[GLUE 08]
Passei o resto da noite pensando no que aconteceu e sobre o que o Marcelo havia me dito e a única coisa que batia sobre meus pensamentos era o que ele disse “você ainda esta quebrado”. Não me arrependo de ter feito o que fiz com o Marcelo, mas não estou apaixonado por ele, e também não é assim que as coisas funcionam. No dia seguinte segui a escola logo Ana estava me esperando no portão. – Meu Deus a disse num tom de agonia, não da para aguentar essa escola sem você. – Eu sei respondi com um meio sorriso no rosto. – Então já esta melhor a continuou, enquanto seguíamos para a entrada principal. – Melhor sim respondi, mas ainda dói. – Eu sei a disse colocando a mão sobre meu ombro. Cheguei à sala de aula Ana foi direto falar com uma de suas amigas enquanto eu estava sentado sobre a mesa, à sala estava barulhenta uns corriam, outros gargalhavam e outros apenas observavam e eu era um deles. – E ai está você. Quando olhei era Marcelo, estava bonito cabelo penteado, tênis e uma camisa de certo time de futebol. – Sim aqui estou eu respondi. Ele se aproximou e se pôs ao meu lado. – Então se sente melhor? O perguntou. – Sim, respondi. – Se eu soubesse que te dar umas palmadas te traria de volta a vida tinha feito antes. Fiquei meio envergonhado, a cena dele me batendo passou sobre minha cabeça. – Não me trate como as garotas que você sai por ai respondi num tom seco. – Nunca faria isso Júlio, elas não se comparam. Em meio momento Luan entrou na sala estava com sua casual mochila preta, ele passou por mim e nem sequer me encarou, pelo visto ele estava certo do que ele queria.
Baixei minha cabeça Marcelo encostou sua mão sobre a minha – O mundo não gira em torno dele, e você não devia deixar o seu também girar. Com isso ele saiu da sala. – O que foi isso perguntou Ana se aproximando de mim. – Nada, não foi nada respondi. Já havia passado metade da aula à professora era rápida logo a lousa estava cheia de gráficos e anotações. – Bom foi dizendo ela, todos sabem que mês que vem é a excursão anual sobre o meio ambiente e nesse ano todos os terceiros anos poderão fazer parte do projeto. Ela tirou um monte de formulários de dentro de sua bolsa e começou a entregar um a um para os alunos – Lembre-se que essa excursão é para manter vocês conectados a natureza, e não é uma oportunidade de bagunça, A excursão será na semana que vem na sexta feira após o termino das aulas, com isso seguiremos direto ao acampamento e voltaremos só domingo a noite. Ela voltou a sua posição inicial em frente a todos a todos os alunos – Não se esqueçam de falar para os pais assinarem o documento, e documentos não assinados quer dizer que vocês não estarão autorizados a ir ao acampamento. O resto das informações se encontra no mesmo a disse como palavra final. Voltamos aos nossos deveres, muitos falavam sobre o acampamento e outros nem ligavam tanto. Na hora do intervalo Ana me acompanhava ate o palco principal. – Vai ser legal esse ano, muitas pessoas irão ao contrario dos terceiros do ano passado foi ela dizendo se ajeitando sobre o palco de cimento. – Não sei se vou, não é obrigatório e a maioria faz por causa da nota extra respondi. – Se vai sim, esta louco disse ela, você não vai me deixar no meio do mato com esse povo todo. Pensei por uns momentos, talvez seria legal sair um pouco dessa cidade nem se for por dois dias. – Então vocês vão? Foi dizendo Marcelo se aproximando perto de nos.
Ana olhou para ele com olhar de desdém. – Parece que sim respondi. Nesse momento ela abriu um sorriso. – Vai ser legal foi ele dizendo, com isso ele sentou ao meu lado. Ao longe pude ver Luan e Juliana sentados sobre o banco de cimento, seu braço em volta dela e ela sorrindo igual criança. – Se quer consertar as coisas devia falar com ele disse Marcelo. – Marcelo isso não é da sua conta foi dizendo Ana. – Deixe Ana, talvez ele esteja certo, tudo isso esta acontecendo por minha falta de coragem e atitude. – Atitude Júlio respondeu Marcelo – Atitude você tem muita, eu pude ver isso ontem. – Ontem perguntou Ana, sem entender a situação. Nesse momento Luan se levantou e seguiu em nossa direção, fiquei em estática. Ele chegou ao lado de Marcelo – Você sabe que amanha depois da escola tem treino foi dizendo ele num olhar serio, agora não falta igual você fez ontem. – Foi mau cara por ontem, é que eu estava na casa do meu amigo aqui. Com isso Marcelo passou o braço em volta do meu pescoço. Luan virou pra mim, seu rosto era de insatisfação. – Mas fica tranquilo continuou Marcelo, amanha apareço e outra coisa esses dois vai vir ver o treino também.
Eu e a Ana não sabíamos o que falar. – Pra mim tanto faz respondeu Luan. Com isso ele deu as cosas e saiu. - Ele não gostou nenhum pouco de eu ter falado que fui a sua casa. – O que você esta fazendo Marcelo, perguntou Ana. – Não sei respondeu ele. – Eu sei o que você esta fazendo respondi, e não vai dar certo ele não é esse tipo de cara. – Não é? Perguntou ele descendo do palco, Júlio escuta eu conheço ele e vou falar ele não gosto quando eu falei que fui a sua casa. A Ana olhou nos dois e revirou os olhos com isso Marcelo seguiu em direção à quadra de futsal. – Não me diga que você e o Marcelo... Foi Ana perguntando num tom de surpresa. –Eu apenas a olhei ela estava pasma, mas mesmo assim não disse nada. No outro dia fiz a mesma coisa segui a escola, entre aulas e intervalos e em meio disso o Marcelo confirmando se estaríamos assistindo o treino. Após as aulas lá estava eu novamente sobre a arquibancada, havia poucas pessoas e Ana me acompanhava. Saindo por trás das arquibancadas jogadores foram enchendo a quadra Marcelo olhou pra mim e mandou um comprimento de cabeça que eu retribui. Luan estava no mesmo time, mas estava diferente; Ao outro lado da arquibancada estava Juliana gritando igual a uma doida.
