O CRIME DOS VIEIRA DE MELO – Parte 30
- Vosmecê viu quem te nocauteou à traição? – perguntou Bernardo Vieira ao homem que acabara de relatar que flagrara o jovem João Paes saindo da casa grande.
- Não, senhor. Mas fica fácil adivinhar que foi o comparsa dele, aquele negro forro que foi buscar o seu filho.
- Então, por que não o trazem aqui? – disse o fidalgo demonstrando irritação.
- Ele evadiu-se, senhor Vieira – respondeu um sujeito de barbas longas que parecia vir da senzala – Os negros disseram que faz umas três horas que fugiram. A esta altura, devem estar longe, já que possuem montarias.
- Mas que diabos ele terá ido fazer dentro da minha casa, em plena madrugada? – disse o dono de engenho fingindo inocência – O jovem não tem cara de ladrão.
- Isso também é fácil de adivinhar – dessa vez quem falou foi Catarina Leitão – Esse jovem foi amante dessa vagabunda que é esposa do meu filho. Com certeza, aproveitaram a sua ausência para traí-lo em sua própria cama.
- Ele saiu ainda vestindo as calças. A senhora Leitão tem razão – concordou o homem que havia sido desacordado por uma paulada certeira na nuca.
- Esses dois precisam ser detidos. E meu filho tem que lavar sua honra com o sangue desse canalha – disse veementemente Bernardo Vieira.
- o que está acontecendo aqui? Do que vocês estão falando? – perguntou Ana de Faria ao aparecer na porta, ainda sonolenta, sob efeito do poderoso sonífero ingerido com suco que tomara antes de deitar-se.
Os homens que estavam reunidos na frente da casa olharam para ela com asco. Todos acreditavam que ela vivia traindo o marido, como afirmara D. Catarina. E, para eles, que eram quase todos casados, mulher traíra não tinha nenhum valor.
- Ainda ousa fazer-se de sonsa, vagabunda? – gritou Catarina Leitão – seu amante foi flagrado saindo do seu quarto por este homem. O negro ajudou o moço a fugir, atacando este pobre senhor.
- isso é uma injuriosa calúnia – indignou-se Ana de faria – eu jamais trairia meu marido.
- Nega que conhecia o jovem antes de ele vir aqui? – perguntou Bernardo.
- Não nego. Conheci-o antes de me casar com o seu filho. Depois disso, não tivemos mais aproximação.
- Até ontem de madrugada, quando convidou-o ao seu quarto, não é vagabunda?
- Vagabunda é a senhora! – gritou imediatamente a jovem – e não repita jamais essa ofensa para comigo. Dessa vez a senhora está indo longe demais com o destrato a minha pessoa.
- Insolente – gritou Catarina, partindo para cima de Ana na intenção de esbofeteá-la.
- Aproxime-se de mim e eu não serei capaz de medir as consequências – disse a moça furiosa – Mesmo a senhora tendo idade para ser minha mãe, eu lhe darei uma surra tão grande que jamais a esquecerá.
Bernardo Vieira de Melo olhou bem para Ana de Faria e convenceu-se de que a moça era bem capaz de fazer o que dizia. Intimamente, nutria simpatia pela atitude da moça. Nem ele mesmo ousava enfrentar Catarina como ela fazia. Também sabia que a esposa não era páreo para a moça que, além de ágil, era geniosa. Achou por bem esfriar os ânimos entre as duas. Até porque não ficava bem a esposa apanhar na frente daqueles homens. E sua honra não permitia apartar briga de mulheres.
- Chega de bate-boca. Vosmecê, minha esposa, faça-me o favor de calar a boca. E você, moça, volte para o seu quarto. Depois teremos uma conversa muito séria. Enquanto isso, vá arrumando suas coisas: amanhã logo cedo estaremos partindo para Ipojuca. Não podemos ficar aqui nestas terras, pois somos alvos fáceis dos malditos mascates.
- E vosmecê, Serafim – disse Bernardo dirigindo-se ao homem barbudo que viera da senzala – cuide dos negros. Acorrente-os uns aos outros. Não quero nenhum fugindo.
Ana de Faria ia mesmo voltar para o seu quarto quando avistou um dos feitores que havia fugido levando André durante o ataque dos quilombolas. Caminhou até ele e perguntou:
- Onde está meu marido? Por que não me avisaram de que ele havia regressado?
- Tínhamos ordem do Sr. Bernardo para não avisá-la, sinhazinha. Ele ainda está muito debilitado e por certo iria piorar se visse a senhora. Ele já ficou sabendo que vosmecê levou um amante para o quarto na sua ausência.
- Isso é uma infâmia. Não estive com ninguém no quarto ontem nem nunca. Tenho respeito e amo meu marido. Aquele homem está mentindo. O moço não esteve comigo.
