jovens até 17 anos, apesar de que sua maioria era de crianças. O que faríamos ali basicamente seria passar o tempo com as crianças, ajudar no horário do lanche, desenvolver brincadeiras, mas naquele primeiro dia iriamos passar o dia numa sala organizando caixas e mais caixas de processos de adoção.
A sala ficava já no fundo do orfanato, passamos pela área de convivência comum daquelas crianças, até então não havíamos trocado uma palavra, até que uma criança cutuca Yago
- Tio eu preciso ir no Banheiro, eu tô apertado – Ele devia ter uns 6 anos
Yago me olhou com uma cara de nojo, ao mesmo tempo desespero, sua expressão claramente dizia “Socorro me tira daqui”. Foi engraçado ver aquele machão, tão desconcertado, sem saber o que fazer, mas obviamente seu lado ogro falou mais alto
- Garoto eu não sou seu Tio, quantos anos você tem? Ainda não consegue ir no banheiro sozinho?
A criança o olhou assustado, eu tive que soca-lo
- Oww tá maluco? – Reivindicou quando esmurrei seu braço, aquele garotinho soltou uma gargalhada e logo desfez aquela carinha assustada
- Você ser um ogro comigo eu até entendo, mas até com uma criança? Babaca, dá licença palhaço.
Me abaixei pra ficar na altura do garotinho
- Qual seu nome?
- Gustavo
- Nome bonito Gustavo, escuta não liga pra esse Sherek não. Vamos eu vou te levar ao banheiro
Mais uma vez ele soltou uma gargalhada gostosa, pude ouvir Yago reclamar
- Haha muito engraçado, que saco...
É aquilo seria mais difícil do que eu imaginaria.
Continua...
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Por Favor deixem seus comentários, toda crítica construtiva é super bem vinda, digam no que posso melhorar, e se estiver bom não custa dar aquele incentivo comentando e dando uma nota, esse é o feedback que eu tenho pra saber se continuo ou não a história. Abraço!Agradecimentos
Martines / BDSP: Obrigado pelos comentários, a intenção da história é não ser tão previsível quanto parece. Abraço queridos
SafadinhoGostosoo: Será que é isso mesmo? Acompanhe e verá. Abraço querido
Arthuzinho / S2Sonhador / Tay Chris: Obrigado pelos comentários, voltem sempre queridos
Ru/Ruanito / S2DrickaS / Hello / Atheno: De fato ele é bem babaca, abraços
Edu19>Edu15 / CDC LCS / Marcos Costa: Fico feliz que esteja agradando, eu realmente não esperava, abraço queridos
Monster / Isztvan / Lc Pereira / joaopegomes: Obrigado pelos comentários, fico feliz que estejam gostando, abraços!