Quando acabou o segundo tempo do jogo Marcelo subiu a arquibancada, estava todo suado nesse momento só havia eu, Ana e do outro lado a Juliana gritando, todos os outros alunos que estavam assistindo o jogo se foram. – Parece que seu jogo não prendeu muitos hoje fui eu dizendo ao Marcelo. – Não me importo disse ele, normalmente não vem ninguém pro se tratar de ser só um treino. – Olha Júlio tenho que ir foi dizendo a Ana olhando para o celular. – Porque perguntei. – Minha mãe mandou mensagem quer ajuda para a janta, se quiser pode ficar não precisa ir respondeu ela. – Pode deixar eu levo ele depois foi dizendo Marcelo. – E sem gracinhas respondeu Ana a ele, com isso ela se despediu e se foi.
No outro lado estava Luan e Juliana ele a beijava, as mãos dela percorria o corpo dele. – Não é bom assistir isso Júlio foi dizendo o Marcelo, é bom fazer. E quando me dei conta à boca do Marcelo já estava na minha. – Está loco Marcelo, disse eu o empurrando. – Calma cara ninguém viu. Quando levantei a cabeça Luan me encarava. – Marcelo nunca mais faça isso, por favor. – Calma cara foi dizendo ele novamente, não tem ninguém aqui olha em volta. Passei o olho em volta não havia ninguém mais ali além de mim, Marcelo, Luan e Juliana os outros jogadores ainda estavam no vestiário esperando à chamada para o segundo tempo do treino. – Sem neura disse ele passando a mão sobre meu cabelo, com isso ele desceu da arquibancada seguiu ao vestiário. Ao começar o segundo tempo fiquei imaginando se o Luan viu o que aconteceu e o pior se a juliana tinha visto também.
Momentos depois todos os jogadores estavam de volta, mas o Luan estava agindo diferente estava agressivo. Ele e o Marcelo partilhavam do mesmo time, mas podia ver que algo não ia correr bem quando Marcelo recebeu um passe de bola o Luan veio por trás dele e com um “carrinho” o derrubou. Pude ouvir o barulho da cabeça do Marcelo batendo no chão, levantei-me o time todo seguiu em direção ao Marcelo, Marcelo se levantou e foi pra cima do Luan. A confusão foi geral, nisso treinador puxou o Luan pela camisa o mandou-o seguir pro vestiário. Juliana desceu as arquibancadas correndo, perguntando o que estava acontecendo ele apenas gritou para ela deixar ele em paz. E ali mesmo ela ficou parada na entrada do corredor que ligava ao vestiário. Desci a arquibancada o Marcelo estava ainda no meio da quadra, alguns jogadores o trouxeram para o canto, mas mesmo assim ele insistia que estava bem. – Meu Deus do céu Marcelo você esta bem? Perguntei chegando perto dele. – Estou Júlio o respondeu enquanto sentava no canto da quadra. Pus-me de joelhos a em sua frente – A ultima vez que você se pôs de joelhos para mim Júlio você lembra o que aconteceu. – Para de graça respondi, num tom amigável. – Muda essa cara Júlio eu estou bem respondeu ele. Com isso ele levantou acenou com a cabeça ao treinador e voltou correndo para a quadra. Segui direto ao vestiário, e lá estava ele sentando sem camisa com uma toalha em volta ao pescoço. – Qual é o seu problema perguntei a ele.
Ele não disse nada apenas encarava o chão molhado. – Me responde Luan qual o seu problema? Ele se levantou, uma raiva pairava sua face. – Meu problema Júlio foi dizendo ele aos gritos, Meu problema é você. Eu fiquei imóvel. – Como você pode ser tão ótario Júlio, eu vi vocês dois lá em cima o disse. – Isso não é da sua conta Luan, respondia a ele. – Não é? Você acha que ele te beijou porque ele gosta de você? Júlio ele não se importa com ninguém ele apenas que fuder você o respondeu. – Não me importo respondi. Ele se voltou pra mim, sua raiva era palpável. – Não se importa? Com esse tipo de coisa você não se importa? O perguntou. – Quer saber Júlio na verdade você não se importa com nada, não se importa comigo, ou com sua mãe com ninguém além de você. Eu apenas o encarava aquilo que ele disse me acertou como um soco no estomago. –Talvez Júlio eu estava errado, quando eu disse que não me arrependia de nada, na verdade eu me arrependo .... Arrependo-me de ter te conhecido. Aquilo foi a pior coisa que já me aconteceu, aquilo foi a pior coisa que ouvi na vida. Meus olhos encheram d’gua, ele respirava de forma acelerada. – Nunca mais Júlio foi ele dizendo em meios a choro, nunca mais venha atrás de mim, nunca mais me procure... Finja que nunca existimos. Com isso dei de costas e segui a saída do vestiário, conforme eu andava meu rosto ia ficando cada vez molhado, eu podia ouvir os socos que ele dava contra os armários de aço no vestiário. Cheguei à saída da quadra – Júlio uma voz ao longe me chamava quando olhei era Marcelo. Virei-me a ele, ele diminuiu os passos olhou para mim e me abraçou.