- Sinto muito, Donana – o homem a tratava com respeito – eu também não acredito que a senhora trai seu marido. Mas um dos negros confirmou que ele deixou a senzala onde dormia e encaminhou-se à casa grande no meio da noite. E, se ele não atacou o vigia, por que fugiu com o negro sem se despedir? A senhora há de convir que é muito estranho seu comportamento.
Ana voltou para o seu quarto tentando lembrar-se do que havia acontecido à noite. Recordava-se que tinha tomado um suco de manga, trazido por uma escrava ainda menina. Violeta, certa vez, disse que Catarina vivia botando o marido para dormir, quando não queria ter sexo. Será que a megera havia misturado algo ao suco, antes da escrava trazê-lo? Mas, com que propósito? A moça tinha caído num sono profundo, pois nem sequer levantara-se uma única vez para urinar, como costumava fazer no meio da noite.
Sentia uma ardência na vagina. Passou a mão ali e levou-a ao nariz. Sentiu cheiro de esperma. Um arrepio lhe percorreu todo o corpo. Será que João Paes tinha realmente estado em seu quarto? Ele bem podia ter convencido a negrinha a dar-lhe o suco drogado e aproveitar-se disso na madrugada. Mas não. Ana de faria não acreditava que o moço fosse capaz disso. Mas por que ele se foi às escondidas? Violeta, que voltara com o negro que viera com o moço, certamente teria algo a dizer. Pediu que uma das mucamas trouxesse a escrava até o quarto, mas recebeu como resposta que os Vieira não queriam que ninguém se aproximasse da sinhazinha. Afora as mucamas, as escravas estavam proibidas de estar com Donana.
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Henriqueta afagava os cabelos do jovem, satisfeito com o sexo que acabaram de fazer. Mas ela queria mais. Nunca houvera gozado tanto na vida e aquele rapaz sabia bem fazer amor. Sentia-se apaixonada por ele. Estavam na cama de João Paes e já haviam feito sexo duas vezes depois de se banharem na tina. No início, a mulher sentiu vergonha de copular na frente das escravas, mas estas achavam o ato tão natural que logo ela se sentiu à vontade. As duas irmãs se cansaram de se masturbar vendo o casal fodendo e foram cuidar dos seus afazeres.
João Paes adormecera, exausto da longa viagem e da cópula. Como ele ainda estava nu, Henriqueta brincava com seu pau murcho, tentando fazê-lo ficar duro novamente. Uma das irmãs negras veio trazer-lhe um pote de caldo de cana e ela tomou-o agradecida. Aí, pediu ajuda à preta:
- Como faço para ele ficar duro de novo? Ajude-me e eu deixo vosmecê também brincar com ele um pouco.
A negra deu um sorriso largo de alegria. Meteu a mão nos beiços e salivou-a bem. Depois abriu um poço mais as pernas do moço, que resmungou mas não acordou. Aí ficou massageando o ânus dele. Pediu para a moça chupá-lo apenas na glande, com leveza. Continuou com a massagem sem, no entanto, introduzir o dedo no buraquinho do rapaz. E logo, para a surpresa de Henriqueta, o pau deu sinais de vida. A negra passou a lamber e mordiscar todo o pênis do moço enquanto a outra se ocupava de lhe chupar a glande. João deu um sorriso e abriu mais as pernas, sem despregar os olhos. Percebendo que ele acordara mas estava conivente, passaram a fazer a dupla felação com mais afinco. O pau agora pulsava de tão duro. A negra acocorou-se sobre o jovem e Henriqueta apontou o caralho para a racha dela. João Paes gemeu quando sentiu a apertada vulva de escrava alforriada lhe engolir quase todo o pênis. A parte que ficou de fora da vagina foi mordiscada pelos lábios de Henriqueta, que também punhetava o rapaz. Porém, nem bem a negra começou os movimentos de cópula, já estava gozando. Aí Henriqueta meteu a boca em seu grelo e chupou-o com vontade. A outra explodiu em gozo imediatamente. Henriqueta quase que a arrancou de cima do moço, tomando-lhe seu lugar no falo. A negra umedeceu um dedo e enfiou devagar no cu de Henriqueta. Essa gemeu alto, achando aquilo muito prazeroso.
Outra negra, que ia passando pelo quarto e viu a porta entreaberta, ficou observando aquela cena. Estava também excitada. Largou a quartinha com água, que acabara de encher, e foi ajudar no coito. Mamou os peitos de Henriqueta enquanto essa levava rola e tinha o cu masturbado. A negra que brincava com o buraquinho da moça meteu a outra mão entre as pernas da recém-chegada e percebeu que ela estava nua sob a saia. Enfiou o dedo na racha dela e massageou. Esta devolveu o carinho, também esfregando o dedo no grelo da irmã de cor, sem parar de chupar os seios da branca. Logo, os quatro começaram a gozar. João Paes, ainda extenuado, foi o último a jorrar porra na boceta em que metia.
FIM DA TRIGÉSIMA PARTE